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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Caetano Veloso & Gilberto Gil – “Dois Amigos, Um Século de Música” – Auditório Araújo Vianna – Porto Alegre/RS (28/08/2015)





Caetano e Gil, pura genialidade.
foto: Júlio Cordeiro
“Gil é um rouxinol de grandes mistérios”.
Caetano Veloso


“Eu faço música primeiro pra mim,
depois pra ele e depois pros outros”.
Gilberto Gil,
sobre Caetano



Sabe aqueles acontecimentos em que se cria uma grande expectativa e a recompensa vem completa? Pois ter assistido Caetano Veloso e Gilberto Gil juntos e ao vivo foi assim: momento completo de se guardar para a vida. Folgados os nós dos sapatos, das gravatas, dos desejos e dos receios, fui, na doce e astral companhia das hermanas Leocádia e Carolina, ao Araújo Vianna presenciar uma noite inesquecível na cidade (ao menos, a nós). Dois gênios vivos da arte mundial celebrando algo incomparável e irrepetível: a união de 50 anos de carreira de cada um. As vivências artísticas e próprias ou em comum; as conexões com vários tempos e movimentos; a confluência com diversas manifestações da Arte e culturas; a musicalidade e a poesia constantemente desenvolvidas ao longo dos muitos anos; as parcerias entre eles e com outros. A significância inequívoca de cada um dentro do cenário sociocultural brasileiro e mundial. Enfim: uma gama de motivos que fazem de “Dois Amigos, Um Século de Música” um marco só por sua realização.

Porém, no palco, Caetano e Gil justificam o show, cuja turnê, iniciada na Europa, em junho, passou pelo Brasil e já ganha a América Latina. Repertório escolhido com inteligência e cuidado, como sempre fizeram em seus projetos. Aliás, conheço essa qualidade não só dos discos ao vivo mas por já ter assistido tanto a um quanto outro por duas ocasiões. Coincidentemente, as duas primeiras vezes nos anos 90, quando cinquentões, e as recentes há bem pouco tempo: 2013 (Gil, “Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo”), e 2014 (Caetano, "Abraçaço"), já passados dos 70 anos. Pela tevê ainda tive, em 1993, a oportunidade de assisti-los num memorável megashow aberto em São Paulo com duas superbandas mais a cozinha da Timbalada com Brown e tudo por ocasião do disco “Tropicália 2” (à época, gravei em VHS e revi várias vezes o que hoje tem no Youtube). Ou seja: vê-los agora de novo e reunidos é como se fechasse um panorama de compreensão da extensão e da perenidade de suas obras ao longo do tempo, esse “tambor de todos os ritmos”.

E foi justo a diversidade de ritmos que, trazidos pelo ecletismo tropicalista ainda hoje revolucionário, pautaram o show. O arrebatamento se deu do primeiro ao último acorde. O inicial, aliás, foi de emocionar qualquer um que admire e entenda um pouco de suas obras. A música escolhida para abrir o espetáculo foi a magistral “Back in Bahia”, rock ‘n’roll escrito por Gil na volta do exílio de Londres, início dos anos 70, na qual ele expõe de forma madura, consciente e transformadora tudo o que aprendeu com a (que poderia ter sido) traumática experiência. O tom de identificação de um se refletiria no outro durante todo o desenrolar do show – aliás, uma mostra daquilo que um sempre foi para o outro: um espelho. Foi o que aconteceu no número seguinte. Se “Back...” traz as reminiscências de Gil de um período marcante de sua vida, Caetano preferiu reviver outro tipo de memória afetiva com a bossa nova que abriu seu primeiro disco (na voz de Gal Costa, à época), em 1966: “Coração Vagabundo”.

Arranjos bem pensados, ambos dividiram os violões e os microfones nas duas de abertura para, na sequência, trazerem uma cantada por cada um. E foram dois hinos tropicalistas: a própria “Tropicália”, numa bela e impensável versão acústica (difícil imaginá-la sem a orquestração de Duprat) com Caetano à voz, e a tocante “Marginália II”, poesia brasilianista de Torquato Neto que Gil, magistralmente, musicara para o disco-manifesto “Tropicália” ou “Panis et Circensis”, de 1968. Primeiro momento do show a me levar às lágrimas ao ouvir Gil entoando aquela letra do mais alto lirismo e identidade: “A bomba explode lá fora/ E agora, o que vou temer?/ Oh, yes, nós temos banana/ Até pra dar e vender/ Olelê, lalá/ Aqui é o fim do mundo/ Aqui é o fim do mundo...”

Passeando por suas histórias, foi a vez de reverenciar com afinco a bossa nova e, mais que isso, ao ídolo João Gilberto. Outras duas dividindo os vocais: “É Luxo Só”, samba de Ary Barroso “convertido” em bossa por João quando da inauguração do estilo, em 1959, e “É de Manhã”, primeira composição de Caetano e mais antiga escrita por um dos dois em todo o show, em 1963. Nesta, destacaram a importância de Maria Bethânia, primeira da turma dos baianos a gravá-la e a registrar uma música do irmão, então um jovem compositor iniciante.

Contraponto à canção mais antiga, num dos momentos especiais do show, eles apresentaram uma composição de 2015, primeira parceria em 22 anos escrita em São Paulo quando retornaram da temporada europeia. Ou seja: somente São Paulo e Curitiba, shows imediatamente anteriores ao de Porto Alegre, a tinham escutado. Uma joia chamada “As camélias do Quilombo do Leblon”, samba poético e filosófico que repensa as condições socioculturais que o Brasil tem de criar e colher, como dizem os versos, “as camélias da Segunda Abolição”. Numa resposta a toda polêmica gerada pela tentativa de boicote do ex-Pink FloydRoger Waters, ativista anti-Estado de Israel, quando da passagem dos brasileiros por Tel-Aviv, a letra não deixa por menos, evidenciando as possibilidades emancipadoras que o miscigenado e “cordial” povo brasileiro (aka Sérgio Buarque de Hollanda e Domenico de Masi) tem diante de outras civilizações do planeta: “Vimos as tristes colinas logo ao sul de Hebron/ Rimos com as doces meninas sem sair do tom/ O que fazer/ Chegando aqui?/ As camélias do Quilombo do Leblon/ Brandir.”

Caetano, uma das maiores forças criativas da MPB.
foto: Júlio Cordeiro
Uma sequência de várias de Caetano emocionou o público – de uma complacência um tanto fria até então, mas que a partir dali se derreteu de vez. Não era para menos, pois vieram a clássica “Sampa” e a não menos épica “Terra”, talvez a mais bem arranjada de todo o show. Somente aos dois violões, de longe superou a versão original, revelando toda a atmosfera etérea da melodia, com seus traços árabes e folks. Enquanto Caetano cantava com emoção e destreza, Gil percutia levemente na madeira do pinho. No refrão, providenciava para o amigo todos os complementos que o arranjo original suscita. As percussões cintilantes, o som da cítara, a viola, o andamento cadenciado: tudo é substituído e condensado no dedilhar magistral de Gil. De arrepiar.

Caetano emenda outras de três momentos importantes de sua carreira: “Nine Out of Ten”, presente em "Transa", de 1972, seu melhor disco e que, gravado em Londres, foi responsável por fazê-lo sair da depressão do exílio; “Odeio”, do visceral “Cê”, já dos anos 2000, uma confissão de amor ao estilo rock: fazendo sexo virtual a esmo, o que ele queria mesmo era a ex ali consigo; e a castelhana “Tonada de Luna Ilena” (de Simón Diaz, que gravou em 1994, em “Fina Estampa”), numa impressionante interpretação que, claro, tocou a nós gaúchos tão próximos dos irmãos portenhos.

Mais outras três encantadoras tocadas em dupla: a excelente bossa nova “Eu Vim da Bahia”, das primeiras composições de Gil; “Come Prima”, em que ambos mandaram um afiado italiano; e "Super-Homem, a canção", noutro momento de emoção. Caetano, com a afinação e o timbre doce que lhe foram presenteados por Deus, começa cantando. Na segunda parte, Gil, comovido por ouvir o parceiro, engasga a voz e é aplaudido.

Gil e o violão qu expressa tudo.
foto: Júlio Cordeiro
O repertório, seguindo o conceito de espelhamento, trouxe, então, uma série com Gil, começando pela gostosa “Esotérico”, cantada em coro pela plateia. Tomado pela acolhedora egrégora criada pelos dois, me deu até a impressão de esta ser uma música de Caetano – embora saiba que é de fato de Gil – devido às repetições de versos, às assimetrias de métrica e o tom desafiador típicos deste. Depois, esmerilhando as cordas, Gil sacou uma impecável “Tres Palavras”, do mexicano Osvaldo Farrés, para, na sequência, emocionar novamente todos com “Drão” que – assim como ocorrera antes, quando o companheiro desnuda-se ao tocar “Odeio” – revela a dor da separação da antiga esposa. Caetano, que a gravou em 1998 (no ao vivo “Prenda Minha”), nem ousou cantar junto. 

