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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Bento Jazz & Wine Festival - Casa das Artes - Bento Gonçalves/RS (19, 20 e 21/11/2021)

 

Estive no último final de semana em Bento Gonçalves acompanhando a segunda edição do Bento Jazz & Wine Festival, que tem a curadoria do meu amigo Carlos Badia. Depois de uma abertura festiva com o Secretário da Cultura, Evandro Soares, o ex-prefeito Guilherme Pasin e do atual Diogo Siqueira, foi feita a homenagem à pianista, tecladista e cantora Ana Mazzotti, que deu nome ao palco da Rua Coberta. Pra começar a função na sexta-feira, tivemos o Quarteto New Orleans, formado por Roberto Scopel no trompete; Luis Carlos Zeni no sax tenor; Jhonatas Soares na tuba e Edemur Pereira, na percussão. Nos moldes da POA Jazz Band, o grupo toca clássicos do dixieland, como a clássica "When The Saints Go Marching In". No final da apresentação, o Quarteto New Orleans desceu do palco e se misturou ao público, bem ao estilo da cidade americana. 

Na sequência, no palco do teatro da Casa das Artes - um moderno centro cultural incrustrado na Serra - o Quartchêto iniciou as comemorações de seus 20 anos de estrada. Com sua formação inusitada de trombone, violão, acordeon e bateria e percussão, a banda desfilou composições de seus três discos com destaque para "Mas Tá Bonito". A novidade nesta apresentação foi a adição de Matheus Kleber no acordeon em substituição a Luciano Maia, que segue sua carreira solo. Como sempre, o Quartchêto demonstrou sua competência em mesclar os ritmos gaúchos à sonoridade do trombone de Julio Rizzo. Hilton Vacari mantém a base rítmica enquanto Ricardo Arenhaldt mostra todo o veneno do percussionista brasileiro. 

Depois tivemos uma das surpresas do festival: o trio Blue Jasmine, formado por Fran Duarte na voz, Débora Oliveira na harmônica e Karina Komin na guitarra. As meninas fizeram um repertório de blues, R&B e rock com segurança e musicalidade. Entre as músicas apresentadas, estava "See See Rider", gravada originalmente pela blueseira Ma Rainey. A primeira noite foi fechada pelos caxienses do De Boni Quarteto. Liderada pelo acordeonista Rafael De Boni, a formação, que tem ainda Lázaro Rodrigues na guitarra, Gustavo Viegas no baixo elétrico e Cristiano Tedesco na bateria, passeia pelas sonoridades portenhas, com forte influência de Astor Piazzolla. 

A El Trio, abrindo a tarde de sábado com jazz moderno

A tarde de sábado iniciou com as evoluções jazzísticas do DJ Zonatão, tocando Miles Davis, Jeff Beck e George Benson. A música ao vivo começou com El Trio, que tem Leonardo Ribeiro no violão e voz, Cláudio Sander nos saxes tenor e alto e Giovani Berti na percussão. Com forte acento nos ritmos latino-americanos, o El Trio também acerta no repertório de clássicos do jazz como "Tutu", de Miles, e "A Night in Tunisia", de Dizzy Gillespie. Leonardo mantém a harmonia e Giovani no ritmo, enquanto Sander mostra porque é um dos melhores saxofonistas do estado. 

O trio de Leonardo Bitencoutrt
Seguiu-se o Mazin Silva Trio, com o guitarrista de Blumenau com um trio integrado por Caio Fernando no Baixo e o sensacional Jimi Allen na bateria. Mazin circulou pelas composições de seus inúmeros discos, com muita qualidade instrumental, mesmo que calcada nas sonoridades de Pat Metheny. Um dos grandes pianistas da novíssima geração da música gaúcha, Leonardo Bittencourt, apresentou um trio All-Star com seu colega de Marmota, André Mendonça no baixo acústico, e a revelação da bateria dos últimos anos, o riograndino Lucas Fê. Eles interpretaram standards do jazz com altíssima octanagem. 

