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domingo, 28 de agosto de 2022

ÁLBUNS FUNDAMENTAIS Especial 14 anos do Clyblog - The Beatles - "The Beatles" ou "White Album" (1968)

 



"Todo clichê tem uma razão e o motivo pelo qual este disco é citado em 11 de 10 listas é pelo simples fato de ser genial.
Ele tem lugar quase sagrado no meu coração, inclusive fico períodos longos sem escutá-lo para sempre ter a mesma reação a cada música, um arrepio que começa na base da coluna e vai até o topo da cabeça.
Essa sensação não muda desde o meu primeiro contato com ele, aos 13 anos."
Titi Müller, 
atriz, apresentadora e ex-VJ da MTV




Branco.
O branco pode ser o nada, o vazio. Uma folha de papel sem desenho, sem palavras, sem ideias, um lapso de pensamento, uma breve falha de memória, um cegueira por excesso de luz ou mesmo a ausência total de cor. Por outro lado, é a soma de todas as cores. Todo o espectro, girando tão rapidamente, que o olho humano sequer é capaz de distinguir todas as variações cromáticas para apenas enxergar... o branco.
Branco...
Uma capa totalmente branca apenas com um nome gravado em relevo.
A aparente simplicidade por trás de uma capa totalmente branca guarda, na verdade, a complexidade de uma das obras mais sofisticadas da história da humanidade. Talvez seja exatamente essa impressão errônea do nada que, no fundo, contém tudo. Uma obra tão cheia de variedades, elementos, possibilidades, cores, que os olhos da percepção humana mal sejam capazes de assimilar tudo, de ordenar todas as informações. "The Beatles", de 1968, mais conhecido como "White Album" traz tantos elementos que muitas vezes é impossível classificar se aquele quarteto genial fizera um rock, um jazz, um blues, um foxtrote, uma suíte clássica, um folk, ou tudo isso junto numa mesma peça musical.
"White Album" tem trinta faixas e seria cansativo falar de todas, desta forma destaco aqui aquelas que na minha opinião não podem deixar de ser mencionadas, pelas razões e méritos mais diversos, embora fãs mais fervorosos e conhecedores mais eruditos possam contestar minha seleção. "Back in the U.S.S.R." que abre o disco é um rock no estilo do velho yeah, yeah, yeah mas que, claramente, com toda a bagagem adquirida de uma banda mais madura, segura e ousada, está alguns passos à frente da sonoridade da banda lá dos primórdios; "While My Guitar Gently Weaps" é uma das mais belas canções do grupo e um dos melhores trabalhos coletivos do quarteto, com o acréscimo, ainda, de Eric Clapton que dá a canja do lindíssimo solo de guitarra, um dos mais marcantes da história do rock; "Blackbird" é solar, iluminada, à primeira vista uma canção aparentemente simples, mas que apreciada com a devida atenção, revela-se um peça musical da mais alta sofisticação; o blues choroso de "Revolution 1" que eu costumava ouvir numa vinheta da Rádio Ipanema em Porto Alegre e sempre tinha a curiosidade de saber o que era aquilo; e  "Dear Prudence", linda, doce, suave, que conheci com a Siouxsie e seus Banshees e, devo admitir, nesse caso, que divido a preferência com a original. A propósito, outra que conheci com a Rainhas das Trevas do gótico, mas que, aí sim, prefiro disparado a original, é "Helter Skleter", por sinal, um das minhas preferidas do álbum e da banda, exatamente por toda a sujeira, barulheira, fúria, características pouco comuns na obra dos Beatles.
Os quatro, no estúdio, durante as
gravações do álbum, em 1968

Mas tem o rock empolgante de "Glass Onion", com todas as autorreferências; tem as "mutações" constantes de Rocky Racoon"; tem os vocais intensos de John em "I'm So Tired"; tem também o blues envenenado "Yer Blues"; a energia e o psicodelismo de "Everybody's Got Something to Hide..."; a belíssima melodia vocal de "Sexy Sadie"; a loucura psicodélica de "Revolution 9"... Ah, tudo!!!
Se "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" havia, praticamente criado o conceito de álbum, o "Álbum Branco", mesmo em meio a um ambiente convulsionado de uma banda em processo de fragmentação interna, levava a ideia a um nível superior. O que, pensando bem, de certa forma, possa ter colaborado para um álbum tão genial, diversificado e com um conjunto tão contraditoriamente "harmonioso". Cada membro, tão independente e autossuficiente, estava, naquele momento, maduro, seguro e plenamente apto a produzir algo tão grandioso individualmente, que o material, colocado dentro da obra do grupo, praticamente complementava o dos demais criando um produto final incrível e inigualável.
Branco também pode simbolizar pureza e tal como fazem as crianças, de maneira belíssima, a pureza permite a alguém ser o que quer ser, falar o que quer falar sem se preocupar com nada. Simplesmente ser verdadeiro.
Segundo o artista, criador da arte, Richard Hamilton, a ausência total de qualquer cor era proposta em contraste ao excesso de informação da capa do disco anterior,  "Sgt. Pepper's...". Sim, entendo... Mas, aprofundando um pouco o pensamento a esse respeito, talvez o branco do álbum signifique algo mais, Talvez signifique exatamente o momento em que cada um tenha sido totalmente puro, totalmente verdadeiro consigo mesmo, o que, assim como a verdade das crianças, sempre resulta em beleza.
E nós, que não temos nada a ver com as diferenças que eles tinham, ganhamos, aquele que tenha sido, possivelmente, o momento mais brilhante daqueles quatro caras.
Brilhante...
Sim, tão alvo, tão claro que chega a ser... brilhante.
Branco.

