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quinta-feira, 28 de julho de 2022

"The Batman", de Matt Reeves (2022)




Detective Comics... Quadrinhos de detetive. 
O último filme do homem-morcego, "The Batman", honra as origens da editora que o publicou desde suas primeiras aventuras: é uma história de detetive. 

O novo Batman é um filme policial. Uma trama envolvente, instigante, na qual o vilão, por mais que originalmente seja um de seus caricatos arqui-inimigos dos quadrinhos, neste longa fica muito mais caracterizado como um perigoso psicopata do que por uma figura colorida com roupa extravagante.

"The Batman" faz uma espécie de "Ano Um" do homem-morcego. Um herói ainda jovem, idealista, tentando entender toda a sujeira dos subterrâneos de Gothan City e percebendo que a coisa toda é ainda muito maior do que imaginava. Ironicamente, quem mostra isso a ele é exatamente o vilão: um maluco autointitulado Charada passa a cometer assassinatos e deixar nas cenas dos crimes enigmas que vão desvelando verdades indesejáveis sobre peixes grandes da cidade, como o prefeito, o promotor e até, imagine só, o pai do nosso jovem magnata.

Bruce é um justiceiro ainda confuso, inseguro, o que torna seu personagem noturno, um herói vulnerável em muitos momentos, tanto física quanto psicologicamente. Em meio a essa roda-viva de crimes do Charada, brigas de poder no submundo, eleições para prefeito, policiais corruptos e prisões dos chefes da máfia de Gothan, o mascarado se vê às voltas com Selina Kyle, uma jovem dançarina e garçonete nas boates do mafioso Falcone, e que busca respostas sobre o paradeiro de uma amiga desaparecida que pode estar mais envolvida com coisas perigosas do que ela possa imaginar. Juntos, com motivações diferentes, os dois mergulham em toda a sujeira da cidade, que respinga nos dois e que é apresentada ao povo de Gothan, de maneira prazerosa e sádica, pelo Charada.

O jovem Bruce, tentando juntar as peças do quebra-cabeça
do Charada

"The Batman" é uma grande celebração ao herói mais humano dos quadrinhos. Além de voltar ao início da saga do órfão sedento por justiça, o filme de Matt Reeves, mesmo tão contemporâneo, rende discretas homenagens à série clássica dos anos 60 em detalhes como o da máscara de couro, o próprio nariz da mascara (os mais atentos perceberão), o Batmóvel, mais "carrão" mesmo, mais parecido com a máquina clássica de Adam West,  sem falar nas tomadas superiores dos ambientes e até mesmo as semelhanças com as sequências de luta.
O novo Charada, simplesmente assustador.
Um dos melhores psicopatas do cinema nos
últimos tempos.

Robert Pattinson, tão discutido, tão contestado, está perfeito no papel de um Batman hesitante; Paul Dano é um maníaco assustador lembrando muito John Doe, o psicopata fanático de "Seven", de David Fincher; a Mulher-Gato é sexy mas sua participação não se limita a seus dotes físicos; a amostragem de Pinguim é promissora; a "canja" de Coringa é instigante; e o final (sem querer dar spoiler) não caracteriza exatamente uma vitória do herói, o que torna o filme ainda mais interessante.

Um filme que dignifica o herói mascarado, dignifica os quadrinhos, que se justifica como um longa de Batman, que prende a atenção, nos deixa envolvidos, nos faz querer ver uma sequência... Isso, DC! Era isso que queríamos! "The Batman" é um filme policial, é um filme noir, é um thriller psicológico, é um suspense, para só depois de tudo isso, ser um filme de herói.



Cly Reis


sábado, 13 de fevereiro de 2016

Quadrinhos no Cinema #11 - "Batman, O Cavaleiro das Trevas", de Christopher Nolan (2008)




