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sábado, 8 de novembro de 2025

Jardim Esculturas - Museu de Arte Brasileira - Fundação Armando Alvares Penteado (MAB FAAP) - São Paulo/SP

 

Fachada do histórico prédio projetado
pelo francês Augueste Perret para a FAAP
Quem visita o MAB FAAP (Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado), no agradável bairro de Higienópolis, tem o privilégio de conhecer mais do que somente as exposições que por lá passam, como a majestosa mostra sobre Andy Warhol, que presenciamos em julho e sobre a qual já me estendi aqui no blog em textos e fotos. O próprio prédio da faculdade, um marco arquitetônico de São Paulo, vele o passeio. 

Com projeto arquitetônico do francês Auguste Perret, um dos mais importantes arquitetos da primeira metade do século 20, o belo edifício-sede da FAAP, de 1947, é conhecido por abrigar um painel de vitrais assinado por artistas como Lasar Segall, Cândido Portinari, Tarsila do Amaral e Tomie Ohtake.

Porém, além destes atributos, que normalmente já seriam suficientes para justificar uma visita a FAAP, há também atração a céu aberto no próprio jardim. Ali, tanto na área frontal quanto na interna, é possível encontrar esculturas de grande porte permanentes de ótimos artistas brasileiros, como Bruno Giorgi, Sérgio Camargo e Amílcar de Castro. Aliás, não só de brasileiros, mas também o austríaco Franz Weissman ("Estrutura Vazada", de 1978).

Há obras ainda, entre outros artistas, de Arcangelo Ianelli, com a linda "Forma Rompida" (1999), Maria Guilhermina e do gaúcho Cleber Machado, com duas: "Avesso II" (aço inox, aço carbono e titânio, de 2007) e "Pré-Octopus VIII" (ferro e cristal temperado em poliéster, 1981).

Ou seja: mesmo que não se vá a alguma exposição específica, é muito legal dar uma passeada pelo menos no pátio do campus da FAAP. Já vale por uma vista.

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Já na entrada, um Amílcar de Castro, sempre exuberante

Do austríaco Franz Weissman, "Estrutura Vazada", de 1978

Do paulista Caciporé Torres, obra em aço inox de 1976

O gaúcho Cléber Machado com uma de suas esculturas, "Avesso II"

Uma das maravilhas de Bruno Giorgi, feita em mármore, dos destaques do jardim

Outra preciosidade de Giorgi: "Esfinge, c", em bronze patinado, de 1953 

Detalhe de "Forma Rompida", de Arcangeli Ianelli (mármore Espírito Santo, 1999)

Próxima a de Ianelli, outra escultura em mármore,
esta de Sérgio Camargo: "Chiaro" (1973)

O expressivo "Monumento à Gravura", de Maria Guilermina (pedra esteatita, 1979)

Na parte lateral do prédio, ainda há outro Weissman: "Estrutura em Diagonal", de 1978

E outro Machado, o já mencionado "Pré-Octopus VIII" 

E a "Praça do Sol", assinada por três alunos de Arquitetura e Urbanismo da FAAP:
Andréa dos Reis, Lígia Martins e Sílvia de Freitas (2002)



Daniel Rodrigues

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Exposição "Cinco Ensaios sobre o Masp - Renoir", de Pierre-Auguste Renoir - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) - São Paulo/SP

 

Já passou um bom tempo, visto que foi lá em junho, mas não poderia deixar de fazer minimamente um registro desta pequena, mas enorme em beleza, exposição que Leocádia e eu presenciamos (mais uma) no Masp, em São Paulo: a do pintor francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Pai de um dos cineastas que mais admiro, Jean Renoir (responsável por obras indissociáveis à história do cinema, como “A Regra do Jogo” e “Boudu Salvo das Águas”), este referencial pintor deu os passos iniciais da geração impressionista de Monet, Cézanne e Manet. Porém, dono de uma técnica de impressão de luz adorável, com pinceladas soltas, tonalidades vibrantes e um olhar sensível para cenas do cotidiano, retratos e paisagens, Renoir é desses colossos da história da arte.