Aliás, a deferência e a admiração de Caetano para com Gil ficam visíveis. Não que ele se apequene; não que desconheça seu tamanho e relevância; mas Caê reverencia “aquele preto que ele gosta” e deixa que ele estabeleça o clima do show, o qual se dá de forma leve e elevada. Bonito de se perceber. Em “Expresso 2222”, obra-prima visionária de Gil, é ele quem, além de tanger os complexos acordes da melodia, comanda o forró que se instala. O Araújo Vianna dança. No embalo da animação, vem o afoxé “Toda Menina Baiana”, outro clássico.

Junto com a nova composição já apresentada, a lírica “São João, Xangô Menino” é a única do set-list composta em parceria. Linda, outra que me emociona sempre (e não foi diferente desta feita), principalmente no refrão de versos móveis, um verdadeiro canto de louvor à riqueza do folclore nacional e às forças da natureza: “Viva São João/ Viva o milho verde/ Viva São João/ Viva o brilho verde/ Viva São João/ Das matas de Oxóssi/ Viva São João”. A crença e a espiritualidade voltam em outro sucesso de Gil: “Andar com Fé”. Na mesma atmosfera, eles enfim me desmontam ao tocarem "Filhos de Gandhi". Das melhores e mais significativas canções de todo o vastíssimo cancioneiro de Gil. Um privilégio ouvi-la ali naquela ocasião tão especial, acompanhado de quem estava e, tendo recentemente ido à Bahia e sentido todo esse universo que a canção carrega. E ainda mais com Caetano entoando junto essa verdadeira oração aos orixás (“Omolu, Ogum, Oxum, Oxumaré/ Todo o pessoal/ Manda descer pra ver/ Filhos de Gandhi...”).

O primeiro bis teve uma que já nasceu clássica: “Desde Que o Samba e Samba”, a qual parece ter sido composta por aqueles bambas dos anos 30/40 tipo Wilson Baptista ou Ataulfo Alves. Mas não: é do próprio Caetano e do já mencionado “Tropicália 2”, dos anos 90 – que teve também a eletrizante “Nossa gente” no repertório. “Luz de Tieta”, forte e cantarolável, não foi suficiente para que os deixassem ir embora. Teve ainda um segundo bis com a beatle “Leãozinho”, muito querida da plateia, uma impressionante "Domingo no Parque", em que Gil novamente faz daquele violão uma orquestra completa e, fechando de vez a apresentação, “Tree Little Birds”, de Bob Marley. Um final alegre e sereno.
Caê e Gil, andando com fé pela música.
foto: Júlio Cordeiro

Poucas foram as repercussões pré ou pós na cidade. Parafraseando Caetano, o “silêncio sorridente de Porto Alegre” de quem não quer admitir admiração por outrem. Talvez, em decorrência de um intimidamento provocado pela interferência internacional de Roger Waters ao show de Israel (muitos pensaram alarmados: “Nossa, um estrangeiro importante dando atenção para tupiniquins como eu?!”) ou pela polêmica em torno do valor dos ingressos, “caros demais para artistas que se dizem populares”, como ouvi. Uma proposital confusão entre “popular” e “populista” de quem não se autoentendeu diante da situação de existirem representantes do seu país com merecido destaque tanto lá fora quanto aqui – haja vista que a turnê de “Dois Amigos, Um Século de Música” foi um sucesso na Europa. Detração que vem, certamente, de quem criticou o preço do ingresso de um show como este (que não teve nada de diferente de qualquer outra bilheteria de artista brasileiro, muitas vezes infinitamente menos expressivo) mas paga caro para ver algum dinossauro do rock caquético e descontado que vem tirar uma grana naquela cidade que se submete a isso. Desculpe frustrá-lo, Caetano, mas Porto Alegre não faz jus à sentença de que a “verdadeira Bahia é o Rio Grande do Sul”.

De minha parte, só elogios. Uma ocasião que, até pelo mote, jamais se repetirá, e sabe-se lá se ainda tocarão assim juntos novamente em vida. Óbvio que, como fã, passou-me pela cabeça músicas das preferidas que não foram incluídas, como “Trilhos Urbanos”, “Trem das Cores”, “Cajuína”, “Cores Vivas”, “Palco”, "Lamento Sertanejo", “Aqui e Agora”. Ou mesmo não terem escolhido apenas duas das coautorias: quiçá uma “Divino Maravilhoso”, “Iansã”, “Haiti”, “Panis et Circensis”, “Cinema Novo” ou “Beira-mar”. Mas é evidente que, em 100 anos de carreiras somadas tão profícuas quanto extensas e constantes, fica impraticável condensar tudo em uma hora e meia. Ao menos, foi possível neste tempo sentir a riqueza infindável da arte que emana de Caetano Veloso e de Gilberto Gil. Minutos, na verdade, dentro de toda a amplidão. Minutos que valeram por um século.

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Caetano Veloso e Gilberto Gil - As Camélias do Quilombo do Leblon - Porto Alegre 28/08/2015






sábado, 5 de novembro de 2022

Copa do Mundo Gilberto Gil - Campeã

 



Chegou o grande momento.
Conheceremos a grande canção campeã.
Nossos especialistas se debruçaram sobre o confronto, ouviram e reouviram as duas concorrentes e chegaram às suas conclusões.
Querem saber qual a melhor música de Gilberto Gil?
Vamos lá, então!

(Esse suspense é que me mata.)


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PALCO 
X
REALCE



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Cly Reis

Final muito justa. Duas das canções mais significativas de Gilberto Gil chegam a esse momento máximo da nossa Copa. Dois times que jogam pra cima, duas músicas alto-astral, positivas. "Palco" com sua exaltação ao lugar sagrado do músico, onde ele se sente mais vivo, renovado, e "Realce" uma evocação do nosso poder interior e uma conclamação às belezas da vida.
Dentro do campo, se Palco começa com aquele seu "Papapapabaia, papapa pabaia, papapa papá...", Realce não deixa por menos e manda o seu "Hey-ah mama, hey-ah..."; letra por letra, ambas trazem toda a mestria da poesia de Gil, com seu jogo de palavras inigualável e recado repleto de sabedoria; se Realce tem aquela guitarra marcante, estridente, que já se apresenta logo na abertura, os metais precisos e o refrão muito disco; Palco traz um suingue rico e embalado, também cheio de metais e, por sua vez, uma pegada soul contagiante. O 0x0 persiste mas, o refrão decide o jogo: apesar do ótimo refrão de Realce, do título repetido entre as linhas de metais, o "fora daqui" de Palco é uma das coisas mais fantásticas da música brasileira. 1x0, apertado, no limite, no detalhe, mas o suficiente para despachar Realce. Vitória de Palco.
PALCO 1 x REALCE 0


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Joana Lessa

O jogo já começa quente, com duas músicas na disputa que são o suprassumo de Gilberto Gil. O clássico dos clássicos. 
E como acontece nas finais de campeonato, que vença o melhor:
PALCO 2 x REALCE 3

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Leocádia Costa

Final de campeonato é sempre muito disputado, por isso o placar costuma ser taco a taco. Aqui não poderia ser diferente. Duas grandes finalistas foram pra decisão. Ambas muito identificadas com Gil, o maestro genial de toda essa temporada. Mas depois de muita torcida, desclassificações e reviravoltas, chegamos no essencial. Isso foi bonito! A canção vitoriosa foi Palco que traduz Gil por inteiro: essa voz que resgata com dignidade e crítica a história do povo negro, essa voz que eleva os ouvintes quando canta e nos coloca a repetir palavras e refrões supermelodiosos, essa voz que revela um artista completo, atemporal e genial. Palco é o lugar de Gil, é lá onde ele sempre estará, pra fora dos nossos corações.
PALCO 4 x REALCE 3


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Kaká Reis

Final mais que apertada, com duas das mais emblemáticas músicas do gênio Gil, que ambas trazem a essência musical do artista, ainda que de épocas muito parecidas (final de 70/inicio de 80) individualmente cada uma carrega um Gil diferente. Em comum, a celebração e a energia… Dito isso, adversarias no campo, Palco começa o jogo marcando 1 e na sequência Realce empata.. à medida que se passa os minutos da música, Realce marca mais um, dininuindo a diferença… e nos segundos finais, é um “real teor de belezaaa” Realce emplaca o terceiro, sendo a grande vencedora dessa emocionante disputa!
PALCO 1 x REALCE 3


