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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

“Big Buka: para Charles Bukowski”, organização: Afobório (Vários Autores) - ed. Os Dez Melhores (2015)




“Antes o golpe,
a porrada violenta da perda de um pedaço de si
à covardia do cotidiano que mói
 fantasiado de angústia e falta de amor,
que mói numa recusa, numa cabaça baixa e num gesto contigo.” 
trecho do conto “O Açougueiro Moído”,
presente na coletânea



A proposta nasceu ousada: homenagear o norte-americano Charles Bukowski , escritor de forte influência a vários outros, de grande apelo com o público e dono de um estilo muito peculiar, que vai da crueza de mau gosto e a putaria à mais doce beleza sentimental. Um homem que, por detrás da obscenidade e da contundência, era extremamente profundo, poético e comprometido com suas verdades. Assim, a coletânea "Big Buka: para Charles Bukowski" (ed. Os Dez Melhores, 2015), da qual soube do projeto ano passado, encarou o desafio de reunir dez textos que remetessem ao universo de Bukowski tanto em temática quanto em estilo. Para que tal funcionasse, contudo, os contos deveriam ser muito bem selecionados, uma vez que o risco de não corresponder à altura do mestre tornava-se um erro fácil de cometer.

Afastados os temores, a reverência ao “velho safado” resultou feliz. Uma garantia de qualidade eu já tinha: o conto metalinguisticamente intitulado “O Conto Nunca Escrito”, do meu irmão, Cly Reis (na obra, assinando com o primeiro nome original, Clayton), que meses atrás me noticiou ter sido um dos nove selecionados – considerando que o décimo texto cabia ao próprio organizador, o editor e também escritor gaúcho Afobório. Já havia tido a oportunidade de ler o conto de Cly e tinha convicção desde lá que seria um dos escolhidos. Não deu outra. Para começar, “O Conto Nunca Escrito” contém elementos clássicos do arsenal bukowskiano: o humor sarcástico, o submundo, o personagem escritor fodido mas genial, o editor raivoso, as bebedeiras, os botecos, as brigas e as mulheres gostosas. Acima disso, entretanto, a história em especial é bastante atrativa pela narrativa cíclica, que enreda o leitor, algo de Borges ou Pirandello ao usar as entradas e saídas da consciência do protagonista. Diferente de todo o restante, é engraçado e bem elaborado literariamente.

Afora minha ligação emocional com o livro pelo fato de incluir um conto do meu irmão – além de criticamente também tê-lo apreciado –, os outros contos só fui conhecer após o lançamento. E estes mantêm o bom nível que Bukowski merece. Reunindo autores de diversas localidades do Brasil, a coletânea abrange uma diversidade temática e narrativa bem interessante, embora todos os textos se liguem inevitavelmente a Bukowski seja pelo coloquialismo, pelo teor subversivo, pela ambientação urbana, os “ganchos” simbólicos ou pelos estereótipos, como os personagens anti-heróis sempre desacordados com o sistema. O mais fiel é, certamente, “Underwood nº 5”, do piauiense Heliton Queiroz. Na história, um escritor alcoólatra e sem inspiração apaixonado pela ex-mulher sai para a noite à procura de algo que o preencha. Até que encontra a própria ex... com outro cara. E feliz. Conteúdo suficiente para, arrasado mas novamente inspirado, voltar a escrever. As tiradas próprias de Buka (“Malditos cães” ou “o uísque já está pela metade e eu já havia comprado outros cigarros”) dão ao conto de Heliton o ponto certo da reverência ao autor, porém não abrindo mão de características próprias, principalmente na narrativa cronológica picotada.

“Charlene”, do porto-alegrense Jeremias Soares, tem grande mérito ao valer-se da linguagem bukowskiana, geralmente na 1° voz masculina, para relatar a vida de uma mulher de classe baixa e de meia-idade que, com sua amiga Carol, tenta achar alguém que preste na vida, mas é bastante cética e sofrida para acreditar nisso. Igualmente explorando uma personagem feminina, “Aquele velho”, da também gaúcha Marina de Campos, natural de Passo Fundo, é muito bom ao contar uma história em que praticamente nada se sucede, apenas suposições e proto-acontecimentos que passam diretamente pela mente de uma jovem roqueira e sonhadora.

Gostei em especial de “O Açougueiro Moído”, do nova-iguaçuense (e estreante em publicações) Rafael Simeão. Texto menos cômico e na medida certa do drama, valendo-se com precisão das metáforas e metonímias para criar uma simbiose funesta entre o externo e o interno do personagem. A carne que ele manipulava no açougue era tal o seu estado psicológico: o de um homem infeliz e sem esperanças cuja própria carne moía diariamente na sufocante vida em uma sociedade que não o valoriza como ser humano.

Semelhante prazer tive ao ler “Em Noite de Rock, Eis os Três Desejos de Naomi”, do mato-grossense Wuldson Marcelo, outro de narrativa madura (adjetivações adequadas; repetições precisas; controle do suspense; clímax/anticlímax nas horas certas) e exercita, como fizeram outros cinco no volume, a narração em 1ª pessoa, um dos trunfos consagrados por Bukowski. Também, “Vinte Pratas”, que termina a obra no melhor estilo: um escritor, Hank, acorda de uma noitada de sexo e bebedeira e logo cai com seu amigo Phil nos botecos da cidade, pois (igual aos protagonistas do conto de Cly e de Heliton) busca inspiração nos eventos bizarros que só a noite urbana proporciona. Neste conto do paranaense Max Moreno, é o encontro com um marido que estourara os miolos da própria esposa e fora pedir ajuda àqueles desconhecidos para dar um fim no cadáver. Hilária a passagem, além de típica de Bukowski:

“- Preciso me livrar do corpo! – disse o homem, sem levantar a cabeça.
- Porra, que bela maneira de se começar uma conversa – resmungou Phil.”

