A pergunta que não quer calar: quem vai ouvir o MDC de hoje? Enquanto uns param na frente da TV para tentar saber quem matou Odete Roitman, os espertos sintonizam no programa para ouvir a edição especial de nº 430. Quem vier conosco vai ganhar uma recompensa em DOSE DUPLA, estamos avisando! Sem motivos pra matar ninguém, entramos no ar no horário da novela das 9 na insuspeita Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (mas quem será mesmo que atirou?...)
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
sábado, 1 de fevereiro de 2025
Trio - "Trio" (1982)
Então, nesse ÁLBUNS FUNDAMENTAIS resolvi contar como foi o reencontro totalmente acidental ou um belo presente do destino. Sexta-feira à noite (acho que ainda era setembro ou outubro, não lembro agora), resolvi fazer a limpa na coleção e catei alguns trinta, quarenta LPs, uns singles de rap, uns pop rock, muitos trilha sonora de novelas e embarquei rumo a Novo Hamburgo na loja do meu amigo Al Shceknel, a Superbacana Records.
A intenção era trocar algumas tranqueiras, inclusive levei uma guitarra no estojo pro brick. Chegando lá, como sempre muito bem recebido, aquele café passado na hora, boas conversas mexemos nuns sintetizadores malucos, violões e, então, partiu pro brick!
O Al deu uma verificada na oferenda enquanto eu me grudei nas prateleiras e separei coisas do tipo um compacto do Roberto Carlos de 1977, se não me engano, e alguns que agora não vou lembrar, mas deu brick. Mas o que mais me chamou atenção foi o álbum de uma banda alemã de 1979, a Trio.
Uma banda que passei a minha adolescência debochando do clássico "Da da da"… porém, nunca conseguiria imaginar que seria o disco mais impressionante que ouviria no final de 2024!
Depois de chegar em casa, foi a rotina clássica: álbuns do garimpo no sofá pra aquele registro, marcar a loja, requentar a comida no micro-ondas enquanto botei na vitrola o disco….
Senhoras e senhores: foi um tiro que me fez deixar a comida esfriar novamente. Simplesmente extraordinário!!!!
Com é que eu tive a inocência de debochar de tamanha obra de arte minimalista com canções simplesmente geniais basicamente guitarra, bateria e voz - segundo informação do Pereba, a banda não tem baixo. Não fiz essa pesquisa, mas super recomendo "Trio", o álbum que leva o nome da banda lançado no Brasil em 1982.
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quarta-feira, 31 de julho de 2024
Música da Cabeça - Programa #371
Essa cara de admiração da Simone Billes não é só pra Rebecca Andrade, mas também porque ela soube o que vai ter no MDC desta semana. Com movimentos muito sincronizados, apresentam-se nos nossos aparelhos Chico Buarque, V.S.O.P., Tom Zé, Joy Division e mais. No Cabeção e no Palavra, Lê, homenagem a dois sambistas, que foram verdadeiros acrobatas da vida. Num um duplo twist carpado, o programa começa suas provas às 21h na olímpica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e medalha no peito: Daniel Rodrigues
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sábado, 9 de dezembro de 2023
cotidianas #816 - "The Grid"
Curta-metragem em Super8 dirigido por Joanna Woodward, estrelado por Peter Murphy, ex-vocalista do Bauhaus, na época namorado da diretora. "The Grid" conta a história de um viajante do tempo que busca a primeira célula de sua existência e encontra uma 'Grade' que lhe permite observar o início da sua vida - desde o momento da concepção.
"The Grid", de Jo Woodward (1980)
sábado, 29 de outubro de 2022
The Mission e Gene Loves Jezebel - Espaço Sacadura 154 - Rio de Janeiro / RJ (23/10/2022)
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| Noite de rock oitentista no Rio de Janeiro. |
No palco, bom show, competente, mas, também, nada empolgante. Devo admitir que fiquei mais impressionado com a energia e a performance do Gene Loves Jezebel, que fez a abertura, do que a banda de Wayne Russey que até se esforça, se contorce, se esgoela, mas não consegue tirar muito mais do que tem pra dar.
