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quinta-feira, 12 de junho de 2025

8 Comédias Românticas para o Dia dos Namorados



É Dia dos Namorados! Se muitas vezes uma história de amor começou com um mero "oi, tudo bem?", em outras tantas o romance teve início com alguma situação curiosa, inusitada, uma implicância pessoal, uma negativa inicial, ou qualquer coisa do tipo. As comédias românticas, gênero muito popular nos últimos tempos no cinema comercial, volta e meia retratam situações desse tipo e é exatamente o inusitado dos acontecimentos que perfazem as relações que fazem com que momentos como esses se tornem cômicos.

A bem da verdade, exatamente por ter ganho muita popularidade, o gênero ficou um tanto saturado, repetitivo e até meio imbecilizado, mas ao longo da história do cinema algumas películas tornaram-se marcantes e emblemáticas dentro desse segmento.

Destacamos aqui algumas dessas histórias de amor da telona. Desavenças, romantismo, inocência, brigas, desafios, frustrações, amadurecimentos, descobertas, determinação... tem um pouco de tudo nessa lista. Afinal, cada história verdadeira tem alguma coisa dessas coisas aí, não? O que teve na sua história? Com qual filme você se identifica? 

Confira aí sete filmes destacados nesse Claquete Especial de Dia dos Namorados:



💖💖💖💖💖💖💖💖



1. "Harry e Sally - Feitos Um Para o Outro", de Rob Reiner (1989) - Os encontros, desencontros, desentendimentos, desavenças, diferenças, amizade, afastamento, aproximação, atração, de um casal de desconhecidos, depois conhecidos, depois inimigos, depois amigos, até descobrirem, anos depois, que... eram feitos um para o outro. "Harry e Sally..." é sem dúvida alguma um dos melhores exemplares do gênero, até pelo fato de conseguir explorar uma série de situações que acontecem com casais e que levaram ao início ou fim de relações. Em meio a toda a comicidade, sua verossimilhança dá-se em grande parte pelo fato de que muitas das situações vividas pelos personagens são baseadas em histórias reais relatadas por casais e terapeutas conjugais.




2. "(500) Dias Com Ela", de Mark Webb (2009) -  Proposta diferenciada no gênero. Aqui o carinha é romântico, sonhador e apaixonadão, e a garota por sua vez é mais descolada, desapegada e pragmática. No fim das contas, o personagem principal de "(500) Dias com Ela"   não é nenhum dos dois e sim OS RELACIONAMENTOS em si. Roteiro interessantíssimo com uma linha cronológica descontinuada num vai e vem dos dias (com ela e sem ela), montagem dinâmica e ousada, além de uma trilha sonora excelente. Uma das melhores comédias românticas dos últimos tempos.





3. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", de Woody Allen (1977)Woody Allen é tão genial que consegue transformar uma grande DR num filme saboroso. O longa trata da relação de um humorista judeu (o próprio Allen) e sua nova namorada, a complexa Annie Hall, vivida magistralmente por Diane Keaton, e sua experiência de viverem juntos. O relacionamento é um tanto complicado e essa experiência gera uma série de questionamentos levantados com muito humor e muita inteligência nos diálogos sagazes e brilhantes do roteiro, co-escrito pelo próprio Allen. 

Profundo sem ser hermético, filosófico sem ser chato, romântico sem ser meloso, "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" revolucionou a ideia de filmes sobre relacionamentos. 




4. "A Garota de Rosa Shocking", de Howard Deutch (1986) - Ilustre representante das comédias teen dos anos 80, o filme é um dos mais emblemáticos de sua geração. Namoros, colégio, festinhas, decepções, corações partidos, finais felizes, tudo isso faz parte do corpo básico de uma série de produções dessa época, cada um lá com sua ênfase, mas muitas vezes com esses temas recorrentes. Em "A Garota de Rosa-Shocking", a humilde Andie, Molly Ringwald, é caidinha pelo bonitão da escola, Blane, fica se fazendo de difícil. Andie conta com a fiel amizade e os conselhos do divertido Duckie, que na verdade é apaixonado pela amiga e fica tentando abrir seus olhos quanto ao riquinho para quem ela fica praticamente se humilhando. A gente torce brutalmente pro amigo esquisitão, pra ela enxergar que aquele cara é que vale realmente a pena mas (ALERTA DE SPOILER!!! ), para infelicidade do espectador, num final broxante, ela fica mesmo com Blane que finalmente resolve deixar de ser bunda-mole e ficar com que realmente gosta dele. Muita gente não gostou do final e, deste modo, os produtores resolveram fazer uma nova versão ("Alguém Muito Especial") mudando o gênero dos personagens e com o desfecho que todos desejavam : o personagem principal ficando com a melhor amiga. 

Embora o final seja muito discutido e muita gente prefira a segunda versão, "A Garota de Rosa Shocking" é clássico e continua sendo referência em comédias românticas juvenis.