Um marco para os filmes de super heróis! "Batman, O Caveleiro das Trevas" definiu qual seria a direção que os longas da DC/WARNER tormariam da li para frente. Um clima realista, bem pesado e um grande vilão, são as principais marcas desse ótimo longa.
Após dois anos desde o surgimento do Batman (Christian Bale), os criminosos de Gotham City têm muito o que temer pois o vigilante agora conta com a ajuda do tenente James Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) para limpar as ruas. Acuados com o combate, os chefes do crime aceitam a proposta feita pelo Coringa (Heath Ledger) e o contratam para combater o Homem-Morcego.
Sei lá, o visual é legal
mas ainda não é "o meu Bat"
Se o diretor Christopher Nolan já tinha nos acertado em cheio com o seu primeiro Batman, aqui ele nos dá um nocaute. Todos o personagens são bem construídos, a trama é super bem trabalhada, o clima fica tenso desde da cena inicial, com um fantástico assalto a banco até as últimas sequências onde se dá um combate com o Duas Caras. A fotografia e trilha contribuem para manter o clima sempre "dark". Em Gotham, tudo é muito escuro, a trilha sempre surge no momento certo, pesada, batendo com força. Não é um filme que se sustenta meramente pelos efeitos e ação. Sim, eles são utilizados, mas na medida certa, como nas cenas da explosão do hospital e do caminhão.
Christian Bale como Batman continua regular, não e o Batman que nos queremos, talvez nem seja o que precisamos, porém é o que temos. Falta desenvultura e imposição a ele como cavaleiro das trevas, coisas que sobram nele como Bruce. Aaron Eckhart está ótimo, até porque seu personagem, Harvey Dent, é muito bom e sua transição de herói para vilão faz todo sentido e você até o entende, a ponto de eu chegar a me colocar no lugar dele e pensar "será que eu não faria o mesmo?". Gary Oldman como comissário está mais uma vez bem e os outros personagens secundários como policias e mafiosos também conseguem transmitir seus problemas, raivas, loucuras, medos, ou seja, o elenco do filme todo funciona bem.
Uau, que caracterização! Que atuação fantástica!
O grande destaque do filme,  é claro,  Heath Ledger como Coringa. Sombrio, violento, estranho e louco (Louco? não! Louco não, não, não). Ledger foi um pouco mais longe do que os atores anteriores ao interpretar o personagem, que também tiveram grandes atuações. Ele não é mais um simples palhaço querendo diversão, que sai destruindo obras de arte (não pensem errado da minha pessoa, eu adoro aquela cena), agora ele é um homem de gostos simples,"Eu gosto de pólvora, dinamite e gasolina", como ele mesmo revela.  A única coisa que temos certezas é que ele quer causar o caos, desequilibrar as coisas. "Eu não faço planos, sou apenas um agente do caos. E você sabe qual é a principal ferramenta pra se trazer o caos? Medo!". Sim ele causa muito medo.  Não nos é contada a origem do persongem, nada sobre o passado dele antes de virar Gotham de pernas por ar é dito. Na verdade algumas coisa são ditas, porém são ditas pelo próprio Coringa, então, não temos como saber se é verdade ou não. Merecidamente, Heath Ledger levou o Oscar de melhor ator caodjuvante, por sua interpretação no filme, tornando-se o segundo ator a recebe um Oscar póstumo, já que já havia falecido, de maneira um pouco obscura, antes do lançamento filme.
 O último ato do filme é seu único ponto baixo. Apesar daquela tensão das balsas, a solução "sociedade boazinha" não combinou muito com filme, e o destino do Duas Caras faz todo sentido na história, porem não era o que eu preferia. Com certeza é uma obra espetacular que vai além de simplesmente mostrar as aventuras de um super-herói. "O Cavaleiro das Trevas" aborda as loucuras de uma sociedade, e que tipo de consequências um cara fantasiado de morcego pode causar nela, boas e ruins. Tudo isso sem perder a essência Batman.

Um bom roteiro tem ótimas construções de personagens.





quarta-feira, 31 de agosto de 2016

" Batman: A Piada Mortal", de Sam Liu (2016)



Uma piada de mau gosto. Foi o que eu pensei, a princípio, assistindo à primeira  meia-hora de "Batman: A Piada Mortal", aventura do Homem-Morcego baseada no clássico dos quadrinhos adaptada como animação para as telas e aguardada com grande entusiasmo e ansiedade pelos fãs. O início é dispensável, descontextualizado, desconectado e decepcionante. Com uma historinha toda cheia de romancezinho entre a Batgirl e nosso guardião de Gotham, presta-se praticamente apenas para introduzir a personagem feminina, filha do comissário Gordon, ao contexto do que virá na segunda metade na qual, aí sim, ela é peça importantíssima, em um dos momentos mais marcantes e polêmicos da história dos quadrinhos.
Na segunda parte, por assim dizer, que é o que interessa, aí sim a adaptação do brilhante trabalho de Alan Moore, Brian Bolland e John Higgins, ganha alguma qualidade e real interesse, embora não consiga efetivamente empolgar pra valer. Se a animação de Sam Liu tem o mérito da fidelidade ao roteiro, inclusive aproveitando literalmente algumas imagens do original, não consegue, no entanto, obter a mesma intensidade, mesmo, incrivelmente, com a vantagem do movimento, da profundidade e da ação real, que obviamente o quadrinho não tem. A graphic-novel uma das mais clássicas entre as publicações do Cavaleiro das Trevas apresenta um Coringa, recém foragido mais uma vez do Asilo Arkhan, ainda mais insano e cruel do que em outras oportunidades deixando um rastro de sangue que respinga no comissário Gordon e em sua filha Barbara, a Batgirl, de uma maneira chocante e repulsiva.
Batman então, movido por uma sede de vingança pelo ocorrido com essas pessoas próximas a ele, vai atrás do Coringa e o encontro dos dois e seu desfecho é um daqueles momentos históricos das HQ's. Mas nesse momento poderia ser o da consagração do filme ele derrapa novamente. Falta a chegada do carro da polícia, o reflexo dos faróis na poça d'água como aparece nos quadrinhos e, a meu ver, a reação do herói deveria ser um pouco mais "histérica" como fica evidente no original com uma risada insistentemente nervosa. Parece que não mas acho que faz alguma diferença. Sei que ao que parece a opção do diretor por excluir os elementos visuais mencionados e a brevidade da risada do Coringa e depois a do Batman tem a intenção de reforçar uma possibilidade que nos quadrinhos é mais sutil, mas creio que sacrifica visulamente uma cena antológica por muito pouco.
De um modo geral, devo-lhes dizer, amigos, fiquei um tanto frustrado com o longa, talvez por ter guardado uma expectativa muito grande em elação a ele desde que soube de seu lançamento. Esperava uma animação "afudezona" ele foi apenas razoável. A primeira parte podia não existir mas existindo poderia ser um pouco menor ainda que admita que encurtaria muito o produto final já curto pelo roteiro da HQ, mas acredito que com outros meios mais criativos pudesse ser feito algo mais interessante. Destaques positivo para as cenas do parque de diversões, a perturbadora cena de tortura de Gordon e as "intervenções" visuais originais da HQ no filme. No mais, "A Piada Mortal" está mais pra uma piadinha re riso chocho do que uma daquelas de morrer de rir.
A cena clássica: o Coringa faz o Batman rir.
Mas quem será que ri por último?