Destaque para "Beyond The Pale", "Dance on Glass", "Butterfly on a Wheel", o hit "Severina" e a ótima "Tower of Strenght", que fechou a apresentação. Particularmente, senti falta de "Sacrilege" e "Bridges Burning" que, acredito, teriam incendiado a galera nos momentos mais mornos, mas infelizmente não rolaram e a galera, em alguns momentos, ficou esperando que rolasse alguma das badaladas pra reacender.
Não conhecia o espaço Sacadura 154, na antiga zona portuária do Rio, hoje revitalizada e gostei bastante do espaço amplo, organizado, com boa infraestrutura, mas, como é costumeiro nesse tipo de instalações, antigos galões ou armazéns, com problemas de acústica. Mas tudo bem. Devo voltar lá mais vezes.
Quanto ao The Mission, não vou dizer que não valeu a pena, até pela minha carência de shows internacionais, sobretudo depois de todo o período de pandemia, mas posso afirmar que eles só confirmaram porque serão sempre os dissidentes do Sisters of Mercyy e a segunda linha do gótico, quilômetros e quilômetros atrás de deuses como Teh Cure, Siouxsie, Bauhaus e Joy Division.
Dá uma olhada, aí, na sequência, em um trecho dos hits "Desire", do Gene Loves Jezebel e "Severina" do The Mission, e imagens do evento.
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| Aqui o The Mission, acabando de entrar no palco, na primeira música da noite. |
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| Wayne Russey e sua turma, em ação. |
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| Mais uma dos caras, mandando ver. |
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| The Mission fez um bom show, só não conseguiu ser empolgante e não tinha um repertório tão cativante para sustentar o público o tempo inteiro. |
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
Música da Cabeça - Programa #278
Que mistério guarda a cratera aberta no meio do Atacama? Nós desvendamos o mistério! Sem mistério, contudo, é a nossa playlist, que vai ter Tribalistas, Bauhaus, Tânia Maria, Sly & Family Stone e mais. Também tem "Cabeça dos Outros" com um ilustre convidado: Maurício Pereira. Ecoando lá do fundo, o MDC de hoje vai ao ar às 21h, na desértica Rádio Elétrica. A produção e a apresentação são Daniel Rodrigues.
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quinta-feira, 16 de junho de 2022
Chrome - "Inworlds" (1981)
O industrial é, se não o mais criativo subgênero do rock n roll, o que carrega as referências mais instigantes em sua concepção. Sociohistoricamente falando, gera-se nos anos 70 na tensão capitalista da decadência da industrialização e a iminência ao mundo digital. A revolução industrial do século XIX não só havia desgastado e viciado o sistema fordista como, igualmente, não deixava no seu lugar um futuro promissor para o homem num mundo pós-Guerra/Guerra Fria. Talvez, para as máquinas, mas não para o homem. Esse contexto sombrio contamina toda a estética decadentista do industrial rock, que, dessa forma, bebe indistintamente em diversas vertentes, que vão do punk à eletrônica, do heavy metal ao futurismo, do gótico ao fantástico, do pós-punk ao minimalismo. Características que, juntas, não raro levam o gênero a aproximar-se das vanguardas musicais, seja da eletroacústica ou do atonalismo.
Claro que tamanha confluência de estéticas só poderia advir das profundezas do underground. Se bandas como Nine Inch Nails e Ministry tornaram-se as mais conhecidas do rock industrial, certamente todas elas devem a uma dupla ainda mais alternativa do que eles: a Chrome. Surgida na San Francisco em plena efervescência do movimento punk, a dupla Damon Edge (voz, teclados, bateria, sintetizador, tapes e arte) e Helios Creed (guitarra, baixo, programação e backing) entendeu antes de todo mundo que caminho iria dar toda aquela cena explosiva encabeçada por Ramones e Sex Pistols. Antes mesmo da Pere Ubu e da Throbbing Gristle, reconhecidos precursores do estilo, a Chrome, embora quase nunca lembrada por isso, já praticava a inversão dialética que os eletropunks da Suicide intuíam instintivamente: desafiar a máquina diante da condição humana - e não o contrário, como a era digital instituiu.
