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domingo, 4 de agosto de 2024

Megadeth - "Rust in Peace" (1990)

 





"O Taekwondo me ajudou a largar
o péssimo estilo de vida de drogas e alcoolismo.
Me ajudou a acreditar em mim mesmo
e encontrar forças
que eu nunca soube que possuía."
Dave Mustaine



Disco que já estava para entrar aqui nos nossos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS mas cuja justa introdução ao nosso hall de nobreza dos grandes discos se faz num momento bastante oportuno. Oportuno por que? Porque além de um grande músico, o vocalista, guitarrista e líder do Megadeth é também um atleta de taekwondo  (dos bons). Assim, nesse momento olímpico, nada melhor que, além de mencionar essa aptidão esportiva desse grande nome do metal, também destacar um dos grandes álbuns de sua banda, o excelente "Rust In Peace", de 1990.

Expulso do Metallica, lá nos primórdios da banda, entre outros motivos, por uso excessivo de drogas, Mustaine encontrou no esporte, na disciplina das artes marciais a estabilidade emocional  e o estímulo para deixar as substâncias químicas. Hoje, além do taekwondo, que foi o início de sua paixão pelas artes marciais, esporte no qual é faixa preta, Mustaine ainda pratica karatê e jiu-jitsu, tendo, respectivamente as faixas preta e marrom nessas outras modalidades. 

Embora estejamos em plena olimpíada e o esporte seja nosso destaque também, estamos aqui para falar de música e, antes de mandar bem no tatame, no dojo, no ringue, Mustaine já detonava com a banda que criara a partir de sua saída do Metallica, o Megadeth, uma das referências do mundo do metal.

Lembro da primeira vez que ouvi o Megadeth, no Rock in Rio de 1991, pela TV e fiquei..."Uau!!!". Gravei a apresentação em DVD, depois separei só o áudio e gravei em cassete para poder ouvir no walkman. Aquela energia das guitarras, aquela potência, aquela intensidade! Cara..., muito foda!

Naquela oportunidade, exibiam exatamente o repertório do álbum "Rust in Peace", lançado uma no antes que, particularmente, é o que mais gosto da banda. 

Destaques para "Holy Wars...The Punishment Due", que abre o disco com seu riff matador e sua levada alucinante; a energia de "Hangar 18"; "Take No Prisioners" e seu refrão afudê, "Take no prisioners /take no shit"; a excelente "Lucretia", com sua introdução marcante de guitarra que encaminha para uma canção intensa e muito bem trabalhada; e ainda a faixa título, "Rust in Peace... Polaris": aquela entrada de batera combinada com aquele riff pesadão, a levada destruidora e um refrão emblemático que fazem desta faixa uma verdadeira bomba nuclear em forma de música.

Tanto no taekwondo, como em sua vida, na sua recuperação química de seu equilíbrio pessoal, quanto no âmbito musical, no qual proporcionou ao mundo um dos grandes discos da história do metal, Dave Mustaine sobe ao pódio com honras. Medalha pra ele.

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FAIXAS:
1. Holy Wars…The Punishment Due
2. Hangar 18
3. Take No Prisoners
4. Five Magics
5. Poison Was the Cure
6. Lucretia
7. Tornado of Souls
8. Dawn Patrol
9. Rust in Peace… Polaris

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Ouça:

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Código Penal - Preto no Metal Festival - Bar Opinião - Porto Alegre/RS (17/12/2023)

 

Fazia tempo que queria ver a Código Penal, uma das bandas do meu primo-irmão-parceiro Lucio Agace. Digo uma das bandas, porque Lucio enfileira, desde os anos 80, algumas das bandas mais legais da cena alternativa gaúcha. A começar pela HímenElástico, projeto que tínhamos em conjunto com meu outro irmão e coeditor deste blog, Cly Reis, e meu outro primo e irmão do Lúcio, , com o adicional de nosso baterista oficial César “Pereba”. Mas a Hímen, há de se dizer, por mais legal que fosse nosso som (considero-a a grande banda gaúcha dos anos 90 que não aconteceu), foi talvez o projeto mais incipiente de Lucio. Vômitos & Náuseas, Causa Mortis e Câmbio Negro, pelo contrário, são alguns desses seus projetos mais consistentes. Mas também há de se dizer: a Código Penal é especial. O som, misto de hardcore, hip hop, funk e uma veia social e urbana muito evidente (em vários aspectos, parecida com a da Hímen) fazem da Código uma banda muito foda de se ouvir. Faltava vê-los no palco.

Pois o Festival Preto no Metal, ocorrido no célebre bar Opinião, trouxe esta oportunidade. A Código se apresentou na sequência de outras bandas muito legais com essa mesma vertente e ativismo, mas confesso que fomos mesmo lá para vê-los. E a expectativa foi totalmente atendida, numa apresentação enérgica, potente, dançante e... foda. A “arquitetura” da banda é apreciável, desde a visual até a sonora, com Lucio e Black to Face dividindo-se nos vocais como verdadeiros vocalistas MCs, dois guitarristas, Marcio Zuza e Eduardo Jack, um fazendo base e outro complementando o arranjo com efeitos e solos, o baixo poderoso de Luciano Tatu, a bateria pegada de Pereba e uma mesa eletrônica comandada pelo próprio Lucio. 