Uma das bandas mais interessantes surgidas no Rio Grande do Sul, o Quinteto Canjerana cativou o público da Rua Coberta com as músicas de seus dois discos gravados. Com Zoca Jungs na guitarra, violão e viola; Maurício Horn no acordeon, Alex Zanotelli no baixo elétrico, Maurício Malaggi na bateria e Fernando Graciola no violão, o grupo mostrou como se pode fazer música gaúcha instrumental contemporânea, dosando as sonoridades dos ritmos do Sul com uma abordagem moderna. A noite de sábado encerrou com um dos destaques de todo o festival, o violonista Lúcio Yanel. Argentino mas radicado há 38 anos aqui no Brasil, Yanel deu uma verdadeira aula do violão portenho e pampiano, passando por chacareras, milongas e valsas. Somente com seu violão, o músico conseguiu fazer com que o público ficasse hipnotizado com sua técnica exuberante. 

Yanel: aula de violão portenho

O domingo começou com o trio de Bento Teia Jazz, que misturou composições próprias com standards. A proposta é interessante e mais estrada vai solidificar o som do grupo. O blues esteve representado pelo Alê Lucietto Trio que interpretou Muddy Waters, Jimi Hendrix e Eric Clapton junto com músicas da banda e animou o público com uma linguagem mais roqueira. 

Um dos shows mais esperados do Bento Jazz & Wine Festival foi o de Renato Borghetti Quarteto, que mostrou uma grata surpresa: a participação de Jorginho do Trompete, substituindo o flautista e saxofonista Pedrinho Figueiredo, que estava em outro compromisso. Foi muito interessante ver e ouvir como as composições de Borghetti como "Passo Fundo" e "Milonga Para as Missões" se modificaram com a sonoridade rascante do trompete. Acompanhando os dois e mostrando suas habilidades musicais, estiveram os habituais Daniel Sá ao violão e Vitor Peixoto ao teclado. 

Após a música vibrante de Borghettinho, o teatro da Casa das Artes recebeu um dos grupos mais instigantes surgidos no estado, a Marmota. Com os integrantes Leonardo Bittencourt e André Mendonça, que já haviam participado no sábado, tivemos o baterista Bruno Braga e o substituto de Pedro Moser, a revelação Lucas Brum na guitarra. Este se mostrou plenamente integrado ao intrincado e desafiador som da banda. Apresentando as músicas de seus dois discos, "Prospecto" e "À Margem", o quarteto ainda deu lugar a novas composições. O público aplaudiu de pé as evoluções instrumentais de rapaziada. 

Para fechar o Bento Jazz & Wine Festival, o palco da Rua Coberta recebeu o Paulinho Cardoso Quarteto em sua formação clássica: Paulinho no aocrdeon, Zé Ramos na guitarra, Miguel Tejera no baixo e Daniel Vargas na bateria. Fazendo sua mistura bem sucedida de música regional com ritmos brasileiros, o grupo foi o perfeito fechamento para três dias de intensa atividade musical. Obrigado, Carlos Badia, e à cidade de Bento Gonçalves por abrir espaço para o instrumental, especialmente após a pandemia. Esperamos ansiosamente a terceira edição do evento em 2022.

Confira mais fotos dos shows do Bento Jazz & Wine Festival:







Paulo Moreira
fotos: Facebook Bento Jazz & Wine Festival
(@bentojazzwine) 



quarta-feira, 17 de março de 2021

Música da Cabeça - Programa #206

 

Agora que estamos combinados que a terra é redonda, podemos ouvir o MDC só no embalo das rotações. Mas não só em torno do sol, mas também da agulha! Saca o que vai ter hoje: Lulu Santos, Edu Lobo, Metallica, Sade, Titãs e uma homenagem aos 100 anos de Astor Piazzolla. No Cabeça dos Outros, também rola um Teenage Funclub novinho em folha. O programa hoje, 21h, vem assim: acompanhando a órbita da Rádio Elétrica. Produção, apresentação e globo terrestre sobre a mesa: Daniel Rodrigues. (#foraterraplanistas e #vemvacina)