Da extensa discografia da Chrome, que tem discos tão desafiadores quanto experimentais e ruidosos como “Alien Soundtracks (1977), “Half Machine Lip Moves” (1979), "Anorther World" (1985) e "Feel It Like A Scientist" (2014), destaca-se, porém, aquele em que souberam valer-se do mínimo: o EP “Inworlds”, de 1981. São apenas duas faixas em que resumem a face criativa da dupla e onde eles conseguem expressar sua musicalidade de forma eficiente e marcante. “Danger Zone”, uma delas, guarda todos os predicados do melhor rock industrial: riff entre o punk e o metal, ritmo "pogueado", efeitos eletrônicos ruidosos e clima denso. A produção caprichada empresta ao contexto sonoro sujeira na medida certa, diferente dos primeiros álbuns, bastante mais carregados neste sentido. E a letra adensa ainda mais essa atmosfera da “tensão pré-milênio” como nos versos do refrão: “Totalmente sozinho/ Na zona de perigo”.
Já “In a Dream”, tema irmão de “Danger Zone”, traz uma melodia até parecida, porém numa cadência um pouco mais lenta, mas sem perder o clima vanguardista de cyberpunk. A Chrome consegue fazer lembrar num tempo Can, Killing Joke, Polyrock e The Residents. Aliás, a produção arrojada lhe dá ainda mais personalidade, com efeitos de mesa e de voz, sintetizadores sujando o arranjo e os instrumentos-base soando vivos, pulsantes. Para ouvidos mais apurados, dá para perceber de onde Herbert Vianna tirou o tipo de sonoridade que aplicou na produção dos discos da Plebe Rude poucos anos dali.
De grande personalidade, a Chrome segue ativa até os dias de hoje, tendo lançando recentemente, o 26º álbum, “Scaropy”, de 2021, sem, contudo, jamais ter obtido sucesso comercial. Mas se as páginas da história do rock os obscureceram, os fãs ovacionam. Não é difícil encontrar nas redes sociais afirmações de que a Chrome é “a banda mais subestimada da história da música moderna” ou de que é ”a melhor banda de todos os tempos”. A melhor é difícil de afirmar, a mais subestimada, idem, mas que Damon Edge e Helios Creed conseguiram juntar as peças e forjar o gênero do rock mais múltiplo de todos, o industrial, isso é inegável. A história nem sempre é justa com seus pioneiros.
quarta-feira, 7 de julho de 2021
Música da Cabeça - Programa #222
Vamos combinar: 222 não é número cabalístico, mas que dá uma boa impressão, dá. O ducentésimo vigésimo segundo MDC vem cheio de boas e variadas impressões, passeando do samba de Paulinho da Viola ao minimalismo de Philip Glass; do gothic punk da Bauhaus ao jazz-soul de Ed Motta. Isso, ainda contando com os quadros "Cabeça dos Outros", "Música de Fato" e "Palavra, Lê", todos impressionantemente musicais. Vai circular hoje o nosso expresso 222, que parte às 21h direto de Bonsucesso para a Rádio Elétrica. Produção, apresentação e pós-ano 2000: Daniel Rodrigues. (#JailBolsonaro #ImpeachmentJá)
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quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Música da Cabeça - Programa #130
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terça-feira, 14 de maio de 2019
Young Marble Giants – “Colossal Youth” (1980)
Trazendo anzóis na palma da mão.”
Renato Russo,
da música “L’Age D’Or”,
da Legião Urbana, de 1992
Um desses acidentes altamente influentes na trajetória rock é a Young Marble Giants, trio indie galês que, com um único disco, “Colossal Youth”, lançado pelo icônico selo Rough Trade, em 1980, foi capaz de abrir caminho para toda uma geração influenciada pelos acordes básicos do punk mas, naquele início de década, já desejosa de uma maior leveza pop – a qual os punks, definitivamente, não entregavam em seu grito de protesto. Era o chamado pós-punk, subgênero a que a YMG é considerada precursora. Motivos para esse apontamento existem, haja vista as marcas que a música da banda deixou em ícones como R.E.M., 10.000 Maniacs, Everything But the Girl, Nirvana, Massive Attack, Air e MGMT.
