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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Chico Buarque - "Meus Caros Amigos" (1976)



“O que será que será/ Que todos os avisos não vão evitar/
Porque todos os risos vão desafiar/ Porque todos os sinos irão repicar/ 
Porque todos os hinos irão consagrar/ E todos os meninos vão desembestar/ 
E todos os destinos irão se encontrar/ E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá/
 Olhando aquele inferno, vai abençoar/ O que não tem governo, nem nunca terá/
O que não tem vergonha, nem nunca terá/ O que não tem juízo”.
trecho de
“O que será? (À Flor da Terra)”



“Hoje o inimigo veio me espreitar/ Armou tocaia lá na curva do rio/ Trouxe um porrete a mó de me quebrar/ Mas eu não quebro porque sou macio, viu”. Estes versos, da canção "Querido Diário", de 2011, bem que poderiam ter sido escritas por seu autor, Chico Buarque, 40 anos antes, nos famigerados anos de Regime Militar no Brasil. Um dos artistas mais perseguidos pela censura, Chico foi preso, se exilou, voltou ao país, travou diálogos constrangedores com os censores, burlou-os por vezes e, mesmo escrevendo duplos sentidos não alcançados pelo baixo QI dos avaliadores, teve diversas músicas vetadas. Em meados dos anos 70, cada vez mais cerceado pelos milicos em relação a seu trabalho, chegou um ponto em que compor um disco inteiro, com início meio e fim, virou-lhe tarefa quase impossível. “Quase” em se tratando do “macio” Chico Buarque, talvez o maior nome da música brasileira de todos os tempos. Se não dava para fazer do jeito ideal, criatividade e coragem não lha faltam para passar o recado da maneira que desse. Uma dessas provas de resistência é “Meus Caros Amigos”, de 1976, a materialização possível diante daquela situação de repressão. O que não lhe impediu de cunhar uma obra-prima da MPB.

Como todos os outros discos que fizera durante os anos de chumbo, “Meus...” é um Frankenstein sonoro. Diante da impossibilidade de escrever 10 ou 12 canções novas, pois sabia que a maioria seria proibida pelo simples fato de serem de sua autoria, a solução era ir pescando obras feitas para outros projetos. Homem não só da música, mas de teatro, cinema e da literatura, Chico construíra desde os seus primeiros anos uma carreira em que sua música dialogava com as outras artes. Naquele meio de anos 70, em seu auge criativo, este importante papel que desempenhava na cultura nacional estava totalmente estabelecido. É aí que aparecem os “caros amigos”. Companheiros de luta como Ruy Guerra, Augusto Boal, família Barreto e Hugo Carvana, igualmente opositores ao Governo Militar, sabiam que podiam contar com seus “versos e trovas”. Assim, “Meus...” constituía-se como um aleijão, sim, mas não qualquer aleijão. Com apenas duas canções novas escritas para o disco, por ação desta confluência de ideologias e atitudes constam nele algumas das mais emblemáticas obras da história do cancioneiro nacional.

Uma dessas joias é a que abre o disco: “O que será? (À Flor da Terra)”, escrita para o filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Melodia incrível e acachapante, que no cinema teve a voz da cantora Simone, aqui Chico divide os vocais com outro mestre da nossa música, Milton Nascimento. Bituca ajuda a dar uma interpretação toda diferenciada ao número, dramática e incisiva. A brilhante letra, crítica e reflexiva, traz, a partir de uma urgente pergunta (“O que será, que será?), versos inesquecíveis como: “Que andam suspirando pelas alcovas/ Que andam sussurrando em versos e trovas/ Que andam combinando no breu das tocas/ Que anda nas cabeças, anda nas bocas/ Que andam acendendo velas nos becos/ Que estão falando alto pelos botecos/ Que gritam nos mercados, que com certeza; Está na natureza, será que será...”.

Em seguida, mais uma puxada de outro projeto – e mais uma obra-prima –: “Mulheres de Atenas”. Encomendada para a peça “Lisa, a Mulher Libertadora”, de Boal, é um canto feminista que se vale da ironia e da inversão para expor a crítica da condição feminina não necessariamente na Grécia mitológica, mas no Brasil da era moderna: “Mirem-se no exemplo/ Daquelas mulheres de Atenas/ Geram pros seus maridos/ Os novos filhos de Atenas / Elas não têm gosto ou vontade/ Nem defeito, nem qualidade/ Têm medo apenas...”.