Ainda, o conto de Afobório, “Os Felinos Sacam das Coisas”, bastante interessante ao narrar um simples e engraçado acontecimento (no apartamento de um escritor, o resgate de um amigo bêbado por sua mulher, com quem este último havia se desentendido) e, principalmente, ao criar simbolismo com a presença de um gato no ambiente, animal misterioso e tradicional companheiro dos homens das letras. Porém, o conto, do meio para o fim, entra num divagar do personagem principal que quebra o ritmo e, finalizando-o assim, não justifica tão bem o término. Ainda, há o bom “O Matador de Lésbicas” (do carioca Fábio Mourão) e o que me soou como mais fraco de todos – justamente o que abre a seleção –: “A Vizinha Reboladeira” (Willian Couto, de Minas Gerais), que, embora afim com a temática e de bom final, é o mais modesto em estrutura e narrativa.

Num todo, entretanto, “Big Buka” é bastante interessante. Daquelas obras que se termina rápido, dada o gosto da leitura. Mesmo com contos melhores que outros, o nível se mantém de cabo a rabo, principalmente pela boa escolha do organizador, fazendo com que haja uma linha condutora permanente de uma história para a outra. Enfim, uma coletânea corajosa pela ideia do tema e que, por sorte, encontrou dez escritores igualmente valentes que compraram o desafio. Afinal, como disse o próprio Bukowski: “Os verdadeiros valentes vencem a sua imaginação e fazem o que devem fazer”.





terça-feira, 28 de julho de 2015

"Big Buka: Para Charles Bukowski", organização: Afobório (Vários Autores) - ed. Os Dez Melhores (2015)


Blogueiro sem tempo é fogo!
Por incrível que pareça, o fato já é de alguns dias atrás mas somente agora estou tendo tempo para manifestar minha satisfação pela materialização do projeto "Big Buka: Para Charles Bukowski" do qual orgulhosamente faço parte com um conto. Sim, nasceu o rebento! Saiu do formo e já recebi meus exemplares belíssima publicação da Editora Os Dez Melhores que reúne dez contos, um de cada autor, todos escolhidos por seleção, tentando, humildemente, homenagear este singular e notável escritor, perspicaz observador da natureza humana e do cotidiano.
Este é só um comentário preliminar, só um gostinho, porque na verdade a editora está preparando de forma adequada a devida divulgação e distribuição do livro e em breve passaremos mais detalhes aqui no blog, mas posso adiantar que a edição está caprichadíssima, de ótima qualidade e, embora não tenha lido meus colegas de publicação, pelo que conheço dos trabalhos de alguns deles que já vi em seus blogs e redes sociais, posso assegurar que só tem fera homenageando o Velho Safado.
Particularmente, já teria ficado contentíssimo em ser selecionado para qualquer outra publicação onde pudesse apresentar meu trabalho como aspirante a escritor, mas fico especialmente feliz em integrar esta coletânea, exatamente em ode a este autor, pelo fato de ter ele sido meu maior incentivador ao ato de escrever com suas sentenças apaixonadas, críticas, definitivas e encorajadoras. Devo minha ousadia à aventura de escrever a Bukowski e espero minimamente ter retribuído o que esse cara fez por mim. No mínimo, tenho certeza que ele se orgulharia do culhão de ter tentado.
Obrigado à editora pela oportunidade, parabéns pela dedicação, seriedade e pelo resultado, e parabéns também aos demais autores pela participação, talento e inspiração.


Cly Reis

***************

"Big Buka: Para Charles Bukowski"
Ed. Os Dez Melhores (2015)
156 páginas
organização: Afobório
autores:
Clayton Reis
Afobório
Fabio Mourão
Heliton Queiroz
Jeremias Soares
Marina de Campos
Max Moreno
Rafael Simeão
William Couto
Wuldson Marcelo



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Raul Seixas - "Metrô Linha 743" (1984)

Raul Seixas: o maquinista do Metrô Linha 743



"Não interessa,
 pouco importa, fique aí!
Eu quero saber
o que você estava pensando
Eu avalio o preço
me baseando no nível mental
Que você anda por aí usando
E aí eu lhe digo o preço
que sua cabeça
agora está custando."
Raul Seixas




Em 1984 acontecia a campanha ‘Diretas Já’ em apoio à proposta de eleições diretas para presidente. Um dos maiores movimentos políticos que a sociedade brasileira já testemunhou. E neste mesmo ano Raul Seixas lançava mais um disco, intitulado de "Metrô Linha 743" pela gravadora Som Livre (e que foi reeditado em 2004). Um álbum que eu acho sensacional e por isto destaquei algumas faixas (da edição de 84) que acredito que podem resumir o clima desta produção fonográfica e o que ela tem a ver com a gente enquanto membro da sociedade brasileira nos dias de hoje.