O que vimos no Masp foi, no entanto, uma mostra de sua maestria em 12 pinturas, que ficaram expostas no novo prédio do museu, o edifício Pietro Maria Bardi, ao lado do famoso edifício do mesmo museu, na Av. Paulista, até final de agosto dentro do ciclo Cinco Ensaios sobre o Masp. A seleção, embora diminuta, oferece um panorama abrangente da trajetória do artista. Dentre elas, estão as pinturas de alguns dos seus filhos, Claude e Jean, usando técnica de tinta a óleo opaca. 

Conhecido por seus retratos femininos, os da condessa de Pourtalès, óleo sobre tela de 1877, bem como o de Marthe Bérard, de dois anos adiante, são exemplares em técnica. Lindo também o retrato "Menina com as espigas", em que a vivacidade dos olhos contrasta com a pincelada difusa do entorno do rosto.

 "Retrato da condessa de Pourtalès", uma das 12
belas obras de Renoir expostas no MASP 

Porém, é impossível não vidrar naquele que é talvez o seu quadro mais conhecido: "Rosa e azul – As meninas Cahen d’Anvers" (1881), que retrata as pequenas Elisabeth e Alice, tão maravilhosamente pintado, que dá a impressão de que elas estão vivas. Ele não se opunha ao movimento dos seus modelos durante o ato da pintura, o que dava um caráter naturalista e bastante moderno à sua arte. 

Há também os belos nus “Lise à beira do Sena” (1870) e “Banhista enxugando o braço direito” (1912). Contudo, não era só com o pincel trabalhava Renoir: também tem a imponente escultura em bronze “Vênus Vitoriosa”, de sua última fase, e que muito lembra suas rechonchudas banhistas.

Para finalizar esse breve, mas empolgante passeio pela obra de Renoir, um realista retrato, “O pintor Le Coeur caçando na floresta de Fontainebleau” (1866), em que o destaque maior fica não para o retratado, mas para a cena na natureza e a forma como o artista mistura as cores. Privilégio ver Renoir, assim, presencialmente, mesmo que numa pequena amostragem de sua grande obra. 

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O filho Claude retratado pela palheta do pai

Outro filho pequeno, o posteriormente ilustre Jean,
em "Quatro Cabeças" (1903-04)

Esmero dos retratos femininos (Marthe Bérard)

O impressionante realismo de "Menina com as espigas"

Por falar em impressionante, o que dizer de "Rosa e Azul",
um dos quadros mais famosos do mundo?

Os nus, que remete à Mitologia Grega

A banhista de Renoir

Já no fim da vida, o artista aventurou-se com excelência na escultura

Retrato sob uma perspectiva diferente e inovadora para a época



Daniel Rodrigues

sábado, 27 de setembro de 2025

Exposição “Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros” - Instituto Tomie Ohtake - São Paulo/SP

 

São Paulo, entre as várias delícias culturais e gastronômicas que vivenciamos nos dias em que estivemos lá em junho, trouxe a mim especialmente uma aproximação com um tema o qual já venho perscrutando cada vez mais: a negritude. Afora passar horas percorrendo os corredores do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, extremamente ricos em obras e referências ao tema, outro espaço que fizemos questão de visitar foi o Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, onde estava em cartaz a exposição “Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros”.

Projeto coletivo pioneiro iniciado em 1944 por Abdias Nascimento, o TEN foi criado para transformar, por meio do teatro, “as estruturas de dominação, opressão e exploração raciais implícitas na sociedade brasileira dominante”. Ativo e militante nos palcos até a década de 1960, o grupo desenvolveu obras de forte impacto, enfrentou o racismo e abriu caminhos para a formação e o reconhecimento de expoentes como Ruth de Souza e Léa Garcia.

A magnífica arquitetura interna do
Instituto recebendo a expo sobre o TEN 
A mostra, uma parceria do Instituto Tomie Ohtake e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), trouxe fotos do consagrado fotógrafo José Medeiros, que ao longo de anos, produziu diversos registros fotográficos do grupo e presenteou Abdias Nascimento com um importante acervo onde convergem fotografia, teatro e engajamento. Com poses e enquadramentos modernos influenciados pela prática teatral, as fotos, imponentes, são um testamento do orgulho e da força do artista negro em uma época em que isso era uma ofensa.