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Daniel Rodrigues

É chegada a hora da grande decisão! “Realce” e “Palco” entram em campo sob os efusivos aplausos das torcidas. De um lado, a galera de “Realce”, toda colorida e entusiasmada pela Coligay. Do outro, a torcida mais cheirosa do campeonato rufava o louco bum-bum do tambor da arquibancada. O jogo nem parece uma final, pois ambas as equipes são propositivas, afirmativas, sem medo de serem felizes. Tanta igualdade, que 1 x 1 é o placar da primeira etapa. Na volta do intervalo, “Realce”, empurrada pela torcida, que jogou quilos de serpentina no gramado, vai pra cima e marca o segundo. Será que temos uma campeã? Mas, calma, que tem muito jogo – e muita música – pela frente! Consciência é o que não falta para “Palco”, que põe a bola no chão e, no ritmo do “la la ia”, entra na área adversária de pé em pé e empata novamente. Faltam apenas 5 minutos mais os acréscimos para terminar! Será que vamos para os pênaltis? Que nada. Valendo-se do talento de um tal de Lincoln, tipo meio magrão mas muito bom armador, “Palco” tira da cartola aquele que seria o gol definitivo. O gol da vitória. O gol do título. Final: “Palco” 3, “Realce” 2. No palco montado sobre o campo, “Palco” levanta a taça! Sua torcida, em respeito, vibra mas não canta o “Fora daqui!” como fez pras outras adversárias durante o torneio, e a torcida de “Realce” responde com festa em embalo disco, porque a essas alturas tudo é tipo Parada Gay. “Palco” campeã da Copa Gil!
PALCO 3 x REALCE 2


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Rodrigo Dutra

Como não amar “Realce”? A campeã poderia ser qualquer uma de “Refazenda”, qualquer uma de “Tropicália”, poderia ser “Domingo no Parque”, qualquer releitura de João, de Bob, qualquer parceria com Caetano... mas o fato é que “Realce” é a beleza em si. “Palco” é a beleza no todo. A razão por Gil estar em nossas vidas. Onde tudo faz sentido pra criador e criaturas. “Palco” ganha com eficiência. Tem o melhor elenco de palavras e versos. Viva Gil! Viva “Palco”!
PALCO 2 x REALCE 0



E Palco conquista a Copa do Mundo Gilberto Gil!
E agora, o próprio homenageado sobe ao PALCO para receber
a taça.
Pode soltar o grito de É CAMPEÃ!!!



PALCO CAMPEÃ
DA 
COPA DO MUNDO
GILBERTO GIL




E ficamos com o som da campeã:


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Gilberto Gil - "Refavela" (1977)



“Em 77, eu fui a Lagos, na Nigéria, onde reencontrei uma paisagem sub-urbana do tipo dos conjuntos habitacionais surgidos no Brasil a partir dos anos 50, quando Carlos Lacerda fez em Salvador a Vila Kennedy, tirando muitas pessoas das favelas e colocando-as em locais que, em tese, deveriam recuperar uma dignidade de habitação, mas que, por várias razões, acabaram se transformando em novas favelas [...] ‘Refavela’ foi estimulada por este reencontro, de cujas visões nasceu também a própria palavra, embora já houvesse o compromisso conceitual com o ‘re’ para prefixar o título do novo trabalho, de motivação urbana, em contraposição a ‘Refazenda’, o anterior, de inspiração rural.” Gilberto Gil

Não bastasse o movimento cíclico dos acontecimentos da história, que de tempos em tempos retornam à pauta pelo simples fato de não terem sido totalmente resolvidas no passado, parece que outros motivos retrazem espontaneamente questões importantes de serem revisitadas. Caso dos negros no Brasil, cuja história, escrita com a sangue e dor mas também com bravura e beleza, faz-se sempre necessário de ser discutida. Se o 20 de Novembro carrega o tema com pertinência, por outro lado, fatos recentes, como a ascensão neo-fascista na Alemanha e Estados Unidos ou ocorridos racistas como o do “flagra” do jornalista William Waack, mostram o quanto ainda há de se avançar nos aspectos do preconceito racial, desigualdade social e intolerância. Por detrás desses fatos, há, sim, muito a se desvelar justiça.

Dentro deste cenário, entretanto, outro fato, este extremamente positivo, também vem à cena para, ao menos, equilibrar a discussão e trazer-lhe um pouco de luz. Estamos falando dos 40 anos de lançamento de “Refavela”, disco que Gilberto Gil lançara no renovador ano de 1977 e que, agora, em 2017, é revisto e celebrado com uma turnê comemorativa – a qual conta com as participações de Moreno Veloso, Bem Gil, Céu, Maíra Freitas e Nara Gil.

Não à toa “Refavela” mantém-se atual e referencial. O disco tem a força de um manifesto da nova negritude. Elaborado num Brasil ainda sob o Regime Militar de pré-anistia, O disco capta o momento político-social brasileiro, especialmente, dos negros, sobreviventes de uma recente abolição (menos de 90 anos àquele então) e, bravios e corajosos, tentando avançar num país subdesenvolvido e repleto de desafios sociais. Desafios estes, claro, superdimensionados a um negro, cujos índices de estrutura social eram – e ainda são – injustamente inferiores. Em conceito, Gil reelabora as diferentes vertentes de manifestação cultural negras, do axé baiano ao funk, do afoxé ao reggae jamaicano, do samba aos símbolos do candomblé. Assim, atinge não apenas uma diversidade rítmico-sonora invejável quanto, representando o status quo do povo afro-brasileiro (urbano, porém fincado em suas raízes), mas uma diversidade ideológico-étnica, o motivo de ser de toda uma raça a qual ele, Gil, faz parte.

Do encarte do disco: Refavela: revela, fala, vê
A melhor tradução disso é a própria faixa-título, um hino do que se pode chamar de “neo-africanidade”. De tocante clareza, a qual busca bases na filosofia do geógrafo e amigo Milton Santos, a música demarca um novo ponto de partida dos negros, cujas condições sociais, econômicas, habitacionais e culturais enxergam, diante de muita dificuldade, um horizonte. “A refavela/ Revela aquela/ Que desce o morro e vem transar/ O ambiente/ Efervescente/ De uma cidade a cintilar/ A refavela/ Revela o salto/ Que o preto pobre tenta dar/ Quando se arranca/ Do seu barraco/ Prum bloco do BNH”. A “refavela”, assim, não é somente o lugar de morar, mas um novo espaço ideológico até então não ocupado pelos negros e que lhes passa ser devido. Isso, encapsulado por uma sonoridade igualmente contemplativa, como num sereno jogo de capoeira, de notas que se equilibram entre a suavidade da raça negra e a seriedade da situação a se enfrentar.

Enfrentamento. Isso é o que a faixa seguinte traduz muito bem. Referenciando a visão revanchista da situação negra (a qual, posteriormente, muito se verá discurso do rap nacional), “Ilê Ayê” traz as palavras de ordem de inspiração no movimento Black Power entoadas pelo primeiro bloco de carnaval baiano a se debruçar sobre essas ideias de maneira forte e posicionada. A música, que impactara as ruas de Salvador em 1975, vem com uma mensagem rascante: “Branco, se você soubesse o valor que o preto tem/ Tu tomava um banho de piche, branco/ E ficava preto também/ E não te ensino a minha malandragem/ Nem tampouco minha filosofia, porque/ Quem dá luz a cego é bengala branca em Santa Luzia.” Algo diferente estava acontecendo no “mundo negro”.

Gil, que havia retornado do exílio há quatro anos e viajara recentemente à Nigéria, onde viu de perto situações análogas ao presente e o passado do Brasil, começara o projeto “Re” há dois com o rural e introspectivo “Refazenda”. Agora, voltava seu olhar também para dentro de si, mas por outro prisma: o do pertencimento. “O que é ser um negro no Brasil?”, perguntou-se. A interposição entre estes dois polos – roça e cidade, sertanejo e negro, interno e externo – está na mais holística canção do álbum: "Aqui e Agora". Das mais brilhantes composições de todo o cancioneiro gilbertiano, é emocionante do início ao fim, desde a abertura (que repete os acordes de “Ê, Povo, Ê”, de “Refazenda”, mostrando a sintonia entre os dois álbuns) até a melodia suave e elevada, intensificada pelo arranjo de cordas. A letra, tanto quanto, é de pura poesia. O refrão, tal um mantra (“O melhor lugar do mundo é aqui/ E agora”), desconstrói a lógica materialista de que “lugar” é necessariamente relacionado ao físico, uma vez que este também é “tempo”, é imaterial. Gil mesmo comenta sobre o misticismo da letra: "’Aqui e Agora’ é de uma sensorialidade tanto física quanto álmica, quer dizer, fala de como ver, ouvir, tocar as superfícies do que é sólido e do que é etéreo, denso e sutil; de uma visão voltada para dentro, o farol dos olhos iluminando a visão interior.”

“Refavela” é realmente cheio de historicidades. Uma delas é a primeira aparição do reggae na música brasileira. Caetano Veloso já havia estilizado o ritmo em “Transa” com “Nine Out of Ten”, de 1972, quando ainda no exílio londrino. Porém, assim, tão a la Bob Marley, começou, sim, com "No Norte da Saudade". Igual importância tem outro reggae: “Sandra”, escrita quando Gil tivera que cumprir pena em um centro psiquiátrico em Florianópolis após ser preso portando droga numa turnê. Ele relata o rico encontro que tivera com várias mulheres (Maria Aparecida, Maria Sebastiana, Lair, Maria de Lourdes, Andréia, Salete), entre enfermeiras, tietes e pacientes. Em contrapartida, o músico também reflete sobre o quanto aquela loucura, simbolizada no porto-seguro sadio de sua então esposa, Sandra, praticamente não se distinguia da vida tresloucada do lado de fora do hospício.

