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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Björk - Tim Festival 2007 - Marina da Glória- Rio de Janeiro/ RJ (26/10/2007)



Tem aqueles shows de artistas que nem são tudo isso mas que, com uma apresentação entusiástica, uma performance dominante, um repertório bem trabalhado, ou por um dia especial do espectador, ficam marcados para o resto da vida e sempre serão lembrados de forma especial. Por outro lado, tem aqueles de artistas maravilhosos, nomes de primeira, cheios de talento e recursos, mas que passam, assim, de maneira quase desimportante na nossa vida. Assisti ao show da islandesa Björk, talentosíssima, carismática, de vocal singular e incomum, uma das cantoras que mais admiro dentre todas que já  ouvi mas, não sei se foi o show ou se fui eu mas, esse capítulo da minha trajetória de espectador de espetáculos musicais, ficou praticamente apagado.
Fui com meu amigo José Júnior, eventual colaborador aqui do blog, e com alguns amigos dele. Não sei se o grande atraso para o início da apresentação; o lugar pouco apropriado, um galpão montado com péssima acústica; o set-list bastante curto; um certo conflito de interesses, como o de ficar mais aqui, mais acolá, mais perto do palco, mais longe, esperar fulano, esperar sicrano; uma certa divisão de grupos; e uma preocupação em não se afastar e não desatender nenhuma das partes, tenha gerado essa minha desatenção com o evento. Lembro muito pouca coisa, na verdade. Me recordo de tudo muito colorido, de umas bandeirinhas no palco, de Björk com a cara pintada, mas o que me amarrei, mesmo, foi na mesa de som dos músicos da cantora, exibida o tempo inteiro nos telões, uma espécie de tabuleiro eletrônico em que o operador mexia com controles que se assemelhavam a pedras coloridas sobre uma superfície e assim produzia os sons e batidas. Muito louco! Agora, os sons, as músicas que provinham dessa maravilha tecnológica, a performance da cantora nessas engenhocas eletrônicas, o repertório... mal recordo. Ficou marcado em mim, no entanto, o final do show com "Declare Independence" e os balões caindo do teto do local. Basicamente isso.
Não sei se o show foi fraco ou se o problema era eu mas, de fato, foi um dos shows grandes, de um grande artista que admiro, que menos me marcou. Uma pena. Acho que teria que ver a pequena islandesa de novo para tirar a prova.
Eu daria uma nova chance.
Ela tem crédito.

À esquerda, Björk com seu músico mexendo na mesa sonora que me referi
e, à direita, o equipamento em si, que, depois vim a saber, chama-se reac-table.





Cly Reis 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Música da Cabeça - Programa #245

 

Foi ele mesmo quem disse: "pega esse lenço e não chora, enxugue o pranto, diga adeus e vá embora". Se Monarco nos deixou esta semana, só nos cabe, então, secar as lágrimas e dar um adeus caloroso ao mestre portelense. Vamos reprisar a entrevista que fizemos com Monarco, rodada no MDC nº 100, em março de 2019, e se deliciar novamente com a conversa que tivemos com este eterno baluarte do samba. Vai ter também os sons que nos acompanharam na semana e os quadros de sempre. De azul e branco, o programa vai ao ar hoje, às 21h, na bamba Rádio Elétrica. Produção, apresentação e coração em desalinho: Daniel Rodrigues



RÁDIO ELÉTRICA
www.radioeletrica.com

A Forest

 







A Forest - REIS, Cly
ilustração digital





A Forest
Cly Reis

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

cotidianas #737 - Bom Deus



Passos...
Devia ser ela.
Surpreendeu-se quando viu entrar um homem de terno branco, caminhar indolente e olhar zombeteiro.
Limitou-se a deixar escapar, quase em tom de interrogação, o nome:
- Emily...?
O homem sorriu.
- Achou mesmo que alguma coisa de bom pudesse acontecer para você? - parou encarando a expressão de espanto e dúvida do rapazinho que segurava um buquê de flores nas mãos.
Prosseguiu:
- Esperava mesmo que uma mulher daquelas fosse mesmo vir te encontrar num lugar desses?
Olhou em volta para aquele galpão decrépito e abandonado, e não pode deixar de dar razão ao estranho do terno branco, pelo menos, em relação ao lugar. Contudo, permanecia completamente ignorante e confuso em relação ao que se passava ali. Ao menos para tentar começar a se inteirar da situação, por mais idiota que pudesse parecer, viu-se obrigado a perguntar:
- Mas quem é você?
O outro riu.
- Eu diria que sou... um cara que... às vezes também precisa de diversão. Sabe, eu me ocupo demais tendo que cuidar de tudo, das pessoas, tentando ser justo, muitas vezes até me compareço de algumas delas. Daí que às vezes preciso, como vocês dizem, "pegar um pra cristo" só pra me divertir. Aqueles para quem nada dá certo, sabe? Pois é: eu estou no comando.
Entendendo, ou pelo menos achando que entendia, de quem se tratava, gaguejou:
- M...mas... você, o Senhor, não devia ser bom?
- Haha! Bom? Não me venha com essa! Vocês me dão muito trabalho, dor de cabeça, eu mereço um pouco de distração. Como dizem, "Eu também sou filho de Deus" - concluiu sorrindo ironicamente.
Ia virando as costas, já pronto para sair, quando voltou-se mais uma vez.
- Ah, e se estiver pensando em "deixar tudo isso", em dar um fim nas coisas, agora que sabe que é só um joguete nas minhas mãos, saiba que se for meter uma bala na cabeça, a arma vai engasgar, se for cortar os pulsos, alguém irá te encontrar dentro daquela banheira antes que seu corpo se esvazie, se tentar se jogar de um prédio, vai bater em um toldo, numa rede de construção, vai cair sobre um monte de sacos de lixo, porque.. você só vai morrer quando eu quiser, quando não for mais útil para mim. E, a propósito: a tal da Emily foi se encontrar com o Beto, o seu melhor amigo. Amanhã, no escritório, ele te conta os detalhes. 
Foi a última coisa que disse antes de sumir pela porta no fundo do galpão.



Cly Reis