O tempo de show de festival, como de costume, curto. Então, o negócio é subir no palco e mostrar serviço, como a Código fez. Aí, foi só paulada, uma atrás da outra. “Terra de Ninguém” pra começar. “Os Dois Lados do Imoral”, na sequência, fez o ambiente pra ótima parceria da banda com Tonho Crocco em “Apologia”, que levantou a galera. “Marginalizado”,  “Justiça Injusta” e “Chove Bala”, idem. Pra finalizar, “Sexo nas Ruas” e a ótima “Gangs”, que já rodei no meu programa, o Música da Cabeça, mas que ao vivo ganha uma potência maior, tanto pela reação da galera quanto pela sonoridade própria, com seus samples da trilha de “Sexta-Feira 13”. Aliás, por falar no filme, mais uma das coisas legais da performance da banda e de Lucio, em especial, que é quando ele se ausenta um tempo do palco para voltar travestido de Jason Voorhees, com a máscara característica do personagem, um casaco com capuz preto e um temível taco de beisebol. Fez lembrar outro punk performático chamado John Cale.

Enfim, showzasso da Código, que Leocádia e eu vencemos os 48 graus de sensação de Porto Alegre àquele dia para estar no Opinião, mas que valeu totalmente a pena. Confere aí um pouco de como foi:

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A Código sobe ao palco do Opinião 

Lucio, performático, com a máscara do Jason junto com Black to Face

Black to Face mandando ver nas rimas

Um pedacinho de como foi o show 
da Código Penal no Opinião

Visão da mesa de som

Código in da house, motherfucker!

Mais rimas

Lucio ao centro do palco com a baita banda na "cozinha"

Preto no Metal olhando o Preto no Metal

A galera comemorando o baita show ao final:
Jamal, Val, Lucio, Leo e eu
 


Site da Código Penal: www.bandacodigopenal.com.br  


texto: Daniel Rodrigues
fotos e vídeos: Leocádia Costa e Daniel Rodrigues

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial de 15 anos do ClyBlog - Accept - "Restless and Wild" (1982)



 
Acima, a capa da versão brasileira
e abaixo a de Europa e EUA
"Não sei se somos modelos, mas certamente ajudamos a iniciar todo esse gênero [Trash Metal] de certa forma, e isso me deixa muito, muito orgulhoso. É uma grande honra ter todas essas bandas nos nomeando como sua influência. E eu já ouvi tantas vezes 'Cara, quando ouvimos ‘Restless and Wild’ isso nos fez começar a tocar música.' E para muitas bandas, esse foi o ponto de partida, então isso é incrível. O que mais você pode querer da vida ou da sua carreira musical?"
Wolf Hoffmann


A primeira vez que tive contato com o Accept foi lá pelo início de 1984, escutando o Central Rock, na saudosa Ipanema FM, 94.9, apresentado pelo Ricardo Barão. O programa acho que era transmitido de segundas às sextas ou apenas uma vez por semana, não recordo com exatidão, mas ia ao ar das 22h às 24h. 

A música da banda alemã tocada foi "Fast as a Shark", a primeira faixa do disco "Restless and Wild", de 1982. E o seu começo era estranho, pois começava com um som chiado e uma voz feminina cantando “Heidi, Heido, Heida”, e na sequência, escutávamos uma agulha arranhando o disco e entrava o vocal gritado de Udo Dirkshneider, seguido de uma bateria insana e solos de guitarra. O efeito trazia a música tradicional alemã ("Ein Heller und ein Batzen", escrita em 1830 por Albert von Schlippenbach) e de acordo com o guitarrista e líder Wolf Hoffmmann, era para enganar os ouvintes, pois ao colocar o disco, eles iriam escutar uma música que não tinha nenhuma conexão com o álbum e teriam certeza de que haviam comprado o LP errado. Uma pegadinha que deu certo. 

A música em questão, "Fast as a Shark" ("Rápido como um Tubarão") é considerada a pedra fundamental do Thrash Metal, do Speed Metal e do Power Metal. E não sou eu que estou afirmando. A opinião foi dada por integrantes de várias bandas do gênero, como Metallica, Exodus, Anthrax. O vocalista do Exodus, Steve Zetro Souza, afirmou que ao escutar "Fast as a Shark" teve uma espécie de epifania. "É isso, é isso", soltou ele, que confessa cantar baseado nos vocais de Udo Dirkschneider e Bon Scott, do AC/DC

No dia seguinte ao escutar o Central Rock, fui atrás do LP para comprá-lo. Adquirido, é um dos meus preferidos desde sempre. E passados quase quarenta anos, sigo escutando o trabalho da banda alemã, surgida na cidade de Solingen, na então Alemanha Ocidental nos anos 1970. 

"Restless and Wild" é um daqueles álbuns perfeitos, ou seja, todas as suas músicas são excelentes, assim como "Powerslave", do Iron Maiden, e "The Wall", do Pink Floyd. Ele é o quarto da discografia do Accept, sucessor do  debut homônimo de 1979, “I’m A Rebel”, de 1980, e “Breaker”, de 1981. 