A África-Brasil também se manifesta através dos ritos. Caso do afoxé moderno "Babá Alapalá", cuja letra celebra as divindades do candomblé: “Alapalá, egum, espírito elevado ao céu/ Machado alado, asas do anjo Aganju/ Alapalá, egum, espírito elevado ao céu/ Machado astral, ancestral do metal/ Do ferro natural/ Do corpo preservado/ Embalsamado em bálsamo sagrado/ Corpo eterno e nobre de um rei nagô/ Xangô.” A música, escrita por Gil originalmente para a cantora e atriz Zezé Mota - sucesso com ela naquele mesmo ano - também integrou a trilha sonora do filme "Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira dos Santos, o qual também trazia como tema a ancestralidade. Detalhe: uma das vozes do coro é a do mestre da soul brasileira Gerson King Combo.

Gil à época de "Refavela"
A presença de King Combo faz total sentido. Aquele 1977, de fato, foi de um “re-nascimento” da cultura negra no Brasil. Se o samba via o gênio Cartola chegar, aos 69 anos, a seu celebrado terceiro disco solo, e uma inspirada Clara Nunes reafirmar a brasilidade de raiz, paralelamente, a soul music e o funk extrapolavam os limites do subúrbio e chegavam ao grande público. Estamos falando da geração “do black jovem, do Black Rio, da nova dança no salão”, como diz um trecho da canção “Refavela”. Sintonizado com isso, Gil olha novamente para dentro de si, neste caso, a influência latente da bossa nova, e redesenha o clássico "Samba do Avião" sob novas cores. As harmonias jobinianas originais ganham, aqui, um suingue funkeado ao melhor estilo do soul brasileiro, na linha do que faziam Banda Black Rio, Carlos Dafé, Tim Maia, King Combo e outros.

Moderna em harmonia e arranjo – que poderia tranquilamente ter sido gravada na atualidade por algum artista “gringo” fã de MPB, como Beck ou Sean Lennon –, “Era Nova” é outra joia de “Refavela”. Nela, o baiano sublinha uma crítica à ideia de o homem ter a necessidade de sempre querer decretar a disfunção de certos tempos e prescrever a vigência de outros, buscando instalar um novo ciclo histórico, seja do ponto de vista religioso ou do político. Os versos iniciais são taxativos – e sábios: “Falam tanto numa nova era/ Quase esquecem do eterno é”...

Visivelmente influenciada pela então recente vivência de Gil na Nigéria, "Balafon" – nome de um tradicional instrumento da África Ocidental –, pinta-se de tons do afrobeat de Fela Kuti e, por outro lado, da poliritmia percussiva que desembarcara na Bahia negra vinda do Continente Africano há séculos. Já o encerramento do disco não poderia ser mais simbólico com “Patuscada de Gandhi”. Trata-se de um afoxé entoado pelo bloco Filhos de Gandhi, ao qual Gil não apenas integra como, mais que isso, foi fundamental para sua manutenção no carnaval baiano quando, dois anos antes, compusera a música “Filhos de Gandhi” como forma de convocar todos os orixás para que o grupo não se extinguisse. Deu certo. Tanto que, três anos depois, renovado o bloco e sua importância antropológico-social para a cultura afro-brasileira, Gil pode, feliz com a meta cumprida, aproveitar e fazer a folia.

Provavelmente estarei presente no show em celebração ao aniversário de “Refavela”, que vem em dezembro a Porto Alegre, e devo voltar a falar sobre este trabalho por conta dos novos arranjos e da ocasião comemorativa em si. Entretanto, intacta já é a importância deste disco para a música brasileira em todos os tempos. Vendo-se tantos artistas da atualidade em dia que, cada um a seu modo, representam a negritude em sua diversidade (Criolo, Chico Science, Teresa Cristina, Emicida, Seu Jorge, Fabiana Cozza, Mano Brown, Paula Lima, MV Bill), é impossível não associá-los a “Refavela”. Todos filhos daquela geração que se emancipava, e que, agora, crescida, segue para enfrentar novos desafios. Para conquistar novos espaços. Em um Brasil que ainda tem muito em se que avançar, isso é o que se extrai de “Refavela” a cada audição: a “re-significação”.

Gilberto Gil comenta e canta "Babá Alapalá"


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FAIXAS:
1. "Refavela" - 3:40
2. "Ilê Ayê" (Paulinho Canafeu) - 3:10
3. "Aqui e Agora" - 4:13
4. "No Norte da Saudade" (Gilberto Gil, Moacyr Albuquerque, Perinho Santana) - 4:19
5. "Babá Alapalá" - 3:35
6. "Sandra" - 3:03
7. "Samba do Avião" (Tom Jobim) - 4:11
8. "Era Nova" - 4:51
9. "Balafon" - 2:39
10. "Patuscada de Gandhi” (Afoxé Filhos de Gandhi) - 4:20
Todas as músicas compostas por Gilberto Gil, exceto indicadas

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OUÇA

por Daniel Rodrigues

sábado, 24 de setembro de 2022

Copa do Mundo Gilberto Gil - classificados da primeira fase


Definidos os classificados!
Nossa turma de especialistas teve bastante dificuldade em muitos jogos. alguns confrontos precoces que poderiam, facilmente, ocorrer em fases mais avançadas. 'Punk da Periferia' vs. 'Esperando na Janela', 'Cérebro Eletrônico' vs. 'Se eu quiser falar com Deus', 'Luar' vs. 'Panis Et Circenses'... Mas fazer o quê? Copas são assim, mesmo. 
E a primeira fase já apresentou algumas "zebras", se é que se pode chamar assim: pérolas como 'Vamos Fugir', Só chamei porque te amo', 'A Novidade', 'Não chore mais' e 'Esperando na janela', já deram adeus à competição. 
Então chega de conversa e confira abaixo os resultados e veja quem partiu para “aquele abraço” na segunda fase.


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resultados de Rodrigo Dutra:




Buda Nagô 2x3 Lugar Comum

Apesar de Buda ser o grande Dorival, Lugar Comum foi feita com Donato que mora no meu coração. Além disso, Gil gravou Buda Nagô com a Nana... e ele namorou a Nana, Bolsominion lunática. Não pode ganhar de jeito nenhum.

As Coisas 1x3 Zumbi, A Felicidade Guerreira
Apesar de As Coisas ter a marca notória do Arnaldo Antunes, a ode a Zumbi com Waly Salomão é mais rica e potente na letra e na batida oitentista.

Quanta 0x1 Queremos Saber
Quanta é lindo. Dueto com Milton então, nem se fala. Mas Queremos Saber ressignificou a geração Cássia Eller mais de 20 anos depois e hoje é um clássico.


Pela Internet 2x2 Procissão (Versão 68) (4x5 nos pênaltis)
Parada dura essa porque sempre foi admirável Gil, Caetano e a geração deles mergulhar nas modernidades transformando em música. Mas esse álbum do Gil é um dos meus preferidos de toda a MPB, tinha que ganhar, nem que seja nos pênaltis.


Lamento de Carnaval 0x3 Parabolicamará
Não conhecia Lamento de Carnaval e achei bem legal a letra e o dueto com Lulu. Mas sou noveleiro e essa é clássica de Renascer. Não tem como.


O Amor Aqui de Casa 0x5 Back in Bahia
A trilha de Eu Tu Eles eu conheço bem pois vendi muito CD na época que trabalhava no Guion CD's. Talvez se Lamento Sertanejo enfrentasse Back in Bahia, poderia dar um empate. Fora isso, é quase imbatível.


Sebastian 3x4 A Paz
Outro disco que vendi bastante esse com o Milton. É a música carro-chefe do disco, homenagem ao Rio e tal, mas na verdade queremos paz pra invadir nossos corações dia 02 de outubro. A paz ganha no fim.


Kaya N'gan daya 1x0 Deixar você
Essa baladinha é muito gostosa, mas Kaya é Bob, Kaya é reggae, Kaya é tudo. Vitória consistente.


Copo Vazio 1x0 Vamos fugir
Essa é meio que uma zebra. Vamos fugir tem lugar na história, no pop reggae, no Skank...mas tocou tanto, tanto, que a fofa Copo Vazio se sobressai, principalmente no recente dueto com Chico.


O som da pessoa 4x0 Não tenho medo da morte
Apesar de dar a real em Não tenho medo da morte, O som da pessoa é inventivo, criativo, brinca com as palavras...não quero pensar em morte pra Gil, por isso a goleada.


La Renaissence Africane 2x1 Aqui e agora
Aqui e agora é outro clássico, mas a linda homenagem à África é poderosa demais.