A primeira faixa é a que nomeia o álbum ‘Metrô Linha 743’ e eu a referencio aqui: ‘Ele ia andando pela rua meio apressado/ Ele sabia que estava sendo vigiado/ Cheguei para ele e disse: ei amigo, você pode me ceder um cigarro?/ Ele disse: eu dou, mas vá fumar lá, do outro lado/ Dois homens fumando juntos pode ser muito arriscado’, uma evidente alusão ao fato de que o governo militar não via com bons olhos quem andava em grupo, pois a união faz a força.


O irreverente Raul
sempre dando um nó no Sistema
E quando se fala em Raul não se pode separar a sua obra da política e dos movimentos sociais. Assim sendo, a próxima que invoco é a ‘Canção do Vento’, porque em meu modo de olhar solidifica a ideia de que o músico sentia (e boa parte da nação também) a necessidade de derrubar o regime militar para que fosse possível redescobrir um novo Brasil. Esta é a intenção autoral que assimilo ao ouvi-la, e tudo isto me soa como maturidade profissional extrema para que Raul pudesse chegar onde queria com a sua mensagem e a letra diz tudo: ‘Lá vai o vento, Brasil adentro’.

Por isto, a energia que envolve o disco ‘Metrô Linha 743’ me parece sim, um tanto quanto política, não por nada teve a música ‘Mamãe Eu Não Queria’ censurada, pois nesta faixa, o músico Raul aborda que: ‘O exército é o único emprego para quem não tem nenhuma vocação’, questionando a obrigatoriedade do serviço militar.

E neste álbum também são resgatadas duas canções, a primeira delas é ‘O Trem Das Sete’ conforme transcrevo: ‘Ói, já é vem, fumegando, apitando e chamando os que sabem do trem/ Ói, é o trem/ Não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem/ Quem vai chorar?/ Quem vai sorrir?/ Quem vai ficar?/ Quem vai partir?’, uma contundente menção ao seguinte conceito imposto pelo regime militar através de campanhas publicitárias: ‘Brasil: Ame-o ou deixe-o!’ e que originalmente faz parte do disco ‘Gita’ (ano de 74).

A segunda é intitulada de ‘Eu Sou Egoísta’ e aponto a letra: ‘Eu vou, sempre avante no nada infinito/ Flamejando meu rock, o meu grito/ Minha espada é a guitarra na mão’, e nesta canção o músico proclama com todas as letras que a sua arte é a sua arma contra o Sistema e a faixa citada faz parte originalmente do disco ‘Novo Aeon’ (ano de 75).

Assim sendo, penso que o álbum ‘Metrô Linha 743’ reafirma a postura que o maquinista Raul sempre impôs para o Sistema e a indústria fonográfica durante toda a sua carreira: para lançar Raulzito era preciso vender um artista questionador e que fazia uso da sua arte para expressar as suas ideias e estabelecer um canal de comunicação com as pessoas.

E o Sistema sempre soube que deveria podar Raul em tudo que pudesse e o quanto mais fosse possível. Contudo, Raulzito fazia ideia de que a sua postura o vestia de indecente, impróprio e indecoroso perante as gravadoras e o governo e compreendia que isto lhe custaria algo, e o uso da metáfora foi a sua grande arma para encarar a censura e veicular a sua música.

Porém, o Sistema não recusa dinheiro, e isto manteve o nosso Raulzito na cabeça das pessoas por todo este tempo graças ao poder da mídia. E certamente é por isto que quando saio para tomar umas a mais e ouvir um som em algum bareco, lá pelas tantas alguém grita: ‘toca Raul’, e na minha visão, isto não tem preço.

Acho que o ‘Metrô Linha 743’ de Raul Seixas tem tudo a ver com política e com a nossa sociedade atual, porque de alguma maneira este álbum contribuiu para com a postura que muitos de nós assumimos hoje, assim como com a democracia da qual todos nós usufruímos. É por isto que em minha visão, a arte tem um papel muito maior do que o entretenimento e assume o desafio de formar opinião.

E para finalizar aproveito e deixo a listagem com todas as faixas que compõem o álbum pela ordem. Um grande abraço e até mais, valeu mesmo, sorte, luz e Raulzito, sempre!

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FAIXAS:
  1. Metrô Linha 743 (Raul Seixas)
  2. Um Messias Indeciso (Raul Seixas / Kika Seixas)
  3. Meu Piano (Raul Seixas / Kika Seixas / Cláudio Roberto)
  4. Quero Ser O Homem Que Sou (Dizendo a verdade) (Raul Seixas / A. Simeoni / Kika Seixas)
  5. Canção do Vento (Raul Seixas / Kika Seixas)
  6. Mamãe Eu Não Queria (Raul Seixas)
  7. Mas I Love You (Pra Ser Feliz) (Rick Ferreira / Raul Seixas)
  8. Eu Sou Egoísta (Raul Seixas / Marcelo Motta)
  9. O Trem das 7 (Raul Seixas)
  10. A Geração da Luz (Raul Seixas / Kika Seixas)
*11. Anarkilópolis (Raul Seixas/Sylvio Passos) Metrô Linha 743.
(*Em 2004 o disco foi reeditado com a inédita ‘Anarkilópolis’, não lançada na época).