Cly Reis

quarta-feira, 1 de maio de 2013

"Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (partes 1 e 2), animação de Jay Oliva (2012)




Comprei por recomendação do meu amigo e parceiro de blog, Christian Ordoque, a animação “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, que dá vida à legendária obra de Frank Miller, considerada por muitos a maior HQ de todos os tempos. Não, não vá confundir com o último filme da trilogia proposta por Christopher Nolan de mesmo nome, até interessante mas que, a propósito, rouba muitos elementos desta história em quadrinhos, sem no entanto se utilizar efetivamente dela.
Este aqui, um desenho animado chancelado pela própria DC Comics e lançado em 2 partes, é uma  adaptação competentíssima do diretor Jay Oliva, desenhista e diretor de episódios para TV, emocionante para os fãs de Batman, cultuadores da obra e fãs de quadrinhos em geral, reproduzindo com originalidade respeitosa o clássico de Miller, recriando em cenas espetaculares e empolgantes os quadros estáticos que vimos outrora somente no papel e que sempre ansiamos que se tornassem filme.
Pra quem não conhece, em "o Cavaleiro das Trevas", Bruce Wayne, ou o Batman, já um senhor com uma certa idade, diante de uma nova onda de crimes e desordem em Gotham City, volta de um silêncio de 10 anos nos quais esteve afastado de suas atividades de herói mascarado para botar ordem na cidade; mas este retorno, de certa forma, mexe com quem estava quietinho lá no Asilo Arkham, o Coringa e incomoda as autoridades a ponto do governo americano, apelar para o Super-Homem para, digamos, 'aquietar' novamente o Homem-Morcego.
A luta na lama com o Mutante, o confronto final com o Coringa, o encontro do palhaço com a decadente Mulher-Gato, a intervenção do Super-Homem numa guerra atômica, e a batalha épica do Homem-Morcego contra o Homem-de-Aço, tudo muitíssimo bem adaptado, e sem economizar no realismo, no sangue e na brutalidade, numa versão que seria provavelmente impensável para o cinema, como foi sempre um desejo dos fãs, tamanha a fidelidade ao original.
Embora os últimos episódios do Homem-Morcego, na visão do competente Nolan, tenham sido bastante bons e menos caricatos que os anteriores feitos para o cinema, até que a indústria tome coragem de ser menos comercial, aceite botar a classificação etária lá em cima, esteja disposta a arriscar a imagem pública do personagem e abrir mão de bilheterias astronômicas, nada em matéria de Batman terá superado essa preciosa adaptação.
Fiquei verdadeiramente emocionado de ver, enfim, em movimento, "O Cavaleiro das Trevas". O verdadeiro "Cavaleiro das Trevas" dos quadrinhos.
Imperdível!
Item obrigatório para bat-fãs.





Cly Reis

sábado, 3 de março de 2012

Mutantes - "Os Mutantes" (1968)



