Uma diferença crucial é a mudança do gênero dos personagens principais de um filme para o outro: enquanto no primeiro a protagonista é uma garota, Andie, que é vidrada no bonitão ricaço da escola; no segundo, até para dar uma virada geral no panorama, o personagem central é um rapaz, Keith, cujo alvo é uma bela garota, Amanda Jones, que até não é tão endinheirada, mas só anda com a classe alta. No primeiro, Blane, o boa pinta, até está a fim de Andie e arrasta uma asa violenta pra ela, mas se leva muito pelas aparências e no que vão pensar os amigos e a família rica; Amanda, por sua vez, no remake, parece inalcansável num primeiro instante, com um namorado risquinho e babaca e andando com a turminha esnobe da zona nobre da cidade. No entanto, em ambos os casos, nossos heróis estão tão cegos com a beleza dos seus desejados que não percebem que o verdadeiro amor está debaixo dos seu narizes. Duckie, o engraçado e esquisitão amigo de Andie é até contundente em alguns momentos e não esconde dela sua paixão; já a alternativa baterista Watts, embora mais discreta quanto a seus sentimentos, até disfarçando, se escondendo, fazendo beicinho, também não deixa de transparecer o que tem em seu coração.
Assim, escalados, os dois times entram em campo. O time de rosa-choque sai na frente por uma jogada individual. Molly Ringwald, uma das atrizes símbolo dos anos 80 e, no caso particular, uma protagonista bem mais marcante do que é Eric Stoltz na refilmagem, assume o protagonismo do jogo e tira o primeiro zero do placar. Só que a refilmagem, com um esquema de jogo mais bem mais pensado, com um conjunto melhor, empata o jogo.
"A Garota de Rosa-Shocking"
Duckie na loja de dicos dublando "Try a Little Tenderness"
"Alguém Muito Especial"
Watts ensinando Keith a beijar
Em outra jogada individual, Duckie, numa performance incrível na cena da loja de discos, em que dubla "Try a Little Tenderness", de Otis Redding, marca o segundo para o time original. Mas se o melhor amigo de lá marca um, o do remake responde também com o seu. Mary-Stuart Masterson, como Watts, está tão espetacular que chega a dar vontade de pegar no colo e consolá-la cada vez que ela chora ou se decepciona pelo amigo. Sua atuação de luxo é outro gol para a segunda versão. 2x2. Mas aí vem a trilha sonora do filme de 1986 e aí é um golaço. É New Order tabelando com Echo and The Bunnymen, tocando para Otis Redding, que passa pra The Smiths, que rola para OMD e... toca a múúsicaaaa! 3x2 para "A Garota de Rosa-Shocking". Mas se o quesito é música, a referência aos Rolling Stones nos nomes dos três personagens principais, Keith, Jones e Watts garante novo empate para "Alguém Muito Especial". 3x3.
Jogo se encaminhando para o final. A segunda versão quer ser melhor e para isso a cartolagem intervém. A ordem vem lá de cima, da sala da diretoria, e o técnico do time de 1987 obedece e queima sua ultima troca. Sobe a placa: sai o final em que um protagonista fica com um personagem dos sonhos e entra o final em que o protagonista fica com quem realmente o merece. Gol do remake! Golzinho chorado , aos 44 do segundo tempo. Que virada!
Jogo se encaminhando para o final. A segunda versão quer ser melhor e para isso a cartolagem intervém. A ordem vem lá de cima, da sala da diretoria, e o técnico do time de 1987 obedece e queima sua ultima troca. Sobe a placa: sai o final em que um protagonista fica com um personagem dos sonhos e entra o final em que o protagonista fica com quem realmente o merece. Gol do remake! Golzinho chorado , aos 44 do segundo tempo. Que virada!
A torcida vaia o resultado, acha injusto. Mas não adianta, o time de 1986 é mais badalado mas o de 1987 é melhor.
Substituição: Sai "final de conto de fadas" e entre "final mais justo e realista". Vitória com o dedo do treinador (mas com a mão da diretoria). |
A Garota Rosa até pode ser a queridinha da galera, mas descobriu que tem alguém que é mais especial.
por Cly Reis