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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Exposição “Monet: Paisagens Impressionistas” - Praia de Belas Shopping - Porto Alegre/RS

 

“Todos discutem minha arte e fingem compreender, como se fosse necessário compreendê-la, quando é simplesmente necessário amar.”
Claude Monet

Nunca vi um Monet ao vivo. Como admirador de arte e visitador contumaz de exposições (à exceção desse período pandêmico que obriga ao distanciamento), costumo dividir com minha esposa e meu irmão, adoradores e visitadores tanto como eu, a alegria (e a expectativa) de ver alguma obra de um grande artista presencialmente. Já tive a emoção de ver à minha frente, a poucos centímetros, Picasso, Dali, Frida, Miró, Renoir, Yoko, Warhol, Bansky, GoyaVan Gogh, Weiwei, Mondrian, Basquiat... Mas Claude Monet, não. Um pouco desta vontade foi, no entanto, muito bem suprida com a exposição “Monet: Paisagens Impressionistas”, que está até 20 de fevereiro no Praia de Bela Shopping, em Porto Alegre. Na esteira do que vem se tornando prática no mundo expositivo de se tematizar artistas de forma mais tecnológica e imersiva, a exposição sobre o impressionista francês se sai muito bem. 

Com um tratamento curatorial bem realizado, a cargo de Patrícia Engel Secco e Karina Israel, a mostra me lembrou, dadas as devidas proporções, visto que menor em tamanho, algumas que assisti no CCBB do Rio de Janeiro devido a seu formato, que faz o visitante percorrer corredores que destacam a obra e a história ligada a Monet por meio de plataformas variadas (som, imagens, texto, luz, cenários, vídeos) e ambientes temáticos personalizados, que vão de bojos de som e proposições olfativas a salas escuras. 

São sete espaços temáticos, cada um destacando algum aspecto importante da longa trajetória artística e de vida de Monet. Um desses nichos é, por exemplo, logo no começo, o que traz um cenário que remete a Rue de Paris, com sua calçada típica e um poste iluminado diante de lojas parisienses da Belle Èpoque. É onde se conhece o lado caricaturista do artista ainda início da carreira. A proposta imersiva, no entanto, de fato se catalisa na seção que trata das paisagens impressionistas. São telões em uma sala escura que, apoiados por uma música bastante debussyana, mostram diversos vídeos com pinturas, filmagens, animações, fotografias e letterings que causam uma impressionante (ou seria "impressionista"?...) profusão de cores, traços e movimentos. Mesmo aqui reproduzidos em vídeo e fotos não passam a ideia da real sensação que se sente presenciando.

Tanto para quem conhece Monet e o impressionismo quanto para quem ainda possa se interessar, a exposição é bastante prazerosa. Para quem, como eu, prefere sempre ver um original ao invés de reproduções, a substituição se torna satisfatória, visto que bem realizada dentro de sua concepção. Não é igual a ver um Monet a olhos nus, certamente, mas que vale o programa, vale.

Fiquem com algumas imagens e vídeos da exposição:

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A recepção, que coloca o visitante no atelier de Monet

Seja bem-vindo à Rue de Paris!

Reprodução de algumas das caricaturas que o jovem Monet fazia
no início da carreira artística para levantar uma grana




Áudio, espelhos e desenhos, tudo ambientando a Paris da Belle Èpoque

Uma das atrações da mostra: reprodução do
quadro que deu nome ao movimento impressionista:
"Impressões, Nascer do Sol", de 1872

Janela aberta para a catedral da Catedral de Rouen,
vista que inspirou Monet em vários quadros




A famosa série de pinturas “Montes de Feno”
reproduzida em sensações olfativas e visuais




Obra dos primeiros anos de Monet, ainda clássico
mas já com alguns traços que soltos que lhe caracterizariam

Detalhe de outra obra impressionante em que Monet
retratou a primeira esposa morta




O impressionante salão com telões,
mais de 10 minutos de deleite





Que tal cruzar a ponte do jardim japonês de Giverny
pra finalizar a visita ao mundo de Monet?

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exposição “Monet: Paisagens Impressionistas”
Quando: até 20 de fevereiro
Onde: Praia de Belas Shopping (2º Piso, Ala Sul, ao lado da Livraria Saraiva)
Horários de visitação: de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingos, das 11h às 21h.
Ingressos: https://site.bileto.sympla.com.br/praiadebelas
Informações: www.praiadebelas.com.br  



Texto: Daniel Rodrigues
Fotos: Tamires Rodrigues, 
Ângela Sosa e Daniel Rodrigues

Música da Cabeça - Programa #252

 

Antes de qualquer coisa, justiça. Nossa trilha pra combater o racismo e a xenofobia tem, entre outros, The The, Lenny Kravitz, Tom Zé, Neil Young e Lee Morgan. No Cabeção, o talento de Robert Wyatt, aniversariante da semana, cadeirante que também enfrenta o preconceito. MDC 252 é 21h, hoje, na indignada Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Moïse Rodrigues. #JustiçaporMoise

Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

"Finch", de Miguel Sapochnik (2021)

 



 

Não é nenhum filme que “inventa a roda”, que traz algo de novo, mas cumpre muito bem seu papel em apresentar uma boa história e nos fazer criar vínculos com os personagens, sejam eles humanos, robô ou cachorro.

Em "Finch", num mundo pós-apocalíptico, em que o personagem de Tom Hanks, que dá nome ao filme, é o único humano vivo, um robô é construído por ele para proteger seu cãozinho, Goodyear, que está a beira da morte. diante dessa tarefa, e naquela condição em que o mundo se encontra, Jeff, o robô, aprende sobre a vida, amizade, entendendo um pouco sobre o que significa ser humano.

O filme não tem nada de novo e se concentra em ficar nos clichês e em jogos de câmera bem previsíveis. Tom... se sustenta bem no papel principal, e não podia ser diferente no caso de um ator do tamanho dele, mas Jeff, o robô, e suas interações com o meio e com os outros personagens é o que realmente move o filme. 

Vale muito pela reflexão que o filme traz, a crítica ao comportamento do ser humano, cada vez mais egoísta, despreocupado com tudo, com as pessoas a sua volta e com o mundo onde vive. Fica também, novamente, a questão: o que ser um humano? E a mente? E o corpo? E tudo junto?  Não falo da questão biológica é claro, mas a questão filosófica. Pois Finch nos apresenta um robô, muito mais humano que muitos personagens por aí.

Jeff, mais humano que muitos humanos.


por Vagner Rodrigues