Também extraída de outro projeto para o álbum é a clássica balada “Olhos nos Olhos”, feita originalmente para Maria Bethânia, que a gravara pouco antes e estourara nas rádios naquele ano. Talvez a melhor música em primeira voz feminina já escrita por um homem, expressa a profundidade da alma de uma mulher que, após uma desilusão amorosa, vive um momento de autodescoberta. “Quando você me deixou, meu bem/ Me disse pra ser feliz e passar bem/ Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci/ Mas depois, como era de costume, obedeci”. Ela quer vingar-se do ex que a deixou mostrando que agora não precisa mais dele. “Quando você me quiser rever/ Já vai me encontrar refeita, pode crer/ Olhos nos olhos, quero ver o que você faz/ Ao sentir que sem você eu passo bem demais”. Talvez não tão bem assim, afinal, se fosse totalmente verdade, não precisaria jogar-lhe na cara. Afora a riqueza da melodia e da poesia, essa é uma das sutilezas da sensível “Olhos...”, uma das maiores criações de Chico em toda sua carreira.

De “Calabar, O Elogio da Traição”, peça coassinada por Ruy Guerra e proibida pela censura em 1973, vem a rumba romântica “Você Vai me Seguir”, que conta com lindo arranjo vocal da MPB-4. Fora do contexto da montagem, não apresentava perigo político, então estava liberada pela censura. Igualmente oriunda de uma fonte externa, a engraçada mas não menos ácida "Vai Trabalhar, Vagabundo" é da trilha do filme homônimo do camarada Carvana. Com arranjo assinado por Francis Hime diferente do feito para o longa, é um embalado samba com impagáveis passagens como: “Passa o domingo sozinho/ Segunda-feira a desgraça/ Sem pai nem mãe, sem vizinho/ Em plena praça/ Vai terminar moribundo/ Com um pouco de paciência/ No fim da fila do fundo/ Da previdência...”

Com arranjo de Perinho Albuquerque, uma das duas únicas escritas para o repertório é o divertido samba “Corrente”, cujos versos, como se destaca no encarte, “podem ser dispostos livremente”, pois “uma mesma corrente tanto pode ser lida para frente quanto para trás”. É bem essa brincadeira musical que Chico propõe. Enquanto os versos, corridos, metalinguisticamente dizem: “Eu hoje fiz um samba bem pra frente/ Dizendo realmente o que é que eu acho/ Eu acho que o meu samba é uma corrente...”, a segunda parte, num tom abaixo, começa do trecho que diz: “Isso me deixa triste e cabisbaixo”. Os versos se misturam em cantos simultâneos, contrastando o “pra frente” com o “pra baixo”, tanto em letra quanto em melodia. Uma construção vanguardista em conceito num samba agradável e popular.

A safra comprometida fez com que Chico buscasse mais duas já usadas no cinema para completar o repertório. A bela “A Noiva da Cidade”, a primeira delas, é o tema do filme de Alex Vianni. Misto de samba-canção com cantiga de ninar (“Ai, quanto descuido o dessa moça/ Que papai tá lá na roça/ E mamãe foi passear/ E todo marmanjo da cidade/ Quer entrar/ Nos versos da cantiga de ninar/ Pra ser um Tutu-Marambá”), faz situar-se entre o amor pueril e a sensualidade, trazendo como um dos elementos narrativos a atmosfera do folclore brasileiro e das lendas da infância de antigamente.

A segunda é outro clássico do cancioneiro de Chico: “Passaredo”. Com toques do pop rural ao estilo Sá & Guarabyra, esta canção semi-infantil também do longa de Vianni – aproveitada ainda na trilha sonora do programa “Sítio do Pica-Pau Amarelo” em versão da MPB-4 –, tornou-se um marco da música brasileira à época. Primeiro, por sua leitura mais imediata, pois levanta a bandeira da preservação ambiental tão pouco falada então. “Some, coleiro/ Anda, trigueiro/ Te esconde colibri/ Voa, macuco/ Voa, viúva/ Utiariti/ Bico calado/ Toma cuidado/ Que o homem vem aí...”. Pois esse “homem” ameaçador, que mata sem dó em meio à “floresta”, sustenta justamente a outra leitura que a letra tem: a da denúncia às perseguições, torturas e assassinatos da Ditadura. Aparentemente inofensiva e voltada para crianças (vai ver até achavam que Chico havia inventado aqueles nomes esquisitos de aves...), passou pela censura sem terem percebido. Bem feito.

