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quarta-feira, 15 de maio de 2019

Música da Cabeça - Programa #110


Poesia. Esta é a célula que motiva ele e que vai nos motivar também no MÚSICA DA CABEÇA nº 110. Estamos falando do músico, performer, produtor cultural, artista visual e, claro, poeta mineiro RICARDO ALEIXO. Ele é quem, com seu pensamento lúcido, crítico e lírico poetiza o nosso quadro “Uma Palavra”. Mas tem também muito mais coisa boa: Beck, Herbert Vianna, Chico Buarque, The Residents e Funkadelic são alguns deles. “É raiz que voa”, é “a palavra mais viva”, é o “antiboi”. É o MDC especial 110 na RÁDIO ELÉTRICA hoje, às 21h. Produção, apresentação e versos verso livre: DANIEL RODRIGUES.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

cotidianas #611 - A Dama e o Vagabundo



fonte:Pngtree
criador: Chak Ming Wong
Eu fico sentado rindo
Te ouvindo reclamar, meu bem
Há coisas mais importantes lá fora
Que os nossos quadros por pregar

Mas a gente combina o que for necessário
Cê lava os pratos
Eu lavo o carro
Ou ao contrário
Tanto faz

Meu nome está no distrito
E o seu está nos jornais
E não me basta o que eu já sei
Eu ainda erro demais

A gente combina o que for mais seguro
Cê fica em casa
Eu pulo o muro
Ou ao contrário
Tanto faz

Mas a gente combina o que for necessário
Eu lavo o carro
Cê lava os pratos
Ou ao contrário
Tanto faz

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"A Dama e o Vagabundo"
Os Paralamas do Sucesso
(letra: Herbert Vianna)

Ouça:
Os Paralamas do Sucesso - "A Dama e o Vagabundo"

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Os Paralamas do Sucesso - "D" (1987)



“’D’ é um instantâneo de uma banda lidando com uma recém-conquistada consagração em plena forma. O disco não encerra um ciclo artístico, pelo contrário, coloca possibilidades sobre a mesa, exala total frescor e antecipa as direções que o grupo seguiria, profundamente transformado por este aceno ao Brasil. Jamais eles seriam os mesmos.” Carlos Eduardo Lima, jornalista e historiador

Desde muito cedo tive uma ligação especial com Os Paralamas do Sucesso. Quando comecei a gostar de música, nos anos 80, ali pelos 7, 8 anos, era o Paralamas, entre os grupos surgidos no rock brazuca da época, que mais me faziam a cabeça. Gostava, claro, da Legião Urbana, dos Titãs, do RPM, do Capital Inicial e de outras. Mas o power trio formado por Herbert Vianna (guitarra e vocais), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) me transmitia algo a mais. Talvez já antevisse o meu gosto – que mais crescido passaria a tomar lugar igualmente especial em meu imaginário musical – pelos ritmos latinos e brasileiros, aos quais cedo souberam mesclar a seu rock potente e melódico. Tanto é fato essa ligação forte com a banda que o meu primeiro disco que ganhei, no Natal de 1986, foi um cassete de “Selvagem?”, daquele ano, disco no qual o Paralamas consolidava o discurso social e seu estilo de rock tomado de reggae e ska jamaicanos, mas também conectado com os ritmos Brasil e a América Latina.

Sucesso nas rádios, uma apresentação histórica no primeiro Rock in Rio e três discos lançados deram ao grupo a maturidade suficiente para os levar ao Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. Acompanhada do hoje “quarto Paralama”, o não à toa chamado João Fera, que estreava com eles nos teclados, a banda desembarcava no festival mais democrático e amplo do jazz mundial, repetindo o feito de outros brasileiros que marcaram época por lá, como Elis Regina, Gilberto Gil e João Gilberto. Se no passado estes foram os responsáveis por difundir a MPB na Europa, agora era a vez da mais completa banda do rock brasileiro dos anos 80 mostrar o que esta geração tinha de melhor. O resultado disso é o brilhante disco “D”, registro ao vivo que está completando 30 anos.

Com os quatro tocando tudo e mais um pouco sobre o palco, “D” tem repertório muito bem escolhido, valorizando, obviamente, a safra do último trabalho em estúdio, mas também incluindo hits, material novo e até surpresas. De “Selvagem?”, há as versões irrepreensíveis da filosófica “O Homem” (“O homem traz em si a santidade e o pecado/ Lutando no seu íntimo/ Sem que nenhum dos dois prevaleça...”) e do reggae-punk “Selvagem”, tão político e cru que poderia muito bem ser uma canção dos Titãs – tanto tem semelhança, que Herbert canta incidentalmente durante a execução "Polícia", clássico deles.