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FAIXAS:
(no formato LP)

Lado 1

1. "Back in the U.S.S.R." (voz de Paul McCartney) 2:43
2. "Dear Prudence" (voz de John Lennon) 3:53
3. "Glass Onion" (voz de Lennon) 2:17
4. "Ob-La-Di, Ob-La-Da" (voz de McCartney) 3:08
5. "Wild Honey Pie" (voz de McCartney) 0:52
6. "The Continuing Story of Bungalow Bill" (voz de Lennon) 3:14
7. "While My Guitar Gently Weeps" (composição e voz de George Harrison) 4:45
8. "Happiness Is a Warm Gun" (voz de Lennon) 2:43

Lado 2
9. "Martha My Dear" (voz de McCartney) 2:28
10. "I'm So Tired" (voz de Lennon) 2:03
11. "Blackbird" (voz de McCartney) 2:18
12. "Piggies" (composição e voz de Harrison) 2:04
13. "Rocky Raccoon" (voz de McCartney) 3:33
14. "Don't Pass Me By" (composição e voz de Ringo Starr) 3:51
15. "Why Don't We Do It in the Road?" (voz de McCartney) 1:41
16. "I Will" (voz de McCartney) 1:46
17. "Julia" (voz de Lennon) 2:54

Lado 3
18. "Birthday" (vozes de McCartney e Lennon) 2:48
19. "Yer Blues" (voz de Lennon) 4:04
20. "Mother Nature's Son" (voz de McCartney) 2:48
21. "Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey" (voz de Lennon) 2:24
22. "Sexy Sadie" (voz de Lennon) 3:15
23. "Helter Skelter" (voz de McCartney) 4:29
24. "Long, Long, Long" (composição e voz de Harrison) 3:04

Lado 4

25. "Revolution 1" (voz de Lennon) 4:15
26. "Honey Pie" (voz de McCartney) 2:41
27. "Savoy Truffle" (composição e voz de Harrison) 2:54
28. "Cry Baby Cry" (vozes de Lennon e McCartney) 3:02
29. "Revolution 9" (vocalizações de Lennon, Harrison, George Martin e Yoko Ono) 8:22
30. "Good Night" (composição de Lennon e voz de Starr) 3:11

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Ouça:
The Beatles - "The Beatles" A.K.A. "White Album" (1968)





por Cly Reis

domingo, 20 de maio de 2012

The Beatles - "A Hard 's Night" (1964)



Na milésima postagem publicada no Clyblog, um A.F. especial com a maior banda de todos os tempos pelos ouvidos do meu amigo  Christian Ordoque .
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"Pouca gente se dá conta, mas este disco é uma trilha sonora."


Bom, como vocês podem ter notado, sou uma pessoa que dá bastante valor ao lado pop das produções culturais (ou ao lodo cult das produções pop). Por isso escolhi este que é o terceiro disco dos Beatles, lançado em 1964 para conversar com vcs. O  ClyBlog  já fez belos reviews sobre os  ÁLBUNS FUNDAMENTAIS,  "Revolver" e "Sgt. Peppers" que abordam uma fase maravilhosa e experimental do Beatles (colocar os links nos nomes). Este é o “The Head on The Door” (The Cure), o “True Stories” (Talking Heads) ou o "Rocket to Russia" (Ramones) enfim um disco tão bom que tem cara de 'Best Of....'
Trilha sonora do filme homônimo, a "Hard Day´s Night" , este disco reflete bem o poder de composiçáo pop que os Beatles atingiram nesse disco, onde todas, repito, todas as músicas têm cara de Hit Single e todas tem menos de 3 minutos de duração. Começa com 3 músicas compostas por Lennon “A Hard Day´s Night” mais uma das músicas cartão de visitas (aquela que consegue resumir o que será o disco todo), “I Should Have Known Better” (conhecida e divulgada no Brasil através da versão do Renato e Seus Blue Caps chamada Menina Linda) e “If I Feel” uma pérola muito bem arranjada e cantada com muita suavidade, em um casamento perfeito de vozes entre Lennon e McCartney.
Em seguida vêm a primeira composição Lennon / McCartney que foi cantada pelo Harrison que é “I´m Happy Just to Dance With You”. “And I Love Her” é a primeira do McCartney a aparecer nesse disco e também teve uma versão na época da Jovem Guarda feita pelo Roberto Carlos chamada 'Eu Te Amo'.
Nas 2 músicas seguintes são 2 aulas de guitarra base. Uma composição do Lennon “Tell Me Why”, que tem uma guitarra base maravilhosa tocada por Lennon que se ouve bem pouco, mas que merece muito o esforço de tentar. “Can´t Buy Me Love”, clássico do McCartney presente até hoje em suas turnês e que tem a guitarra acompanhando a bateria e deixando o baixo livre para passear entre os instrumentos.
“Any Time at All” e “I´ll Cry Instead” esta última em um clima bem country são outras 2 músicas do Lennon. Músicas de transição que existem em todo bom álbum fundamental.
“Things We Said Today” é uma composição do McCartney com a característica bateria do Ringo, fazendo a base para acordes eventuais do Harrison. E entramos na reta final com as últimas 3 músicas, todas do Lennon “When I Get Home”, a clássica “You Can´t do That” que tem um detalhe de um metal tocado pelo McCartney que é a base ritmica da musica e termina este disco a maravilhosa “I´ll Be Back” onde Lennon mostra que pode fazer músicas tão suaves e ternas como o McCartney. Em resumo, de 13 músicas. 9 do Lennon, 1 Lennon / McCartney e 3 do McCartney e um clássico eterno. É seu Lennon, dessa vez tirei o chapéu para o Sr.
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FAIXAS:
1. "A Hard Day's Night" 2:34
2. "I Should Have Known Better" 2:43
3. "If I Fell" 2:19
4. "I'm Happy Just to Dance with You" 1:56
5. "And I Love Her" 2:30
6. "Tell Me Why" 2:09
7. "Can't Buy Me Love" 2:12
8. "Any Time at All" 2:11
9. "I'll Cry Instead" 1:46
10. "Things We Said Today" 2:35
11. "When I Get Home" 2:17
12. "You Can't Do That" 2:35
13. "I'll Be Back" 2:24



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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Paul McCartney & Wings - "Wild Life" (1971)


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"'Wild Life' não era o que os fãs de rock queriam, não era o que os fãs dos Beatles esperavam, e não era o que os fãs de McCartney estavam esperando. Em retrospecto, isso foi quase um ato herético de bravura artística." Jornalista britânico Jason Hartley, no livro "The Advanced Genius Theory", de 2010

Paul McCartney sempre esteve presente na minha vida, desde os tempos de criança, quando conseguia ouvi-lo junto aos Beatles no rádio. Quando se separaram, rolou "Another Day", hit em 1971. Neste ano, comprei meu primeiro compacto, "Uncle Albert / Admiral Halsey", também dele! Um ano depois, adquiri o disco que está na minha lista dos que marcaram minha história, "Wild Life", o primeiro dele com a Wings.

