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domingo, 12 de junho de 2022

COTIDIANAS n°760 Especial Dia dos Namorados - "Nome Composto"




"Confeitaria Fernanda"...

Era, provavelmente, a primeira vez que passava em frente àquele estabelecimento e ficava indiferente. O tempo cura tudo, não é o que dizem?
Desde que acabara com Paula Fernanda, ou melhor, que ela terminara com ele, qualquer menção ao nome da ex o torturava. E passar pela frente daquela confeitaria, todos os dias, no ônibus, não ajudava em nada.
Pra piorar, eram dois nomes! E parecia que o MUNDO não colaborava e fazia questão de lembrá-lo do fracasso amoroso: abria uma revista, a primeira coisa que dava de cara era com a manchete, "Atriz PAULA Santos passa o Carnaval em Ibiza"; escolhia produtos no supermercado e lá estava, "Biscoitos FERNANDA"; o nome da nova faxineira da sua mãe? FERNANDA; ligava a TV no noticiário, "Deputada PAULA Mangabeira é cassada..."; mudava de canal, "Ponto de PAULINHA, no meio da rede..."; outro canal, caía na novela: "PAULA, eu sempre te amei". Aaaaahhhh!!!!
E que maldita vocação pra ter namoradas com nomes compostos! Era Ana Andréia, Lúcia Helena, Mari Sandra, Luana Vanessa, e por último, essa... Não podia ter namoradas com um nome só?
Mas agora não importava mais. Parece que tinha passado. Estava tranquilo. Não queria mais pensar naquilo, em namoradas, em nada... Só queria chegar em casa, tomar um banho, jantar e assistir ao filme que pegara na locadora. Desembarcou do ônibus, deu aquela breve caminhada do ponto final e estava em casa. Ao entrar, ainda no vestíbulo, ouviu outra voz além da de sua mãe. Tinha visita em casa.
Pendurou o casaco, deixou a mochila no revisteiro e, com não mais que três passos, avançou para a sala de estar. O que viu, em seguida, o deixou petrificado. Quer dizer..., foi um breve momento, menos de um segundo, afinal, teve que se recompor rapidamente. Mas não podia deixar de reconhecer que estava perplexo. O que via, sentada numa poltrona de sua própria sala de estar, era a criatura mais linda, maravilhosa e perfeita em quem já pousara os olhos.
- Lembra da Dirce? - a voz da mãe o tirava do transe hipnótico, apresentando uma senhora com quem conversava no outro sofá.
Lembrava por alto, muito vagamente.
- Oi, Dirce. Tudo bem? - cumprimentou a convidada um tanto embaraçado.
- E essa é a Luciana, a filha dela. - emendou a mãe.
Ainda tentando se recuperar, se apresentou:
- Oi! Cláudio. - disse.
Não conseguia tirar os olhos dos olhos dela mas..., curiosamente, não é que percebia a mesma energia no olhar dela?
- Oi. Luciana Raquel. - se apresentou, estendendo a mão.



Cly Reis
para L.R.

sábado, 11 de junho de 2022

"O Homem do Norte", de Robert Eggers (2022)

 



Um longa que chegou gerando uma serie de expectativas e no meu ponto de vista, consegue cumprir todas elas. Robert Eggers deve ter em "O Homem do Norte" seu longa menos aclamado pela crítica, mas segue tendo apenas acertos na sua curta carreira de 3 filmes. Eggers consegue acertar mais uma vez, fazendo o filme de ação que Hollywood adora, mas sem deixar de lado seu toque artístico pessoal. 

O príncipe Amleth (Oscar Novak) já é considerado um homem e está pronto para ocupar o lugar do pai, o rei Aurvandil (Ethan Hawke), quando este acaba sendo brutalmente assassinado pelo próprio irmão Fjölnir (Claes Bang), que pretende tomar seu lugar. O menino, que presenciou o acontecimento, jura que um dia voltará para vingar o pai e matar o tio.

Filme que divide opiniões: muita gente não gostou pelo fato de conter muita simbologia, diálogos longos, uma profundidade maior dos personagens, um ar fantasioso que foge da veracidade histórica... Outros, no entanto pessoas não gostaram por não ser exatamente aquilo que esperamos de Eggers. O longa tem mais ação e foca na figura heroica masculina, o que incomoda parcela do público. Acredito que o filme só perde força quando ultrapassa uma das linhas, indo muito para fantasia, ou muito para ação, tendo dificuldade em manter o equilíbrio,  e gerando os desagrados do público.

No geral, o filme é em bem balanceado, trabalhando os elementos fantásticos de uma maneira única, trazendo o misticismo das mitologias, prezando também por ser o mais fiel possível aos registros históricos da época, na direção de arte, com as roupas e cenários. 

"O Homem do Norte" pode dividir o público, mas no meu ponto de vista pode agradar todos os públicos, com uma uma fotografia fabulosa, que poderiam virar um quadro para colocar em qualquer parede, um roteiro que dá espaço para desenvolvimento dos personagens, uma atuação formidável de Oscar Novak, e um plot no trecho final do roteiro que, por não conhecer a história (confesso), me pegou de surpresa.

Parece simples fazer uma atuação dessas,
mas pense na intensidade que o ator tem que entrar em cena, SEMPRE!!!



por Vagner Rodrigues


Leva meu Samba, Wilson Batista


 

"Leva meu Samba, Wilson Batista"


RODRIGUES, Daniel
Nanquim e esferográfica sobre sulfite e desenho digital
(mai-jun/2022)