Ainda referentes à turnê do recente álbum, outras duas: "A Novidade", que reproduz o reggae suingado da original, imbatível diante das outras duas versões ao vivo que a música ganhou anos depois: uma, com o coautor, Gil, em 1994, num reggae arrastado, e a meio ragga, que os Paralamas gravariam em “Vâmo Batè Lata”, de 1995. Além disso, o primor da letra de Gil - com quem a parceria já denotava a intencionalidade de maior diversidade sonora da banda - merece sempre destaque: lírica, reflexiva, surrealista: “A novidade era o máximo/ Do paradoxo estendido na areia/ Alguns a desejar seus beijos de deusa/ Outros a desejar seu rabo pra ceia”. A segunda é a salsa pop "Alagados", um dos hits da época que, na esteira da MPB de protesto dos anos 70, denunciava as condições indignas de vida dos miseráveis, seja da vila dos Alagados, em Salvador, das favelas cariocas ("a cidade que tem braços abertos num cartão-postal") ou de Trenchtown, na Jamaica, tão próxima do Brasil em cultura e miséria. Não por acaso, neste número, Herbert cita versos de "De Frente Pro Crime", um dos sambas-denúncia de João Bosco e Aldir Blanc escritos nos anos 70.

“D”, porém, guarda também surpresas. Uma delas é a que abre o disco: o arrasador reggae "Será Que Vai Chover?” em sua primeira execução pública e cuja inspiração em Jorge Benjor é inequívoca, seja em “Chove Chuva” ou “Que Maravilha”. A presença espiritual do Babulina se confirma mais adiante durante o show, quando o trio manda uma interpretação histórica de "Charles, Anjo 45", comprovando o que a banda já sabia muito bem fazer desde seu primeiro disco: versar outros artistas.

Não faltaram, igualmente, os sucessos, como uma matadora "Ska" (com a participação do “abóbora selvagem” e amigo George Israel no sax), "Óculos" e "Meu Erro", esta última, que fecha este memorável show d'Os Paralamas do Sucesso em solo suíço. A banda lançaria ainda mais sete álbuns ao vivo ao logo da carreira. Porém, mesmo três décadas decorridas, nenhum se equipara à qualidade, pegada e espírito de “D”. Com os rapazes no auge, esta apresentação simbolizou o merecido reconhecimento à geração do rock brasileiro dos anos 80 no mundo. Em uma época de alta efervescência no universo do pop-rock, com gente do calibre de U2, The Cure, Sting, Madonna, Duran Duran, Bon Jovi, Prince, entre outros, em plena forma, o BRock mostrava que também merecia atenção pela originalidade inimitável da música feita no Brasil.

Os Paralamas do Sucesso - "Ska" 
(ao vivo em Montreux, 1987)



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FAIXAS:
1. "Será Que Vai Chover?" (Herbert Vianna)
2. "Alagados" (Música incidental "De Frente Pro Crime" - João Bosco, Aldir Blanc) (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
3. "Ska" (Herbert Vianna)
4. "Óculos" (Herbert Vianna)
5. "O Homem" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
6. "Selvagem" (Música incidental: "Polícia" - Toni Bellotto) (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
7. "Charles, Anjo 45" (Jorge Ben)
8. "A Novidade" (Bi Ribeiro, João Barone, Gilberto Gil, Herbert Vianna)
9. "Meu Erro" (Herbert Vianna)


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OUÇA O DISCO


Daniel Rodrigues

sábado, 19 de agosto de 2017

Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens - "Educação Sentimental" (1985)


"A marca fundamental do nosso trabalho é a sinceridade.
Para mim o sucesso é ser perene."
Paula Toller