Ouvi na rádio Continental – sempre ela – "Tomorrow", uma das mais pop do disco e pirei. Comprei o LP e furei de tanto ouvir. As minhas preferidas eram "Love is Strange", da dupla Mickey & Sylvia, e a preferida até hoje: "Some People Never Know".

Não é considerado um grande disco do Macca, mas tem a mim um valor sentimental inestimável. A partir dele, comecei a me interessar pela música pop de forma mais constante. Segui comprando os discos do Paul McCartney, como "Red Rose Speedway", e o maravilhoso "Band on the Run". Mas aí já é outra história.

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FAIXAS:
1. "Mumbo" - 3:53
2. "Bip Bop" - 4:09
3. "Love Is Strange" (Baker/Smith) - 4:49
4. "Wild Life" - 6:39
5. "Some People Never Know" - 6:36
6. "I Am Your Singer" - 2:13
7. "Bip Bop Link" - 0:48
8. "Tomorrow" - 3:23
9. "Dear Friend" (John Lennon) - 5:46
10. "Mumbo Link" - 0:45
Todas as composições de Paul e Linda McCartney, exceto indicadas


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OUÇA:

por Paulo Moreira

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

The Beatles - "Rubber Soul" (1965)

Transpiração ou inspiração? A história por trás de “Rubber Soul”, o álbum revolucionário que sobreviveu ao deadline

"Eu realmente não estava completamente
pronto para aquela unidade.
Parecia que todas [as músicas] eram juntas.
‘Rubber Soul’ era uma coleção de canções que,
de alguma forma, eram juntas
 como nenhum álbum já feito antes,
e fiquei muito impressionado.
Eu disse: ‘É isso. Eu realmente fui desafiado 
a fazer um grande álbum’."
Brian Wilson,
líder dos Beach Boys


Quando o assunto em pauta é a obra dos Beatles, a transpiração sempre andou abraçada à inspiração. Principalmente, no período entre 1962-1965, quando o quarteto vivia à base de anfetaminas para cumprir a agenda transbordada de shows, aparições na BBC, entrevistas e sessões de gravação em Abbey Road.
       
Com “Rubber Soul” não foi diferente. O LP, lançado em 3 de Dezembro de 1965, teve a honra de ser o primeiro a marcar um dos “fins” ligados aos Beatles. John, Paul, George e Ringo bateram o martelo para o empresário Brian Epstein. A turnê pelo Reino Unido seria a última da carreira. E eles cumpriram a promessa.  O fim dos shows foi uma exigência, já que o interesse era desenvolver as composições e o trabalho no estúdio. “Rubber Soul”, não há dúvida, foi o grito inicial de independência da banda para fugir da maratona de compromissos... Apesar de que muito sofrimento ainda estava por vir.

Bob Dylan
E não foi brincadeira. Com o Natal chegando, e a turnê pela Grã-Bretanha à vista, os Beatles foram obrigados a produzir (com ajuda de Norman Smith e George Martin) o sexto álbum da carreira em apenas um mês, entre Outubro e Novembro de 1965.

A inspiração transbordava pelas mentes da principal dupla de compositores.  Uma das fontes mais generosas foi Bob Dylan, que continuava a influenciar o grupo (“Help” – também lançado em 65 – trouxe “You’ve Got To Hide Your Love Away”, bastante dylanesca). Em “Rubber Soul”, o mix de folk e eletricidade de álbuns como "Bringing It All Back Home" e "Highway 61 Revisited" (respectivamente lançados em março e agosto daquele ano) deram o toque do novo rock americano ao sabor britânico de Liverpool.

Deadline
  Além de Lennon/McCartney, George Harrison aparecia naquela hora como a segunda força criativa. Na verdade, até Ringo conseguiu um crédito em uma das 14 faixas que entraram no disco. Mas como não dava apenas para ficar na inspiração, os Beatles precisaram resgatar músicas de seu arquivo para completar o álbum. O deadline era antes do Natal. E antes da excursão pelas Terras da Rainha, que estava marcada para iniciar na Escócia, dia 3 de Dezembro (Exatamente no dia que o LP chegaria às lojas).

Por isso, “Wait” foi fisgada das fitas de gravação de “Help!”, e “What Goes On” (composição antiga de John) teve de ser recuperada para ganhar cores das novas roupas dos Beatles.  No caso de “What Goes On”, Ringo contribuiu com 5 palavras, e ganhou o crédito como Richard Starkey, ao lado de John Lennon e Paul McCartney. As demais faixas – incluindo mais duas não incluídas no disco – precisaram ser geradas “à força” para cumprir o calendário.

“Maternidade”
A história das músicas dos Beatles pode ser complexa, mas como também existe limite de tempo e espaço para escrever, os contos da maternidade criativa serão breves...

“I’m Looking Through You” nasceu lenta, e ganhou mais pegada na versão definitiva. A música, que escancara os problemas de relacionamento entre Paul McCartney e Jane Asher, é um rocker com sombras do som produzido por Dylan em "Highway 61 Revisited" e do single “Positively 4th Street”.

A origem da linda balada “In My Life” é das mais disputadas. John garantiu que Paul criou o meio da música. Paul disse em sua biografia, “Many Years For Now”, que colocou a melodia sobre um longo poema editado pelo amigo sobre a infância e amigos da região de Penny Lane, em Liverpool.

A melodia de “Michelle” já existia há alguns anos na cabeça de Paul, mas só virou composição com a ajuda de John que a complementou com os “I want you, I want you, I want you”, inspirado por Nina Simone. O francês da música veio das aulas de francês da mulher do amigo Ivan Vaughan.

“Drive My Car” é outro exemplo da parceria Lennon/McCartney. Ao invés de “You can give me golden rings”, John sugeriu “Baby you can drive my car”, alimentando o duplo sentido materialista da letra.

Já “The Word” foi a primeira tentativa da dupla de escrever sobre o que aconteceria no “Verão do Amor” dois anos mais tarde. “Say the Word and you’ll be free... it’s sunshine”.