"Os Mutantes são demais!"
Caetano Veloso, em 1968


Surgidos em meio ao movimento Tropicalista do final dos anos 60, o trio paulistano Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee, os Mutantes, inspirados pelos Beatles traziam à música brasileira uma proposta absolutamente original e inovadora, agregando à psicodelia desta raiz rock, ritmos regionais brasileiros e incorporando toda a linha de pensamento e ação daquele movimento artístico no que dizia respeito à quebra de regras, padrões, formatos e paradigmas.
Em seu disco de estreia de 1968, “Os Mutantes”, a banda levava ao extremo seus preceitos: em um trabalho brilhante desfaziam a estrutura das canções, teatralizavam a música, desvirtuavam gêneros e misturavam linguagens artísticas.
“Panis et Circenses” a faixa que abre o disco, com sua letra surreal e arranjos 'aloprados' do maestro Renato Duprat, é um exemplo claro deste rompimento de estrutura mudando de forma várias vezes ao longo de sua duração, incorporando ruídos, elementos publicitários, sinais sonoros, até acabar abruptamente interrompendo a encenação de um jantar em família.
“A Minha Menina” que vem na sequência, de autoria de Jorge Ben, traz uma introdução com o próprio mandando todo mundo tossir e ainda sua colaboração na própria música com aquele violão ímpar cheio de ritmo, numa batucada-rock com a guitarra de Sérgio Dias bem alta, aguda e destacada.
Quem ouve “Adeus Maria Fulô”, um retrato crítico e cru da vida no sertão nordestino e da fuga pra cidade grande, num primeiro momento pode-se deixar enganar pela instrumentação percussiva e pela condução de cuíca, mas logo vai perceber tratar-se na verdade de um falso-samba regionalista nesta canção que, talvez, na sua essência seja a mais rock de todo o disco.
Outro destaque é “Bat Macumba”, de Caetano e Gil. Bem ritmada e embalada com uma guitarra estridente solando o tempo todo, é daquelas canções cuja letra genial, cheia de simbologias, fonologias, ícones e chaves é tão significativamente formal que é possível lê-la e perceber sua estrutura concretista visual mesmo musicada e acompanhar sua composição e decomposição.
Batmacumba iêiê batmacumbaoba
Batmacumba iêiê batmacumbao
Batmacumba iêiê batmacum
Batmacumba iêiê batmacum
Batmacumba iêiê batman
Batmacumba iêiê bat
Batmacumba iêiê ba
Batmacumba iêiê
Batmacumba iê
Batmacumba
Batmacum
Batman
Bat
Ba
Bat
Batman
Batmacum
Batmacumba
Batmacumba iê
Batmacumba iêiê
Batmacumba iêiê ba
Batmacumba iêiê bat
Batmacumba iêiê batman
Batmacumba iêiê batmacum
Batmacumba iêiê batmacumba
Batmacumba iêiê batmacumbao
Batmacumba iêiê batmacumbaoba
A divertida (mas séria) “O Senhor F” é quase teatro mambembe; “Le Premier Bonheur du Jour” com sua letra em francês seria charmosa com o vocal sensual de Rita se não fossem as fungadas ao fim de cada verso; “O Relógio” é extremamente bem construída no seu experimentalismo bem ao estilo "Sgt. Peppers"; e a versão de “Baby”  (outra de Caetano) com sua guitarra rasgada, é cantada de maneira irreverente, quase debochada, por Arnaldo Baptista. No mais, temos a excelente “Trem Fantasma”, a experimental e psicodélica “O Relógio”; o jazz "Tempo no Tempo"; e a finalização com a instrumental de linhas orientais “Ave, Gengis Kahn”.
Disco fundamental para o rock brasileiro, para a música popular brasileira como um todo e por que não para um cenário mais amplo, a observar-se a recente descoberta e surpresa de artistas internacionais com o som dos Mutantes. Sua presença já se fazia obrigatória nesta seção fazia algum tempo. Demorou, mas finalmente ei-lo aqui. Carimbo de qualidade ÁLBUM FUNDAMENTAL do ClyBlog.
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FAIXAS:
1. "Panis et Circenses" (Caetano Veloso, Gilberto Gil) 3:38
2. "A Minha Menina" (Jorge Ben) 4:42
3. "O Relógio" (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias) 3:30
4. "Adeus Maria Fulô" (Humberto Teixeira, Sivuca) 3:04
5. "Baby" (Caetano Veloso) 3:01
6. "Senhor F" (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias) 2:33
7. "Bat Macumba" (Caetano Veloso, Gilberto Gil) 3:10
8. "Le Premier Bonheur du Jour" (Frank Gerald, Jean Renard) 3:36
9. "Trem Fantasma" (Arnaldo Baptista, Caetano Veloso, Rita Lee, Sérgio Dias) 3:16
10. "Tempo no Tempo (Once Was a Time I Thought)" (John Philips - Versão: Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias) 1:47
11. "Ave Gengis Khan" (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias) 3:48

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Ouça:
Os Mutantes 1968


Cly Reis

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Oscar 2023 - Os Indicados


O fraquissimo "Top Gun" Maverick" foi um
dos destaques nas indicações.
Saíram os indicados ao Oscar 2023.

Tenho que admitir que, por enquanto, não assisti a muitos ainda, mas hoje em dia com a facilidade dos streamings, a oportunidade está dada para quem quiser, a partir de agora, maratonar os filmes até 12 de março, quando serão conhecidos os vencedores.

"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", lidera as indicações com 11, seguido por "Os Banshees de Inisherin" e pela produção alemã "Nada de novo no Front", com 9, esta disputando, inclusive, por melhor filme e melhor filme internacional. "Elvis", da brilhante atuação de Austin Butler, aparece com 8, "Os Fabelmans", de Steven Spielberg, com 7, e o badalado "Top Gun: Maverick", com 6, e destaque também para o vencedor da Palma de Ouro do ano passado, "Triângulo da Tristeza", indicado a melhor filme, além de outras duas categorias.

Particularmente, me chamou atenção a indicação de "Top Gun: Maverick", para melhor filme, a meu juízo um gloriosa porcaria; as indicação de "Batman", com 3; e a não indicação da animação "Pinóquio" de Guillermo del Toro para a categoria principal de melhor filme, o que não foi exatamente uma surpresa, mas era uma expectativa tal a qualidade do filme. Quanto ao mais indicado "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" , embora já tenha aparecido aqui no ClyBlog, na opinião do nosso parceiro Vagner Rodrigues, de minha parte não posso fazer juízo, por enquanto, mas fico com a impressão positiva pelo que foi descrito na resenha.