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Ouça:
Raul Seixas Metrô Linha 743


por Afobório




Afobório é o pseudônimo do gaúcho Alexandre Durigon, escritor, editor e revisor de texto, organizador e autor em várias antologias, entre elas, "Contos Medonhos", "The King", "Mistério das Sombras", "A Morte do Outro Lado da Luneta", "Os Matadores Mais Crueis Que Conheci", sua sequência, recentemente lançada, "Os Matadores Mais Cruéis Que Conheci' vol. II, além dos romances "Livre para Ser Preso" e "Contos de Amor e Crime - Um Romance Violento". Afobório é idealizador e coordenador do projeto social, PROJETO BALACLAVA, que leva a literatura as escolas públicas e municipais e atualmente, por sua editora, Os Dez Melhores, que abre espaço para publicações de novos autores.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"Contos de Amor e Crime: Um Romance Violento", de Afobório - 2014 (ed. Os Dez Melhores)



"Eu estava na fila, junto com os outros.
Enquanto isso, as baratas formavam outra fileira, lá embaixo.
E me sentia encurralado por elas, pelos guardas, pelas muralhas
e pela comida com gosto de terra e ferrugem que davam pra gente (...)
Aliás naquele instante, eu invejava as baratas por três motivos:
primeiro, elas estavam livres,
mesmo que em fila;
segundo; elas deviam gostar daquela gororoba;
e terceiro, eu percebia que, quem ia se foder
com essa coisa de mais segurança e mais disciplina era a gente.
As baratas estavam numa situação muito melhor que a nossa."
trecho de "Contos de Amor e Crime"



Desde o primeiro momento quando firmamos uma parceria com a editora Os Dez Melhores fiz questão de salientar para o editor-chefe, o Afobório, que sempre que resenhasse ou comentasse as publicações lançadas por eles, o faria de maneira totalmente isenta, independente e imparcial sem preocupações de conveniência para a parceria, com o que ele concordou plenamente. Assim, fico muito à vontade para elogiar o bom livro “Contos de Amor e Crime: Um Romance Violento”, do próprio Afobório, porque ele bem sabe que se não tivesse gostado, sem dúvida, manifestaria.
“Contos de Amor e Crime” é uma pedrada, um banho (escaldante) de realidade. Dinâmico, objetivo, muito bem conduzido e estruturado, o romance de capítulos curtos e amarrados de forma engenhosa, por Afobório, narra o caminho tortuoso e violento de um jovem negro e pobre, que na favela, às voltas com o meio, com as companhias, as necessidades, com a violência, com contexto todo, enfim, quase naturalmente cai na trilha do crime. Afobório faz com que os relatos do jovem Jozz soem extremamente reais, contundentes e impactantes, quase que esbofeteando o leitor, tamanha o choque de realidade que impõe. A prostituição da mãe, o padrasto violento, o tráfico no morro, o amor, a ascensão no tráfico, a prisão, a vida desumana na cadeia, a dura sobrevivência, a expectativa de ver o mundo de novo, tudo isso é conduzido com pulso, firmeza, mas com uma fluência quase poética pelo autor.
Como observaçãos, acho apenas que a narração em primeira pessoa e o envolvimento tamanho do autor com o tema, com as injustiças, com o preconceito, com a desigualdade social, etc., o traem em determinados momentos fazendo-o cair num discurso panfletário, quase de palanque, quando na verdade a própria história, por si só, já se encarrega bem o suficiente de dar o recado. Mas nada tire o brilho do livro. Nem poderia. “Contos de Amor e Crime” é cheio de qualidade e lhe sobram virtudes e méritos.
Um romance envolvente até pela sua constituição como um conjunto de pequenos contos que se completam. Personagens que não nos deixam ficar indiferentes. Frases curtas, objetivas, certeiras e diretas como balas. Uma leitura fácil pela acessibilidade mas difícil pelo tema e pela proposta. Assim é “Contos de Amor e Crime”. Seu subtítulo não poderia ser mais adequado: é um romance violento e a partir do momento que você começa a ler, está no meio de um tiroteio, só que as balas de Afobório são violência, sexo, drogas,injustiça, ética, miséria, racismo... E, amigo, se você não sair atingido por pelo menos uma dessas balas, ah,... você não deve ter sangue nas veias.




Cly Reis

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Coletivo Big Buka



Coletivo Big Buka – Para Charles Bukowski: uma nova chance para as coletâneas!


por Alessandra Carvalho.