5. "Feitiço da Lua", de Norman Jewison (1987) - Filme gostosíssimo em que uma viúva,  Loretta, retomando sua vida após a perda do marido, aceita a proposta de casamento de um empresário do bairro onde mora, bem mais velho que ela mas que lhe transmite aquela paz, tranquilidade e segurança. No entanto, para tumultuar sua vida, ela se vê tentada pelo irmão mais novo do noivo, o impulsivo e intempestivo Rony, e mesmo brigando muito contra seus sentimentos, acaba se apaixonando pelo cunhado. Roteiro excelente, diálogos bem escritos, atuações espetaculares, especialmente a de Cher no papel principal que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, muito romance e magia no ar. 

Daqueles pra assistir com um sorriso no rosto. 




6. "Ela É o Cara", de Andy Fichman (2006) - Famoso pelas tragédias como "Hamlet", "Macbeth", "Romeu e Julieta", William Shakespeare também era mestre nas comédias. "Muito Barulho Por Nada", "A Comédia dos Erros", "A Megera Domada" são alguns exemplos da genialidade do bardo para o humor sendo algumas até adaptadas para o cinema. "Noite de Reis", outra de suas comédias famosas não só ganhou uma versão cinematográfica como também uma leitura completamente nova e ousada levando os personagens da trama clássica para o universo do futebol. Em "Ela é o Cara", Viola, vivida por Amanda Bynes, é uma adolescente boa de bola, que sabendo da dissolução do time feminino de sua escola, aproveita uma viagem do irmão gêmeo Sebastian ao exterior, para, disfarçada de rapaz, assumir sua identidade e se inscrever no time de futebol masculino da outra escola do irmão. Só que nessa de se disfarçar de menino, acaba se apaixonando por Duke, um colega de time que, por sua vez, é fissurado por Olivia, a bonitona da escola. Mas como jogar no time, se passar pelo irmão, enganar a cunhada, driblar a garota que fica gamada por ela convencida de que é um homem, e ainda dar uns pegas no gatinho colega de futebol? Ah, tudo isso gera muitas confusões, muitas risadas e muito romance. Ótima adaptação shakesperiana!



7. "Scott Pilgrim Contra o Mundo", de Edgar Wright (2010) - Rock'n roll, quadrinhos, games, amores não correspondidos. "Scott Pilgrim Contra o Mundo" é uma comédia romântica bem pouco convencional e absolutamente eletrizante. Scott, um carinha comum, meio sonso, desajeitado, integrante de uma banda de rock que ensaia para um festivallocal, acaba de chutar sua namorada para ficar com a soturna e misteriosa Ramona. No entanto ela o adverte que para ficar com ela terá que enfrentar seus sete ex-namorados malignos. Ok! Apaixonando, ele topa mas não imagina o tamanho dos desafios que o aguardam em cada um dos enfrentamentos. Um astro de cinema fodão, um poderoso empresário musical, um vegano poderoso pela pureza de seu corpo, uma estrela pop lésbica, gêmeos roqueiros, tudo em duelos ao estilo videogame passando fases, ganhando bônus, vidas e eliminando o oponente. 

Desafio de skate, batalha de bandas, luta com espada ninja, estética de quadrinhos, pontuação de games na tela, voos, explosões, solos de guitarra... "Scott Pilgrim Contra o Mundo" é possivelmente a mais improvável comédia romântica que você terá assistido na vida. 



8. "Se Meu Apartamento Falasse", de Billy Wilder (1966) - Mestre das comédias, Billy Wilder conseguia dar leveza a histórias muitas vezes carregadas de elementos delicados. "Se Meu Apartamento Falasse", vencedor de 5 Oscar, incluindo os de filme e direção, traz temas como ética, adultério, depressão, suicídio, e mesmo assim nos entrega um produto final gostoso, repleto de romance, ternura e risadas. O apartamento do título em questão é o de C.C. Baxter (Jack Lemmon), funcionário de uma seguradora que empresta seu cantinho para vários superiores, incluindo o dono da empresa, para estes terem encontros amorosos com mulheres, em geral funcionárias da própria empresa. Mas Baxter descobre que uma das amantes do patrão é nada mais nada menos que Fran (Shirley MacLaine) a ascensorista do prédio onde ele trabalha e pela qual ele é apaixonado. Num dos encontros com o chefe, frustrada pela falta de perspectiva do caso amoroso com um homem casado, Fran tenta o suicídio dentro do apartamento, o que a aproxima do colega apaixonado que a socorre em tempo. Fran vai acabar percebendo que Baxter, na verdade, é verdadeiramente um homem por quem vale a pena tentar alguma coisa na vida, um recomeço. Mas até chegar a esse ponto ainda terá que ver, sentir, entender, aprender algumas coisas e... levar um certo susto.

Talvez a comédia romântica das comédias românticas!

Genial!


💖💖💖💖💖💖💖💖💖

Seja lá como tenha acontecido e se desenrolado sua história de amor, Feliz Dia dos Namorados!



por Cly Reis






sábado, 4 de março de 2023

"Os Fabelmans", de Steven Spielberg (2022)

 





O Amor pelo cinema como espelho da vida
por Vagner Rodrigues


Você realmente gosta de cinema? Então assista esse filme.