Mas chega de papo. Fiquem com a lista dos indicados:


  • Melhor Filme

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Os Banshees de Inisherin

Elvis

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

Tár

Top Gun: Maverick

Triângulo de Tristeza

Women Talking


  • Melhor Ator

Austin Butler (Elvis)

Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)

Brendan Fraser (A Baleia)

Paul Mescal (Aftersun)

Bill Nighy (Living)


  • Melhor Atriz

Cate Blanchett (Tár)

Ana de Armas (Blonde)

Andrea Riseborough (To Leslie)

Michelle Williams (Os Fabelmans)

Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


  • Melhor Atriz Coadjuvante

Angela Bassett (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)

Hong Chau (A Baleia)

Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)

Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)

Stephanie Hsu (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


  • Melhor Ator Coadjuvante

Brendan Gleeson (Os Banshees de Inisherin)

Brian Tyree Henry (Causeway)

Judd Hirsch (Os Fabelmans)

Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin)

Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


  • Melhor Direção

Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)

Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)

Steven Spielberg (Os Fabelmans)

Todd Reid (Tár)

Ruben Ostlund (Triângulo de Tristeza)


  • Melhor Animação

Pinóquio por Guillermo del Toro

Marcel the Shell with Shoes On

Gato de Botas 2

A Fera do Mar

Red: Crescer é uma Fera


  • Melhor Curta  de Animação

The Boy, The Mole, The Fox and the Horse

The Flying Sailor

Ice Merchants

My Year of Dicks

An Ostrich Told Me The World is Fake and I Think I Believed It


  • Melhor Roteiro Original

Os Banshees de Inisherin

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans

Tár

Triângulo de Tristeza


  • Melhor Roteiro Adaptado

Nada de Novo no Front

Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Living

Top Gun: Maverick

Women Talking


  • Melhor Curta em Live-Action

An Irish Goodbye

Ivalu

Le Pupille

Night Ride

The Red Suitcase


  • Melhor Design de Produção

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Babilônia

Elvis

Os Fabelmans


  • Melhor Figurino

Babilônia

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Elvis

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Sra. Harris vai a Paris


  • Melhor Documentário

All That Breathes

All the Beauty and the Bloodshed

Fire of Love

A House Made of Splinters

Navalny


  • Melhor Documentário em Curta-Metragem

The Elephant Whisperers

Haulout

How Do You Measure a Year?

The Martha Mitchell Effect

Stranger at the Gate


  • Melhor Som

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Batman

Elvis

Top Gun: Maverick


  • Melhor Direção de Fotografia

Nada de Novo no Front

Bardo

Elvis

Empire of Light

Tár


  • Melhor Edição

Os Banshees de Inisherin

Elvis

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Tár

Top Gun: Maverick


  • Melhores Efeitos Visuais

Nada de Novo no Front

Avatar: O Caminho da Água

Batman

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Top Gun: Maverick


  • Melhor Maquiagem e Cabelo

Nada de Novo no Front

Batman

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Elvis

A Baleia


  • Melhor Filme Internacional

Nada de Novo no Front (Alemanha)

Argentina, 1985 (Argentina)

Close (Bélgica)

EO (Polônia)

The Quiet Girl (Irlanda)


  • Melhor Trilha Sonora Original

Nada de Novo no Front

Babilônia

Os Banshees de Inisherin

Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo

Os Fabelmans


  • Melhor Canção Original

Diane Warren – “Applause” (Tell It Like a Woman)

Lady Gaga – “Hold My Hand” (Top Gun: Maverick)

Rihanna – “Lift Me Up” (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)

M.M. Keeravaani e Chadrabose – “Naatu Naatu” (RRR)

Ryan Lott, David Byrne, Mitski – “This Is a Life” (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo)


Que comece a maratona!



C.R.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

"Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge", de Christopher Nolan (2012)




Infelizmente o último filme da trilogia dirigida pelo bom Christopher Nolan é o pior dos três episódios. Tinha grande expectativa, na época que saiu no cinema, acabei perdendo a oportunidade de ver em tela grande e agora vejo que não perdi grande coisa. Depois de uma boa introdução do personagem em "Batman Begins", de um filme convincente com uma atuação épica de Heath Ledger em "O Cavaleiro das Trevas", a nova aventura do Homem-Morcego, "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é, de certa forma, decepcionante. Filme fraco, inconsistente, o roteiro mais mal trabalhado dos três, situações extremamente inverossímeis e absurdas. Sei que para se ver um filme de super-herói, de quadrinhos tem que se estar com a mente aberta mas desta vez o Sr. Nolan forçou em alguns casos e abusou da boa vontade do espectador.
Até tem a alusão ao imperialismo americano, aos fundamentalistas islâmicos, ao terrorismo, etc., mas o que é, além de mal explorado e representado de forma duvidosa, insuficiente para segurar as pontas em uma trama tola e estapafúrdia.
Uma pena que exatamente o desfecho desta saga, conduzida por um dos meus diretores favoritos da atualidade, seja exatamente o mais fraco, quando o legal era que se tivesse um gran-finale épico. Se bem que, ainda que não tenha mais a mão deste diretor, o final do filme dá a entender que um novo início se escreve a partir dali. Vamos ver. Seria a chance de recuperação. Aguardemos um próximo.