O Kid Abelha costuma ser uma banda pouco valorizada diante do papel importante que teve na música pop nacional dos anos 80 e que vem desempenhando desde então.
"Educação Sentimental " de 1985 pode ser colocado, sem medo, entre os grandes discos daquela rica safra oitentista brasileira que teve ali naquele mesmo momento obras como "Dois", "Cabeça Dinossauro", "Selvagem?", "O Rock Errou", entre outros.
Ainda com Leoni na banda, cantor, guitarrista e principal compositor, a banda, que na época ainda carregava o sobrenome de Os Abóboras Selvagens, evoluía daquele new wave incauto de seu primeiro trabalho, "Seu Espião" para algo mais maduro e consistente. Aliás, a trajetória da banda parece correr numa linha de tempo evolutiva na qual suas 'personagens' parecem ir amadurecendo com as relações, saindo das cartinhas de amor ("Alice..."), passando pela descoberta de como funcionam verdadeiramente os relacionamentos ("E agora você vai embora e eu não sei o que fazer..." ou "já conheci muita gente/ gostei de alguns garotos/ mas depois de você os outros são os outros"); entendendo o fim da puberdade e o salto para novas responsabilidades ("acabou a puberdade/ essa é a nossa casa e não a dos nossos pais"); chegando à triste realidade do desmoronamento da relação ("o nosso amor se transformou num 'bom dia"); e por fim, relaxando e deixando as coisas rolarem com discursos mais descontraídos a partir do disco "Iê, Iê, Iê". Assim, se as composições perdiam em qualidade após a saída de Leoni a partir do disco "Tomate", a perda era compensada com uma espécie de autenticidade conferida pelas interpretações de Paula Toller que incorporava aquela espécie de biografia musical traçada a pela banda.
"Educação Sentimental", embora não represente o auge da maturidade emocional dessa personagem feminina vivida pela voz de Paula Toller, configura-se no momento em que sua música encontra a melhor fórmula que, com mudanças, adequações e progressos, veio a tornar-se característica e marca do Kid Abelha. O título ainda que carregue a referência literária à obra de Gustave Flaubert, pode traduzir-se efetivamente muito no aprendizado que a vida traz para qualquer relacionamento afetivo que vivemos, e sua abordagem, às vezes um tanto inocente, parecendo mesmo até situar-se dentro de uma fase colegial, justificando ainda mais a sugestão de "didática" reforçada por títulos como "Garotos", "Uniformes" e as duas "Educação Sentimental".
Com um pop sem grandes arroubos ou virtuosismos mas muito limpo, bem produzido e preciso, o Kid Abelha e seus Abóboras Selvagens apresentavam um disco simples, enxuto porém com grande alcance popular, o que se confirmaria com o estouro de músicas como "Os Outros", "Lágrimas e Chuva", "Garotos" e "Fórmula do Amor".
 Produzido pelo mago dos estúdios no Brasil, Liminha, o disco conta com uma série de participações especiais qualificadas como a de Leo Gandelman que reforça a linha de metais; a de Roberto de Carvalho no piano; e de Léo Jaime, que dá uma canja em "Fórmula do Amor" devolvendo a gentileza da banda que participara em seu disco "Sessão da Tarde" na mesma canção.
"Lágrimas e Chuva" é um pop poderoso no qual a delicadeza da voz de Paula contrasta com a linha de metais impetuosa de Gandelman e George Israel; a romântica "Os Outros" chega a ser comovente na confissão da importância do ex-namorado na vida daquela garota; e a balada "Uniformes" é taciturna com seu saxofone choroso, letra tristonha e uma interpretação copiosa. A outra grande balada do disco "Garotos" expõe as fraquezas, defeitos e limitações dos rapazes nos relacionamentos, tendo merecido posteriormente de Leoni, em sua carreira solo, uma espécie de justificativa masculina. Ambas as partes de "Educação Sentimental" sendo a primeira cantada por Leoni, têm seu valor, mas a parte dois, composta em parceria com Herbert Vianna, é a que praticamente define o álbum com seus questionamentos e descobertas e um produto musical final mais bem acabado. Já "Conspiração Internacional", outra com vocal de Leoni, "Amor por Retribuição" e "Um Dia em Cem" destoam um pouco do restante mas não conseguem diminuir as virtudes do álbum como um todo.
Longe da capacidade aglutinadora de uma Legião, da revolução formal dos Titãs, da exploração sonora dos Paralamas, da irreverência do Ultraje, o Kid Abelha mesmo com um disco indiscutivelmente menor do que os mencionados escrevia com "Educação Sentimental" seu nome na página dos grandes discos brasileiros dos anos 80.
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FAIXAS:
1. Lágrimas e Chuva (4:33)
2. Educação Sentimental II (4:51)
3. Conspiração Internacional (3:55)
4. Os Outros (3:25)
5. Amor por Retribuíção (3:35)
6. Educação Sentimental (4:03)
7. Garotos (4:24)
8. Um Dia em Cem (3:23)
9. Uniformes (4:08)
10. A Fórmula do Amor (5:00)

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Ouça:


Cly Reis

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Plebe Rude - "O Concreto Já Rachou" (1985)



"O Concreto Já Rachou"
da letra de "Brasília"