Apesar do ritmo lento em muitos momentos, "Os Fabelmans" consegue construir uma narrativa envolvente. Tenho que admitir que ele demora um pouco engrenar e fazer a história avançar, mas depois que você compra a vibe, só vai.

O filme de Steven Spielberg é baseado nas memórias da infância do próprio cineasta, mais especificamente em um garoto vivendo no Arizona. O jovem Sammy Fabelman se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver "O Maior Espetáculo da Terra", do lendário diretor Cecil B. DeMille. Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe solidária.

O filme tem uma mensagem linda de amor ao cinema mas, além disso, quando a história da família começa, e as camadas dos personagens vão sendo tiradas, é que, sem dúvida, acontece o grande momento do filme. Gabriel LaBelle como Sammy Fabelman, o personagem que seria a representação de Steven Spielberg (uma vez que é praticamente uma cinebiografia), carrega boa parte do drama do filme e está muito bem no papel, conseguindo passar verdade tanto nas cenas de drama, quanto nas que demonstra sua paixão pelo cinema. Se você ama alguma coisa, seu trabalho, seu hobby, você entende todo o amor e encanto do garoto pelo cinema e isso fica claro ao longo de todo filme, sendo ainda mais evidente e salientado na cena final.

O longa se desenvolve muito bem, tudo se encaixa na história e ele reduz o ritmo apenas por pouco tempo no início sem, no entanto, deixar o espectador entediado. Temos ótimas atuações, principalmente dos pais de Mitzi Fabelman (Michelle Williams) e Burt Fabelman (Paul Dano), que entregam muito do emocional do filme, frio e quente. 

"Os Fabelmans" é um filme que, sobretudo, mostra a paixão de alguém pelo cinema e como essa pessoa consegue perceber detalhes da vida que são pegos apenas pelas câmeras, para o bem o para o mal. Enquanto assistimos às dificuldades e a paixão de se fazer um filme, vemos também a paixão e a dificuldade de se viver a vida.

O jovem Sammy Fabelman, capturando o mundo em torno de si
com sua câmera.



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Rodar demais sem muito a dizer
por Daniel Rodrigues


“Os Fablemans” não é o melhor Spielberg. Acima de vários filmes da longa e desigual carreira do cineasta norte-americano, mas também inferior a algumas de suas várias importantes contribuições para a história do cinema. Midas de Hollywood e criador de uma escola, Spielberg é o principal reinventor da arte cinematográfica dos últimos 50 anos e edificador de uma nova indústria de entretenimento, que vai muito além das telas. Somente isso, já garante seu trono no Olimpo. Mas ele não se contenta. Seu último filme, embora não supere nem de longe realizações anteriores como “A Lista de Schindler” (1993), “Tubarão” (1975) ou “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), tem a qualidade de voltar suas lentes justamente para o fazer cinematográfico, num tom bastante autobiográfico. E como tudo que se refere a Spielberg, tem seu lado bom e outro nem tanto.

Em “Os Fabelmans”, o pequeno Sammy Fabelman (Gabriel LaBelle) cresce no Arizona do pós-Guerra e se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver "O Maior Espetáculo da Terra", de Cecil B. de Mille (1952). Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua solidária mãe (vivida por Michelle Williams, ótima no papel da srª Fableman). Porém, quando o jovem descobre um segredo de família devastador, ele encontra no poder dos filmes a chave para desvendar verdades sobre sua realidade e sobre si próprio. 

O fato de Spielberg ter construído uma trajetória um tanto irregular é até um mérito. Mesmo com domínio total das ações da indústria, preferiu não seguir sempre pelo caminho confiável. Ao contrário: se expôs e se arriscou. Isso se deu em vários momentos de sua história, seja como diretor ou produtor. Após o estrondoso sucesso dos dois primeiros “Indiana Jones” (1981-1984), aposta no drama étnico-racial “A Cor Púrpura” (1985); depois do estelar “Guerra dos Mundos” (2005), investe no mesmo ano no denso trhiller político “Munique”; ou ainda ao sair da bilheteria de “Minority Report – A Nova Lei” (2002), não hesita em, logo depois, fazer seu filme mais scorseseano, “Prenda-me se For Capaz” (2002). Isso para ficar em três exemplos destes altos e baixos propositais, que denotam o quanto Spielberg sempre relativizou a condição de mito. 

Isso já o habilita a contar uma história como a de “Os Fablemans” com autoridade e consciência limpa. O encontro inicial dele com o cinema ao qual o filme retrata, por mais que tenha havido desdobramentos talvez impensáveis a um jovem amante da arte nas décadas seguintes, tornando-o um ícone, guarda coerência com tudo que ele desenvolveria, dos projetos mais populares aos mais ambiciosos, das megaproduções às de menor orçamento. O resultado disso é uma inconstância qualitativa justificável e até corajosa. Como Woody Allen e Scorsese, Spielberg já filmou tanto e há tantos anos, tocou dezenas e dezenas de projetos, que é impossível acertar sempre, ainda mais numa arte de complexas equações para que a obra final reste em alto nível. 