E o mais legal: a YMG fez tudo isso se valendo do mínimo. O som é calcado em um riff de guitarra, base de baixo, teclados econômicos, leve percussão eletrônica e voz. Dito assim parece simplório. Mas aí é que começam as particularidades da banda. Não se trata de apenas uma voz, mas sim o belo canto de Alison Statton em inspiradíssimas melodias vocais. Os riffs, geralmente tirados da guitarra ou dos teclados de Stuart Moxham, cabeça do grupo, são bastante inventivos. Curtos, mas inteligentes, certeiros. As bases de baixo do irmão de Stuart, Phillip, seguem a linha minimalista assim como as programações rítmicas, as quais cumprem sempre um papel essencial em termos de harmonia e texturas.
"Searching for Mr. Right", que abre “Colossal...”, de cara apresenta isso: um reggae estilizado em que baixo e guitarra funcionam em complemento fazendo a cama para um vocal doce e cantarolável. Já o country rock "Include Me Out" lembra o som que outra banda britânica da Rough Trade faria alguns anos deli e se tornaria famosa: uma tal de The Smiths.
O estilo sóbrio e produzido com exatidão dá ao som da YMG uma aura de art rock, lembrando o minimalismo da The Residents mas sem o tom sombrio ou da Throbbing Gristle sem a dureza do industrial rock. Pelo contrário: a sonoridade é delicada e lírica. Até mesmo quando namoram com a dissonância, como em “The Man Amplifier” e na ótima “Wurlitzer Jukebox”, a intenção soa melodiosa.
A lista de fãs da YMG impressiona pela quantidade de ilustres. Kurt Cobain e Courtney Love, especialmente, teceram os maiores elogios aos galeses, revelando o quanto os influenciaram. ”Music for Evenings" e “Constantly Changing” deixam isso bem claro no estilo de compor, tanto no riff da guitarra, na função contrapositiva do baixo e na melodia de voz. Mas a que deixa a reverência do casal Cobain/Love mais evidente é "Credit in the Straight World", das melhores do disco e que traz todas as características do que tanto Nirvana quanto Hole produziriam anos mais tarde. Tanto é que a Hole fez-lhe uma versão em 1994, no seu exitoso disco de estreia “Live Through This”. Se o Pixies é “a banda que inventou o Nirvana”, "Credit...”, da YMG, pode ser considerada a música que cumpriu esse papel gerativo da principal banda do grunge.
A influência da YMG, no entanto, não termina aí. Percebem-se em outras faixas de “Colossal...” o quanto previram tendências do rock, que se revelariam somente mais adiante. As instrumentais “The Tax” e “Wind in the Rigging” lembram o gothic punk minimalista que Steve Severin e Robert Smith fariam no icônico “Blue Sunshine”, de três anos depois (assim como “Colossal...”, o único disco da The Glove); “Choci loni” e “N.I.T.A.” antecipam ideias da Cocteau Twins de “Treasure”, de 1984, e da Air de “Moon Safari”, de 1998; "Eating Noddemix" é tudo que a Frente!, banda dos anos 90, queria ter feito; “Violet”, maior sucesso da Hole, poderia ser denunciada como plágio de "Brand - New - Life"; e até mesmo no Brasil a bossa nova pós-punk da Fellini traz muito da construção melódica da YMG.
A considerar o hermetismo de P.I.L, Joy Division e The Pop Group, a pegada avant-garde de Polyrock e Gang of Four, a guinada para o reggae/ska da segunda fase The Clash ou a preferência synth de Suicide e New Order, a YMG pode ser considerada, sim, a precursora do pós-punk tal como este gênero ficou conhecido. Eles conseguiram unir todas essas forças sonoras advindas com o punk e a new wave e sintetizá-las de forma concisa e pop. Como que com “anzóis na palma da mão” muito bem arremessados, os“Jovens Gigantes de Mármore” lançaram ao longe as linhas que fariam içar uma série de outros organismos vivos do rock nas décadas subsequentes, marcando, com sua simplicidade e criatividade, o pop-rock até hoje. Linhas estas, aliás, tortas, evidentemente.
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Todas as músicas de autoria de Stuart Moxham, exceto indicadas.
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