"Eu sou Heitor dos Prazeres,
Heitor dos Prazeres é meu nome.
Este prazer que eu tenho no nome
é o prazer que eu divido com o povo.
Este povo com quem eu reparto este prazer.
Este povo que sofre, este povo que trabalha,
este povo alegre que eu compartilho a alegria desse povo.
A alegria deste povo,
o sofrimento deste povo
é o que me obriga a trabalhar.
É o que me faz transportar para a tela
o sofrimento do povo."
Heitor dos Prazeres
A gente vai protelando, deixando pra depois, pro próximo final de semana, pro próximo, pro próximo, e às vezes acaba perdendo uma exposição daquelas que valem muito a pena.
Nessas de empurrar pra depois, acabei quase perdendo a exposição de Heitor dos Prazeres, no CCBB, aqui no Rio.
Mas deu tempo.
Fui no penúltimo final de semana, mas deu.
Heitor dos Prazeres, um dos maiores nomes das artes no Brasil, retratava em sua obra cenas cotidianas, normalmente com a figura do negro em destaque. Tradições, folguedos, festas, trabalho, brincadeiras, tudo aparece nos quadros do pintor carioca, com muito movimento, muito ritmo e muita cor, numa técnica que, à primeira vista, pode parecer limitada, primária, ingênua, mas que revela uma noção de espaço e dimensionalidade quase ímpar na pintura mundial.
Heitor, artista multitalentoso, além de pintor, era também escultor, designer, estilista, compositor, violonista e cantor, com igual brilho e talento em todas essas outras áreas. Mas, indiscutivelmente, foi a pintura a atividade que representou a parte mais significativa de seu trabalho e, indubitavelmente, a que lhe rendeu maior reconhecimento, sendo a que recebe maior destaque na exposição e a que apresenta o maior número de itens.
Uma exposição essencial de uma obra valiosíssima da arte brasileira. Uma arte que representa tanto a cultura negra que parece emitir som, suas imagens parecem produzir o ritmo do samba.
Prazeres? O prazer é nosso por ter o privilégio de apreciar sua obra.
Confira, aí, abaixo, alguns momentos da exposição:
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A formação das favelas cariocas, na pintura de Heitor dos Prazeres |
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Heitor também retratava cenas rurais em sua obra. Negros trabalhando na roça. |
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Mais uma situação de trabalho. Aqui, uma lavadeira |
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O belíssimo "A mulher abstrata" (óleo sobre tela) |
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A feira, mais uma cena cotidiana |
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Aqui, a seção dedicada à música. Danças, festas, carnaval... |
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"Os sambistas", óleo sobre tela de 1963 |
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Brincadeiras, crianças se divertindo na rua. |
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Detalhe de um dos quadros que retrata as brincadeiras da infância |
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Carteado, sinuca... As jogatinas |
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Os nus também marcaram presença na obra do artista. No quadro, uma modelo posando para um pintor |
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Já em sua fase final, alguns quadros apresentavam uma perspectiva pessimista do artista. Neste, a solidão, a vulnerabilidade, o mercado o consumindo. |
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Também de sua fase final, o belíssimo "Praça XV" |
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Alguns esboços do artista |
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As partituras para sambas e o envolvimento crucial com o carnaval para a criação das escolas de samba |
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A parte musical de Heitor dos Prazeres é tão significativa quanto a plástica |
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Trabalhos de Heitor para cenografia de peças |
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Figurinos do artista para um musical |
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Em detalhe, uma peça de vestuário desenhada pelo artista |
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O lado escultor de Heitor dos Prazeres. Escultura em madeira. |
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Uma geral de uma das salas da exposição |
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Este blogueiro tendo o prazer de apreciar a obra de Heitor dos Prazeres |
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exposição "Heitor dos Prazeres é meu nome", de Heitor dos Prazereslocal: CCBB Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
endereço: Rua Primeiro de Março, 66, Rio de Janeiro / RJ
período: até 18 de setembro de 2023
visitação: de segundas, quartas, quintas, sextas e sábados, das 9h às 21h
e domingos das 9h às 20h
ingresso: gratuito
por Cly Reis