O Oco do mundo 0x4 Barato Total
Não conhecia O oco do mundo. Poderia surpreender frente ao gigante Barato Total. Mas o que já era difícil ficou impossível na nova versão da série Em Casa com os Gil, onde as mulheres da família Gil fazem uma performance invencível.


Fé na Festa 0x1 Filhos de Gandhi
Não conhecia Fé na Festa e adorei a potência alegre nordestina, não só dessa música, mas de todo o disco. Mas Filhos de Gandhi é a pura Bahia, é a ONU, é a Índia, é a África, é o Candomblé, é o Carnaval.


As Camélias do Quilombo do Leblon 4x5 Nêga
Esse placar apertado demonstra o quanto eu gosto de As Camélias. Feita com Caetano, lembro de adorá-la no momento em que ouvi pela primeira vez na turnê dos 50 anos deles. Mas Nêga é apaixonante, Gil no exílio, numa Londres fascinante.


Pipoca moderna 0x1 Three Little Birds
Eu amo a pipoca da Banda de Pífanos de Caruaru, mas de novo a influência de Bob Marley é definidora. Além do clipe de massinha que é muito fofo e marcou meus vinte e poucos anos.


Luar 1x3 Panis et Circenses
Gil oitentinha tem o seu valor. Gosto muito! Mas Panis é um patrimônio brasileiro. Crítica, inventividade, antropofagia, a caretice que ainda está em voga nas famílias conservadoras. Ganha com excelência.


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resultados de Leocádia Costa:


Serafim 7x0 Abra o olho                           
“Serafim” ganhou de lavada, 7x0, porque apresenta uma canção com a base espiritual de Gil e o seu afoxé inconfundível. Ainda que "Abra o Olho" carregue muito da presença dele em meio aos processos políticos, arregalando a atenção de todos em plena ditadura de 1974, a escolha dessa disputa está feita pela beleza que é escutar o chamado de Gil a todos os Orixás.  

Quilombo, o Eldorado Negro 3 x 0 Retiros Espirituais
A canção tema do filme “Quilombo”, que poderia abrir esse jogo de forma apoteótica, já deu a dica do placar do jogo: 3x0. Essa trilha todinha eu assisti no cinema, junto com meu pai e irmã no ano em que foi lançado (a classificação era livre). Porém, a canção adversaria é um marco na carreira de Gil, sendo uma das primeiras em que ele reflete sobre essa busca espiritual que sempre pontuou a sua vida. Linda! Mas deu “Quilombo”

  
Logunede 0X4 Domingo no Parque 
Mais uma partida em que todas as atenções estavam no time do Parque. Essa canção que para mim está entre aa clássicas de Gil. Representa tanta coisa e se reergue cada vez que é cantada, como uma grande espiral do povo nordestino com sua simplicidade e grandeza ímpares. O jogo mesmo antes de começar já estava ganho! Placar de 4x0 e sorvetinho no final!   


Lente do Amor 3X4 Oriente 
Aqui o placar foi apertado: 4x3. Explico o porquê: é que "Lente do Amor" é uma canção linda, que traz essa forma de falar sobre o sentimento que todos nós queremos. Porém, "Oriente" tem uma força que só percebi quando a escutei ao vivo, num show em Porto Alegre em que o Love e eu fomos no Teatro do Sesi. Essa mesma força, embora com um arranjo diferente, está na versão original e, por isso, apesar da disputa ter sido acirrada, "Oriente" ganhou a partida.  
  

 Flora 3X0 Louvação
Aqui foi bem fácil, porque não se pode separar o compositor de suas musas. “Flora” representa as mulheres que tão bem são homenageadas por Gil em suas canções. Não é uma canção que eu mais gosto, mas “Louvação” não teve chance: 3x0 e explico porque: é que quando escuto “Louvação” me lembro da versão dos Trapalhões que fizeram paródia da canção e daí não tem espaço para essa versão original na minha cabeça.     


Metáfora 0X7 Esotérico
Sabe aquela canção que você fica esperando tocar no seu playlist? “Esotérico” é a canção. Então, ela não pode faltar no campeonato e é uma das clássicas. Adoro! 7x0 sem chance de prorrogação ou definição nos pênaltis.                
                                     
          
Punk da Periferia 4X3 Esperando na Janela
Aqui a partida foi muito difícil. Teve prorrogação e ufa! Deu aquela aflição até o jogo se definir. “Punk da Periferia” é uma canção da minha pré-adolescência, que escutei várias vezes com minha irmã e que fazia a gente dançar. Lembro de Gil no videoclipe passando por partes da cidade que eu nunca havia ido. Fui com ele e comecei a entender mais sobre as pessoas que vivem na periferia. Para mim é um hino de inquietude, um manifesto que explica esse lugar de fala que Gil sempre ocupou. Já "Esperando na Janela" me atira no cinema, me leva a escutar a gaita de Dominguinhos e aquela atmosfera nordestina que tanto me fascina. Mas como já teve jogo ganho com "Só quero um xodó", essa partida quem ganhou foi o Punk. Placar: 4x3.  
    

Banda Um 0X5 Só Quero um Xodó
Partida ganha só na escalação: 5x0 pra “Só Quero um Xodó”, porque quando se apresenta esse ritmo nordestino, os jogadores trocam as chuteiras por um baita arrasta-pé daqueles que atravessam à noite. Me lembra Luiz Gonzaga, a quem escuto desde criança e a quem Gil faz reverência.
 

Extra 2 0x4 Aquele Abraço
Então: sabe aquele time que reúne tudo de bom? "Aquele abraço" tem irreverência, suingue, fala de pessoas, lugares e fatos que são ícones brasileiros. Os primeiros acordes já despontam na sua cabeça quando você sai do Rio de Janeiro ou do país. É uma ode à nossa cultura. Me faz chorar sempre, apesar de ser uma canção alegre. 4x0. (“Extra 2” nunca me arrebatou. Sempre me dá uma sensação estranha ao escutar).


Feliz por um Triz 3x7 Toda Menina Baiana
Uma vez percebi que Gil era um mestre em esticar as vogais levando a gente a repetir, “aaaaa que Deus deu/ oooo, que Deus dá!”, e por aí vai. Quem já esteve na Bahia sabe que a música é muito real quando reverencia a essa terra que concentra um axé único. 7x3 foi o placar. É que a outra canção, bem anos 80, podia ter sido cantada por Cazuza ou Ney Matogrosso e me agrada um pouco, mas não é uma das mais escutadas por mim.


Roque Santeiro, o Rock 1X5 Tradição
Foi uma partida difícil, mas ao mesmo tempo fácil. Já conhecia a primeira canção, mas “Tradição” ecoou em mim desde o “Tropicália 2” em que Gil e Caetano a cantam. É uma canção linda e cheia de imagens, você enxerga as cenas ali descritas, como um cinema musical. Lavada: 5x1 pra “Tradição”.


Oração pela Libertação da África do Sul 4(0)X4(1) Refavela
O jogo começou tenso porque ambas as canções são geniais. Cada uma me toca profundamente e tem uma ligação entre si. Em “Oração...” vemos toda a narrativa de um povo e sua luta por liberdade. Em “Refavela” vemos os passos dados, na direção do povo preto brasileiro ocupando novos espaços com a autoestima renovada. “Refavela” é um marco na trajetória de Gil, rendeu turnê recentemente, é um discos prediletos da Sr. Gilberto e não pode voltar neste campeonato. Jogo terminado empatado 4x4, com muito choro e vela, decidido por 5x4 na prorrogação pra “Refavela”.     
   

Só Chamei Porque te Amo 3x4 Amarra o teu Arado a uma Estrela
Cresci escutando Stevie Wonder e o reencontrei quando conheci a coleção de discos do Love. Gil encontrou Stevie e são amigos e parceiros musicais. Ambos são muito harmônicos e, juntos, uma potência. Essa canção vertida para o português por Gil é romântica e tocou muito nas rádios. Mas eu gosto dela em inglês e cantada por Stevie. Já "Amarra teu Arado a uma Estrela" é tão mágica e poesia pura e altamente necessária! 4x3 em jogo pegado, quase um Gre-Nal daqueles bem quentes.


Um Trem para as Estrelas 3x4 Drão
“Um Trem para as Estrelas” foi vencida pelo intérprete. Escuto Cazuza cantando. Apesar da versão original ser a de Gil, ela cabe na rouquidão, no tédio e displicência que Cazuza a interpreta. Tem Noel Rosa nessa canção! Tem um país que vive nessa corda bomba, buscando soluções para viver melhor. Porém, “Drão” é precedida por João Donato, por amigos que saem para caminhar numa madrugada e voltam para casa com essa declaração de amor finalizada. É lindo, é triste, é humano e acima de tudo faz a gente sentir aquela dor e aquele amor indo embora e se transformando. Placar: 4x3 com o gol ao final dos 45 min do segundo tempo pra “Drão”. 