A obra foi para as lojas europeias no dia 2 de Outubro de 1982, com dez faixas. Nos Estados Unidos seria lançada no ano seguinte, e chegando ao Brasil no começo de 1984, sendo o primeiro da banda a sair por aqui. Nesta época o estilo Heavy Metal começava a criar força incomum no nosso país, chegando ao auge em 1985, com o advento do primeiro Rock In Rio.  

Já falei da música ícone "Fast As A Shark", que abre o lado A, seguida de "Restless And Wild", que dá nome ao disco e como o nome diz, é de uma selvageria musical, até hoje presente nos shows, "Ahead Of The Pack", "Shake Your Heads" e "Neon Nights". 

No lado B, estão "Get Ready", que tem uma pegada a la Judas Priest, "Demon’s Night", "Flash Rockin’ Man", "Don’t Go Stealing My Soul Away", um dos títulos de música mais legais, e a épica "Princess Of The Dawn", com um solo monstruoso de Wolf Hoffmann, e uma das minhas preferidas de todos os tempos, escutada pelo menos uma vez por semana desde aquela época. 

A capa original do "Restless And Wild" apresenta uma foto de duas guitarras, modelo Flying V, cruzadas e pegando fogo. Aqui no Brasil, no entanto, a capa do álbum mostra a banda se apresentando ao vivo, com luzes vermelhas e vários amplificadores, e em destaque Udo Dirkschneider estrangulando o baixista Peter Baltes - sendo a mesma da versão japonesa. 

“Restless And Wild” abriu caminho ainda para uma sequência clássica de grandes lançamentos. O disco seria sucedido pelos mega-clássicos “Balls To The Wall”, de 1983,  “Metal Heart”, de 1985, e "Russian Roulette", de 1986. Então, o Accept entraria em crise, com a saída de seu fundador Udo Dirkschneider, que seguiria carreira solo. A banda alemã entraria em colapso nos anos 1990, entrando em um hiato de quase 15 anos. A volta aconteceria em 2010, com novo vocalista, Mark Tornillo, estando na ativa até hoje. 

Quatro fatos sobre o Accept em minha vida:  

Na época do II Grau (hoje Ensino Médio), cursado no Colégio Estadual Paula Soares, eu emprestei o disco "Restless and Wild", sim, naquela época a gurizada emprestava ou trocava discos sem medo de não tê-los de volta, para um colega punk. O cara levou o disco para casa, curioso em escutar aquele som novo e diferente. No dia seguinte, ele me devolveu o disco, e contou: "quando cheguei em casa, fui para o quarto e coloquei o disco para tocar. E na primeira faixa, achei que ele estava arranhado. E na sequência, entrou aquele cara gritando...na hora a minha mãe abriu a porta do meu quarto e soltou: 'quem foi o débil mental que te emprestou este disco?'"

Caímos na gargalhada. Afinal, o cara era afeito a escutar bandas punk como Exploited, Sex Pistols, Dead Kennedys e Misfits. Mas a mãe dele achou absurdamente doente o som do Accept. 

Em 2013, assisti finalmente o Accept ao vivo em show no Bar Opinião, em Porto Alegre. E durante a execução de "Balls to the Wall", o guitarrista Wolf Hoffmann se curvou em direção a plateia, olhou pra mim, e disse: "For you, man", colocando uma palheta na minha mão. 

Anos depois, sem conseguir achar uma camiseta do "Restless and Wild" (eu coleciono camisas de bandas), visitei a loja Zeppelin, do Alexandre Nascimento, especialista em ítens sobre Heavy Metal, e comentei com ele. Na hora, o Tiziu pegou o telefone e ligou pra um camarada catarinense, que fez sob medida a camiseta com a capa do disco. E paguei apenas o custo de fabricação, e nada mais: R$ 50,00. 

Por fim, em 2023, pude presenciar o show do vocalista mais ícônico do Accept, quando Udo Dirkschneider se apresentou no Bar Opinião. No setlist, apenas músicas clássicas da banda que ele fundou lá na década de 1970. 

Agora, chega... bora escutar pela milionésima vez "Restless and Wild" e acordar a vizinhança.


por C H I C O   I  Z I D R O


★★★★★★

FAIXAS:
1. "Fast as a Shark" - 3:49
2. "Restless and Wild" - 4:12
3. "Ahead of the Pack" - 3:24
4. "Shake Your Heads" - 4:17
5. "Neon Nights" - 6:01
6. "Get Ready" - 3:41
7. "Demon's Night" - 4:27
8. "Flash Rockin' Man" - 4:28
9. "Don't Go Stealing My Soul Away" - 3:15
10. "Princess of the Dawn" - 6:15
Todas as composições de autoria de Wolf Hoffmann, Stefan Kaufmann, Udo Dirkschneider, Peter Baltes


★★★★★★

OUÇA:



★★★★★★



Chico Izidro é jornalista, crítico de cinema e escritor e youtuber. Nascido em Porto Alegre, estudou no Colégio Paula Soares/Pio XII e é formado em jornalismo pela Unisinos. Teve passagens pela Assessoria de Imprensa do Juizado de Menores, Band AM, Ipanema FM, Placar, Folha de S. Paulo, Rádio Guaíba, A Notícia-SC e Correio do Povo. No YouTube mantém os canais Cinema de Peso, ao lado dos críticos de cinema Criba Aquino e Lauro Arregui, e Guaibadas, onde conta causos de sua vida. É autor de dois romances, “Era Vidro e Se Quebrou” e “Olhos Verdes”.