Afora isso, no entanto, “Os Fablemans”  deixa uma certa sensação de que o movimento de se autorepresentar seja o velho artifício de não ter muito mais a se dizer. Federico Fellini, talvez mais fluido para com suas inquietações e frustrações, soube explorar o vazio criativo para cunhar “8 ½” (1963), o qual recheou-o também de vazios existenciais. O mesmo fez Agnès Varda em “As Praias de Agnès” (2008) e “Varda por Agnès” (2019), em que olhar feminino prescruta o lugar no mundo. Ou seja: soluções bastante europeias de se achar caminhos poéticos dificilmente sondados. Diante da dureza da grande indústria e talvez da natureza judia bastante destacada no filme, nem mesmo o coração aventureiro de Spielberg é capaz de se desvencilhar.

Um tanto longo – aliás, como a maioria dos filmes atuais, espécie de epidemia fílmica gerada pela concorrência com as séries de streaming – “Os Fablemans” tem lances muito bonitos, ainda mais para admiradores do fazer cinematográfico. Cenas como a do início, em que o personagem vai pela primeira vez a uma sala de cinema, ou quando instintivamente começa a brincar de criar sets de filmagens com suas irmãos e amigos, dão a ideia do porquê da paixão lúdica do cineasta por sua profissão. A mais bonita delas, sem querer dar spoiler, é quando se encontra com seu grande ídolo detrás das câmeras, cena que, inclusive, “resolve” o filme de uma maneira um tanto chapliniana. Nem esta cena, porém, é devidamente construída em toda a narrativa que a antecede. Em certa medida, o fato cai meio de paraquedas mesmo tendo havido chance anterior de se criar tal conexão. É como se o cineasta tivesse perdido a oportunidade de preparar melhor o espectador para a catarse. Isso deixa uma sensação de que se rodou tudo aquilo para não se explorar de fato o que precisava. Como diz o ditado: falar demais por não ter nada (ou pouco) a dizer. Porém, acima de tudo, Spielberg é sincero consigo mesmo, o que o faz acertar mesmo quando erra.

O pequeno Sammy, no centro, descobrindo a magia do cinema.


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Cinema e Esporte - As Modalidades Esportivas na Telona - II


Embora algumas modalidades já tenham iniciado suas competições, os Jogos Olímpicos de Tóquio estão abertos, oficialmente mesmo, a partir de hoje e, desta forma, também está aberta a temporada de publicações referentes a esporte e ao país sede, o Japão, aqui no ClyBlog.
Pra começar, assim como fizemos na última Olímpíada, preparamos uma listinha destacando alguns filmes relacionados com esportes olímpicos. Alguns filmes são especificamente sobre determinada modalidade, em outros há uma cena ou um momento marcante, em outros o esporte é um elemento contextual, em outros é decisivo para a trama... Tem para todos os gostos! O importante é que os esportes estão ali. É lógico que um evento desse porte tem tantas modalidades esportivas que não dá para destacar todas e, sinceramente, eu duvido que tenhamos filmes de algumas delas, mas aqui no Claquete destacamos dez e achamos que  ficou uma lista bem diversificada quanto a gêneros cinematográficos, estilos, abordagens, nacionalidades e com esportes bem interessantes que renderam bons filmes. Então, chega de papo-furado, e vamos à lista:

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"O Campeão", de Franco Zefirelli, (1979)
  - Quando se fala em filmes com esporte, é impossível não pensar nos filmes de boxe, e quando o boxe é assunto na telona, alguns filmes imediatamente vêm à mente como a saga "Rocky" e o cultuado 
"Touro Indomável". Mas outro que é referência quando se fala na Nobre Arte é o dramático "O Campeão". Dirigido por Franco Zefirelli, o filme trata da história de um boxeador aposentado, com problemas com álcool e um filho pequeno para criar, depois que a mãe os abandonara. Com problemas de dinheiro, tentando garantir a guarda do filho diante da mãe (Faye Dannaway), que retornara cheia de grana e arrependimento, e ainda querendo justificar a idolatria do filho, que o vê como um herói, Billy Flynn, vivido por John Voight, resolve voltar aos ringues. Mas já sem as melhores condições físicas e contrariando recomendações  médicas, uma nova luta, àquelas alturas, pode não ser uma boa ideia... Embora muita gente já tenha visto, não vou dar spoiler e contar o final,  mas, só para dar uma ideia, o filme é considerado um dos mais tristes de todos os tempos. Já da pra imaginar, né?