"Big Buka" - ilustração da capa
por Emerson Wiscow
As coletâneas, livros que reúnem textos de diferentes autores escrevendo sob uma mesma temática, tiveram seu ápice há cerca de cinco anos. Havia dezenas, talvez centenas de projetos de coletâneas circulando pela internet, dos mais variados selos, dos mais diferentes temas. Uma chance expressiva para que novos escritores, muitos nunca publicados, divulgassem seus textos em um livro.
No entanto, com o passar dos anos, a qualidade destas publicações caiu consideravelmente. Coletâneas se transformaram em verdadeiros balaios de escritores, e algumas saíam com setenta, com cem autores em uma mesma edição. Passou-se a desprezar a qualidade dos textos; a excelência na elaboração da capa; os cuidados com revisão gramatical, edição, produção, divulgação, e outros detalhes que fazem toda a diferença no final.
As coletâneas tornaram-se uma fonte fácil e rápida de lucro para as editoras, que publicavam muitos autores em um mesmo livro, exigindo de cada um a aquisição de um número X de exemplares. Assim garantiam sua venda e sua rentabilidade, e não precisavam se preocupar com a qualidade da obra, e muito menos em distribuí-la e divulgá-la.
Resultado: os autores passaram a ver as coletâneas com desconfiança, e até com desprezo. Com razão. Muitos viveram na pele a experiência de ter seu texto publicado em um livro sem qualquer aprimoramento, sem qualquer cuidado, comprometimento e profissionalismo. E, atualmente, pouco se ouve falar em coletâneas. A má qualidade e o descomprometimento de editores e editoras colaboraram efetivamente para enterrar as coletâneas no hall das publicações com forte potencial para o fracasso.
Contudo, os escritores e editores Jana Lauxen e Afobório, pseudônimo de Alexandre Durigon, pensam diferente. E por isso, em outubro de 2013 fundaram a Editora Os Dez Melhores, com o objetivo de publicar somente dez livros por ano, oferecendo a cada um o tratamento exclusivo, diferenciado e profissional que merece:
Acreditamos que um selo que publica cem, duzentos, mil livros por ano, não tem condições, não tem mão de obra, e também não tem tempo hábil de proporcionar um trabalho diferenciado e efetivamente competente para cada um, uma vez que o processo de edição e lançamento de um único livro é trabalhoso e demorado. Logo, em se tratando de literatura, qualidade e quantidade não costumam combinar – afirma Jana Lauxen.
Recentemente, a Editora Os Dez Melhores decidiu fazer o caminho oposto da maioria das editoras, e apostar novamente em coletâneas, oferecendo para elas a mesma qualidade, dedicação e exclusividade destinadas aos seus autores solos, e aos lançamentos de seu selo social, o Nascedouro.
No entanto, Jana Lauxen e Afobório sabem o desafio que tem pela frente:
O desleixo e a falta de profissionalismo que assinalaram a publicação de coletâneas nos últimos anos marcaram negativamente este gênero literário, e precisamos agora romper as barreiras e as desconfianças que assombram este tipo de publicação. Mas estamos dispostos a fazer acontecer – garante Afobório.
E é Afobório, aliás, o nome por trás da organização do primeiro coletivo da Editora Os Dez Melhores. Trata-se do livro Big Buka – Para Charles Bukowski, que buscará homenagear o escritor através de contos que versem sobre as temáticas que sempre permearam sua obra: bebedeiras, mulheres, literatura, cotidiano, melancolia.
Serão selecionados somente dez textos, de dez autores. A ideia é justamente publicar poucos escritores, a fim de oferecer a cada um a atenção e os serviços que merecem.
E assim como ocorre com todos os lançamentos realizados pela Editora Os Dez Melhores, o coletivo Big Buka – Para Charles Bukowski contará com uma ilustração inédita e exclusiva em sua capa, elaborada pelo ilustrador gaúcho Emerson Wiskow. Também desfrutará de todo aparato de divulgação oferecido pela editora, que através de sua assessoria de comunicação elaborará releases, resenhas, entrevistas com os autores e reportagens sobre a obra, contatando mais de 300 veículos de comunicação, entre impressos e digitais – incluindo os das cidades dos escritores selecionados.
Todo o investimento deste lançamento, bem como a divulgação e distribuição da obra, ficará sob inteira responsabilidade da editora. Ou seja: os autores selecionados não precisarão pagar qualquer taxa, e nem se comprometer com a aquisição de um número X de exemplares. Muito pelo contrário: cada autor receberá, gratuitamente, um exemplar do livro.
A tiragem da publicação será comercializada e distribuída pela própria editora, através de atividades literárias envolvendo escolas e instituições de ensino:
Nosso objetivo é colocar o livro na mão do leitor. E mostrar aos autores que é possível, sim, lançar coletâneas com qualidade e com profissionalismo, sem transformar a publicação em um balaio de textos, e sem cobrar absolutamente nada de seus autores – assegura Jana Lauxen.
A seletiva, que selecionará dez contos para o coletivo Big Buka – Para Charles Bukowski, está aberta até o dia 10 de dezembro de 2014.
Confira abaixo o regulamento, e participe.
É a chance de ser você e mais nove.


Edital de Publicação
Coletivo
Big Buka – Para Charles Bukowski
Organização: Afobório

  1. A Editora Os Dez Melhores abre seletiva através do ‘Selo Coletivo’, e receberá, até o dia dez (10) de dezembro de 2014, textos inéditos e em português de autores que escrevam contos com a mesma temática que inspirou o escritor Charles Bukowski (mulheres, bebidas/bebedeiras, azar, sorte, cotidiano, literatura, melancolia etc.);

  1. A Editora Os Dez Melhores provém seu Edital de Publicação com a seguinte formalidade: não haverá nenhum investimento por parte do autor para participar desta publicação;

  1. A Editora Os Dez Melhores fornecerá, gratuitamente, um exemplar da obra para cada autor aprovado para publicação;
  1. Serão publicados nove (09) autores + um (01) texto do organizador, totalizando dez (10) autores; o que justifica o método de publicação da editora, ‘Você e mais nove’;

  1. A comercialização, distribuição e divulgação da obra serão de inteira responsabilidade da Editora Os Dez Melhores que, através de sua assessoria de comunicação, elaborará entrevistas, releases, resenhas e reportagens sobre o lançamento, e encaminhará este material para um mínimo de trezentos (300) veículos de comunicação, impressos e digitais, tanto em nível local e estadual, quanto nacional;