quarta-feira, 24 de maio de 2023

Música da Cabeça - Programa #319

Isso aí, Vini Jr.: mostra pra eles que o negócio é mais embaixo! Sem se calar, o MDC vem hoje com as vozes de João Donato, De Falla, The Fall, Carlos Dafé, Sepultura e outros. No Cabeção, uma homenagem ao jazzista da vanguarda Archie Sheep. Denunciado todos os preconceitos, o programa vai ao ar às 21h na consciente Rádio Elétrica. Produção, apresentação e #forçavinijr: Daniel Rodrigues 


(www.radioeletrica.com)

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Música da Cabeça - Programa #268

 

Caiu mais um presidente da Petrobrás? Aqui no MDC tá tudo no mesmo lugar. Em alto e bom som, teremos hoje muitas e variadas coisas, de Stevie Wonder a De Falla, de Paul McCartney a The Fall, de Black Sabbath a Legião Urbana. Tem os quadros móveis e Cabeça dos Outros muito rock'n'roll. Sem mudanças, o programa vai ao ar às 21h, na estável Rádio Elétrica. Produção e apresentação, o Daniel Rodrigues  de sempre.

Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Living Colour - "Vivid" (1988)

 

"'Dougie, eu gostei dessa banda. O que você acha que devo fazer?' Eu disse a ele: 'Você é Mick Jagger, cara! Leve-os ao estúdio e faça algo com eles.'"
Doug Wimbish, atual baixista da Living Colour

Chuck Berry e Little Richards nunca esconderam a frustração de, mesmo sendo músicos negros como eles os inventores do rock ‘n’ roll, os louros tenham ido para artistas brancos. Não que Elvis Presley, Jerry Lee Lewis ou Bill Halley não tenham grande valor, mas é fato que a indústria fez abafar por uma imposição mercadológica racista a importância de autores negros como eles ou os irmãos Fats Domino, Bo Diddley e Sister Rosetta Tharpe. Com o passar dos anos, o estilo se desenvolveu e vieram os Beatles, os Rolling Stones, a Pink Floyd, a Led Zeppelin, a Black Sabbath... todos majoritariamente brancos. A Love, rara banda de rock composta somente por membros negros, era uma exceção onde deveria ser regra. Jimi Hendrix, como Pelé, virou um mito sem cor. Os punks Bad Brains e Death nunca tiveram a mesma vitrine que Ramones ou Sex Pistols. A "solução" da indústria? O mesmo mercado que desapropriou a criação do rock dos negros lhes deu o “direito” de serem pais de ritmos inquestionavelmente pretos, como a soul music e o jazz. Ou seja: sistematizou o apartheid musical. 

Claro que Berry e Richards garantiram, por aclamação, seu lugar no panteão da música universal. Porém, por muito tempo pairou aquela sensação de que os negros, os verdadeiros inventores do gênero mais popular do século XX, tinham uma dívida a cobrar. As décadas se passaram desde que o rock veio ao mundo cultural, e a indignação só fazia aumentar. Foi quando uma turma resolveu cobrar com juros e correção monetária esse débito e reclamar para si a verdadeira gênese do rock ‘n’ roll. “É pra gente mostrar que negro faz rock melhor que qualquer um? Então, aqui está!” Com esta vividez corajosa e empoderada surgiu a Living Colour, formada somente por músicos de fina estampa: o vocalista Corey Glover, o baixista Muzz Skillings, o baterista William Calhoun e o guitar hero Vernon Reid, principal compositor do grupo. Negros.

Produzidos pelo tarimbado Ed Stasium e por ninguém menos que Mick Jagger, que apadrinhou a banda após descobri-los tocando no underground de Nova York, “Vivid” é a extensão da própria ideia de uma banda cujo nome ressalta a vivacidade da cor da pele preta. Afinal, como disse o poeta: "Negro é a soma de todas as cores." Nas suas linhas melódicas, na sua potência, na sua sonoridade, nas letras de crítica social, no seu visual, o primeiro disco da banda resgata todos os tons da tradição do rock em um dos mais bem elaborados sons produzidos na música pop em todas as épocas. O rock pesado da Living Colour soa como se fosse inevitável valer-se dos altos decibéis para manifestar com autenticidade tudo aquilo que esteve guardado anos e anos. Tem hard rock, heavy metal e punk pincelados de funk, blues e jazz, aquilo que os negros fazem como ninguém. Ou seja: a Living Colour, com o perdão da redundância, dá cores muito próprias à sua música. O hit "Cult of Personality", faixa de abertura, é como um traço original num quadro que condensa todas essas tintas. Riff arrebatador, daqueles de dar inveja a Metallica e Anthrax. E a letra, na voz potente e afinadíssima de Glover, referencia Malcom X e critica a superficialidade da sociedade: “Olhe nos meus olhos/ O que você vê/ O culto da personalidade/ Eu conheço sua raiva, conheço seus sonhos/ Eu tenho sido tudo o que você quer ser”.