*****

"Caçadores de Emoção", de Kathryn Bigelow (1991) - O surfe, que estreia em Olimpíadas este ano, em Tóquio, aparece em "Caçadores de Emoção", uma aventura policial em que um agente se infiltra em um grupo de surfistas que, ao que parece, vem realizando roubos a bancos fantasiados com máscaras de presidentes americanos. Johnny Utah (Keanu Reeves), se aproxima, aprende a surfar e, para ganhar a confiança do líder do grupo, Bhodi, interpretado por Patrick Swayze, até pega umas ondas com os carinhas. Dirigido por Kathryn Bigelow, que anos depois seria a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor direção por "Guerra ao Terror", e com Patrick Swayze no auge de sua popularidade e em sua melhor forma física, para delírio do público feminino, "Caçadores de Emoção", se não é um grande filme, ao menos mantém o espectador grudado na trama e na aventura. O surfe está presente em muitos momentos do filme em boas cenas cheias de adrenalina, mas a cena final, numa espécie de "hora da verdade", é a mais marcante e uma das mais icônicas dos filmes de ação dos anos 90.

"Caçadores de Emoção - cena final"


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A galerinha de "Kids", com o skate presente,
dando um daqueles rolezinhos.
"Kids", de Larry Clark (1995)
- Não é um filme sobre skate e, na verdade, o esporte também debutante em Jogos Olímpicos, este ano, nem tem tanto destaque assim. O fato é que a turminha que protagoniza os eventos e envolvimentos do longa é um grupo de jovens skatistas, uma galerinha da pesada que não tá nem aí  pra nada e só quer saber de trepar, ficar doidão e barbarizar por aí. Filme pesado, duro, com algumas situações angustiantes, revoltantes e até degradantes. Produzido no auge da situação da AIDS, o filme que era para ser uma espécie de alerta para a irresponsabilidade, especialmente entre os jovens, em suas relações, parece não ter conseguido sequer controlar o próprio set de filmagem que, pelo que se sabe foi um caos com sexo e drogas para todo lado. Consta que alguns atores, muitos deles amadores, ficaram traumatizados com a experiência e outros sequer conseguiram voltar a atuar. Daquele time, no entanto sobreviveram à  experiência e vingaram na carreira as boas Rosario Dawson e Chloë Sevigny.

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"Troca de Talentos", de John Witesell (2012)
 - Mesma pegada do consagrado "Space Jam" mas sem os desenhos e sem a mesma qualidade. Brian, um garoto impopular, fracote, zoado, fãzaço de basquete mas sem nenhum talento para a prática do jogo, vai assistir a um jogo de seu time, o Oklahoma City Thunders, onde jogava Kevin Durant na época, e, por uma rara sorte em sua azarada vida, naqueles entretenimentos do intervalo de jogo, ganha de Durant uma bola de basquete, mas por uma circunstância toda especial e mágica, acabam trocando de talentos no momento da entrega da bola para o garoto. Aí o que acontece é que o garoto, que era um pereba na escola, passa a arrasar, entra pro time principal, vence todos os jogos contra outras escolas e, de quebra, conquista a gatinha que tanto cobiçava. Na outra ponta da história, o craque da NBA, passa a jogar nada, decepciona na liga, é responsável por derrotas, vai para a reserva e até  mesmo pensa em encerrar a carreira. Seu empresário, desesperado, passa a procurar as razões para aquela queda tamanha e repentina de qualidade e, juntando os pontos, elementos, fatos, chega até  o garoto e a noite da entrega da bola. Aí, só resta descobrir como fazer para devolver os respectivos talentos a cada um.
Filme fraquinho, previsível, cheio de clichês mas, no fim das contas, se o espectador for pela mera diversão, sem muita exigência, até pode achar uma comediazinha bem divertida.

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"O Casamento de Muriel", de P.J. Hogan (1994)
- Muriel é uma gordinha simpática, doce, sonhadora, fã de ABBA, mas, infelizmente, não muito popular e sem nenhum amigo. Ela tem o sonho de mudar de vida, sair da pequena Porpoise Split, conhecer gente, afastar-se de sua sufocante família, em especial de seu desprezível pai, e, acima de tudo, se casar. Mas casar da forma mais bela e tradicional: com cerimônia, bolo, vestido branco e tudo.
Mas que diabo esse filme tem a ver com esportes e com Olimpíadas? Tem que, depois de sair de Porpoise Split, encontrar uma boa amiga, finalmente se sentir viva por um momento na vida, mudar o nome para Mariel, voltar à cidadezinha, ser descoberta no golpe que aplicou na própria mãe, fugir de casa, ir morar com a amiga, nossa protagonista, decidida em casar, decide procurar, em anúncios especializados de jornais, um homem à procura de uma jovem para matrimônio. Ela conhece David Van Arkle, um nadador sul-africano que busca de uma esposa local a fim de obter cidadania australiana e e poder participar dos jogos olímpicos. Assim, Muriel consegue realizar seu sonho, embora, salvo raros momentos, o casamento não tenha sido exatamente o paraíso que ela poderia imaginar. Boa comédia com elementos dramáticos, com destaque para Tony Colette, no papal que, de certa forma, impulsionou sua carreira.