The Byrds
Na turnê de 65 pelos Estados Unidos, George Harrison tinha ficado amigo da banda The Byrds, que misturava o folk e o rock, também influenciada pelo som de Bob Dylan. Esta inspiração aparece nos arranjos de “If I Needed Someone” – o seu recado nada animador às fãs histéricas – graças à magistral base criada pela guitarra de 12 cordas usada no estúdio. Sua outra contribuição – “Think For Yourself” – tem letra filosófica e conteúdo pragmático. A letra acusa alguém de falar mentiras. Quem seria? A mulher Patty Boyd (que viria a ser mulher de Eric Clapton anos mais tarde) ou o empresário Brian Epstein?

Ciúmes
As músicas de Paul McCartney e John Lennon também não tinham tons alegres. “You Won’t See Me” e “We Can Work It Out” seguem a linda de “I’m Looking Through You”. Todas são gritos de descontentamento com a relação amorosa com a noiva, uma atriz bastante ocupada com o tradicional grupo inglês Old Vic.

 Já a sensual “Girl” – com instrumentação que remete à música grega – conta a história de uma mulher destruidora de corações, insensível e materialista.

“Run For Your Life” é o grito de ciúmes de John, casado com Cynthia Powell. “Day Tripper” (que divide o espaço do single com “We Can Work It Out”) fala de mulheres e drogas de forma subliminar. Segundo o próprio Lennon, assim como “Nowhere Man” (resultado de uma noite em claro, tentando buscar inspiração) a música foi criada “à força” (imagine se não fosse) para preencher os 14 sulcos do vinil.

Uma das (muitas) joias da coroa do LP fecha esse texto. Em “Norwegian Wood” (100% dylanesca) John e Paul dão show nas harmonias, e contam a história de um provável caso extraconjugal de Lennon que termina com incêndio no apartamento do casal. “So I lit a fire – isn’t good, Norwegian Wood” (“Então eu toquei fogo – a madeira da Noruega não é das melhores”).

A madeira citada na música pode não ser das melhores. Mas “Rubber Soul” – que completou 48 anos em dezembro de 2013 – é força de inspiração contínua no universo musical de hoje. E do amanhã.


por Eduardo Lattes
fonte e revisão: Claudio Dirani, autor de "Paul McCartney - Todos os Segredos da Carreira Solo" (esgotado na editora)
e "Na Rota da BR-U2" (disponível com o autor).

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FAIXAS:              
1. "Drive My Car" - 2:30
2. "Norwegian Wood (This Bird Has Flown)" - 2:05
3. "You Won't See Me" - 3:22
4. "Nowhere Man"  - 2:44
5. "Think for Yourself" (Harrison) - 2:19
6. "The Word" - 2:43
7. "Michelle" - 2:42
8. "What Goes On" (Lennon/McCartney/Starr) - 2:50
9. "Girl" - 2:33
10. "I'm Looking Through You" - 2:27
11. "In My Life" - 2:27
12. "Wait" - 2:16
13. "If I Needed Someone" (Harrison) - 2:23
14. “Run for Your Life" - 2:18

todas de Lennon/McCartney, exceto indicadas

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OUÇA:




Eduardo Lattes de Mattos Vellani é paulista é formado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda.RP pela FIAM -Faculdades Integradas Alcântara Machado, de São Paulo. Devoto de Elvis Presley e de seus “apóstolos”, os Beatles, tem quase duas décadas de experiência em Public Relations. Coordena matérias jornalísticas de cobertura em campo, tendo acompanhado de perto a execução de filmagens e reportagens para clientes como SBT, Bandeirantes, FAAP, Roberto Manzoni, Astrid Fontenelle e vários outros.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Paul & Linda McCartney – "Ram" (1971)



por Roberto Sulzbach Cortes

“Incrivelmente inconsequente e monumentalmente irrelevante.”
Revista Rolling Stone sobre Ram, em 1971

Se minha última aparição neste querido blog foi para falar do primeiro álbum solo de John Lennon pós-separação dos Beatles, minha primeira aparição do ano (apesar de já estarmos mais para o final do que para o começo) será para falar do segundo disco solo da outra parte da dupla que coloriu os anos 60 juntos. Com a volta do nosso Sir ao Brasil, pelo segundo ano consecutivo, resolvi revisitar o catálogo do artista, o que me levou a uma de suas obras menos apreciadas, mas que com o tempo foi reconhecida: "Ram", de 1971. 

Paul McCartney havia lançado o primeiro disco solo, "McCartney", em 1970, compondo sozinho e tocando todos os instrumentos. Não causou um grande impacto, principalmente quando comparado ao que os ex-colegas John e George Harrison lançaram no mesmo ano. O primeiro lançou "Plastic Ono Band", uma obra-prima envolta em sofrimento, angústia e desabafo, enquanto o segundo lançou "All Things Must Pass", um disco triplo cheio de canções de um guitarrista suprimido pelo ego da dupla de frente da banda, contando até com parcerias de Bob Dylan.

"Ram" surge de um momento de refúgio para Paul, em que ele e a família resolveram se mudar para uma fazenda, o que levou a sua esposa, Linda, a colaborar com as composições. Posteriormente, os dois passam a fazer audições e encontram as pessoas que, eventualmente, formariam o grupo Wings com o casal. Portanto, estava tudo pronto para lançar um disco indie, nesse caso, de “independente”. 

À época, existiam dois motivos para alguém estar em uma gravadora independente: ainda não conseguir um contrato com uma gravadora grande; ou, querer ter maior controle e liberdade artística das obras. Frank Sinatra, ícone da música crooner, tinha seu próprio selo, assim como os Beatles, a famosa Apple Records, e sendo assim, todos os ex-membros competiam entre si quando lançavam novas músicas, além de toda uma nova leva de gêneros musicais que surgiram na virada da década. 

Sendo assim, "Ram" consegue ser direto e abstrato, ao mesmo tempo, com melodias em escalas maiores, características essas, presentes em praticamente todos os álbuns de indie pop subsequentes. E essas escolhas fizeram com que o disco fosse mal interpretado. Apesar do relativo sucesso comercial que o disco atingiu, a crítica caiu em cima de Paul, fazendo com que até seus ex-colegas dissessem que não entenderam o que ele queria fazer. Claro que ninguém entendeu: ele estava inventando um novo gênero. 