O Eterno Deus Mu Dança! 3X2 Não Chore Mais
Bem, eu amo o Ed Motta! Do seu jeito aparentemente mal-humorado, ele abre a boca e invade os nossos tímpanos. Chama atenção para a melodia! É um grande intérprete e aqui participa da versão original ainda bem jovem. Já “Woman no Cry” é um hino a tudo que vai melhorar e a tudo o que precisamos deixar pra lá para seguir em frente. Com variados dribles, e até gol de bike, chegamos ao placar final de 3x2 para o ritmo, os corais e a mensagem do “O Eterno Deus Mu Dança!” 
      

De Bob Dylan a Bob Marley, um Samba-Provocação 0x4 Lamento Sertanejo      
Quem me conhece já sabe qual foi o resultado da partida: “Lamento Sertanejo” é uma das minhas canções prediletas de Gil, me liga com outras passagens literárias, com outros filmes, com o povo brasileiro. Me emociona demais! 4x0 sem espaço pra resenha. Passou a régua e fez 4 dancinhas pras câmeras de TV!     


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resultados de Cly Reis:


Preciso aprender a só ser 1 X 2 Chuck Berry Fields Forever
Preciso é linda mas o rockão Chuck Berry mata a pau. Vitória apertada.


João Sabino 4 X 0 Bananeira
Clássico da Banana! Vitória fácilde João Sabino porque,
pra mim, Bananeira é mais João Donato do que Gil.
E a versão do Gil Ao Vivo 1974 é fantástica.


Menina Goiaba 1 X 3 Cinema Novo
Olha..., Cinema Novo só ganha porque é espetacular porque, para meu critério, 
as canções gravadas em parceria levam desvantagem. Mas aqui, não tem como não ganhar.


Pai e Mãe 3 X 1 Emoriô
Emoriô é outro caso de música que é mais do Donato do que do Gil.
Não teria como ganhar, ainda mais da belíssima Pai e Mãe. Lindíssima.


Ê, povo, ê 2 X 1 Rebento
Clássico Re-Re (Relace vs. Refazenda)
Esse é um daqueles confrontos espetaculares, já na primeira fase.
Jogo dificílimo!
Ê, povo, Ê ganha nos acréscimos. Jogo ganho no detalhe.


Meditação 2 X 5 Andar com fé
Meditação, linda, de arranjo incrível, deu o azar de pegar uma das mais fortes concorrentes logo na primeira rodada.
Não teve jeito.


O Rouxinol 1 X 2 Extra
Outro jogo, daqueles "absurdos"!!!
A composição rebuscada e complexa de Rouxinol contra o balanço do reggae-pop
precioso de Extra.
Sou obrigado a me render ao embalo de Extra. 


Jurubeba 0 X 2 Nos barracos da cidade
Jurubeba é ótima, mas sai em desvantagem por ser gravação em parceria.
Mas Nos Barracos é demais e, por si só, mesmo sem esse detalhe teria potencial para ganhar naturalmente.


A bruxa de mentira 0 X 4 Ilê Ayê
A Bruxa é gostosa, é simpatica, é um doce, mas contra Ilê Ayê não dá nem pra saída.
Vitória fácil.


Sarará Miolo 2 X 3 Batmacumba
Batmacumba quase tropeça no quesito parcerias,
mas essa, mesmo estando em um álbum coletivo, é muito Gil.
É muito fantástica para não levar essa.

É 0 X 1 São João Xangô Menino
Jogo esquisito... Uma "descartada" de um álbum (É), e outra que só tem registros ao vivo.
Passa São João Xangô Menino. Por pouco.


O seu amor 1 X 3 Marginália 2
O Seu Amor é linda mas Marginália II passa pela pertinência e atualidade.


No norte da saudade 3 X 1 Ladeira da preguiça
Ladeira é mais gostosa. Simples assim.


Babá Alapalá 1 X 6 Super-Homem (a canção)
Que azar  Baba teve em pegar Super-Homem!!! Aliás, seria azar para qualquer uma.
Não dá, né?


Sandra 0 X 5 Refazenda
Refazenda é das fortes candidatas, hein!


Refestança 1 X 3 Ela
Refestança é um rock gostoso, muito legal, mas, além de álbum conjunto,
foi pegar logo Ela pelo caminho...
Ela é daquelas aberturas lindas de um álbum. Não teria como perder esse confronto.



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resultados de Daniel Rodrigues:


Beira-Mar 1 X 3 Cores Vivas
Jogão, mas com um dos times daqueles que veio disposto a ganhar campeonato. Beira-Mar marca de saída na poética Caetano/Gil, mas a adversária, gozando o bom-viver, tasca-lhe um, dois, três gols um em seguida do outro. 3 x 1, placar final.


Ensaio Geral 0 X 2 Palco
Outro confronto com um time claramente superior, embora o respeitoso adversário seja um dos primeiros clássicos de Gil - gravado por Elis, te mete! Mas não tem contra Palco, entra em campo com a alma cheirando a talco. Palco faz 2 x 0 fácil e diz pra Ensaio: "Fora daqui!"
 

Roda 1 X 2 Tenho Sede
Jogo mais parelho. Empolgante, Roda larga marcando, mas no segundo tempo Tenho Sede empata. Quando parecia que ia acabar assim, no intervalo Tenho Sede volta mais hidratada e, num pênalti, não desperdiça. 2 x 1.
 

Viramundo 3 X 4 Cálice
Grande jogo! Com variações, jogadas e oportunidades de ambos os lados. A experiência de Viramundo contra a rebeldia de Cálice. A igualdade se reflete no placar: impressionantes 3 a 3 até a segunda etapa! Mas Cálice tem um diferencial no plantel: um atacante chamado Chico, contratado do Politeama, que tem o chamado “sentimento diagonal do homem-gol”. É ele quem marca o quarto naquele que foi dos melhores confrontos da primeira fase. 4 x 3 pra Cálice.
 

Frevo Rasgado 0 X 1 Raça Humana
 Mesmo com o ritmo contagiante do frevo, o futebol nordestino alegre, a dona da casa, mesmo com estádio lotado, não conseguiu segurar o jogo cadenciado deste reggae filosófico de respeito. 1 x 0 Raça Humana.


Miserere Nobis 1 X 2 Expresso 2222
Dois clássicos, um tropicalista típico; o outro, um forró cosmopolita. Mas com um adversário consistente como Expresso 2222, não tem vez. Placar apertado, mas com um vencedor de respeito: Expresso tira um dos 2 do seu título pra vencer pela diferença de um gol: 2 x 1.
 

Cérebro Eletrônico 2 X 3 Se eu quiser falar com Deus
 Mais um jogo difícil. O estilo elétrico de Cérebro encontra o ritmo leve de Se Eu Quiser..., que nem por isso deixa de ser contundente quando ataca. Aliás, é a balada que sai na frente. Não dá muito tempo, mete outro! E outro! Que isso, goleada? Cérebro esboça uma reação, descontando e depois chegando ao segundo. Mas, no fim, cérebro eletrônico nenhum lhe dá socorro no seu caminho inevitável para a morte, e o placar final fica 3 x 2 pra Se Eu Quiser Falar com Deus.


Volkswagen Blues 1 X 2 Maracatu Atômico
Duas tropicalistas de pegadas diferentes: o rock blues de Volks e o maracatu atômico de... a própria. Mesmo não aproveitando todas as qualidades do esquema tático de Mautner/Jacobina (Chico Science provaria isso anos mais tarde), é ela que, num placar clássico, avança de fase: 2 x 1 pra Maracatu.
 

Vitrines 2 X 1 Eu vim da Bahia
A graciosidade bossa-novística de Eu Vim... bem que tenta marcando primeiro. Mas falta fôlego pra segurar a vanguarda tropicalistística de Vitrines, que iguala e mais pro fim faz o da vitória. 2 x 1 Vitrines.
 

Mamma 0 X 3 Haiti
Mamma é bonita, feita na fase londrina para a mãe de Gil, mas segurar Haiti, convenhamos, não dá, né? Só não foi lavada, porque respeita a própria mãe. 3 x 0 com direito a comemoração com gestual de rapper e dancinha de axé-music. Haiti não veio pra brincadeira e deixa o recado pros próximos adversários: “Pensem no Haiti!”
 

O Sonho Acabou 0 X 2 Realce
Partida agradável de se ver, com jogo alegre das duas partes. A serelepe O Sonho Acabou, com um estilo meio inglês de jogar, acerta na trave e assusta, mas quem abre o placar mesmo é Realce, que faz um gol de tabelinha como quem dança numa pista. Fora isso, a música tem torcida organizada tipo Coligay na arquibancada. Com parafina e purpurina, Realce vai lá e mete outro. Alegria nos pés. 2 x 0 é o placar final.