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ClyBlog 5+ Artista/Banda


Qual a sua banda do coração?
Qual seu cantor predileto?
Qual a maior cantora, na sua opinião?
E aquele que não canta nada mas você curte assim mesmo?
E banda? Qual a maior banda de todos os tempos? Beatles ou Stones? (ou nenhum dos dois?)
Todo mundo tem os seus favoritos, não é? Por isso, na sequência dos especiais de 5 anos do clyblog  perguntamos a 5 amigos quais seus artistas de música prediletos, sejam eles cantores, cantoras, performers, bandas, instrumentistas, DJ's, etc. O que saiu disso foram mais algumas interessante listinhas dos nossos convidados.
Saquem só aí: clyblog 5+ artista/banda.



1. Renata Seabra
fotógrafa
(Rio de Janeiro/RJ)


"Nem preciso pensar. Sei bem minhas preferências
A lista é extensa mas meu 'top 5'' ta aí."

A Legião, banda de devoção 
quase religiosa dos fãs



1 - The Cure
2 - The Smiths
3 - Legião Urbana
4 - Metallica
5 - Chico Buarque







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2. Marcello Campos
jornalista e
escritor
(Porto Alegre/RS)


"Chico é o casamento perfeito de letra e música. 
Letra é sempre o menos importante, mas gênios como Chico me fazem prestar atenção no "conteúdo". 
Até porque são letras em que as palavras e a narrativa não são apenas legendas para a obra de arte abstrata, 
mas parte da própria construção formal.
Ed Motta, tal como um Hitchchcok da música brasileira,
é um exemplo de que se pode ser popular e sofisticado ao mesmo tempo, tal como um xis-burguer de cordeiro.
Parliament/Funkadelic, além dos grooves, me ensinaram que boa música dispensa a necessidade de boas letras e temas lógicos.
Ou seja, a boa e velha lição de que nem sempre se precisa levar as coisas a sério!
Rachmaninoff, o russo me despertou para a música clássica,
com um trabalho que influenciaria dois de meus ídolos supremos, Astor Piazzolla e Tom Jobim.
João Gilberto. A síntese. A beleza e o estranhamento que me fizeram ouvir um "clic", em 1980,
quando eu assistia distraidamente a novela "Água Viva" na Rede Globo.
Assim que ouvi "Wave", corri pra perguntar aos adultos quem era aquele cantor."



Chico Buarque



1 - Chico Buarque
2 - Ed Motta
3 - Parliament/Funkadelic
4 - Sergei Rachmaninoff
5 - João Gilberto






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3. Michele Santos
estudante de engenharia,
música e 
colaboradora do ClyBlog
(Viamão/RS)


"Ai que difícil!
Não pode ser duas listas de 5?
Listo mais 5 sem problemas."

1 - Pink Floyd
2 - The Rolling Stones
3 - The Allman Brothers
4 - Iron Maiden
5 - Guns'n Roses




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4. Márcio Pinheiro
jornalista e
crítico musical
(Porto Alegre/RS)
João Donato, destacado pelo
crítico Márcio Pinheiro


"Nem sei se o Chico é top.
Falei os cinco que mais ouço.
E por ouvir, ao longo da vida, diria que o top talvez fosse o Jorge Ben.
Jobim e Donato foram paixões velhas.
Já tinha 20 anos quando os descobri."