Hard rock de primeira, "I Want to Know" antecipa "Middle Man", outra de sucesso do álbum que também ganhou videoclipe na época de ouro da MTV. Reid, excepcional tanto na criação do riff quanto na condução da melodia e no solo, mostra porque é um dos maiores guitarristas de todos os tempos, capaz de variar de um suingue a la Jimmy Nolen ou fazer a guitarra urrar como uma das big four do trash metal. Já a pesada "Desperate People" destaca o talento de Calhoun nas baquetas, seja no ritmo, que vai do funk ao hardcore, quanto na habilidade e potência, ainda mais quando martela os dois bumbos. Mais um sucesso, e das melhores do repertório da banda, visto que uma tradução do seu estilo: "Open Letter (To a Landlord)". A letra fala da realidade da periferia (“Essa é minha vizinhança/ Aqui é de onde vim/ Eu chamo este lugar de meu lar/ Você chama este lugar de favela/ Você quer expulsar todas essas pessoas/ É assim que você é/ Trata pessoas pobres como lixo/ Vira as costas e ganha dinheiro sujo”) e traz um dos refrãos mais emblemáticos e tristes daquele final de anos 80, o qual, inteligentemente, repete os primeiros versos da letra, só que cantados agora numa melodia vocal especial: “Now you can tear a building down/ But you can't erase a memory/ These houses may look all run down/ But they have a value you can't see” (“Agora você pode derrubar um prédio/ Mas você não pode apagar uma lembrança/ Essas casas podem parecer estar em mau estado/ Mas elas tem um valor que você não pode ver.”).

O punk rock vem com a alta habilidade de músicos de ouvidos acostumados com o jazz fusion em “Funny Vibe”. Isso, no começo, porque depois a música vira um funk ao estilo James Brown com pegadas de rap, principalmente no jeito de cantar em coro – lembrando o hip-hop raiz de Run DMC e Afrika Bambaata – e na participação de Chuck D e Flavor Flav, MC’s da Public Enemy, a banda de rap mais politizada de todos os tempos. Aí, vem outra das grandes da banda: sua versão para a escondida proto-metal “Memories Can’t Wait”, da Talking Heads. Pode ser que, para uma banda estreante como a Living Colour, tenha pesado a indicação de Stasium, que havia trabalhado com o grupo de David Byrne nos anos 70. Porém, a influência do produtor vai até este ponto, visto que a leitura da música é totalmente mérito de Reid e de seus companheiros. O arranjo é perfeito: intensifica os aspectos certos da harmonia, faz emergir o peso subentendido da original e aplica-lhe pequenas diferenças, como leves mudanças na melodia de voz, que personalizam esta que é, certamente, uma das melhores versões feitas no rock dos anos 80.

Já na melodiosa "Broken Hearts", Reid exercita sua técnica deixando de lado o pedal de distorção para usar um efeito slide bastante elegante, assim como o vozeirão aveludado de Glover. Nesta, Jagger solta sua gaita de boca abrilhantando a faixa. Numa linha também menos hard e ainda mais suingada, “Glamour Boys”, que também tocou bastante à época e que tem participação de Jagger aos vocais, precede outra de vital importância para o discurso de reivindicação levantado pela banda: “What's Your Favorite Color?”. Seus versos dizem: "Qual é a sua cor favorita, baby?/ É branco?/ Fora de moda". 

E quando se pensa que se ouvirá mais um heavy metal furioso, com a mesma naturalidade eles enveredam para um funk psicodélico de fazer orgulhar-se dr. P-Funk George Clinton pelos filhos musicais que criou. Noutro hard rock pintado de groove, "Which Way to America?", com destaque para o baixo em slap de Skillings, solta o verbo contra a sociedade de consumo e a ideologia racista da televisão, veículo concentrador das amálgamas no mundo pré-internet, alinhando-se novamente ao discurso dos parceiros Public Enemy, ferozes denunciadores do branconcentrismo da mídia norte-americana.

Com outros bons discos posteriores, como “Times Up”, de 1990, o qual traz o maior hit da banda, “Love Rears It's Ugly Head”, a Living Colour abriu em turnê para os Rolling Stones e foi atração de festivais como Hollywood Rock de 1992, tornando-se, por incrível que pareça, o primeiro grande grupo do rock integralmente formado por negros, mais de 40 anos depois dos precursores mostrarem o caminho para as pedras rolarem. Além disso, mais do que seus contemporâneos Faith no More, eles expandiram as falsas fronteiras do rock pesado, injetando-lhe uma propriedade que somente os “de cor” poderiam realizar. Depois deles vieram a Infectious Grooves, a Body Count, a Fishbone, todos com bastante influência daquilo que ouviram em “Vivid”. Todos que não deixaram esquecer jamais que o rock é, sim, essencialmente preto. E vamos parar com essa palhaçada! As memórias de Berry e Richards agradecem.