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"O Homem Que Mudou o Jogo", de Bebnet Miller (2012)
- Se o futebol americano já ganhou uma certa força e popularidade no Brasil, o beisebol, que tem uma quantidade considerável de produções cinematográficas por parte da indústria norte-americana, ainda nem tanto. Desta forma, salvo algum argumento mais emotivo ou atraente, os filmes sobre o tema acabam não caindo totalmente nas graças do público brasileiro. E entre tantas histórias de ex-jogadores com algum tipo de crise, dramas de superação, times infantis de bairro, paizões treinadores, animações, um dos que merece destaque dentro desse universo, muitas vezes tão pobre de qualidade, é o bom "O Homem Que Mudou o Jogo", de Bennet Miller, história real de um cara que, com muita observação, perspicácia, coragem, em 2002, impulsionou um time nada mais que mediano, o Oklahoma Atlhetics, e o tornou um dos destaques da MLB, tendo seu modelo de gestão, imitado depois, até mesmo, por times maiores e tradicionais.
É um filme de beisebol mas outras questões como os métodos do manager Billy Beane, sua determinação, os objetivos, as dificuldades, se salientam tanto que a estranheza do esporte yankee, de nossa parte, acaba sendo superada pelo bom roteiro e pela ótima atuação de 
Brad Pitt no papel do protagonista. Filme de beisebol que vale a pena, apesar do beisebol.

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"Uma Razão Para Vencer", de Sean McNamara (2018)
- Filmes com voleibol são bem raros e até por isso, mesmo não sendo grande coisa, vale a pena mencionar na nossa lista de filmes com esporte, o longa norte-americano "Uma Razão Para Viver". Baseado em fatos reais, o longa trata sobre um time de vôlei cuja capitã e melhor jogadora, Caroline, uma jovem alegre, positiva e vibrante, morre num acidente trágico de motocicleta, e sua melhor amiga, completamente desestruturada a partir do acidente, passa a tentar recuperar o estímulo e o prazer pelas coisas. Para isso, contará com a liderança e persistência da treinadora do time que vai fazer com que a decisão de voltarem a jogar e disputarem o torneio, se torne uma espécie  de missão  e tributo à  jovem que não está mais entre elas.
"Uma Razão Para Vencer" é um típico drama de superação, de motivação, meio irregular no ritmo, meio cansativo em alguns momentos, mas que não é um lixo e conta com um bom elenco, com nomes como a boa Erin Moriarty e os oscarizados 
William Hurt, como pai da garota falecida, e Helen Hunt, no papel da determinada treinadora.

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A tensa cena da corrida em que 
Ali tem que dar tudo de si (mas nem tanto assim).
"Filhos do Paraíso", de Majid Majidi (1999)
-  Não é um filme de atletismo mas a cena da corrida é uma das mais emocionantes do filme e... se encaminha para ser decisiva para a resolução do problema. E qual é  o problema? A questão toda é que um garoto, Ali, de uma família humilde de Teerã, perde o único sapato da irmã menor ao levá-lo para consertar, no sapateiro. Constrangido e culpado, e sem outra opção, dadas as condições da família e o temor de contar para os pais, ele empresta os seus próprios tênis, rasgados e velhos, para a irmã ir a escola pela manhã, aguardando que ela volte para que ele possa ir à sua aula, à tarde. Mas a combinação tem seus problemas, seus imprevistos, seus atrasos, suas correrias e a situação passa a ficar insustentável. Quando tudo só parece ficar cada vez pior, uma corrida promovida pela escola parece ser a grande oportunidade de resolver o problema, pois o prêmio para o terceiro colocado é,  nada mais nada menos que um tênis. Mesmo com uma certa indisposição dos professores em relação por conta dos muitos atrasos ocasionados pelo revezamento do tênis, Ali dá um jeito de ser inscrito na prova e terá que, ao mesmo tempo ser competente e rápido o suficiente para estar no grupo da frente, entre os primeiros, mas cuidadoso o bastante para não chegar em primeiro nem em segundo.
Como eu já disse, a cena toda é algo absolutamente tensa e agoniante, ainda mais quando, um dos concorrentes trapaceia e derruba Ali, que tem que se recuperar na prova e dá uma arrancada decisiva para que fará com que consiga (ou não) o tão almejado prêmio.
Mais um dos ótimos filmes da safra iraniana dos anos 90, com toda aquela competência que os cineastas de lá têm, de nos apresentar, dentro de uma trama aparentemente simples, todo um aspecto humano sempre relevante e significativo, além de uma contextualização de realidade social e cultural com sensibilidade e beleza.