Das mais belas músicas de Chico mas não tão reconhecida, a romântica “Basta um Dia”, toda sobre piano e o delicado arranjo de cordas de Francis, como não poderia ser diferente também provém de uma obra externa: a peça “Gota D’água”, de Chico e Paulo Pontes e originalmente escrita para a voz de Bibi Ferreira. A rica melodia, de sinuosidades muito bem elaboradas, acompanha o tratamento literário de Chico na letra: “Pra mim/ Basta um dia/ Não mais que um dia/ Um meio dia/ Me dá/ Só um dia/ E eu faço desatar/ A minha fantasia...”.

Por fim, a segunda e última composta para o disco. E que música! A lenda diz que Chico precisava compor somente mais uma faixa para completar o tempo mínimo do LP. Ele então se senta no próprio estúdio e escreve a punho a letra para a melodia de Francis deste choro pessoal e cronístico, uma das obras que mais bem dão a noção do que o Brasil vivia naqueles ferozes tempos. Com o luxuoso piano de Francis e a flauta mágica do craque Altamiro Carrilho, encerra a mensagem-chave do álbum numa carta a um amigo exilado. Tal como propusera em “Sabiá”, de 1968, em que fala de saudades da terra natal sem estar fora dela, “Meu Caro Amigo” é um canto de exílio às avessas. “Meu caro amigo, me perdoe, por favor/ Se eu não lhe faço uma visita/ Mas como agora apareceu um portador/ Mando notícias nessa fita.” E explica, com bom humor e realismo, como estava a situação no Brasil: “Aqui na terra tão jogando futebol/ Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll/ Uns dias chove, noutros dias bate o sol/ Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta/ Muita mutreta pra levar a situação/ Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça/ E a gente vai tomando que também sem a cachaça/ Ninguém segura esse rojão“.

Precisou-se segurar o rojão ainda por muitos anos até a democracia vir. Chico, assim como vários de seus parceiros, venceu a luta contra o inimigo. “Apesar de você”, o amanhã virou “outro dia”. De fato foi necessário que Chico adicionasse à sua autoatribuída maciez muita teimosia, pirraça e cachaça. “Meus...” é a prova disso: tinha tudo para resultar numa colcha de retalhos sem sentido, mas, com o apoio imprescindível dos amigos, unidos por uma causa maior, saiu um dos mais autênticos libelos que um artista popular poderia compor. Nem mesmo todos os empecilhos que foram impostos fizeram com que o disco perdesse a coesão. Ao contrário: aumentaram-lhe a mensagem de subversão e lhe deram personalidade e sobrevida. Afinal, mais de 40 anos depois, o disco continua uma referência tanto na obra de seu autor quanto da música brasileira e da história recente do Brasil enquanto sociedade.

Pode parecer contraditório, mas que nunca mais seja preciso criar discos como este. Oxalá a musicalidade, a poesia e a beleza atingidas por Chico em “Meus...” ande apenas restrita ao passado: nas cabeças e nas bocas. E na memória.

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FAIXAS
1. O que será (À flor da terra) – Participação especial: Milton Nascimento
2. Mulheres de Atenas (Augusto Boal/ Chico Buarque)
3. Olhos nos olhos         
4. Você vai me seguir (Ruy Guerra/ Chico) – Participação especial: MPB-4
5. Vai trabalhar vagabundo        
6. Corrente       
7. A noiva da cidade (Francis Hime/ Chico)
8. Passaredo (Francis/ Chico)
9. Basta um dia
10. Meu caro amigo (Francis/ Chico)

todas as composições de Chico Buarque, exceto indicadas.

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OUÇA O DISCO





por Daniel Rodrigues



terça-feira, 23 de abril de 2013

Adriana Partimpim - "Partimpim Tlês" (2012)


Ganhei de presente de minha amada Leocádia Costa o último CD do projeto Partimpim, de Adriana Calcanhoto: o “Partimpim Tlês” (isso mesmo, três com “L”, bem queridinho e infantil). Como esperado, um encanto de disco. Assim como os dois primeiros, o já fundamental “Adriana Partimpim”, de 2004, e “Partimpim 2”, lançado somente cinco anos depois, o novo da série traz canções infantis (ou não) para crianças (ou não) com muita poesia e numa roupagem ao mesmo tempo lúdica e arrojada, tendo em vista os arranjos primorosos que vão do intimismo à vanguarda. 