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FAIXAS:
1. "Cult of Personality" - 4:54 (Glover/ Skillings/ Reid/ Calhoun)
2. "I Want to Know" - 4:24
3. "Middle Man" - 3:47 (Reid/ Glover)
4. "Desperate People" - 5:36 (Glover/ Skilling/ Reid/ Calhoun)
5. "Open Letter (To a Landlord)" - 5:32 (Tracie Morris/ Reid)
6. "Funny Vibe" - 4:20
7. "Memories Can't Wait" - 4:30 (David Byrne/ Jerry Harrison)
8. "Broken Hearts" - 4:50 
9. "Glamour Boys" - 3:39
10. "What's Your Favorite Color? (Theme Song)" - 3:56 (Reid/ Glover)
11. "Which Way to America?" - 3:41
Todas as composições de autoria de Vernon Reid, exceto indicadas

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OUÇA O DISCO:


Daniel Rodrigues

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Rage Against the Machine - "Rage Against the Machine" (1992)

 






"As pessoas que se ofendem com [minhas opiniões sobre] política
 no Twitter ou Instagram, por favor,
 saibam que é porque você não era inteligente o suficiente
 para saber sobre o que era a música
 que você estava ouvindo
 todos esses anos (...)
De nada pela música,
 mas se você é um supremacista branco
 ou um protofascista,
 essa música não é escrita para você
 – é escrita contra você."
Tom Morello,
 guitarrista e compositor


A última passagem de Roger Waters pelo Brasil, em 2018, reacendeu uma discussão, que na verdade não faz muito sentido, uma vez que o rock, mesmo quando apenas reivindicava o direito de não cortar o cabelo ou de namorar no banco de trás do carro, à sua maneira, era "político", sobre o fato de artistas de rock se posicionarem politicamente. A situação toda começou quando o ex-baixista e vocalista da célebre Pink Floyd fez mostrar no telão, ao fundo do palco, os dizeres #EleNao, referindo-se ao então candidato Jair Bolsonaro à presidência brasileira (que, para infelicidade do país, veio a se eleger) arrancando um misto de vaias e aplausos da plateia e causando a reclamação de muitos "fãs" de sua antiga banda pelo fato de "agora" ter resolvido se meter em política e que um show de rock não seria lugar para esse tipo de manifestação do artista. A lamúria dos fãs superficiais, pseudo-roqueiros, no entanto foi ironizada pelos verdadeiros admiradores do grupo e roqueiros de verdade que questionaram se aqueles modinhas de ocasião que estavam no show nunca ouviram, por exemplo, o "The Wall" do Pink Floyd, que trata exatamente sobre o enfrentamento da sociedade opressora. Ou se ouviram, não leram as letras ou nunca entenderam do que se tratava. A discussão, especialmente em redes sociais, se ampliou e para situar os roqueiros do chalalá, que só curtiam o som mas não faziam a menor ideia do que estava sendo falado, outras bandas foram citadas de modo a mostrar o quão ignorantes aquelas criaturas estavam sendo. System of Down, Plebe Rude, Bruce Springsteen e até  a queridinha Legião Urbana foram algumas das que serviram de exemplo e, para maior surpresa, geraram ainda mais indignação entre os "revoltadinhos de condomínio-fechado", que qualificaram esses artistas, de forma simplista, imatura e desinformada, meramente de comunistas.

No entanto, a surpresa que mais chamou foi em relação à banda Rage Against the Machine. Ora, pensavam que a Máquina do nome da própria banda era o quê? Uma cafeteira elétrica? O RATM é antes de mais nada uma banda engajada, politizada e de pensamentos predominantemente de esquerda. Suas letras são quase sempre uma bala na cabeça, como diz o título de uma das músicas de seu primeiro álbum,  "Rage Against the Machine" de 1992, que, por sinal, fala exatamente sobre alienação e idiotização em massa.

No disco, os tiros da banda vão pra todo lado e sobra bala pra todo mundo que merece: "Bombtrack" atira na indústria musical; o hino "Killing in the Name" dispara contra o racismo; "Settle of Nothing" é  sobre criminalidade e vidas jovens arruinadas; "Freedom", fala, é claro, sobre liberdade, mas também acerta em cheio quanto à ignorância do ser-humano e sua relação com o meio ambiente; "Wake Up" liga a metralhadora giratória e atira nos fascistas, no judiciário, na mídia e no que estiver pela frente; e "Take the Power Back", "Know Your Enemy", "Fistfull of Steel" e "Township Rebelion", simplesmente, miram no sistema, de um modo geral, convocando para uma reação diante de tudo que nos oprime.

Tudo isso ao som da guitarra eletrizante de Tom Morello, conduzido pelos vocais contagiantes de Zach de La Rocha e  embalado por uma mistura explosiva de metal, hardcore, funk, rap e hip-hop, tão intensa que, eu até posso entender que tenha seduzido até o mais superficial roqueirinho de ocasião. Sim, sim, eu também escuto muita coisa pela sonoridade, muitas vezes não dou, mesmo, muita bola para a letra, ou nem ligo muito para o que estão dizendo em inglês, mas certos artistas, cuja atitude está ligada à sua obra é impossível, e até imperdoável, que se ignore essa relação. É o caso de Dead Kennedy's, Bob Dylan e do Rage Against the Machine, uma banda essencialmente política, engajada, atuante, como fica provado em seu primeiro disco. A própria capa do disco atesta essa atitude com a foto do monge vietnamita que preferiu atear fogo ao próprio corpo a se render ao governo autoritário de seu país. Esse é o espírito. Isso é o Rage Against the Machine. 