“Too Many People” abre o disco, mas poderia muito bem estar no catálogo dos canadenses da Arcade Fire, com violões melódicos e backing vocals femininos (cortesia de Linda) estridentes e afinados ao mesmo tempo, enquanto dá umas cutucadas no amigo John. Na sequência, “3 Legs” parece ter causado em um jovem Jack White, pois parece ser uma antecessora de “Hotel Yorba” do álbum “White Blood Cells”.

Paul e Linda: produção doméstica,
que virou cult com o passar dos anos
“Ram On”, uma semifaixa título, contém apenas uma estrofe e serve como pano de fundo, resumindo a tônica do disco. “Dear Boy” parece ter sido feita uns 5 anos antes, influenciada diretamente pelos Beach Boys, orquestrada, harmônica e grandiosa. Estranhamente, “Uncle Albert/Admiral Halsey” foi um sucesso nos Estados Unidos, de certa forma, até inesperado. Albert é realmente o tio de Paul e Admiral Halsey é em referência ao oficial William Frederick Halsey Jr. da marinha estadunidense, que lutou na Segunda Guerra Mundial. Parecem não ter correlação? Sim! Mas a música é sobre tentar levar a vida de maneira mais leve, e definitivamente, é a mais grudenta da lista, com seu refrão em dueto agudo dos artistas em “Hands across the water, water; Heads across the sky” ("Mãos pela água; mãos pelos céus").

“Monkberry Moon Delight” é uma psicodélica. A música não faz sentido algum, mas tem (como toda boa composição de McCartney), uma excelente melodia, vocais estridentes e a participação de Heather (filha de Linda e adotada por Paul), de 9 anos na época, nos backing vocals. Parece uma versão lúdica de uma canção de Tom Waits. É possível até imaginar os três se divertindo no estúdio, quase brincando enquanto gravavam. 

“Smile Away”, “Heart Of The Country” e “Eat At Home” soam como clássicos e novidades ao mesmo tempo. Misturam elementos do blues, do hard rock e do folk (com um quê tradicionalíssimo de Paul).

“Long Haired Lady” é Lindíssima (com o perdão do trocadilho, homenagem à esposa e parceira artística). “Ram On (Reprise)” traz aquele hábito dos discos do período, conceitualizados, em que um tema que aparece no início, volta a surgir ao final, para passar a sensação de ciclo contínuo, só tocando o instrumental da primeira versão presente no LP.

O disco fecha com “The Back Seat Of My Car”. Uma saída triunfal para um compilado de canções que trouxeram para um público massivo diversos contextos não muito conhecidos à época. O refrão “we believe that we can’t be wrong” ("nós acreditamos que não estamos errado") parece antecipar que ninguém entenderia muito bem o que eles estavam fazendo por ali, mas que o tempo se mostrou senhor da razão, provando que estavam certos.

"Ram" passou por algo muito comum na era dos streamings: a redescoberta. O disco é um “primo alterna”, perto de "Band On The Run" (com a Wings, 1973), ou até mesmo dos hits presentes em "Wings at the Speed of Sound" (1976). Mas, lentamente, ganha espaço como um dos mais experimentais da carreira do baixista daquela banda famosa, e dos mais influentes da música atual.

Um projeto, praticamente, familiar ajudou a pavimentar o caminho do indie pop. O próprio Paul passou a admirar o próprio trabalho "Ram", que depois de mais de 50 anos, está recebendo a devida atenção que sempre mereceu. 

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FAIXAS:
1. "Too Many People" - 4:09
2. "3 Legs" - 2:48
3. "Ram On" - 2:30
4. "Dear Boy" - 2:14
5. "Uncle Albert / Admiral Halsey" - 4:50
6. "Smile Away" - 4:01
7. "Heart Of The Country" - 2:22
8. "Monkberry Moon Delight" - 5:25
9. "Eat At Home" - 3:22
10. "Long Haired Lady" - 6:05
11. "Ram On (Reprise)" - 0:55
12. "The Back Seat Of My Car" - 4:29
Todas as composições de autoria de Paul e Linda McCartney

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OUÇA O DISCO:


sexta-feira, 27 de junho de 2014

The Beatles Rock Cup - A Grande Campeã


É CAMPEÃO!
Sim, amigos, temos a grande campeã, a maior música dos Beatles.
Nossos beatlelistas especializados avaliaram o confronto A DAY IN THE LIFE x GOLDEN SLUMBERS  e, não sem dificuldade chegaram, cada um à sua decisão, que definiu a grande vencedora desta emocionante Copa do Mundo The Beatles.
E qual foi?
Bom, como era de se esperar, a copa da maior banda de todos os tempos só poderia ter mesmo o desfecho mais espetacular de todas as copas. Confira abaixo as avaliações da bancada e seus resultados para a finalíssima:



A DAY IN THE LIFE x GOLDEN SLUMBERS



Eduardo Wolff:
Se formos parodiar a Copa do Mundo no Brasil nos estilos de jogo apresentados até então, a "A Day In The Life" seria a Holanda e a "Golden Slumbers" uma Colômbia. A primeira esquadra ("a europeia") começou o torneio se apresentando como postulante ao título. E comprovou de fato. Foi passando por vários clássicos compostos pelos Beatles, sendo uns até por goleada, mostrando um futebol refinado e bonito. Nesta composição, Lennon seria Robben e Macca o Van Persie. Já a equipe "sul americana", veio desacreditada, mas mostrou um impressionante toque de bola e ganhando jogo a jogo com um certo respeito. O meio campo dessa música é James Paul McCartney, que seria um James Rodriguez. Ou seja, é o responsável pela classe e cadência do time, além de marcar alguns gols. Neste confronto, a balança pende para o lado "holandês", pois é uma música completa, rica em detalhes e efeitos. A outra é fragmento de uma sequência fantástica de Abbey Road. No final das contas, quem reluz como ouro de fato é...
A DAY IN THE LIFE.