  1. A obra também será utilizada em ações educativas realizadas pela equipe da Editora Os Dez Melhores em escolas e instituições de ensino;

  1. Os textos, com no mínimo dez (10) mil caracteres (incluindo espaços) e no máximo vinte (20) mil caracteres (incluindo espaços), devem ser enviados completos, revisados e dentro das novas regras gramaticais, de acordo com o vocabulário ortográfico da Academia Brasileira de Letras, em arquivo Word, fonte Courier New, tamanho 12 e espaçamento 1,5, com o título ‘Big Buka – Para Charles Bukowski’ no campo ‘Assunto’. Abaixo do conto, o autor deverá enviar uma breve biografia com, no máximo, cinco (5) linhas, escrita em terceira pessoa, informando um e-mail para contato no corpo da mesma. Qualquer inconformidade quanto a tais especificações automaticamente desclassifica o conto enviado;

  1. O autor será responsabilizado por qualquer questão relativa a direitos autorais e plágio, previsto em contrato. Os selecionados serão comunicados do resultado por e-mail, tão logo o mesmo seja apurado, em até trinta (30) dias úteis após o encerramento do prazo para recebimento dos textos. A seleção dos contos é de competência do Conselho Editorial da Editora Os Dez Melhores;

  1. Qualquer assunto não abordado neste regulamento será resolvido pelo organizador;

  1. Para maiores informações e envio de textos, contatar (coletivos@editoraosdezmelhores.com.br);


Envie o seu conto.
A todos, sorte, luz e literatura, sempre!



* Para saber mais sobre o novo método de publicação em coletivos da Editora Os Dez Melhores, favor acessar: www.editoraosdezmelhores.blogspot.com.br/p/coletivos.html

domingo, 12 de janeiro de 2014

Promoção [OMMCQC]



E o ganhador do sorteio de um exemplar do livro "Os matadores mais cruéis que conheci ",  volume II,  sorteado entre mais de 50 pessoas, foi Kaleo Frank, de Roraima, que receberá seu prêmio em sua casa, pelo correio. É só aguardar que em breve estará pintando por aí.
Parabéns, Kaleo.
Entraremos em contato, via Facebook para informações de envio.
Quanto aos demais. Só temos a agradecer. Obrigado a todos que visitaram nossa página, visitaram o blog, curtiram e compartilharam. Apareçam sempre aqui pelo Clyblog que sempre temos muita variedade, coisas novas e interessantes.
Em breve a gente inventa outra coisa pra galera participar de novo.
Valeu.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

"Os Matadores Mais Cruéis que Conheci", volume II - Promoção OMMCQC





"Está aberto o reino da morte!"
Chegou às nossas mãos, autores participantes, e em breve deve estar pintando nas livrarias, a antologia "OMMCQC II" (Os Matadores Mais Cruéis que Conheci, vol. II) que traz 37 contos que exploram exatamente esse lado tão misterioso, sórdido, selvagem, primitivo e inutilmente reprimido do homem: seu lado assassino.
Pois se você quer ter o mórbido prazer de folhear essas páginas empapadas de sangue antes que elas sujem as prateleiras das livrarias, compartilhe a nossa promoção na página do clyblog no Facebook e fique esperando a morte chegar, ou melhor... o livro chegar... na sua casa.
O sangue é da melhor qualidade e quem garante isso, somos nós, os 'matadores' que criaram esse universo de instinto selvagem. Tem matadores jovens, maduros, mulheres, homens, há as que matam com um salto-alto, há os que matam com machados, os que matam em porões imundos, há os que matam em motéis, há os sofisticados, há os afoitos, há os que mataram por acidente e os que matam por vocação... Variedade é o que não falta, e estes, abaixo são os criadores desse universo tão provocante e assustador, com suas histórias sangrentas:

HOJE EU VOU COMER SUA BUNDA -  Cly Reis

A ESCRITORA - William Schmahl Barros

A FACE DO EXTREMO - Eliane Verica

A LENDA DE MIGUEL JUAREZ - Edinaldo Garcia

“A ÚLTIMA CEIA” Juliana Pitta

A ÚLTIMA OFERTA - Valdison S. Barbosa

A VINGANÇA DO LOBO - Eduardo Colucci de Castro

AMOR DE MÃE - Graziela Fusco Ramos

AS MÃOS QUE CONTROLAM A MARIONETE - Maristela Abreu

BÁRBARA - Bruna Leôncio

CARONTE - Ricardo Esteves

A TESTEMUNHA - César Costa

DE JOVEM PROMISSOR, À SERIAL KILLER - Gustavo Demarchi

A ENFERMEIRA - Thiago Vilard

ACEITA UMA BEBIDA? - Gui Barreto

O PASSEIO - Heliton Queiroz

CORAÇÕES FRIOS - W.G. Souza

IGOR - Fábio Baptista

MELISSA - Davi M. Gonzales

MENINA ASSASSINA - Michele Mourão

MENTES INSANAS - Debora Gimenes

O ASSASSINO DO BOTIJÃO - Márcio Lobo

O COLECIONADOR DE ÓRGÃOS - Marcio Milton de Souza

O DONO DO ANTIQUÁRIO - Zulmênia Pereira do Vale

O VARAL - Luciana Rodrigues

O FOSSO - César Bravo

LOUCO OU CRUEL? - Ana Angélica Ferrazi

PACIÊNCIA - Henrique Seben

PAI NOSSO - Guilherme Matos

PRATO FRIO - Jowilton Amaral da Costa

RESPEITEM A MINHA NATUREZA - André Albuquerque

TRÊS PORQUINHOS - Narjara Oliveira

UM FURO DE REPORTAGEM - Leônidas Grego

SANGUE FEDE - Fábio Gonçalves

UMA NOITE COMO OUTRA QUALQUER - Ramon Bacelar

VERDADES - Beto Canales

WILLY PANCAS - Afobório



Compartilhe. Boa sorte, luz e sangue, sempre.