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FAIXAS:

1. "Bombtrack" 4:02
2. "Killing in the Name" 5:14
3. "Take the Power Back" 5:36
4. "Settle for Nothing" 4:49
5. "Bullet in the Head" 5:08
6. "Know Your Enemy" (featuring Maynard James Keenan) 4:57
7. "Wake Up" 6:06
8. "Fistful of Steel" 5:32
9. "Township Rebellion" 5:22
10. "Freedom" 6:06

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Ouça:
Rage Against the Machine (1992)



por Cly Reis

sábado, 24 de abril de 2021

"O Som do Silêncio" ou "O Som do Metal", de Darius Marder (2019)


VENCEDOR DO OSCAR DE
MELHOR EDIÇÃO E
MELHOR PRODUÇÃO DE SOM

É sempre muito legal assistir algum filme cuja forma dialoga com a gramática do cinema. Desde obras propositadamente metalinguísticas como “Blow Up” e “Amnésia” ou mesmo comédias aparentemente banais, tal “Cegos, Surdos e Loucos”, o uso de maneira intencional de algum dos sentidos humanos como objeto do filme é capaz de, em igual proporção, enriquecer semiologicamente a obra e intensificar a mímese desta – mesmo que isso se dê apenas subliminarmente quando o espectador não está atento ao uso desse trato técnico. Além da visão, da memória ou da fala, sentidos mais comuns de serem abordados no cinema, há filmes que se dedicam ao tema da audição, como é o caso de "O Som do Silêncio" ou "O Som do Metal".  O filme de Darius Marder vale-se deste recurso narrativo-linguístico para colocar o espectador em contato com uma realidade tocante e não rato aflitiva: a dos deficientes auditivos.

Na história, Ruben (vivido magistralmente por Riz Ahmed), um jovem baterista de uma banda de heavy metal que tem com a namorada Lou (Olivia Cooke), teme por seu futuro quando percebe que está gradualmente ficando surdo. Suas duas paixões estão em jogo: a música e ela. Essa mudança drástica acarreta em muitas incertezas e angústias, a qual provoca uma série de acontecimentos, frustrações e encontros com questões muito profundas dos personagens.

Diferentemente de clássicos thrillers como "Um Tiro na Noite" e "A Conversação", que integram os diferentes aspectos da sonoridade para imprimir tensão e mistério a suas narrativas, "O Som" vale-se deste recurso sensorial em um drama, o que é bastante interessante. É comum o espectador “sentir” o som como algo a lhe provocar a intensificação dos sentidos, caso das explosões e estardalhaços das cenas de ação, mas perceber esse elemento fílmico de maneira dramática é mais incomum. Os momentos em que se ouve o som abafado do ouvido de Ruben, os ruídos estridentes, os cacos ou a angustiante sensação de silenciamento a qual o protagonista vai se deparando gradativamente são como que vividas também por quem assiste, até porque o roteiro, envolvente, é muito bem construído. Concorrente ao Oscar de Roteiro Original, a trama de “O Som” narra um percurso pessoal e existencial, que, novamente, tem tudo a ver com a gramatica cinematográfica: a percepção/captação de algo externo (som) e a consequência externa dessa transformação.

Oscarizáveis: Ahmed e Raci contracenam em "O Som do Silêncio"

Quanto ao Oscar, dos seis que disputa, mais provável são dois ou apenas um para "O Som". Ahmed, por melhor que esteja, dificilmente levará, haja vista que concorre com fortes candidatos como Gary Oldman ("Mank") e, principalmente, Chadwick Boseman ("A Voz Suprema do Blues"), apto a abocanhar a estatueta postumamente. Mas nessa categoria é daqueles casos que só a indicação e estar ao lado de excelentes e oscarizados atores, como estes dois e Anthony Hopkins (“Meu Pai”), já é um reconhecimento. De Filme, igualmente, não leva, pois têm outros bem mais fortes favoritos na frente. Ator Coadjuvante, parecido, pois somente "Judas e o Messias Negro" põe dois nesse páreo (LaKeith Stanfield e Daniel Kaluuya) contra Paul Raci. 

Restam-lhe os prêmios técnicos: edição e, o que seria muito legal se acontecesse, o de Produção de Som. Contrariando a prática comum de premiar produções espetaculosas, como musicais, aventuras ou ficções científicas, cairia muito bem à Academia num momento de revisão de conceitos valorizar um drama de abordagem humana e mais humilde perto de superproduções como “Dunkirk”, “Bohemian Rhapsody” e "Ford vs. Ferrari", vencedoras das últimas três edições do Oscar na categoria Edição de Som, como era classificada a categoria até ano passado.

Independente de prêmio ou não, o fato é que "O Som" é um filme peculiar e sensível, capaz de extrair da pequena história de um drama pessoal questões universais como amor, família, caridade e perdão. Uma história que leva à compreensão de que, independentemente dos sentidos físicos, o que vale é saber escutar o som que vem do coração.

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trailer de "O Som do Silêncio"


Daniel Rodrigues

quarta-feira, 24 de março de 2021

Música da Cabeça - Programa #207

 

Sérias suspeitas de parcialidade recaem sobre o MDC... E estão certos! Afinal, estamos, sim, do lado que se tem que estar: da arte e da música. Melhor do que João Bosco, Herbie Hancock, Projeto Revolta, Jamelão, Deee-Lite e Vitor Ramil pra provar isso, impossível. Tem também 'Sete- List' e nossos quadros fixos. Tudo na melhor das suspeições hoje, às 21h, no tribunal insuspeito Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues (totalmente parcial: #forabolsonarogenicida)


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 17 de março de 2021

Música da Cabeça - Programa #206

 

Agora que estamos combinados que a terra é redonda, podemos ouvir o MDC só no embalo das rotações. Mas não só em torno do sol, mas também da agulha! Saca o que vai ter hoje: Lulu Santos, Edu Lobo, Metallica, Sade, Titãs e uma homenagem aos 100 anos de Astor Piazzolla. No Cabeça dos Outros, também rola um Teenage Funclub novinho em folha. O programa hoje, 21h, vem assim: acompanhando a órbita da Rádio Elétrica. Produção, apresentação e globo terrestre sobre a mesa: Daniel Rodrigues. (#foraterraplanistas e #vemvacina)


Rádio Elétrica:
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Música da Cabeça - Programa #201


 Estão nessa de "cancelar" tudo que é diferente? Deve ser por isso que tem três missões indo a Marte! Mas é com o pé no chão que a gente vem com o MDC de hoje e sem essa de cancelar, não! Na maior das aceitações, temos uma junção de diferentes, como Public Enemy e The Mission, Jards Macalé e New Order, Sepultura e Cocteau Twins. Ainda, um Sete-List sobre, claro, 7 coisas parecidas, mas diferentes. É o MDC de hoje, 21h, na Rádio Elétrica, sem cancelar ninguém. Produção, apresentação e saudáveis diferenças: Daniel Rodrigues (E Um "Fora Bolsonaro" com pequena diferença: #ForaCapitãoCloroquina)


Rádio Elétrica:
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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Música da Cabeça - Programa #177


Não sei porque, mas o Música da Cabeça hoje está interrogativo, sabe? Afinal, quem não gostaria de ter num mesmo programa Banda Black Rio, The Pilgrim, Iggy Pop, Portishead, Anthrax, Marina Lima e mais? E ainda por cima com direito a "Música de Fato", "Palavra, Lê" e "Sete-List"? Impossível desgostar, não acham? As respostas para essas perguntas estarão todas no MDC, às 21h, na questionadora Rádio Elétrica, conhece? A produção e a apresentação, afirmamos, são de Daniel Rodrigues, viu? Ah: antes que esqueça, presidente: por que Michelle recebeu R$ 89 mil do Queiroz?




Rádio Elétrica:

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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Metallica - "Load" (1996)





Load representa, na minha opinião,
o que o Metallica realmente é:
uma banda que explora
sonoridades diferentes.
Acredito que no momento que você
parar de explorar novas possibilidades,
você morreu artisticamente.
Lars Ulrich




Quando o assunto é o Metallica tudo é tratado como saudosismo, e não é à toa, já que nos primórdios da banda tivemos discos excelentes. Porém poucas bandas do metal tiveram coragem de mudar como a banda fez. 

A partir do "Black Album" já era notada uma mudança deixando o trash metal de lado e aumentando a popularidade da banda. Somente após um hiato de cinco anos, com o lançamento de "Load" foi que a mudança causou um grande impacto.

"Load" foi gravado entre maio de 95 a fevereiro de 96, com objetivo de ser lançado como álbum duplo, mas essa ideia logo foi descartada e ele saiu mesmo em disco único no dia 4 de junho de 96. 

Produzido pelo lendário Bob Rock, o disco teve uma pegada com referência country, chegando ao rock alternativo que fazia sucesso na época. Devido a essas mudanças a banda foi tratada como gananciosos vendidos, visto que muita gente rejeitou tudo aquilo que estava acontecendo, inclusive a o estilo e o visual dos integrantes.

Mudanças sempre serão difíceis de aceitar mas é preciso tentar, arriscar e modificar, e tais mudanças proporcionam que o artista expresse o momento que nunca será igual ao que foi nas décadas passadas.


Apesar de um retorno negativo dos fãs mais antigos, "Load" criou uma nova geração de fãs do Metallica. E sim, o disco possui ótimas musicas, como “Mama said”, “ Ain’t my Bitch”, “ Until it sleeps , entre outras do lado B. Não foi por acaso que "Load" ficou no topo da Billboard 200 por quatro semanas consecutivas. 

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FAIXAS:
  1. Ain’t My Bitch
  2. 2 x 4
  3. The House that Jack Built
  4. Until It Sleeps
  5. King Nothing
  6. Hero of the Day
  7. Bleeding Me
  8. Cure
  9. Poor Twisted Me
  10. Wasting My Hate
  11. Mama Said
  12. Thorn Within
  13. Ronnie
  14. The Outlaw Torn
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Ouça:



por Diego Almeida