Christian Ordoque:
Seguinte ó... As finalistas demonstram exatamente o que penso sobre os Beatles. Os Beatles foram uma banda formada pelo Lennon que por isso teve o mérito e também de ter sido o compositor que deu mais gás na fase Iê-iê-iê ( a maior parte das músicas do melhor disco dessa fase que é o A Hard Day´s Night foi ele quem compôs). E foi só. Depois disso se apagou. Fez uma música aqui e outra ali. Quem deu consistência, norte ao grupo e o desenvolveu apontando novos caminhos desde o revolver, passando pelo Peppers até o final foi o Macca. Ponto. Desenvolveu e abriu espaço para as suas próprias composições e também para as dos outros Beatles como o seu amigo de infância, George, que fez músicas lindíssimas como Something, Within You, Here Comes the Sun, While my Guitar e por aí vai. Estas duas músicas finalistas representam muito bem o que isso significa, essa hegemonia “Macarthiana”. Se fosse possível mensurar, diria que 66 % das músicas que deram consistência para a carreira dos Beatles tem o Macca. Isso se reflete também nessas duas músicas escolhidas visto que Golden Slumbers é dele e metade da Day in the Life também. Solucionando a questão. Taco a taco, considero que A Day in the Life é uma colagem (solução genial) de duas músicas, uma parte do Lennon e outra do Macca, sendo que até hoje ele a canta em seus shows. Música fundamental num disco fundamental. Golden Slumbers é uma pequena sinfonia utilizando o recorte não somente para duas partes, mas para três, que é Golden Slumbers, Carry That Weght e The End. Esse sim, um recorta e cola maduro, utilizando o potencial de todos os integrantes da banda e podendo ser notados todos os instrumentos sendo tocados com suas características dos músicos. Curiosamente, o Macca até hoje termina seus shows com a frase final de The End que é: And in the end, the Love you take, is equal to the Love you make. Por representar essa hegemonia do McCarney, sua posição de líder de fato dos Beatles e por saber utilizar e mostrar o que cada um tinha de bom dentro de si e da banda nesta música, para mim, GOLDEN SLUMBERS é a melhor música dos Beatles.


Leocádia Costa:
Queridos colegas da Copa Beatles, Confesso que não tive muita dúvida em escolher entre as duas canções finalistas, votando na grande campeã a meu ver depois de tantos embates. Várias canções prediletas caíram nos confrontos, mas tudo bem, as escuto sempre que o coração manda. A escolha da canção aconteceu por predileção, porque nesta etapa as duas finalistas deixaram claro para mim o seu significado. Os Beatles são uma banda, certo? Lennon, Ringo, Paul e George tocaram juntos, compuseram e criaram uma qualidade musical que serviu de referência a muitas pessoas sendo trilhas sonoras de suas vidas ou inspirando novos músicos a experenciarem ainda mais. Como banda os considero imbatíveis. Ainda não escutei uma banda que reúna tanta qualidade aliada à emoção, e atentem, sou uma ouvinte sempre ligada, antenada em tudo, curiosa sonoramente. Através dos Beatles conheci John Lennon a quem admiro e sempre escutei individualmente, viajei com Ringo em sua percussão, me emocionei com as composições malucas que Paul propõe e, ainda hoje, descubro o oriente através de George. Enfim, vejo essa banda como uma união de talentos, um grupo que esteve aqui para deixar essa mensagem sonora para todos nós. Por isso, quando escuto The Day in the Life escuto todos eles fazendo música equilibradamente. Escuto cada conversa e troca de ideias dos bastidores, vejo Lennon e McCartney compondo, percebo a atmosfera dos Beatles. Eles estão ali, presentes a dupla de compositores lendária, os músicos Ringo e George arrasando e a particpação de George Martin que participa como um quinto besouro encantado. Em The Day in the Life, a variada inspiração em fatos do cotidiano, contados em um dia das nossas vidas, recoloca os Beatles num ranking de comunicadores de todas as loucuras humanas, de todos os delírios e de todas as formas de relacionamento que nos encaminham ao amor. Desta forma Golden Slumbers ocupa o segundo lugar, porque eu estaria privilegiando uma composição que é a cara de McCartney e ele sozinho não fez os Beatles. Por isso, escolho essa canção dentre tantas que passaram por nós, nesta Copa e me sinto em boa companhia com estes besouros que nasceram dourados pela sabedoria de espalhar e eternizar canções pelo mundo. Sorte nossa, não é mesmo?
A DAY IN THE LIFE é a minha vencedora.


Rodrigo Lemos:
Que final emocionante. Méritos não faltam às duas equipes. A obra dos The Beatles está muito bem representada nestas duas canções. Curiosamente uma é composta por duas composições diferentes justapostas e a outra é quase que um movimento, uma parte de uma sinfonia junto com carry that weight, etc. A Day in the Life, até por ser uma música 2 em 1 tem quase todos os ingredientes das diferentes fases da Banda. Tem efeitos de estúdio, instrumentos de orquestra, referências à cultura e a vida no Reino Unido, referências ao consumo recreacional de substâncias ilícitas, harmonias de vocal, muita criatividade e só falta o refrão pegajoso iê-iê-iê. Mas como dizem em Liverpool, "A Jack of all trades is a master of none" ou, mal traduzindo, "quem sabe de tudo um pouco não é especialista em coisa alguma" e posso pensar em outras músicas que considero mais interessantes para cada uma das características mencionadas. Golden Slumbers é quase que um exército de um homem só. Não fosse por George Martin ter escrito o arranjo para os instrumentos de orquestra, seria Macca no gol, Macca na defesa, no meio campo, no ataque, no banco, Macca cruzando para Macca cabecear, fazendo corta luz para si mesmo e gastando a bola. Apesar desse individualismo, ou talvez até justamente por causa disso é uma puta música. Golden Slumbers é daquelas para botar numa espaçonave para que outros seres se iludam achando que aqui na terra todos somos talentosos e temos bom gosto. Me desculpem, mas Golden Slumbers é hors-concours. Tudo é muito bem colocado, não tem uma nota fora do lugar. O vocal é matador e o baixo desta música é uma aula de como complementar e dar liga aos outros instrumentos. Pode não representar tão bem a diversidade da obra da banda mas música por música é muito superior a A Day in the Life.
Minha campeã é GOLDEN SLUMBERS.