Presenciar essa exposição fotográfica foi um reencontro. Primeiro, no que se refere ao Instituto Tomie Ohtake, o belíssimo prédio em homenagem à artista visual nipo-brasileira projetado pelo seu filho, o arquiteto Ruy Ohtake e o qual havia conhecido em 2010, em visita a São Paulo na companhia de minha mãe. Desta vez, a parceria foi de Leocádia, que pisava neste espaço cultural pela primeira vez como eu fazia há 15 anos. Hoje, é possível perceber que a programação do local conta com diversas atividades e parcerias que tocam na questão da negritude, seja por meio de cursos, debates, exposições, etc.

Mas o reencontro maior se deu, claro, pelo objeto da exposição: o TeatroExperimental do Negro. No curso sobre cinema negro que ministro, há cruzamentos que traço com o TEN, como a presença dos atores Aguinaldo Camargo e Ruth de Souza em um dos filmes clássicos dessa temática no Brasil, “Também Somos Irmãos”, de 1948, que bebe bastante na fonte da companhia teatral através do conceito de atuação e, mais que isso, no protagonismo dado a eles e à questão racial, bastante abafada àqueles idos.

Além de Ruth, Léa e Aguinaldo, já mencionadas, as fotos de Medeiros trazem outras figuras emblemáticas das artes cênicas pretas brasileiras, como Haroldo Costa, Marina Gonçalves, José Monteiro, Renée Ferreira e, claro, o próprio Abdias, descrito pelo Ipeafro como o mais completo intelectual e homem de cultura do mundo africano do século XX. Poeta, escritor, dramaturgo, artista visual e ativista pan-africanista, é ele quem mobiliza as ações do TEN, montando a pioneira peça “O imperador Jones”, em 1945, e diversas outras, como “Todos os Filhos de Deus têm Asas” (1946), “Auto da Noiva” (1947) e “Othello” (1949).

Abdias, a mente pro trás do TEN

Na sequência, alguns registros das fotos de José Medeiros, que carregam a força e a expressividade da arte preta brasileira nos palcos e nos seus arredores de coxias, camarins e ensaios. As fotos mesmo falam por si, tendo em vista que algumas foram tiradas em condições de iluminação precárias, mas que, mesmo assim, e com muita habilidade técnica do fotógrafo, existiram. Persistiram. Resistiram.

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Então, vamos à exposição!

 Ensaio da peça O filho pródigo, com Ruth de Souza, Abdias Nascimento, José Monteiro,
Aguinaldo Camargo, Marina Gonçalves e Roney da Silva

Impressionante foto de Aguinaldo Camargo em
elenco em impressionante cena de O imperador Jones

 Ruth de Souza e Ilena Teixeira na peça
"Todos os filhos de Deus têm asas"

Ruth novamente, em Othello, totalmente diva negra

Elenco masculino ensaiando a pioneira peça "O Imperador Jones", de 1945 

Abdias e Léa Garcia em cena: que dupla

Uma panorâmica pela exposição de 
José Medeiros sobreo TEN


Detalhe de cena com Aguinaldo Camargo e Fernando Araújo

A  Orquestra Afro-Brasileira, que mantinha parceria com o TEN

José Medeiros captou também o momento de pausa na aula de balé

O jovem Haroldo Costa

 Aula de alfabetização oferecida pelo TEN à comunidade
preta  dos anos 40. Revolucionário

Em "Filhos de santo", Addias contracena com Ruth (1949)

Retratos: Haroldo, Abdias, Ruth e Léa

Foto imperfeita tecnicamente, mas brilhante em expressividade

Outro pioneirismo do TEN: o jornal Quilombo,
publicação só sobre assuntos da negritude

A bela Renée Ferreira em "Aruanda", de 1948

Outra preciosidade de José Medeiros: Abdias
e Léa encenando Shakespeare



fotos e vídeo: Leocádia Costa, Daniel Rodrigues e Acervo Abdias Nascimento / Ipeafro

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Parque do Ibirapuera - São Paulo/SP


Um dos símbolos do Ibirapuera:
o Auditório Oscar Niemeyer
O Ibirapuera continua lindo. Faziam 15 anos que não o visitava, o que pude fazer desta vez na companhia de Leocádia. O parque mais democrático de São Paulo, misto da porto-alegrense Redenção com a mineira Inhotim e a carioca Quinta da Boa Vista, é um verdadeiro refúgio para os paulistanos, diariamente rodeados de concreto por todos os lados. Lá se encontra natureza - e natureza antiga, haja vista que "ibirapuera" significa, em tupi-guarani, "árvore velha" -, esporte, saúde e arte, muita arte.