Cly Reis

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

COTIDIANAS nº264 - Especial 5 anos do ClyBlog - A Profissionalização da Demanda


Vivemos um problema dos mais fodas, muita gente falando bastante coisa com pouco conhecimento de causa e isso bagunça tudo. Acho que é preciso mais confiança no editor, porque um bom editor meu amigo, fala do que vive todo dia e não de suposições e fantasias promulgadas em grupos de FB e etc. Um editor que não fala coisas baseadas na verdade, e sim na conveniência, num primeiro momento, agrada ao autor, mas depois o desagrada, porque não conseguirá comandar uma publicação de bom resultado, e mais dia ou menos dia, pagará um preço por isso.
Eu entendo quando escuto que pagar é foda, o que muda é que muita gente não entende quando falo, que de graça, nem ponteiro de relógio se mexe. O autor não pode pagar, mas a editora e o editor podem trabalhar de graça, é isso? Se a grana tranca a publicação do autor, também veta o trabalho da editora. Uma coisa não está distante da outra.
Penso que grande parte dos equívocos acontece porque ainda não se sabe o que é uma editora independente e qual é o seu papel. Editoras independentes surgiram para publicar/dar uma força, para quem ainda não conseguiu dizer, eu sou autor da minha sonhada editora x, qual é a parte que ninguém entende?
Eu sei qual é. É que agora, como a demanda está em alta e tem revelado bons autores e bons livros, tal modalidade deixou de ficar em segundo plano e passou a estar em primeiro plano para muita gente, e isso borbulha um grande número de editoras no mercado, que muitas vezes oferecem um preço muito abaixo do mínimo necessário para que a publicação tenha qualidade editorial e relevância. Isso fode as coisas e queima o mercado! Porque surge o editor-meia-boca e o autor-especulador.
É preciso filtrar. Não há como fazer um bom livro sem um bom editor, sem um bom revisor, sem um bom design gráfico, sem uma boa estratégia de venda, sem um bom plano de divulgação, sem um bom autor etc. Um exemplo, por que existem tantas resenhas críticas no mercado sentando o pau sobre a ortografia de alguns livros feitos na demanda?
Por que um bom revisor tem o seu valor, e isso acresce custo no livro. E para cada bom profissional envolvido na confecção do folhoso, se ganha um novo custo. Eu não abro mão de qualidade em nenhuma etapa, e se é assim, entendo que tenho um preço compatível com o resultado final. Não existe milagre. E em minha mente, o que não tem qualidade não vende.
Eu também acho complicado ouvir certas coisas totalmente fora de contexto, como por exemplo, queremos livros mais baratos. Deveríamos enquanto profissionais, pedir por um melhor custo/benefício. É bem diferente. Ninguém consegue bons resultados nivelando uma produção editorial por baixo. Quanto mais barato o preço, mais barato é o resultado.
Quando profissional, a demanda não é uma vilã, é uma oportunidade para não mofar esperando um ‘sim’ que talvez nunca, ou quase nunca chega, porque viver num país que ferra com a arte é dose. Além do mais, eu acho que a demanda significa liberdade. Sempre publiquei assim e acho que consegui bons frutos com tal modalidade de publicação. É o que endossa um fato que se tornou a saída para muitos autores que fazem dela o seu repasto porque deu certo.
Sei que cada um entende essa coisa ‘de colher bons frutos’ de uma maneira pessoal. Quem sabe para você, eu pense muito baixo. Contudo, eu vislumbro um degrau de cada vez. Prefiro passos seguros para nunca retroceder. Não há nada mais importante para mim do que os meus livros, eu deixaria de fazer qualquer coisa para poder investir neles com o máximo de qualidade. Não vejo como simplesmente ‘pagar’, mas como uma oportunidade para aplicar a minha grana e lucrar com a venda deles.
Publicar pela demanda é tornar-se empresário de si mesmo. A premissa é, pague pela primeira publicação e com o seu lucro em mãos, gerencie as próximas. Eu acho que vale a pena. Mas não dá para usar o capital de publicação para tomar cerveja. É uma premissa empresarial. As adversidades são tudo o que vai mover o seu comportamento profissional. Elas existem para que você transforme cada uma delas em um desafio que precisa ser superado. É para frente que se anda, e quem não está disposto a dar um passo em frente, permanece no mesmo lugar e se desgasta um monte, sem qualquer necessidade.
Em minha mente, a demanda é uma escolha que funciona, mas que exige a profissionalização do autor enquanto escritor e também enquanto seu próprio investidor. Vejo o mercado da demanda atual, como sendo o mais promissor de todos os tempos. A publicação independente é o maior movimento literário já desencadeado em nosso país. Gera concorrência e aperfeiçoamento.
O autor publica, o mercado filtra, a qualidade se sobressai, é como em qualquer área profissional. Enquanto autor e editor entendo que profissionalizar o mercado é antes de tudo, ser coerente com as nossas palavras e com as nossas atitudes.
Penso que a demanda só pode ser estabelecida como um grande problema, a partir do momento em que não existem duas coisas, qualidade na obra e público leitor, porque a partir do momento em que você possui um bom produto enquanto livro e um público interessado em sua literatura, a demanda é a modalidade de publicação mais rentável para qualquer pessoa que escreve bem.
Outro detalhe, a demanda e o seu autor ainda enfrentam problemas de distribuição, porque existe preconceito com o profissional do meio, pois há uma questão que eu classifico como absurda, a exigência das livrarias em distribuir livros somente diante de um desconto de 40% ou 50% sobre o preço de capa. É uma proposta do tipo, a gente lucra se vender e vocês que se lasquem. Uma atitude assim, mina qualquer possibilidade e algo precisa ser avaliado aqui, porque tal postura é imposta primeiramente para a editora, só que normalmente, uma situação tensa como a que mencionei, acaba se tornando um atrito entre o autor e a editora, quando na verdade, a livraria que impõe o desconto como condição para a distribuição passa batida na discussão e isso não é justo com o editor, que aguenta uma reclamação totalmente passional.
Mas eu também tenho um argumento para dizer que a demanda é viável mesmo com restrições de distribuição, foi o que funcionou comigo e é o que eu e alguns editores e autores defendem como alternativa para a distribuição de nossos livros publicados pela demanda, o trabalho de campo. Se o autor desenvolver um bom projeto para o seu folhoso e conseguir transformar o enredo da sua obra em algo palpável e relevante para o leitor, é possível furar o bloqueio, discorrer sobre sua obra e tudo que a circunda, convertendo suas ações profissionais em venda direta ao público interessado, através de instituições e escolas. Falar sobre a sua obra é o trampo do autor, ou não? A rapadura é doce, mas não é mole. Temos de mudar o nosso jeito de pensar. Precisamos de alternativas ‘porque chorar não vale mais a pena’, cantou um dia o grande Celso Blues Boy.
Enfim, em um único texto é impossível falar sobre tudo e eu já escrevi demais, mesmo assim, espero que tal post sirva como uma injeção de ânimo em sua vida. A cultura do ‘faça você mesmo com uma editora legal’ é a única postura com capacidade para transformar uma porta fechada em uma porta aberta.
Aquele abraço! Sorte, luz e demanda, sempre!


por Afobório


Afobório é o pseudônimo do gaúcho Alexandre Durigon, escritor, editor e revisor de texto, organizador e autor em várias antologias, entre elas, "Contos Medonhos", "The King", "Mistério das Sombras", "A Morte do Outro Lado da Luneta", "Os Matadores Mais Crueis Que Conheci", sua sequência, recentemente lançada, "Os Matadores Mais Cruéis Que Conheci' vol. II, além dos romances "Livre para Ser Preso" e "Contos de Amor e Crime - Um Romance Violento". Afobório é idealizador e coordenador do projeto social, PROJETO BALACLAVA, que leva a literatura as escolas públicas e municipais e atualmente, dedica-se a seu novo projeto, a editora Os Dez Melhores, que abre espaço para publicações de novos autores.
Informações e trabalhos do autor você encontra em (www.medoemorte.blogspot.com.br)


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"(OMMCQC)" volume II, Ed. Multifoco (2013)


“ 'Matar é a nossa natureza!'.
Está aberto o reino da morte
em seu recente volume.
do prefácio da antologia,
por Afobório
(organizador e editor)


E saiu!
Chegou finalmente às minhas mãos o exemplar do livro "Os Matadores Mais Cruéis que Conheci", vol. II, (Ed. Multifoco, 2013) do qual faço parte com um dos contos ("Hoje eu vou comer sua bunda").
Trata-se de uma coletânea com 37 contos pautados pela natureza assassina do ser humano. Profissionais, amadores, estilosos, cruéis, acidentais, ... com facas, com machados, com sapatos, com pistolas,... em casa, no porão, no motel, na rua, na cadeia... Tem assassinos, assassinatos e armas para todos os gostos e estilos e gente de muito boa qualidade contando as histórias.
'Deliciem-se' com um pouco de sangue.


Cly Reis

terça-feira, 24 de setembro de 2013

[OMMCQC] vol. II


Em fase final de revisão pelo editor, o escritor Afobório, a antologia "Os Matadores Mais Cruéis que Conheci" - volume II, não tardará muito a ir para ir para o 'forno' e, por certo, em breve estará nas prateleiras das melhores casas do ramo (e das piores, também). No entanto, o próprio editor adverte os futuros leitores que se aventurarem a folhear as páginas do 'livro da morte': "mantenham uma bacia por perto para recolher o sangue!"
(Ai, ai, ai...Vem coisa por aí!)

Abaixo, a tarja concedida pelo editor aos autores que fazem parte da antologia. Uma espécie de "selo de qualidade Matador".




Em breve, nas melhores livrarias, "Os Matadores Mais Cruéis que Conheci" - volume II, com um conto de Cly Reis, das cotidianas aqui do ClyBlog.

Aguardem!




C.R.