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O tiro certeiro de Merida que lhe garantiu
a solteirice (e a indignação da mãe).
"Valente", de Branda Chapman (2012)
- Merida passa longe de ser a princesa ideal. É  largadona, dasaforada, rebelde e, por isso tudo, em constante conflito com a mãe, a rainha autoritária e intransigente Elinor. Ela quer que a filha siga os padrões de comportamento de acordo com sua posição e mantenha as tradições do reino, tornando-se sua sucessora, casando-se com o pretendente de outro clã que vencer um torneio de arco e flecha que ela pretende promover. Merida não quer que seu destino seja decidido numa competição, num jogo, mas, já que é  assim, ela dá um jeito, reinterpreta as regras e se habilita a competir contra os próprios pretendentes. Autoconfiante e certeira, ela, praticante desde pequena do esporte, não dá a menor chance para os competidores, acabando com essa história de casamento e causando revolta nos líderes dos outros clãs mas, especialmente na mãe, que fica uma fera. Elas discutem, brigam e Merida foge para a floresta onde é guiada por chamas mágicas à cabana de uma bruxa, a quem pede para que a mãe deixe de ser como é. A bruxa atende mas... a ideia não era bem a que Merida tinha em mente. A mãe que estava uma fera com ela, se transforma, literalmente numa fera, mesmo. A rainha é metamorfoseada num enorme urso negro e, agora, Merida tem que lidar com a criatura transfigurada da mãe e impedir um conflito que se aproxima entre seu povo e o reino vizinho, por conta do descumprimento da promessa do casamento que representaria a paz entre eles.
Muita aventura, confusão, boas risadas e algumas boas quebras de paradigmas como só a Pixar sabe fazer quando negócio é animação. "Valente" é a 
Pixar apostando num filme de princesa pouco convencional, numa fábula diferente, numa heroína incomum e acertando no alvo. 

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"Match Point", de Woody Allen (2006)
 - 
Woody Allen teve uma sequência de trabalhos geniais, quase ininterruptamente, ali, do início dos anos '70 até a metade dos '80. Praticamente só obras-primas! Ali, a partir dos anos '90, a qualidade já passou a oscilar um pouco e, se às vezes éramos brindados com mais um filmaço que poderia se juntar, tranquilamente, à galeria dos seus melhores, outras tantas tínhamos algo bem enfadonho e dispensável. Mas nessa época de altos e baixos, um dos que, certamente, pode ir para a categoria dos grandes é "Match Point - Ponto Final", um suspense policial que, literalmente, deixa o espectador com o coração na mão até o último momento, até o último ponto.
Chris Wilton é um ambicioso ex-jogador de tênis que se torna instrutor em um requintado clube inglês e que ganha a confiança de Tom Hewitt, um ricaço filho de um grande empresário, passando a ser seu treinador somente para se aproximar de sua irmã e, quem sabe entrar para a família. O golpe está  dando certo até  que ele conhece a noiva de Tom, a belíssima Nola, o que é o começo de sua ruína. Chris casa com a filha do milionário, garante um lugar como executivo em sua empresa, dá o golpe do baú, mas o envolvimento paralelo com Nola , uma inesperada gravidez (será???) e a ameaça da revelação do affair, que colocaria todo seu esforço a perder, faz com que tome atitudes drásticas e resolva se livrar da amante.
Fora alguns contratempos, alguns imprevistos de um assassino de primeira viagem, superados com uma certa dose de sorte, seu plano corre bem, seus álibis são convincentes e não há nada que a polícia possa suspeitar. Um crime perfeito! Bom, quase... Pois uma certa intuição de que alguma coisa não fecha, não bate, faz com que um dos investigadores refaça os passos e chegue se aproxime do assassino.
Exatamente para eliminar qualquer suspeita, Chris pretende se livrar dos pertences que levara do apartamento vizinho, de modo a fazer tudo parecer mero um roubo que terminara em assassinato. Ele joga as coisas da senhoria de Nola no rio, mas ao jogar o último item que percebera em seu bolso, o anel da idosa, o objeto, 
na cena mais marcante do filme e uma das grandes da filmografia do diretor, caprichosamente, bate no parapeito, sobe e.... Allen desacelera a cena num slow-motion angustiante, com o anel no ar, e remete à própria cena inicial do filme, quando uma bola de tênis bate na rede e, num quadro parado, fica no ar, podendo decidir o jogo. Para um lado, cai na água, e a prova do crime é eliminada; para o outro, cai no chão e o policial, que se está em seu encalço, poderá ter a prova que falta de que Chris estivera no prédio no dia dos crimes.
Não vou dar spoiler aqui. Aliás já falei demais, mas posso garantir que a cena faz a gente torcer como se fosse uma partida de tênis de verdade. Filme que começa leve, parece uma comédia, parece um romance, vira um drama, passa a ser um um policial, até tornar-se um suspense eletrizante, "Match Point" é Woody Allen na melhor forma, voltando ao gênero do thriller policial, ao melhor estilo de "O Misterioso Assassinato em Manhattan", um dos  seus bons dos anos 90, só que aqui sem a comédia e com muito mais tensão.
"Match Point", em sua brilhante construção e desenvolvimento, além de todas suas qualidades e virtudes cinematográficas, tem o mérito de fazer  refletir sobre a impotência humana diante do todo, de que não temos domínio sobre tudo. Que, no fim das contas, muitas das vezes, na vida, por mais que façamos tudo "certo" ou tudo errado, as coisas se resumem, na verdade, em para qual lado a bola vai cair.