O tempo, extremamente favorável do final de junho, oportunizou que pudéssemos pegar uma manhã ensolarada e de um feriado no meio da semana. Ou seja: muita gente aproveitando para se exercitar, fazer esporte, andar com a família ou visitar exposições. Porque, afinal, o Ibirapuera conta com alguns dos principais aparelhos culturais da cidade, vários deles projetados por ninguém menos que Oscar Niemeyer, como o Auditório, a Oca e o Pavilhão da Bienal de São Paulo, os quais são por si só obras de arte.

Além de curtir a natureza e os passeios ao ar livre, também visitamos outro desses importantes e belos espaços culturais assinados pelo génio da arquitetura: o Museu AfroBrasil Emanoel Araújo. Com diversas exposições, rendeu a nós um bom tempo do passeio ao parque. Entre as mostras, a permanente e talvez a que mais impressionou - e se demorou para ver. Dotada de obras da cultura africana e afro-brasileira de diversas épocas e artistas, a exposição toma todo o terceiro pavimento do Museu AfroBrasil. É impactante ver, por exemplo, as representações dos santos do candomblé, todos muito bem expostos e explicados em legendas. Igualmente, as máscaras e estátuas de madeira de diversos países africanos, as obras de Carybé, Rubem Valentim, Heitor dos Prazeres, Maria Lídia Magliani, Aleijadinho e do próprio Araújo.

Obras do baiano Rubem Valentin compõem a mostra permanente do Museu AfroBrasil

E também Carybé: "Oxóssi", madeira e couro, de 1990

Mas impacto mesmo causa a réplica da estrutura em madeira de um navio negreiro preservado transformado em obra de arte por Araújo, símbolo de resistência, história e memória do povo preto. Aliás, o Museu em si reflete, em suas diversas mostras, permanentes ou temporárias, a riqueza dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, destacando temas como religiosidade, arte e história e dando ênfase às contribuições da população negra para a formação da sociedade e cultura brasileira.

Além deste espaço, o Museu de Arte Moderna e a adorável marquise sinuosa que se estende por aprazíveis 27 mil metros quadrados onde circula toda tipo de visitante, não foi possível acessar, pois estavam em reforma. O mesmo no caso da Oca, desocupada no momento, e o Pavilhão da Bienal, fechado para a montagem de nova edição.

Nada que tenha feito falta, no entanto. Aliás, é um bom motivo pra se voltar mais vezes e aproveitar o que não deu desta vez. Para falar a verdade, é tão grande o parque, que nem dá para percorrê-lo todo numa vez só. Sempre fica algo pra outra ocasião.

Fiquem, então, com algumas imagens de nosso agradável passeio pelo Ibirapuera, o qual nos rende sempre diversão e lindas fotos de paisagens, mas também cultura e reflexão.

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Chegando e já dando de cara com Niemeyer

Manhã de sol no Ibirapuera

Pessoal aproveitando o feriado

Selfie da pontezinha sobre o lago japonês

Costeando a Oca

Oca de frente sob a sombra das árvores

Sentado no banco-sonoro Raízes Negras, pátio do Museu AfroBrasil

Eu perqueno diante da grande arquitetura de Niemeyer, hoje Museu AfroBrasil

As esbeltas colunas inclinadas do prédio do Museu

Mais do lindo desenho do prédio, antigo Palácio das Nações

Adentrando a exposição, máscaras africanas

Este que vos escreve observando de perto as representações dos orixás

Estátuas em madeira

A riqueza de detalhes de outra das máscaras africanas

Vista para o pátio pelos janelões em vidro do prédio 

Duas visões da impactante reprodução do navio negreiro

E o próprio Emanuel Araújo se faz presente com um díptico em madeira pintada

Heitor dos Prazeres. Só prazer

Outro gênio preto: Aleijadinho

Iemanjá e Nossa Senhora congraçadas 

Leocádia circulando entre as obras do parque próximos ao MAM

Um Amilcar de Castro é sempre bem-vindo

Os lindos contornos do prédio do MAM. Pena que esteva fechado

Achem a borboleta para fechar esse passeio pelo Ibirapuera




texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa