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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Exposição "Tomie Ohtake: seis décadas de pintura" - Instituto Ling - Porto Alegre/RS

 

Assim como filmes que merecem ser vistos no cinema enquanto estiverem em cartaz, há exposições que não podem ser perdidas, ainda mais quando passam pela tua cidade. Caso da exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”, da artista visual nipo-brasileira Tomie Ohtake (1913-2015). Trata-se de panorama que percorre momentos bem pontuados da carreira de Tomie, que visitei com Leocádia e Carolina numa escaldante tarde porto-alegrense.

Fazendo um apanhado dos 60 anos de produção da artista, a mostra é enxuta em volume de obras, apenas 12 óleos e tinta acrílica sobre tela (todos sem título). Porém, a vontade de apreciar mais artes de Tomie é relativamente sanada com a excelente curadoria de Cézar Prestes, que conseguiu reunir quadros muito representativos das diferentes épocas de sua produção. Nas palavras de Prestes, a apreciação da exposição “leva o espectador a desfrutar de um mundo de imensa força pictórica e sensorial – mesmo que não tenha conhecido as fases anteriores da artista, atende ao chamado de sua arte”.

Já havia tido a oportunidade de ver obras de Tomie em outras exposições coletivas, tanto no Rio de Janeiro quanto em Curitiba mas, principalmente, no maravilhoso Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, onde estive em 2010 com minha mãe. Porém, uma seleção individual e focada em sua trajetória é, mais do que um presente à cidade em que moro, um sublinhado da excelência da arte brasileira moderna das últimas seis décadas.

Há quem valorize Tomie mais do que ao celebrado artista visual norte-americano Mark Rothko, a quem atribuem ser menos inovador (e nem pioneiro) no estilo de arte expressionista abstrata. A obra de 1967 da mostra de Tomie, a mais antiga entre todas expostas, talvez seja uma prova disso: a disposição cromática, que divide o quadro em blocos, como que fundando mundos distintos mas dialogáveis. Por falar em mundo, interessante perceber a noção espacial de Tomie - muito oriental, aliás - inclusive no que se refere a elementos pictóricos, seja das superfícies ou da natureza. O quadro de 1968, onde se percebe associada ao verde escuro a forma e a textura de uma lua, ou a impressionante tela de 2013, de cujo amarelo intenso se observa à distância genes encadeados, carregam esta ligação orgânica entre abstração e realidade.

Ideias estas que subentendem movimento, como o sutil deslocamento de luz por detrás de camadas escuras na obra de 1985, a qual se mostra mais evidente (como que ampliada) na de um ano antes. Impressiona igualmente a habilidade cromática de Tomie. Como se faz para extrair cores tão vívidas e pessoais? A junção destes elementos – cores próprias, imagem astral e organicidade – está evidente em duas das obras da exposição: o grande óleo sobre tela de 2002, que ocupa sozinho a parede ao fundo do espaço e o qual invoca um universo em ebulição, e, um pouco menor, a de 2013, das obras da última safra da artista antes de sua morte. Olhando-se de longe, parece até uma foto de uma floresta escura vista de cima tamanha a vivacidade da luz. Porém, quando se aproxima, nota-se um traço abstrato esvanecido em que a luz é trabalhada em núcleos distintos, que formam o todo.

Completam ainda a exposição telas dos anos 70 (1970, 1974 e 1976), que, embora também tenham deixado a sensação de que poderia haver mais, principalmente considerando o gigantesco acervo de Tomie Ohtake, foram suficientes para encantar nossa tarde. Confiram abaixo algumas fotos e vídeo daquilo que pode ser visitando até dia 25 deste mês de fevereiro:

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Obra dos anos 60. Melhor que Rothko?


Noção espacial e texturas de superfícies


O sutil movimento expresso em obras de anos sequentes, 83 e 84


A impressionante tela azul que remete a um universo em movimento


Carol e Léo atentas à exposição


Minha vez de apreciar a arte de Tomie



Trabalho de luz incrível de Tomie: visto de longe, uma selva. de perto, borrões esverdeados


O intenso amarelo que descortina um caráter genético


O minimalismo oriental de Tomie


Visão geral do salão


Uma panorâmica da exposição "Tomie Ohtake: seis décadas de pintura"

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Exposição Tomie Ohtake: seis décadas de pintura
localInstituto Ling
endereço: R. João Caetano, 440 - Três Figueiras, Porto Alegre - RS
quando: até 25 de fevereiro
horário: de segunda-feira a sábado, das 10h30 às 20h
ingresso; gratuito 
Mais informações:
 
institutoling.org.br


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa


sábado, 16 de fevereiro de 2019

Casa Roberto Marinho - Cosme Velho - Rio de Janeiro /RJ










A antiga residência do fundador do grupo Globo,
hoje espaço dedicado às artes.
Fui conhecer, dia desses, a Casa Roberto Marinho, espaço cultural criado na casa anteriormente ocupada pelo fundador do grupo Globo, situado no bairro do Cosme Velho, e que hoje dedica sua área, predominantemente à exposição do riquíssimo acervo pessoal do jornalista. Grande amante das artes, Marinho conseguiu reunir ao longo de sua vida um considerável e relevante número de obras, em especial da arte moderna brasileira da qual era grande admirador e sendo amigo de vários artistas como Portinari, Guignard, Pancetti, por vezes deles recebia obras de presente ou as adquiria diretamente dos pintores. E é basicamente essa coleção que temos o privilégio de conhecer em visita à suntuosa mansão de estilo neo-colonial com a qual já nos impressionamos na entrada do pátio frontal por seus belíssimos jardins são projetados por Burle Marx. Lá dentro o visitante se perde entre Segall, TarsilaPortinari, Volpi e outros nomes importantes do modernismo. Um deleite para o apreciador da arte brasileira! Além da exposição permanente, concentrada no andar térreo, a Casa ainda contava, na ocasião da minha visita com uma outra igualmente interessante focada especialmente na arte abstrata praticada no Brasil a partir dos anos '40 até a nossa década atual, com ênfase na abstração informal, ou seja, aquela na qual o artista parte muito mais de um processo intuitivo do que lógico ou matemático para a constituição de seus trabalhos. Artistas importantes como Antônio Bandeira, Burle Marx, Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Iberê Camargo são alguns dos que integram o corpo da ótima exposição "Oito décadas de Abstração Informal - 1940/2010".
Estive lá e divido com vocês minha visita. Conheça abaixo você também, um pouquinho da Casa Roberto marinho, e das obras nela expostas.

Escultura de Bruno Giorgi, logo na entrada, no jardim.

Escultura do próprio Roberto Marinho.

Já no interior, o primeiro Portinari:
"Menino com pássaro" (1959)

Aqui, uma natureza-morta de Lasar Segall

O intenso "Espantalho" de Portinari

Paisagem com touro, de Tarsila do Amaral, de 1925

Santa Cecília, de Cândido Portinari.

A impactante via-crucis de Emeric Mercier.

Alfredo Volpi, com uma de suas representações mais características.
Na sala de vídeo, a imponente pintura de Clóvis Graciano.
A escultura de Frns Krajcberg se impõe
no patamar de acesso ao segundo piso;
No segundo andar, a exposição "Oito décadas de Abstração Informal"


O abstrato da portuguesa Vieira da Silva, de 1949

"Anjo Negro", de Manabu Mabe, 1960

Uma das muitas obras do cearense Antônio Bandeira, na mostra.
"Pintura nº2", da japonesa naturalizada brasileira Tomie Othake.

Mais um belíssimo trabalho de Antônio Bandeira.

Outro de Manabu Mabe, "Sonho", de 1959.

Conjunto de Tomie Othake.

A escultura "Insônia Infinita da Terra",
de Maria Martins (1954)

Mais um Bandeira.
Lindíssimo!

A "Balada do Terror", de Maria Bonomi.
de 1970

"Andamento III", do gaúcho Iberê Camargo

Pintura de Roberto Burle Marx.

Escultura de Angelo Venosa, de 1986

Conjunto de Luís Aquila.

A pesada e impressionante obra de Dudi Maia Rosa.

"Lamentação", de Nuno Ramos.

Outro de Manabu Mabe,
"Castelo do Mar"

"Ela. Três", de Maria Tereza Louro.

"Couros", de Leda Catunda, de 1993

No trecho final da exposição, as esculturas de Márcia Pastore (à frente)
e"Bolo", de Frida Baranek, ao fundo.




por Cly Reis


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Casa Roberto Marinho
Exposições em andamento:
"Modernos +" e "Oito décadas de Abstração Informal - 1940/2010
endereço: Rua Cosme Velho, 1105 
Bairro Cosme Velho - Rio de Janeiro - RJ
visitação: Terça-feira a domingo 12h às 18h
ingresso: R$ 10,00
gratuito para crianças até 5 anos, estudantes de escolas públicas, ensino fundamental e médio,
professores de escolas públicas, guias turísticos e profissionais de museus