"Match Point" - cena inicial 





por Cly Reis

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ClyBlog 5+ Cineastas


introdução por Daniel Rodrigues


Jean-Claude Carrière disse certa vez que “quem faz cinema é herdeiro dos grandes contadores de histórias do passado”. Pois é isso: cineastas são contadores de histórias. Afinal, quase invariavelmente, quanto mais original a obra cinematográfica, mais se sente a “mão” do seu realizador. Um filme, na essência, vem da cabeça de seu diretor. Fato. Tendo em vista a importância inequívoca do cineasta, convidamos 5 apaixonados por cinema que, cada um à sua maneira – seja atrás ou na frente das câmeras –, admiram aqueles que dominam a arte de nos contar histórias em audiovisual e em tela grande.
Então, dando sequência às listas dos 5 preferidos nos 5 anos do clyblog5+ cineastas:



1. Gustavo Spolidoro
cineasta e
professor
(Porto Alegre/RS)

"Se Deus existe, ele se chama Woody Allen"



O pequeno gênio,
Woody Allen

1 - Woody Allen
2 - Stanley Kubrick
3 - Rogário Sganzerla
4 - François Truffaut
5 - Agnes Varda






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2. Patrícia Dantas
designer de moda
(Caxias do Sul/RS)


"Gosto destes"


1 - Quentin Tarantino
2 - Stanley Kubrick



3 - Sofia Coppola
4 - Woody Allen
5 - Steven Spielberg

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3. Camilo Cassoli
"Felizes Juntos" rendeu ao chinês
o prêmio de melhor direção
em Cannes
jornalista e
documentarista
(São Paulo/SP)


"Não sei se exatamente nessa ordem,
mas esses são os cinco com quem me identifico."


1 - Wong Kar-Wai
2 - Federico Fellini
3 - Wim Wenders
4 - Eroll morris
5 - Werner Herzog






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4 . Jorge Damasceno
biblioteconomista
(Porto Alegre/RS)


"Fiquei louco para incluir o Robert Altman e o Buñuel na lista."


1 - Stanley Kubrick
2 - Francis Ford Coppola
3 - Werner Herzog
4 - Ingmar Bergman
5 - Fritz Lang
Um dos clássicos de Lang,
"M- O Vampiro de Dusseldorf''












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5. Alessa Flores
empresária
(Porto Alegre/RS)


"Greenway mudou a minha vida com "O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante".
Um filme que resume o que é arte pelo roteiro, fotografia, figurinos, trilha e direção impecáveis.
Não consegui achar mais nada que fosse tão bom quanto."


Cena marcante do impressionante
"O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante"












1 - Peter Greenway
2 - Pedro Almodóvar
3 - Sofia Coppola
4 - Roman Polanski
5 - David Cronenberg






sábado, 4 de dezembro de 2010

"Zelig", de Wody Allen (1983)



Ainda tenho algumas dívidas de Woody Allen para comigo mesmo e uma delas era "Zelig", filme que sempre quis ver mas nunca loquei, perdia quando passava no Cult e assim por diante. Esta semana tive a oportunidade de assistir e só confirmou tudo o que eu esperava dele. Pode não ser tão espetacular quanto "Manhattan", meu preferido do diretor, mas é daqueles geniais, na mesma proporção por exemplo de "Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo mas tinha medo de perguntar". Só um gênio como Allen pra fazer um filme daquele e daquele jeito.
Zelig Gordo, Zelig Negro, Zelig Escocês.
Na forma de um (falso) documentário, conta a história de um homem, Leonard Zelig, que tem a capacidade de assimilar as característcas não só psicológicas mas também físicas de quem se aproxima dele. O cara vira um fenômeno, uma atração mundial e é badalado por onde passa até que acontecimentos fazem com que toda a opinião pública se volte contra ele. O barato, além deste formato é como ele é apresentado, com imagens verdadeiramente antigas da sociedade americana dos anos 20 e 30, mescladas às produzidas para o filme, que são tão bem trabalhadas, envelhecidas, riscadas, mal-cortadas que parecem realmente serem originais de muito tempo atrás. Os filmes reais dentro do filme alternam-se na condução do "documentário" com filmagens 'amadoras', gravações das sessões com o sr. Zelig, com fotos que praticamente dialogam, e depoimentos posteriores de pessoas envolvidas no curioso caso; tudo isso numa montagem espetacular, com inserções da imagem de Zelig (Allen) em fotos e acontecimentos de maneira muito convincente (isso muito antes e sem os mesmos recursos técnicos de "Forrest Gump"
"Zelig" na verdade é uma grande alegoria sobre a individualidade, a personalidade, a auto-estima do indivíduo e a volubilidade das pessoas e opiniões, tratando tudo isso de uma forma extremamente original, inteligente e divertida.
Ainda tenho uma certa dívida de Allens: não vi "Radio Days", não vi o recente "Tudo pode dar certo", perdi há poucos dias também na TV o "Bananas", mas aos poucos eu vou diminuindo este meu prejuízo. Gênio! Woody Allen é um dos que se pode atribuir este adjetivo sem medo.



Cly Reis