Tudo é muito artesanal, mas não que se exima de usar toda uma parafernália tecnológica e uma produção caprichadíssima. A banda, por exemplo, conta com nada menos que craques como Kassin, Moreno Veloso, Domenico e Berna Ceppas. Enfim, um projeto que já dura nove anos e que tem como diferencial não subestimar a inteligência dos pequenos. A instrumentação rebuscada, o primor das harmonias, o alto nível dos autores e parceiros (que vão desde Augusto de Campos e Ferreira Gullar até Péricles Cavalcanti e Arnaldo Antunes, tudo mostra o quanto este público merece, sim, não só Xuxa ou coisa pior.

Mas o disco? Repleto de pérolas do cancioneiro infantil ou, melhor ainda, identificadas com muita sensibilidade por Adriana como sendo também música que criança pode ouvir. Por que não? É o caso da sacada de “Taj Mahal”, de Jorge Ben compositor cujas letras, de fato, sempre tiveram um quê de infantil. Também é o que acontece com a ecológica “Passaredo”, de Chico Buarque e Francis Hime, e a mais surpreendente e brilhante delas: “Lindo Lago do Amor”, hit de Gonzaguinha nos anos 80 mas que nunca havia sido identificada como podendo ser também para os pequenos ouvintes. Tem ainda, ao contrário do primeiro da série, que só continha músicas de outros compositores, canções próprias de Adriana – tal como já ocorrera a partir do segundo volume. Destas, “Salada Russa”, parceria com Paula Toller, é um verdadeiro barato com sua letra inteligente que brinca com divertidas e inteligentes antífrases (despertando, inclusive, a curiosidade nas crianças sobre as figuras de linguagem).

Das inéditas, também tem a graciosa “Criança Crionça”, do poeta concretista Augusto de Campos e seu filho, o compositor Cid Campos – que conta com a participação especialíssima nos créditos do ronronar da gatinha de Adriana, a Sofia; a poética e etérea “Por que os Peixes Falam Francês?”; e a fofa canção-de-ninar “Também Vocês”, feita, como diz na dedicatória, para Lucinda Verissimo cantar para seu avô (Luís Fernando Veríssimo).

Destaques ainda para “De Onde Vem o Baião”, de Gilberto Gil (feita originalmente para Gal Costa que a gravou em 1978), e o clássico da bossa-nova “O Pato”, que há tempos estava caindo de maduro para Adriana gravar no Patimpim.

O CD desfecha em tom leve e quase “soninho” com Dorival Caymmi e sua “Acalanto”, autor que também mereceu outra homenagem com a maravilhosa “Tia Nastácia”, feita originalmente para a trilha sonora do Sítio do Pica-Pau Amarelo da Globo, nos anos 70. Esse é o melhor exemplo de que Adriana Calcanhoto, que assumiu o sobrenome Partimpim até nos créditos, pegou pra si a responsabilidade de seguir adiante com a tradição de trilhas para criança inteligentes como se fizera tempo atrás em obras referenciais como "Plunct Plact Zum!!!", “O Grande Circo Místico” ou “Arca de Noé” mas que, em tempos de progressiva imbecilidade da sociedade, vinha se estabelecendo. Ainda bem que a Adriana (a Partimpim!) está aqui para salvar a nós e à criançada. Longa vida a Adriana, seja a Partimpim ou a Calcanhoto.

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domingo, 19 de fevereiro de 2012

cotidianas #139 - "Vai Passar"


Minha mãe sempre me chamou a atenção para a beleza da letra abaixo, da canção "Vai Passar" de Chico Buarque de Hollanda, que para ela é a que melhor representa este momento de sensação de liberdade, de alegria coletiva, de extravasamento de um povo que toma porrada atrás de porrada, é sacaneado, é roubado pelas autoridades, é injustiçado, mas que durante um desfile de escola de samba se dá ao direito de mandar tudo pro espaço e a uma espécie de limpeza de alma.
Durante uma hora, uma hora e meia, que um pobre, um miserável, um morto de fome, pode por alguns instantes sentir-se um nobre, um nabado, um superior, ou o mínimo exigível, um igual e, naquele trajeto de um lado a outro da avenida, o cidadão comum, que engole sapos o ano inteiro pode chegar a tal ponto de embriaguez de alegria que consegue até mesmo exclamar inconsequentemente, "ai, que vida boa!".


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Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história,
passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral... vai passar


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"Vai Passar"
(Chico Buarque/ Francis Hime)


para Iara