Cly Reis

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Batman em Grafite II

 


"Batman e Robin sobre Gotham"


RODRIGUES, Daniel
Batman e Robin sobre Gotham
Grafite sobre papel
1989
Extraído da Graphic Novel "O Cavaleiro das Trevas",d e Frank Miller

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

"Coringa", de Todd Phillips (2019)




Uma obra de arte perigosa

por Vagner Rodrigues

Gotham City, 1981. Em meio a uma onda de violência e a uma greve dos lixeiros, que deixou a cidade imunda, o candidato Thomas Wayne (Brett Cullen) promete limpar a cidade na campanha para ser o novo prefeito. É neste cenário que Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos, com um agente social o acompanhando de perto, devido aos seus conhecidos problemas mentais.

Uma direção perfeita, tecnicamente impecável, uma atuação espetacular, uma das melhores construções de arco de personagem que já vi, fazem de “Coringa” uma obra de arte, que, no entanto, pode vir a se tornar extremamente perigosa se for interpretado de certas maneiras.

É, mas o fato de classificá-lo como perigoso, não deixa de ser também um mérito, uma vez que mostra o personagem principal como um homem que apenas está respondendo, tomando ações para confrontar a forma com que pessoas e o sistema, o tratam, levando um cidadão a atitudes e ações extremamente violentas, que na obra, dentro deste contexto, acabam mostrando-se justificadas. E digo que pode ser perigoso, no caso de qualquer um assistir ao filme e acabar se identificando com Arthur (o que é bem possível devido ao realismo da trama) e tudo aquilo servir como inspiração e um gatilho para atitudes parecidas. Então, cuidado! Procure conversar com alguém sobre o filme, ok?

Como obra cinematográfica, o longa chega perto da perfeição. Desde de um roteiro bem escrito, uma fotografia sublime, e uma direção que sabe o que quer, onde pretende chegar e nos levar. Mas o que torna o filme realmente memorável é atuação de Joaquin Phoenix. O homem está possuído em cena! Tudo, definitivamente TUDO, que ele faz no filme é ESPETACULAR! Uma atuação com o corpo todo, uma fisicalidade assustadora e visceral. Seus olhares, suas falas, até os momentos que está em silencio conseguem ser espetaculares. Me chamou muito atenção a mudança de postura de Arthur quando se transforma em Coringa: deixa de ser aquela pessoa com aparência fraca, corcunda para se tornar um homem poderoso, intimidador.

Um dos melhores estudos e construção de personagem dos últimos tempos no cinema. Um protagonista que sai do ponto A e vai até o ponto B muito bem conduzido pelo roteiro e direção, o que é ótimo de observar. Ver que ao final da história, não só o personagem mudou você também mudou. Isso é cinema e o seu melhor como arte. Aquilo que instiga, faz refletir e ainda é delicioso de se assistir. E como se não bastasse tudo isso, "Coringa" é uma bela homenagem a Scorsese e seu cinema da nova Hollywood.

Vá com calma, acompanhe toda jornada desse palhaço louco, tenha medo, mas não deixe de acompanhá-lo pelas perigosas ruas de  Nova..ops.. , quero dizer... Gotham.

Pura genialidade! Uma aula de atuação.
Algo que não se esquece tão cedo.


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A descida ao inferno

por Daniel Rodrigues

Poucos filmes me geraram tamanha expectativa antes de assisti-lo como “Coringa”, de Todd Phillips. Mas neste caso, foi mais do que expectativa: foi medo mesmo. Medo de ficar decepcionado com a comum ideologização permeada de parcialidade do cinema comercial norte-americano, com a superficialidade com que tratam muitas vezes assuntos profundos ou, pior, com a recorrente banalização de temas ricos como se fossem apenas produtos de entretenimento. Geralmente tento estar com a mente aberta ao que o filme me trará, não raro sem ler nada a seu respeito antes. Mas com Coringa era impossível, pois tinha receio que o deturpassem, e isso me irritaria muito, uma vez que me é um personagem caro. Já não basta o que fizeram com o seu arquirrival, Batman, cuja DC Comics, sem controle de seu personagem mais icônico na transposição para o cinema – diferentemente da Marvel para com as suas marcas – deixou que o Homem-Morcego fosse mais inexpressivo que os vilões nas versões de Tim Burton, virasse um existencialista falastrão na trilogia de Christopher Nolan e alterasse totalmente o porquê de seu embate com Superman por pura falta de colhões em reproduzir a obra original dos quadrinhos.

Com o Coringa não podiam cometer o mesmo erro. Não podiam desperdiçar uma mitologia tão rica, a oportunidade e contar uma história inigualavelmente promissora como ainda não se tinha feito. Quem como eu acompanhou os HQ’s de Batman nos anos 80 e 90 sabe o quanto este personagem é especial e – mesmo com o fio condutor que monta a sua biografia desde que foi criado – complexo. E foi exatamente isso que o filme de Phillips conseguiu: construir um personagem denso e crível, não apenas respeitando a sua saga como amarrando aspectos sociológicos e psicológicos com surpreendente minúcia. 