Eles eram uma espécie de primo-pobre das bandas de Brasília. Uma espécie de patinho-feio. Enquanto a Legião Urbana arrebatava multidões de fiéis e o Capital Inicial , com um pop bem feito agradava em cheio ao grande público, a Plebe Rude com seu estilo mais cru, letras diretas e contundentes, até fazia seu sucesso também, mas nunca a ponto de alcançar a dimensão dos outros dois conterrâneos. Talvez por terem sido a menos concessiva no que diz respeito às suas raízes punk. Embora a Legião preservasse elementos de punk rock em seu repertório e o Capital s trabalhasse de maneira mais acessível no seu repertório, a Plebe Rude era que se mantinha mais fiel ao estilo e à atitude com um discurso mais enérgico e uma postura mais coerente.
Em seu EP de estreia, "O Concreto Já Rachou", de 1985, com apenas 7 músicas, a Plebe atacava as gravadoras, as autoridades, a TV, o sistema de uma maneira geral, com letras inteligentes, mas um tanto toscas, sem a brilhatura de um Renato Russo, por exemplo, o que fazia toda a diferença não só para a própria banda que o cantor integrava, como para o Capital Inicial que se impulsionou muito a partir de algumas delas como "Fátima" e "Música Urbana".
Mas a Plebe Rude não apenas se ressentia um elemento carismático, aglutinador, como ainda apresentava dois vocalistas (Philippe Seabra e Jander Bilafra) que se alternavam no microfone e, por vezes, como na excelente "Brasília", dividiam mesmo, simultaneamente a função principal. Nesta ótima faixa, sem cair na mesmice de falar de políticos, falcatruas, leis absurdas, etc., com sua letra dupla interpretada brilhantemente pelos dois, expunham toda a sujeira que a cidade estava (e está) mergulhada sob os olhos incapazes, conformados, perplexos e/ou covardes de seus habitantes e, mais amplamente, da população do país. A frase título do disco, presente na música sentenciava: o sonho da cidade ideal havia ruído e Brasília era um mar de lama. Punk direto e certeiro!
Mas dizer que a banda foi punk à risca em "O Concreto Já Rachou" seria um exagero. É lógico que, como a grande maioria dos artistas que assinou com gravadoras grandes naquela metade dos anos 80 teve que ceder um pouquinho aqui ou ali, mas parece que as cessões que a Plebe fez não foram o suficiente para subverter o cerne de seu som. É o caso de "Até Quando Esperar", por exemplo, que alcançou com bom destaque as paradas de sucesso, na qual até aceitam incluir o excepcional violoncelista Jaques Morelenbaum ao seu punk rock, à sua letra crítica e desesperançosa, sem contudo, com isso, perder a agressividade e a contundência do coração da canção, agregando ainda um certo acento solene proporcionado pelo grave do violoncelo. Ou também em "Sexo e Karatê", na qual mesmo com a participação de Fernanda Abreu suavizando o ritmo frenético, e com uma letra divertida de encontros e desencontros telefônicos, além de abordar a solidão, deixa transparecer ainda uma crítica à programação das emissoras, em especial à eterna inimiga pública, a Rede Globo de Televisão.
Mas se topavam estas pequenas 'adaptações' ao sistema, provavelmente sugeridas pelo produtor, Herbert Vianna, não por isso deixavam de criticar a indústria musical e todos seus meios para roubar a identidade dos artistas em nome do dinheiro, como na incisiva "Minha Renda", onde mencionam exatamente recursos como estas suavizações ("um lá menor aqui e um coralzinho de fundo / minha letra é muito forte? se eu quiser eu a mudo"); as imposições das gravadoras ("você é um músico não é um revolucionário / faça o que eu te digo que eu te faço um milionário"); respingando até mesmo no próprio produtor em trecho cantado pelo próprio vocalista dos Paralamas do Sucesso ("já sei o que fazer pra ganhar muita grana / vou mudar meu nome para Herbert Vianna").
"Proteção", outra das que teve boa execução nas rádios, talvez seja uma das mais fortes do disco, atacando em especial às autoridades, o exército, o fantasma da ditadura e o resto de censura que ainda perdurava com força naquela metade dos anos 80. Destaque para o vocal de Jander Bilafra, marcante, soturna e sinistra, repetindo quase o tempo todo, na segunda voz, o verso "para sua proteção", conferindo uma certa mecanicidade e uma espécie de sensação de presença vigiada sugerida pela letra.
Destaque ainda para a boa "Seu Jogo", sobre vidas vazias, com uns metaizinhos bem dispensáveis; e para "Johnny Vai à Guerra" sobre a inocência perdida por jovens em batalhas militares sem sentido.
 Um dos melhores álbuns daquela geração brazuca dos anos 80, e com certeza um dos pilares da santíssima trindade do rock brasiliense juntamente com o "Dois" do Legião Urbana e o álbum homônimo do Capital Inicial, "O Concreto Já Rachou" tem assegurado seu lugar de destaque na galeria dos grandes álbuns nacionais de todos os tempos. Depois daquilo os palácios , os ministérios, as obras de Niemeyer nunca mias teriam conserto. O estrago já estava feito. O concreto havia sido irremediavelmente danificado e a Plebe Rude havia colocado seu nome na história da música brasileira.