1 - Chico Buarque
2 - Tom Jobim
3 - João Donato
4 - Jorge Ben
5 - Caetano Veloso




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5. Paulo Roberto Guazzi
publicitário,
coordenador de eventos
e músico
(Rio de Janeiro/RJ)


"Eu tenho um gosto bastante eclético, mas acho que meus cinco principais são esses.
Beatles não poderia faltar. "



Não poderiam faltar os quatro rapazes de Liverpool
















1 - The Beatles
2 - The Rolling Stones
3 - Emerson, Lake and Palmer
4 - Black Sabbath
5 - Led Zeppelin






sábado, 29 de janeiro de 2011

Grace Jones - "Nightclubbing" (1981)

"Sabe, eu a vi vestindo algumas coisas que eu já usei, e isso realmente me irrita(...)
Eu prefiro trabalhar com alguém mais original que não fique me copiando."
Grace Jones sobre trabalhar com Lady Gaga


Um álbum sofisticado.
Poder-se-ia dizer até chiquérrimo!
A estilosa ex-modelo e manequim jamaicana Grace Jones conseguia, depois de alguns discos apenas interessantes no início da carreira musical, transpor enfim todo seu charme dos estúdios fotográficos para os de gravação com o excelente "Nightclubbing". A própria faixa que dá nome ao álbum que já era fantástica com Iggy Pop (autor em parceria com Bowie), consegue ficar talvez até melhor numa versão meio cabaré-chique às voltas com um piano grave e bem marcado com uma interpretação sensual e venenosa.
"I've Seen That Face Before (Libertango)", outro destaque do disco, é no fundo um tango sim, mas tem contornos reggae e coloridos de ritmos latinos. Seus trechos recitados em francês na voz provocante e poderosa de Mrs. Jones dão uma leitura toda diferenciada e singular à composição do argentino Ástor Piazzolla.
Minha preferida, no entanto, é "Pull Up to the Bumper". Apimentada e sem vergonha, traz um vocal provocante, uma guitarra bem suingada e um tamborim fazendo a marcação gostosíssima.
"Walking in the Rain", a primeira do disco é praticamente declamada sobre uma base clean sutilmente 'reggeada' e extremamente bem desenvolvida nos detalhes. Outra das boas é "Use Me", que além de outra interpretação magistral da gigante de ébano, tem uma bela linha de baixo. "Demolition Man" de Sting tem um estilo mais forte, mais new-wave, mais rock e por consequência um vocal mais agressivo também, quase falado na maior parte do tempo só ganhando ritmo mesmo nos refrões. "I've Done it Again" se encarrega de fechar o disco baixando a rotação apaixonadamente numa baladinha tristonha.
Nove interpretações notáveis com as mais diversas nuances dentro do universo da música negra e da música pop em geral. É daquelas obras e daquele tipo de artista que alguém mais mal informado pode torcer o nariz num primeiro momento achando que um disco de ex-modelo seja necessariamente sem qualidade, mera autopromoção, etc. Muitas são assim, sabemos, mas certamente este não é o caso. Para Grace Jones a passarela, os flashes podem ter aparecido antes na vida antes, mas com certeza ela foi feita mesmo para o microfone e para o palco. E quanto ao álbum, o que se pode dizer de "Nightclubbing" é que sobre um repertório variado e extremamente bem escolhido, ela coloca suas voz negra e poderosa de maneira singular e recriadora.
Não somente um álbum sofisticado, um álbum chiquérrimo, mas sobretudo um álbum brilhante.
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FAIXAS:
  1. " Walking in the Rain "( H. Vanda , G. Young ) - 4:18
  2. " Pull Up To The Bumper" "(Koo Koo Baya, Grace Jones, Dana Mano) - 4:41
  3. " Use Me "( Bill Withers ) - 5:04
  4. " Nightclubbing" ( David Bowie , James Osterberg ) - 5:06
  5. " Art Groupie" (Barry Reynolds, Grace Jones) - 2:39
  6. " I've Seen That Face Before (Libertango) "( Astor Piazzolla , Barry Reynolds, W. Dennis, N. Delon) - 4:30
  7. " Feel Up "(Grace Jones) - 4:03
  8. " Demolition Man "( Sting ) - 4:03
  9. "I've Done It Again" (Barry Reynolds) - 3:51
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Ouça:
Grace Jones Nghtclubbing


Cly Reis