Inacreditável!
Incrível!
Que final!
Em um final inédito nas Copas, o confronto acabou empatado.
Como se decide uma partida empatada numa copa?
Vamos para os pênaltis.
E os penais serão as escolhas dos amigos do Clyblog no Facebook.
Então vamos lá. Vamos ver o que a torcida decide. Vamos desempatar esse jogo:



e  A DAY IN THE LIFE é
A GRANDE CAMPEÃ!!!



E pra comemorar vamos com ela, A DAY IN THE LIFE para embalar o título:

quinta-feira, 21 de abril de 2022

60 Anos de 007: Os melhores na escolha dos bondfãs

 

Seja nas salas de cinema, pela Sessão da Tarde ou Corujão da Globo, pelos VHS ou DVDs alugados, pela TV fechada ou streaming. Filmes mais antigos ou mais novos. Com este ou aquele ator de protagonista. Independentemente destas variáveis – todas cabíveis neste caso – os filmes da série 007 encantam fãs de diversas gerações. Desde os que pegaram o nascer de James Bond, há 60 anos quando do lançamento de “007 Contra o Satânico dr. No”, primeiro da celebrada franquia inspirada no romance de Ian Fleming, até as superproduções recentes, o famoso agente da MI-6, invariavelmente a serviço secreto da Coroa britânica, tornou-se um dos mais queridos – e longevos – personagens da história do cinema. Um ícone que excede os limites da tela.

Assim como super-heróis dos quadrinhos, figuras fictícias, mas de tamanha realidade em sua existência que se tornam mais críveis que muita gente de carne e osso, JB vive graças ao imaginário do público. Tal Batman, Super-Homem ou Homem-Aranha, cujas características físicas, psicológicas e visuais vão sendo manipuladas ao longo do tempo pelas mãos de diversos autores tendo como base um conceito, este fenômeno acontece com 007 tendo ainda como atenuante um fator: o de ele não ser um desenho, mas uma pessoa “de verdade”. Quem ousa dizer que Pierce Brosnan ou Daniel Craig são menos James Bond do que Sean Connery ou Roger Moore?

Connery, Lazemby, Moore, Dalton, Brosnan e Craig:
qual o melhor James Bond?

Mas a idolatria a Bond e à série não se resume somente ao ator que o interpreta - embora este fator seja de suma importância. A produção caprichada e milionária, os efeitos especiais, a construção narrativa, os lançamentos de moda e design, a trama aventuresca: tudo foi ganhando, à medida que a série ia tendo continuidade, um alto poder midiático. As produções de 007 passaram a ser uma vitrine que dita moda, tendências, comportamentos e parâmetros, inclusive na indústria do cinema, uma vez que os filmes de espionagem nunca mais foram os mesmos depois que este personagem foi parar nas telas. De certa forma, 007 acompanhou e desenvolveu muitas das invenções que o cinema de ação presenciou ao longo deste tempo, funcionando como criador e criatura. Isso tudo sem falar nos detalhes fundamentais: o charme canastrão de Bond, os vilões maníacos, a beleza das bond girls, o tema original e as trilhas sonoras, as invenções estapafúrdias de Q, as paisagens incríveis pelas quais se passeia (não raro, a quilômetros por hora)...

Quem tem autoridade para dizer se tudo isso confere ou não são, claro, os fãs. Por isso, convidamos 8 desses aficionados por James Bond para nos dizerem três coisas: qual o seu ator preferido entre os que encarnaram o espião ao longo destas seis décadas, qual a sua melhor trilha e, principalmente, quais os seus 5 títulos preferidos da franquia. Todos eles conhecem muito bem as artimanhas, os clichês, os truques, as piadinhas, as gags e as viradas narrativas a ponto de antecipá-las mentalmente enquanto assistem algum filme da série. Há longas melhores que outros? Qual o James Bond preferido da galera? E das músicas-tema, muitas vezes oscarizadas, qual a mais “mais”? Para isso, esse time de bondfãs foi chamado. Numa coisa, contudo, todos concordam: é sempre uma emoção ver aquelas aberturas com efeitos especiais conceituais, prólogo e, principalmente, aquela figura elegante surgindo de dentro do círculo branco para virar-se na direção do espectador e atirar enquanto a toca a trilha clássica de Monty Norman e John Barry. É a certeza de que, a partir dali, vem mais uma grande aventura de Bond, James Bond.


 

*********

Rodrigo Dutra

formado em Letras e editor do Rodriflix
(Porto Alegre/RS)
"Contra o Foguete da Morte":
"
Tá, filme ruim, mas o

 cara tá no bondinho do
Pão de Açúcar...
já vale
🤣🤣🤣"


Melhor James Bond:
Roger Moore

Filmes preferidos:
1. "007: O Espião que me Amava" (Lewis Gilbert, 1977)
2. "007 Contra Goldfinger" (Guy Hamilton, 1965)
3. "007 Contra o Satânico Dr. No" (Terence Young, 1962)
4. "007 Contra GoldenEye" (Martin Campbell, 1995)
5. "007 Contra o Foguete da Morte" (Lewis Gilbert, 1979)

Trilha preferida:
"Live and Let Die", Paul McCartney (filme: "Com 007 Viva e Deixe Morrer")

Christian Ordoque

historiador
(Porto Alegre/RS)


Melhor James Bond:
Connery como JB mais velho jogando 
charme para Kim Basinger
em "Nunca Mais..."
Roger Moore

Filmes preferidos:
1. "007 Contra Goldfinger"
2. "007 Contra o Foguete da Morte"
3. "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade" (Peter R. Hunt, 1970)
4. "007: Nunca Mais Outra Vez" (Irvin Kershner, 1983)
5. "007 Contra Spectre" (Sam Mendes, 2015)

Trilhas preferidas:
"All the Time in the World" - Louis Armstrong (filme ""007: A Serviço Secreto de Sua Majestade")
"You Only Live Twice" - Nancy Sinatra (filme "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes")
"Goldfinger" - Shirley Bassey (filme "007 Contra Goldfinger")


Luna Gentile Rodrigues

estudante
(Rio de Janeiro/RJ)

As várias versões do poster de
"Sem Tempo...", último filme da série,
um dos escolhidos de Luna