Madalena 0 X 2 Sítio do Pica-Pau Amarelo
Madalena fez sucesso e é antiga no repertório de Gil, visto que aparece lá no pré-exílio Barra 69 para só depois, em 1991, ser gravada em Parabolicamará. Mas nem toda essa campanha faz de música combatível a uma das mais graciosas e queridas do repertório do baiano, que é Sítio do Pica-Pau Amarelo. Placar clássico: 2 x 0 para Sítio.
 

Meio de Campo 1 X 0 Estrela
Pintou zebra na Copa Gil! Estrela tocou nas rádios, é das baladas que os fãs adoram, toca em shows mas, por aqueles acasos da vida, pegou pela frente a “braba” Meio de Campo. E aí, meu filho, se meter com música feita pra voz de Elis Regina é outra história. Numa partida bem disputada, o jogo foi resolvido, sem trocadilhos, no meio de campo. Mais bem esquematizada no seu samba-jazz, Meio de Campo faz o golzinho numa bola alçada pra área e era isso. Vitória magra por 1 x 0. 


Essa é pra tocar no rádio 3 X 1 A Novidade
A Novidade é daqueles grandes sucessos de Gil, parceria com Herbert Vianna, letra poderosa. O que ela faz? Tira vantagem e logo de cara marca o seu e assim fica até o fim do primeiro tempo. Acontece que no segundo ela não esperava que seu adversário fizesse modificações no elenco que mudariam completamente o panorama da partida. Ao invés da versão de Refazenda, Essa é Pra Tocar no Rádio, num estilo jazzístico ligeiro, volta com a formação de Gil & Jorge, mais sambada e cadenciada. Aí, o jogo foi outro. 1, 2, 3 e só não teve quarto porque faltou tempo. De virada, Essa é Pra Tocar no Rádio faz 3 x 1 em A Novidade.

 
O Compositor me disse 1 X 3 Tempo Rei
Lembra quando a gente falou que música feita pra Elis saía naturalmente em vantagem? Pois é: nem sempre. Aqui, não valeu de nada ter sido composta pra voz da Pimentinha, porque a música pegou pela frente a clássica Tempo Rei.  O jogo foi transcorrendo, transformando, e Tempo Rei achando os espaços e navegando por todos os sentidos do campo. Até que, água mole em pedra dura, tanto bateu que foi lá e abriu o placar. Depois foi fácil até o fim. 3 x 1. 


Iansã 1 X 2 Geleia Geral
Dois timaços, hein? Iansã, rainha dos raios, mandou uma chuvarada no céu partido ao meio no meio da tarde. Como pra ela tempo bom é tempo ruim, aproveita e larga na frente. Só que iansã tem na frente um adversário qualificadíssimo. Diria até munido de muitos recursos. Com brasilidade no pé, Geleia Geral dribla as dificuldades e empata. O jogo vai pra prorrogação, e somente nos últimos minutos Geleia Geral faz o da vitória apertada, mas que lhe dá a classificação. 2 x 1. 


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CLASSIFICADAS PARA A SEGUNDA FASE:
Lugar Comum
Quilombo, o Eldorado Negro
Queremos Saber
Procissão
Parabolicamará
Back in Bahia
A Paz
Kaya N'gan daya
La Renaissence Africane
Copo Vazio
O Som da Pessoa
Barato Total
Filhos de Gandhi
Nêga
Three Little Birds
Panis et Circenses
Serafim
Domingo no Parque 
Oriente
Flora
Esotérico
Punk da Periferia
Aquele Abraço
Toda Menina Baiana
Tradição
Rafavela
Amarra o teu arado a uma estrela
Drão
Lamento Sertanejo
O Eterno deus Mu Dança!
Zumbi
Chuck Berry Fields Forever
João Sabino
Cinema Novo
Pai e Mãe
Ê, povo, ê
Andar com fé
Nos Barracos da Cidade
Ilê Ayê
Extra
Batmacumba
São João Xangô Menino
Marginália 2
No norte da saudade
Super-Homem
Refazenda
Ela
Geleia Geral
Tempo Rei
Essa é pra tocar no rádio
Meio de Campo
Sítio do Pica-Pau Amarelo
Realce
Haiti
Vitrines
Maracatu Atômico
Se eu quiser falar com Deus
Expresso 2222
Raça Humana
Cálice
Palco
Cores Vivas
Tenho Sede
Só quero um xodó



Em seguida, sortearemos e informaremos os confrontos da segunda fase.
Fique ligado!  😉

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Copa do Mundo Gilberto Gil - classificados para a final




Quatro grandes músicas!
Apenas duas delas chegarão final e somente uma delas será consagrada a Melhor Música de Gilberto Gil.

A contundente Haiti, música do disco de parceria com Caetano Veloso, comemorativo dos 25 anos da Tropicália, teve pela frente a emblemática Palco, uma das canções mais marcantes e adoradas da carreira de Gil. Na outra ponta, a poderosa canção Super-Homem, letra sensível e inspirada, encara a radiante, festiva, positiva, Realce.
E agora, gente? 
Nossos seis comentaristas-jurados-técnicos-especialistas-gilbertogilólogos, encararam a dificílima tarefa de escolher as 2 classificadas para a final, as que, agora, apresentamos para vocês. 
Será que são as mesmos que você classificaria?

Dá uma olhada:


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HAITI 

PALCO



resultado de Leocádia Costa

Jogo bem difícil, meus amigos! "Haiti" entra em jogo com muita força, porque tem em si, letra e música, muito importantes e faz parte das canções de Gil que tocam no fundo da alma da gente. Ancestralidade pulsando. Porém, "Palco" é uma canção que se pudesse ser vestida, com certeza, seria Gil totalmente dos pés à cabeça. Vibrante, crítica, cheia de poesia, espiritualidade faz parte do meu repertório desde 1981. Não consigo pensar "Palco" na voz de outra pessoa e palco é o lugar onde Gil arrasa! Placar final, de goleada, 4X1 para Palco.
HAITI 1 x 4 PALCO

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resultado de Cly Reis

Mal começa o jogo e Haiti já sai tomando um gol pelo fato de, para meus critérios, não ser uma música da obra exclusiva de Gil. Baita música, coisa e tal mas é GIL E CAETANO. Quando tiver a Copa Gil e Caetano, ela pode ganhar, mas na Copa Gilberto Gil, ela está fora. 1x0 para Palco que, além disso tem muitos méritos e é uma das melhores músicas da discografia do baiano imortal. 
HAITI 0 x 1 PALCO

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resultado de Kaká Reis

Bem, minha batalha certamente é das mais decisivas. Haiti sempre favorita ao título enfrenta o sucesso absoluto Palco.
Nos 15 primeiros minutos ja estamos em 1x1, os versos e a crítica social de Haiti aumentam a vantagem, e logo em seguida, Palco marca mais um por ser quase um hino às mazelas de todos os tempos “o inferno, fora daqui!!!!”.
Nos minutos finais, prorrogação, Haiti marca seu desempate, por carregar consigo tanta genialidade, batuques do nosso povo e por ser uma das músicas mais importantes historicamente para a minha pessoa.
É, Palco… vc é e foi fundamental nessa discografia, mas hoje, quem vai pra final é
HAITI 3 x 2 PALCO


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SUPER-HOMEM (A CANÇÃO) 
REALCE



resultado de Joana Lessa

Uma semifinal com cheiro de final: Super Homem e Realce entram em campo como grandes campeões. 
Mas a tradição se impõe e o espírito que cristaliza o estilo de jogo do Gil, faz Realce ganhar por 1x0.
SUPER-HOMEM 0 x 1 REALCE 

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resultado de Rodrigo Dutra
 
Foi muito difícil. A lindeza da melodia e a inspiração fílmica resultando na fragilidade e no lado feminino do homem, na harmonia entre casais. Mas não foi o suficiente pra derrotar a própria ode à beleza que é o disco/funk Realce. Dessa vez o Super Homem não vai mudar o curso da História. Está eliminado.
SUPER-HOMEM 0 x 1 REALCE


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resultado de Daniel Rodrigues

Daqueles clássicos de times do mesmo disco. E numa semifinal! Me segura! De um lado, “Super-Homem- A Canção”, de uniforme azul e vermelho e escudo com o “S” em fundo amarelo. Um babado! Do outro, “Realce” com sua camiseta multitons nas cores do arco-íris combinando a mesma estampa na camiseta, no short e nas meias (e mais umas purpurinas pelos por cima, porque quem vai pro jogo tem que ir montada, né, bicha?). Pode-se dizer que é o clássico que saiu do armário para o campo. Nessa igualdade de canções tão sensíveis quanto fortes, “Super-Homem” pede ajuda da porção mulher, resguardada até certa altura da partida pelo técnico, o que foi um erro estratégico tremendo diante da adversária. Atrevida, sem dever nada e sem medo de cara feia, “Realce” entra dançando na área estilo Dancin’ Days e marca aquele que foi o gol da vitória. Vitória de quem, de forma empodeirada, mudou o curso da história sem precisar de superpoderes. “Realce” lacrou!
SUPER-HOMEM 0 x 1 REALCE