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FAIXAS:
1. Até Quando Esperar
2. Proteção
3. Johnny Vai à Guerra (Outra Vez)
4. Minha Renda
5. Sexo e Karatê
6. Seu Jogo
7. Brasília

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Ouvir:
Plebe Rude O Concreto Já Rachou




Cly Reis

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os Paralamas do Sucesso - "Selvagem?" (1986)


"Com o Selvagem a gente estava tentando nadar em cores nacionais.
E ter um retorno tão forte pra gente significou,
'Uau! Que legal que tenhamos encontrado esse grau de sintonia' "
Herbert Vianna

Os Paralamas do Sucesso eram uma bandinha bem simpática, interessante, gostosa de ouvir. Faziam aquele seu popzinho com toques de new-wave, com influências evidentes de ska mas nada muito mais que isso. Tinham até feito coisas interessantes como "Óculos", "Meu Erro", "Ska" que garantiram seu sucesso comercial mas não convenciam totalmente. Isso até darem uma virada que foi decisiva para sua carreira e para definir enfim uma identidade musical, diferenciando-os no cenário do BR-Rock dos anos 80. Com "Selvagem?" de 1986, o trio Herbet, Bi e Barone incrementava seu pop-rock com coloridos latinos, tropicais, caribenhos, baianos, brasileiros, africanos, caprichava nas doses de reggae e calibrava o seu ska. O que se ouviu então foi um disco admirável cheio de ritmo, balanço, embalo  e rock também, por quê não?
A diferença já pode ser notada pelo acréscimo de brasilidades: Gilberto Gil compõe em parceria com Herbert o reggae lento e gostoso "A Novidade" e empresta seus dotes de guitarrista na ótima "Alagados", talvez a melhor síntese de toda a mistura musical proposta no disco, cheia de protesto e crítica social. E reforçando este novo olhar brasileiro, trazem a balada "Você" de Tim Maia numa releitura pra lá de bacana.
"Teerã", bem polítizada, volta seu olhar sobre o oriente-médio despejando uma letra crítica e preocupada apoiada numa linha de baixo marcante e forte; a divertida "Melô do Marinheiro" confirma a vocação da banda para o bom-humor com uma letra engraçadíssima sobre um marujo acidental num reggae cantado quase como rap; e ambas, Teerã e o Melô, são repetidas no próprio disco em versões dub bem interessantes e muito bem trabalhadas no estúdio.
A excelente "O Homem" é séria, reflexiva e tem seu som incrementado com alguns efeitos de teclado; "A Dama e o Vagabundo" cai naquela classificação das 'simpáticas', numa musiquinha legal mas que, com certeza, é a mais fraca do disco; "There's a Party" é ska puro e embalado; e a faixa-título, "Selvagem" é uma pedrada com letra agressiva e guitaras distorcidas transitando na margem entre o ska e o punk. Simplesmente selvagem!
Sem dúvida um dos 5 álbuns mais importantes dos anos 80 junto com o "Cabeça Dinossauro" , o  "Dois" , o "Revoluções por Minuto" e o 'Nós Vamos Invadir sua Praia" e um dos mais importantes da música brasileira sendo extremamante influente para grande parte da geração pop rock brasileira dos início dos 90 para nomes como Skank, Cidade Negra, Jota Quest, o pessoal do Mangue Beat, e muitos outros.
A banda está na estrada este ano para a comemoração dos 25 anos do legendário álbum com apresntações tocando o disco na íntegra. A turnê passa aqui pelo Rio e a apresentação ocorre no Circo Voador neste sábado, dia 29 de outubro.

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FAIXAS:
1."Alagados" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
2."Teerã" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
3."A novidade" (Bi Ribeiro, João Barone, Gilberto Gil, Herbert Vianna)
4."Melô do marinheiro" (Bi Ribeiro, João Barone)
5."Marujo Dub" (Bi Ribeiro, João Barone)
6."Selvagem" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)
7."A dama e o vagabundo" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
8."There's a party" (Herbert Vianna)
9."O homem" (Bi Ribeiro, Herbert Vianna)
10."Você" (Tim Maia)
11."Teerã Dub" (Bi Ribeiro, João Barone, Herbert Vianna)

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Ouça:
Os Paralamas do Sucesso Selvagem?





Cly Reis