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terça-feira, 10 de novembro de 2020

cotidianas #696 - O Mundo é Assim

 

"Day and Night", de Max Ernest (1941)
O dia se renova todo dia

Eu envelheço cada dia e cada mês

O mundo passa por mim todos os dias

Enquanto eu passo pelo mundo uma vez


A natureza é perfeita

Não há quem possa duvidar

A noite é o dia que dorme

O dia é a noite ao despertar


****************

letra de "O Mundo é Assim"
da Velha Guarda da Portela
(autoria: Alvaiade, 1968)

Ouça:

segunda-feira, 27 de julho de 2020

"Hair", de Milos Forman (1979)



"Hair" representa o início do movimento jovem através da contracultura e do New Age. Ideias que representam um clamor por mudança de pensamentos: sexo não é algo pecaminoso, existe mais que guerra e dinheiro, a aparência não é sinônimo de status (ou não deveria ser) e a crença de que existe algo a mais por aí através da astrologia (a nova era de Aquário).

Adaptado tardiamente dos palcos (praticamente 10 anos depois do lançamento na Broadway), estreou nos cinemas representando mais do passado do que do presente. Mesmo assim, suas danças desorganizadas e sexualizadas, as letras politizadas, os protagonistas de discurso livre e ingênuo, as melodias marcantes... Tudo ainda fazia sentido.

Destaque para a cena do alistamento militar através da música "White Boys / Black Boys" onde militares analisam os convocados nus com um fetichismo erótico que faz sentido dentro da lógica de escolher o melhor "material". Crítica de primeira.

cena do alistamento militar - "White Boys / Black Boys"
"Hair" merece ser visto até por quem não gosta de musicais. Ainda mais em tempos como o nosso, em que a realidade dura e cruel esmaga nosso dia a dia. Afinal, a dureza da luta não pode ser motivo pra gente parar de contestar, sonhar e lutar por um mundo melhor. Mesmo que nossos valores sejam ingênuos e utópicos eles devem sempre estar lá. A mudança começa com os sonhadores.
As causas, reivindicações e lutas de "Hair"
permanecem atualíssimas e extremamente válidas ainda nos nossos dias atuais. 

por Luan Nascimento

quinta-feira, 16 de março de 2017

“Cantando na Chuva”, de Gene Kelly e Stanley Donen (1952)



Eu já tinha visto no Youtube as duas cenas mais icônicas de “Cantando na Chuva” (a clássica em que Gene Kelly dança e canta em meio a uma chuva feita de água e leite - sim, eu pesquisei - ou a cena hilária e mais exigente fisicamente de Donald O'Connor em que canta "Make 'em Laugh" em meio a piruetas e tombos). Mas, confesso, nunca tinha parado para assistir ao filme por inteiro.

Brega em alguns momentos, mas com um trabalho artístico impressionante, tem nos números de danças e na metalinguagem o seu forte. Afinal, um filme que fala sobre o início do cinema falado, cheio de referências ao próprio fazer cinematográfico pode render falas interessantes como "Não vou muito no cinema, se já viu um [filme], já viu todos". O que é surpreendente é que todas as canções de “Cantando na Chuva” (com exceção de duas) já tinham sido utilizadas em outras produções. Então, o roteiro foi construído ao redor das músicas, o que não dá pra perceber devido à organicidade da história.

Claro que há os exageros, os furos e uma ou outra canção não tão inspirada ou deslocada, mas o que me chamou atenção foi o empenho dos atores em todos os números. Quando fiquei sabendo que as veias dos pés de Debbie Reynolds estouraram com esforço num número de sapateado ou que Donald O'Connor precisou de um longo período de repousou depois da famosa cena, pensei que todos eles mereceram ser imortalizados por esse clássico.

E vocês achando que cantar e dançar era coisa fácil, hein?


A famosa cena dos tombos e piruetas de O'Connor que 
lhe rendeu uma boa canseira

por Luan Pires