Melhor James Bond:
Roger Moore

Filmes preferidos:
1. "Com 007 Viva e Deixe Morrer" (Hamilton, 1973)
2. "007 Na Mira dos Assassinos" (John Glen, 1985)
3. "007: O Mundo Não é o Bastante" (Michael Apted, 1999)
4. "007: Operação Skyfall" (Mendes, 2012)
5. "007: Sem Tempo Para Morrer" (Cary Fukunaga, 2021)

Trilhas preferidas:
"Skyfall" - Adelle (filme "007: Operação Skyfall")
"Goldfinger" - Shirley Bassey 
"GoldenEye" -Tina Turner (filme "007 Contra GoldenEye")
"Diamond Are Forever" - Shirley Bassey (filme "007: Os Diamantes São Eternos", 1971)
"On her Majesty's Secret Service" - John Barry (filme "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade")


Vagner Rt

professor e blogueiro
(Porto Alegre/RS)


Melhor James Bond:
1. Daniel Craig - "Ele bate sem cerimonia, foge do que esperamos do 007, por isso adoro ele."
2. Sean Connery - "Clássico e único, até hoje." 
3. Pierce Brosnan - "Meu 007 da infância, de jogar do Nintendo 64." 

Filmes preferidos:
1. "007: Quantum of Solace" (Marc Forster, 2008)
2. "007 Contra GoldenEye"
3. "007: Operação Skyfall"
4. "007: O Amanhã Nunca Morre" (Roger Spottiswoode, 1998)
5. "007 Contar Goldfinger" "simplesmente clássico"

"007: O Amanhã Nunca Morre":
"Minha mãe era fã desses filmes então eles tem espaço no meu 
coração, sem falar que foi o 007 da minha época"



Trilhas preferidas:
"Writing's On The Wall" - Sam Smith (filme "007 Contra Spectre")
"Skyfall" - Adelle
"Goldfinger" - Shirley Bassey 


Leocádia Costa

publicitária e produtora cultural
(Porto Alegre/RS)


Craig: melhor JB na
opinião de Leocádia
Melhor James Bond:
Daniel Craig
Sean Connery

Filmes preferidos:
1. "007 Contra Spectre" 
2. "007 Contra GoldenEye"
3. "007: Um Novo Dia para Morrer" (Lee Tamahori, 2002)
4. "Moscou Contra 007" (Young, 1964)
5. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"

Trilhas preferidas:
"James Bond Theme" - John Barry (filme ""007 Contra o Satânico dr. No")
"Goldfinger" - Shirley Bassey
"GoldenEye" -Tina Turner 
"Die Another Day" - Madonna (filme "007: Um Novo Dia para Morrer")




Clayton Reis

arquiteto, cartunista e blogueiro
(Rio de Janeiro/RJ)

Melhor James Bond:
Roger Moore

Filmes preferidos:
1. "007: O Amanhã Nunca Morre"
2. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
3. "007: Operação Skyfall"
4. "007: O Espião que me Amava"
5. "007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro" (Hamilton, 1974)

Trilhas preferidas:
"Diamonds are Forever" - Shirley Bassey 
"Tomorrow Never Knows" - Sheryll Crow (filme: "007: O Amanhã Nunca Morre")
"GoldenEye" - Tina Turner
"The World is so Enough" - Garbage (filme: "007: O Mundo Não É o Bastante")
"Live and Let Die" - Paul McCartney

A Garbage está entre as trilhas preferidas



Paulo Altmann

publicitário e blogueiro
(Campinas/SP)

"Goldfinger", listado pela maioria
e preferido de Altmann

Melhor James Bond:
Sean Connery

Filmes preferidos:
1. "007 Contra Goldfinger"
2. "007 Contra a Chantagem Atômica" (Terence Young, 1966)
3. "007 Contra o Satânico Dr. No"
4. "007: Operação Skyfall"
5. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"

Trilhas preferidas:
"You Only Live Twice" - Nancy Sinatra



Daniel Rodrigues

jornalista, escritor e blogueiro
(Porto Alegre/RS)

Moore: 0 James Bond mais querido pelos bondfãs

Melhor James Bond:
Roger Moore

Filmes preferidos:
1. "Com 007 Viva e Deixe Morrer"
2. "007: O Espião que me Amava"
3. "007 Contra Goldfinger" 
3. "007: O Amanhã Nunca Morrer"
4. "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade" 
5. "007: Operação Skyfall"

Trilhas preferidas:
"Live and Let Die" - Paul McCartney
"GoldenEye" - Tina Turner


*********

Resultado final:
Melhor James Bond:
Roger Moore - 5 votos
Sean Connery - 2 votos
Pierce Brosnan e Daniel Craing - 1 voto
George Lazemby e Timothy Dalton - o votos

Filmes preferidos:
6 votos
"007 Contra Goldfinger"

5 votos
"007: Operação Skyfall" e "Com 007 Viva e Deixe Morrer"


3 votos
"007: O Espião que me Amava", "007 Contra GoldenEye" e "007: O Amanhã Nunca Morre" 

2 votos
"007 Contra o Satânico Dr. No", "007 Contra GoldenEye", "007 Contra Spectre", "007 Contra o Foguete da Morte" e "007: A Serviço Secreto de Sua Majestade"

1 voto
"007 Contra a Chantagem Atômica", "007: Cassino Royale", "007 Contra o Foguete da Morte""007 Na Mira dos Assassinos", "007: O Mundo Não é o Bastante", "007: Sem Tempo Para Morrer", "007: Quantum of Solace", "007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro" , "007: Nunca Mais Outra Vez", "007: Um Novo Dia para Morrer" e "Moscou Contra 007"

Trilhas preferidas:
4
"GoldenEye" - Tina Turner
"Goldfinger" - Shirley Bassey 

3 votos
"Live and Let Die" - Paul McCartney

2 votos
"Diamonds are Forever" - Shirley Bassey 
"Skyfall" - Adelle
"You Only Live Twice" - Nancy Sinatra

1 voto
"On her Majesty's Secret Service" - John Barry
"James Bond Theme" - John Barry
"Writing's On The Wall" - Sam Smith
"Tomorrow Never Knows" - Sheryll Crow
"The World is so Enough" - Garbage
"All the Time in the World" - Louis Armstrong 
"Die Another Day" - Madonna


Daniel Rodrigues