O ponto que mais me preocupava antes de assistir era o de se querer dar a um maníaco assassino como Coringa um caráter meramente vitimista para sustentar o clichê de que a sociedade moderna é a principal responsável por criar monstros como ele. Subterfúgio, claro, usado unicamente para imobilizar as consciências e manter tudo como está em favor daqueles que comandam o sistema. É quase isso, uma vez que a opressão social, política, ideológica e a consequente invisibilidade que esta condição subalterna dá aos desfavorecidos ou diferentes como ele é, sim, combustível para a formatação da persona Coringa a que o personagem Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) acaba por assumir em sua caminhada de loucura e dor. O problema é que Coringa é um velho conhecido, uma vez que não se trata de um personagem como os de vários filmes em que os elementos narrativos vão dando subsídios para que se construa do zero na cabeça do espectador o psicológico e a identidade dele. Trata-se, no caso do principal vilão dos quadrinhos do Batman – quiçá de toda a história dos HQ’s – de uma “pessoa” a quem já se sabe onde vai chegar e quais os traços essenciais o compõem enquanto sujeito. Ou seja: precisavam ser bastante críveis para me convencer.

Por isso, a questão é mais profunda quando se fala em Coringa. Entretanto, o roteiro do filme é muito feliz ao abarcar todos esses aspectos e ir ao cerne das coisas. Além da visível esquizofrenia e a propensão à psicopatia, controladas até certo ponto pelo sistema através não só de medicações como da opressão social, há nele uma motivação estritamente subjetiva e humana, que é a família. O histórico de maus tratos, o desajuste familiar e a condição de pobre, inadequado e fracassado poderiam até ser equalizadas se continuasse levando uma vida medíocre e sem visibilidade como de fato tinha. 

Mas é a perda da figura central da mãe (a quem ele duplamente perde, simbólica e materialmente, uma vez que ele mesmo a mata) a chave para o desencadeamento do que lhe havia de pior, para que se concretizasse o Coringa que conhecemos. Representa a ruptura, a definitiva descida ao que estava represado, a qual o cenário da escadaria simboliza na trama o caminho: para cima, a redenção, para baixo, o inferno. A mãe, única pessoa a quem ele podia dedicar carinho, era a como o pino de uma granada: se fosse removida, a bomba explodiria. E foi. Uma justificativa altamente plausível que, aí sim, juntada aos fatores externos da igualmente violenta sociedade é um prato cheio para o surgimento de indivíduos perigosos como Coringa. Ele é vítima, sim, mas é também produto do descuido da sociedade para com o dessemelhante, o cidadão não-comum, que não se encaixa nos padrões estabelecidos. Fosse pelo talento de artista, a encarnação do dualístico e bufão clown, fosse pela loucura latente que lhe prejudicava a socialização, nunca lhe deram atenção. Ninguém. Sua resposta veio em forma de um empedramento doentio e de vingança. Agora teriam que lhe dar atenção, da pior maneira possível.

O ótimo resultado de “Coringa” é em grande parte fruto da atuação exuberante de Phoenix – o que, aliás, mesmo com a desconfiança do que o filme apresentaria, tinha certeza de que seria brilhante. A construção que Phoenix dá a Coringa considera a trajetória dos HQ’s, a literatura, o imaginário social e todos os outros que vestiram o personagem antes dele no audiovisual. É possível enxergar Jack Nicholson, Heath Ledger, Cesar Romero e Jared Leto, assim como estão ali o Coringa dos HQ’s “A Piada Mortal”, “Asilo Arkham” ou “O Cavaleiro das Trevas”. Porém, Phoenix, até por esta capacidade cênica muito sensível de síntese, consegue o feito de superar todos. 

Mas fora o encanto que protagonista causa, tudo funciona em “Coringa”. A obra, mesmo que tenha na atuação justificadamente a sua maior força, é incrivelmente coesa, harmônica, forte e crítica. Um tapa na cara sem concessões ao modo de vida norte-americano e ao que a nação mais rica do mundo vende ao mundo como modelo de felicidade. Além disso, a fotografia suja e fantasmagórica, a trilha sonora econômica e muito bem escolhida, a direção de arte impecável e a edição, que faz questão de deixar subentendimentos em nome do foco da narrativa, são igualmente destaques. 

Dentro da crítica aos modelos norte-americanos que o longa traz, a referência a dois filmes de Martin Scorsese – não à toa ambos estrelados por Robert De Niro, brilhante no papel do apresentador de tevê Murray Franklin – são sintomáticas. Primeiro, “Taxi Driver” (1976), quando Arthur, em seu mundo interno, aponta um revólver para a televisão e para os “inimigos imaginários” de sua sala. A condição de degradação mental a que o ex-combatente do Vietã vivido por De Niro e a de um rejeitado como Arthur são sujeitados expõe o quanto a política dos Estados Unidos é capaz de gerar indivíduos tão desassistidos e doentes. Igualmente, “Coringa” retraz, ao abordar o stend-up comedy e os programas de auditório em que as massas riem do que lhe é imposto como piada, o controvertido “O Rei da Comédia” (1983). Naquele, a piada sem/com graça é o sequestro do astro da televisão Jerry Langford (Jerry Lewis) pelo obsessivo e igualmente invisível Rupert Pupkin (De Niro) para que este apresentasse seu número no lugar do apresentador oficial. A reflexão que “Coringa” levanta, assim como o filme de Scorsese, é um questionamento do que é “felicidade” numa sociedade acrítica e controlada pela indústria do entretenimento como a atual.

“Coringa” não tem nada a ver com os filmes de super-heróis explosivos, frenéticos e plastificados como os que Hollywood vem fazendo às pencas. É um drama sobre uma pessoa inventada mas talvez tão mais real quanto um ser humano de carne e osso. Um drama sobre um triste arquétipo da doença e da violência as quais somos submetidos hoje. Um drama sobre alguém que bem que poderia existir. E será que não existe mesmo?