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FINALISTAS
REALCE
PALCO



Nossos julgadores irão analisar o confronto, cada um dos times, seus méritos, virtudes, possibilidades, pontos fracos e fortes e decidirão quem leva o caneco. 
Fique ligado que, no sábado, dia 05 de novembro, sai o campeão.




segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Copa do Mundo Gilberto Gil - classificados da terceira fase





Quem disse que seria fácil?
É, quando se trata de música do Gil, contra música do Gil, muitas vezes fica quase impossível decidir qual a melhor.
Mas essa é nossa tarefa aqui e a fase de dezesseis avos-de-final foi torturante para fás como nós.
Ter que eliminar Domingo no Parque, Raça Humana, Tempo Rei, Drão... Pois é, caros clybloguianos, essas são algumas das grandes que ficaram pelo caminho nesta fase.
"Mas como???", pode questionar alguém, indignado.
Calma, calma e veja abaixo a justificativa dos nossos treinadores.
(O que não significa que você vá concordar com ela)


Seguem, abaixo, todos os jogos e os classificados para as oitavas-de-finais:

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resultados de Joana Lessa

PANIS ET CIRCENCES 1 x 0 AMARRA O TEU ARADO A UMA ESTRELA
Pela importância histórica, Panis et Circense leva de Amarra O Teu Arado A Uma Estrela num resultado simples, 1x0

FILHOS DE GANDHI 5 x 3 DOMINGO NO PARQUE
Jogo que deveria ser empate por conta da qualidade das equipes, Filhos de Gandhi leva o clássico contra Domingo no Parque por 5x3

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resultados de Kaká Reis

REALCE 2 x 1 ILÊ AYÊ
Começando a disputa com uma das mais icônicas músicas de Gil, Realce x um hino da Senzala do Barro Preto, o bloco que leva o nome da música: Ilê Ayie (Ayê). Disputa acirradíssima não fosse o fato da composição de Ilê Ayê ser de Paulinho Camafeu, fazendo com que Realce ganhe esse jogo por 2x1.
Fim de jogo e Realce permanece!

THREE LITTLE BIRDS 0 x 2 ZUMBI, A FELICIDADE GUERREIRA
Mais uma vez, a composição do gênio vai vencer essa disputa! Bob Marley x Gilberto Gil e Wally Salomão… é 0x2 pra Zumbi! que segue na disputa!

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resultados de Daniel Rodrigues

TEMPO REI 0 X 1 SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO
Para terem chegado a esta fase, é claro que se trata de dois clássicos do repertório de Gil. Confronto muito parelho este. De um lado, “Tempo Rei”, com sua maturidade e pensamento claro com a pegada elevada do seu autor; do outro, a poética do universo lobatiano que tanto marcou gerações na TV. Difícil, mas quem tira do zero o certame é “Sítio...”. Cheia de encantos, ela fez uma jogada tão mágica que surpreendeu seu adversário, que, quando viu, a bola já estava dentro do gol. “Pode isso, Arnaldo?” A jogada foi pro VAR e o juiz de vídeo não detectou nada, então ficou valendo a decisão de campo mesmo. Final: “Sítio do Pica-pau Amarelo” 1 x 0 sobre “Tempo Rei”

MARACATU ATÔMICO 1 X 2 HAITI
Outro jogo pegado. No ritmo nordestino, “Maracatu...”, do alto de seu prestígio de clássico, mal começa o jogo e já marca o seu. Enquanto isso, “Haiti” mantém seu estilo lento mas contundente, que mantém o mesmo ritmo em praticamente todo o andamento, mas sempre sendo perigoso, ousado. Até que, de tanto envolver o adversário com seus versos misto de rap e repente, “Haiti” empata. Lembram do bordão da torcida organizada de “Haiti”, né? “O Haiti é aqui!” Pois embalado pelas arquibancadas e sem medo do enfrentamento, a parceira Gil/Caetano põe de novo na rede para se consagrar vencedora. Vitória apertada de 2 x 1,

ORIENTE 0 X 1 BACK IN BAHIA
O clássico “Oriente-Ocidente” é um verdadeiro jogo de extremos. As músicas coirmãs formam, grosso modo, começo e fim de “Expresso 2222”. “Back...” com um brit-rock empolgante, daqueles que partem pra cima já de cara sem deixar o adversário respirar. Já “Oriente”, voz e violão, é dona de um futebol mais cadenciado, mas cheio de surpresas em seu arranjo/esquema intrincadíssimo, quase intransponível. Mas pra “Back...” não tem time invencível. Depois de uma bola dividida pra lá e pra cá, e é ela que, num rebote, quase ao final da partida, quando já se imaginava que a igualdade no placar iria se manter, que põe pra dentro. Na comemoração, o goleador ainda tira uma onda com a adversária: “Se oriente, rapaz!”


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resultados de Leocádia Costa

VITRINES 1x 4 CÁLICE
Essa versão violão e voz de Gil para a composição feita com Chico é linda! Escutei essa canção desde sempre, daquelas que emocionava por toda a sua crítica e representatividade. A versão ao vivo, na USP, no ano que eu nasci, onde a galera pede bis e Gil pede a letra ganhou de goleada do adversário, que entrou bem no clima mais rock e distorção, mas perdeu no quesito, pra história!

REFAZENDA 3 x 2 DRÃO
A vitoriosa tem tudo aquilo que Gil domina: letra, música, violão, ritmo, fala e os “ááááááás”! O arranjo harmonizado com cordas amplia ainda mais a canção na versão original. “Refazenda” é um alerta importante de renovação constante. Amo! Porém, “Drão” é uma música que traz o coração, a amizade e a forma poética de Gil e Donato. Difícil, mas ao final “Refazenda” leva!

AQUELE ABRAÇO 3 x 2 BARATO TOTAL
A Copa é do Gil, né? Essa canção, “Aquele Abraço”, é ele, sempre! É que nem um time entrar em campo sem a sua lenda, sabe? Faz falta! E a versão de “Barato Total” é eterna na voz de Gal. Por isso o jogo foi se complicando e chegou na vitória para o hino “Aquele Abraço”, que fazia o Chacrinha balançar a pança, nas tardes de sábado e embalou a minha caminhada inicial musical da primeira infância até os dias de hoje.


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resultados de Rodrigo Dutra

PALCO 2x1 SÃO JOÃO XANGÔ MENINO
Xangô Menino entrou em campo querendo festa e puxava o coro “Viva São João, Viva Refazenda”, mas distraído pela pouca idade, foi vencido no “Palco” pelo ritmo dançante do hit oitentista. Foi eliminado cantando e comendo milho verde.

ESOTÉRICO 1x0 MARGINÁLIA II
“Marginália II”, Aqui é o fim da Copa do Mundo, óóóó. O reggae de “Esotérico” (e outras versões, como a linda acústica da turnê dos 50 anos) são lindas demais, mas o placar foi apertado.

SUPER-HOMEM (A CANÇÃO) 0x0 TODAMENINA BAIANA (4x1 nos pênaltis)
Caetano viu o filme dos anos 70 e saiu entusiasmado contando pro Gil, que fez essa ode às mulheres, uma vibe homem feminino, linda linda, como toda menina baiana. Jogo parelho no tempo normal, mas nem toda menina baiana sabe cobrar pênaltis (inventei desculpa porque com dor no coração elimino essa lindeza de música).


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resultados de Cly Reis

O SOM DA PESSOA 2 x 1 FLORA
Jogo dificílimo! Grandes músicas, cada uma com seus méritos diferentes. Passa 'O Som da Pessoa' pela concisão, pela poesia concreta. Mas foi ali, ali...

ANDAR COM FÉ  6 x 0 KAYA N'GAN DAYA
'Kaya N'Gan Daya' já entra em campo perdendo. Mesmo com os méritos pela releitura, 'Kaya' é do Marley. Sem chance. 

RAÇA HUMANA 0 x 1 EXPRESSO 2222
Putaparil!!! Esse confronto é pegado!!! Toda a poesia filosófica de 'Raça Humana', contra toda a riqueza e vitalidade de Expresso 2222. 'Raça...' tem o lindíssimo verso do refrão que é quase um provérbio, mas 'Expresso...", por tudo, sua força, energia, ritmo, além de ser da época de Londres, do exílio, leva pequena vantagem e se classifica. No sufoco. Gol aos 49 do segundo tempo.

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CLASSIFICADAS PARA AS OITAVAS-DE-FINAL
PANIS ET CIRCENCES
FILHOS DE GANDHI
REALCE
ZUMBI, A FELICIDADE GUERREIRA
SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO
HAITI
BACK IN BAHIA
EXPRESSO 2222
ANDAR COM FÉ
O SOM DA PESSOA
ESOTÉRICO
SUPER-HOMEM (A CANÇÃO)
AQUELE ABRAÇO
PALCO
REFAZENDA
CÁLICE




Assim que realizarmos o novo sorteio e tivermos definidos os confrontos, 
eles estarão aqui no ClyBlog.
Fique ligado!