Coringa na escadaria: a definitiva descida para o seu inferno interior


sábado, 4 de junho de 2016

cotidianas #438 - Cassius Marcelus Clay



R.I.P., Cassius Clay, R..I.P., Muhammed Ali.

Cassius Marcelus Clay
herói do século vinte sucessor de Batman
Sucessor de Batman, Capitão América e Super Man

Cassius Marcelus Clay, o primeiro
Tem a cadência
De uma escola de samba
E o 4-3-4 de um time de futebol

Salve Narciso Negro,
Salve Muhamad Ali, salve Fighty Brother,
Salve king Clay

O eterno campeão na realidade um ídolo mundial
Tem a postura da estátua da liberdade
E a altura do Empire State
Salve Cassius Marcelus Clay
Soul brother, soul boxer, soul man

***
"Cassius Marcelus Clay"
(Jorge Ben)

Ouça a música:
Cassius Marcelus Clay - Jorge Ben

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

The Who - "A Quick One" (1966)



"Garotinha, por que você não pára de chorar?
Vou te fazer se sentir melhor(...)
Por favor, pegue um doce
Venha dar uma volta comigo
Vamos resolver isso
Lá em casa, quem sabe."
da letra de "A Quick One" 
Conheci esse disco no antigo programa “Base Sonora" da Ipanema FM de Porto Alegre. Tocou na íntegra e gravei em cassete na época. Só agora, anos depois, tomei vergonha na cara e comprei o CDzinho que, inclusive traz uma série de bônus.
Sempre curti muito esse disco, o "A Quick One", de 1966,  porque, embora goste de toda a elaboração do som do Who, este disco soa mais básico, mais rápido, canções mais agitadas, mais curtas, ainda sem toda aquela complexidade quase operística que marcaria posteriormente o trabalho da banda. Exceção feita à músioca que empresta o nome ao disco, mais longa e complexa com partes e entrepartes, o resto é rock’n roll básico com influências de surf-music, rockabilly, de cultura pop e é claro, de blues, como não podia deixar de ser no trabalho da banda, mas aqui bem mais sutilmente.
Conferidas especiais em “Run, Run, Run” bem 'surfistinha'; na engraçada “Boris the Spider”, do baixista John Entwistle com seu instrumento bem em evidência, bastante grave e acentuado; na esquisita, psicodélica e teatral “Cobwebs and Strange” com show particular na bateria do autor, Keith Moon; para a cover de Martha and the Vandellas,“Heatwave”; e para o rock gostoso “Don’t Look Away”de Townsend.
O detalhe é que a reedição de 1995 também traz ótimos registros como a ótima “Doctor, Doctor”, também de Entwistle; as covers muito legais “Bucket T” e “Barbara Ann”; “Happy Jack” numa versão acústica; uma versão alternativa de “My Generation” misturado com o hino "Land of Hope and Glory"; além de uma regravação muito bacana do tema do seriado Batman de Neal Hefti. De primeira!
A fase óperas-rock do Who é genial, é certo, mas um disco como este, “A Quick One” bem simples, mais cru, mais bobinho, menos pretencioso, de composições mais variadas, também é muito legal de se curtir. Recomendo.
E então,.. topam essa 'rapidinha'?

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FAIXAS:
  1. Run, Run, Run
  2. Boris The Spider
  3. I Need You
  4. Whiskey Man
  5. Heat Wave
  6. Cobwebs and Strange
  7. Don't Look Away
  8. See My Way
  9. So Sad About Us
  10. A Quick One While He's Away
extras da reedição de 1995:
  1. Batman
  2. Bucket T
  3. Barbara Ann
  4. Disguises
  5. Doctor, Doctor
  6. I've Been Away
  7. In The City
  8. Happy Jack (acústica)
  9. Man With Money
  10. My Generation / Land of Hope and Glory
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Ouça:

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rio Comicon 2011





Acontece a partir de hoje e vai até domingo, dia 23 de outubro, aqui no Rio, a segunda edição do Rio Comicon apresentando as mais variadas facetas dos quadrinhos, artes gráficas, animação e afins. A primeira foi muito bacana e além dos paineis, vídeos, estandes de editoras e expositores, apresentou um espaço especial reservado a Milo Manara, contando inclusive com a presença do próprio para uma palestra e debate com o público.
Este ano a ênfase do festival de quadrinhos e afins é nos mangás e super-heróis, inclusive aproveitando para celebrar os 75 anos da major DC Comics, proprietária de nomes como Batman e Super-Homem.
Outros destaques também são a exposição do pessoal do estúdio japonês de mangás CLAMP e as presenças do ótimo cartunista argentino Liniers e do roteirista Chris Claremont, a principal estrela da festa, responsável pelos textos dos quadrinhos dos X-Men e que inspiraram suas recentes adaptações cinematográficas.

Vou dar uma conferida lá, provavelmente domingo.
Depois posto fotos e comentarios aqui no blog.



A DC Comics, do Batman, será
homenageada no evento


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O Rio Comicon 2011
acontece na Estação Leopoldina, aqui no
Rio de Janeiro
e os ingressos custam R$20,00 (inteira)
e podem ser adquiridos no local