No ano de 1953, a 20th Century Fox, gritou “ Pela união dos seus poderes, eu sou f0#@”e uniu três superestrelas do cinema, Marilyn Monroe, Betty Grable e Lauren Bacall, para fazer um grande filme e mostrar toda sua força no mercado. O filme? "Como Agarrar Um Milionário".
Em Nova York, Schatze Page (Lauren Bacall), (Marilyn Monroe) e Loco Dempsey (Betty Grable), três modelos, alugam, em Manhattan, um elegante apartamento com o objetivo de arrumarem maridos ricos mas, com desenrolar da trama, vemos que o plano não dá certo e elas acabam se envolvendo, mais uma vez com homens pobres.
E essa beleza e charme? Ai, meu coração!!!
A obra é bem simples, é daqueles filmes para assistir e dar boas risadas. Embora a história do filme já seja batida e clichê, até mesmo para a época, devido às grandes atuações o filme consegue se sustentar muito bem. O trio é o grande destaque do filme, são personagens femininas fortes e decididas. Sim, estão em busca de maridos ricos, ok, podemos colocar um olhar critico nisso, se pensarmos nas lutas de igualdade que temos hoje, mas acredito que colocar essa busca pelo homem ideal como ponto negativo do filme, que por consequência inferioriza as mulheres, seja algo equivocado. Acho que fazer um filme com esse roteiro nos dias de hoje, isso sim seria algo negativo. O filme é um recorte exagerado da sociedade americana daquela época, então devemos analisar o filme, a obra final, junto com o contexto da sociedade na qual ele foi filmado.
Os figurinos luxuosos são um dos destaques do longa.
É um luxo, um deslumbre visual em tudo. O cenário e os figurinos retratando a alta sociedade americana da década de 50 e o fato do filme ser colorido contribuíram bastante para ressaltar toda essa “ostentação”, para utilizar uma palavra da moda. Como falei anteriormente, as atuações do trio principal também são um luxo. Schatze Page (Lauren Bacall) funciona como a líder do grupo, serve como inspiração para as outras moças. Schatze é a mais determinada do grupo em cumprir o objetivo, não aceitando de nenhuma forma qualquer contato com um homem que não utilize terno (eu achei isso o máximo). Loco Dempsey, vivida por Betty Grable) (seu nome é bem sugestivo) é a mais impulsiva das três, diria até, a mais inocente. Se mostra algumas vezes, ao longo do filme, disposta a abandonar o plano e seguir seu coração, porém suas amigas sempre conseguem convencê-la a continuar. Em uma cena muito divertida, Schatze chama a atenção de Loco pelo fato desta pedir para um homem lhe ajudar a carregar as compras. Detalhe: o homem não veste terno. E por último e não menos importante, Pola Debevoise (Marilyn Monroe). Pola é um meio termo: deixa claro durante todo filme que apoia os planos Schatze, mas que gostaria de seguir seu coração como Loco. Uma particularidade que gera cenas divertidíssimas é o fato de Pola precisar usar óculos pois sem eles não enxerga nada, mas não os usa, pois acredita que homens não acham atraentes mulheres de óculos, e assim vive esbarrando nas paredes chegando ao ponto de pedir para suas amigas lhe contarem como é a aparência do homem com quem ela pretende casar, pois ela não consegue enxergá-lo.
Tecnicamente o filme é excelente e reitero que o trio principal está espetacular, todas lindas, maravilhosas e atuando divinamente. "Como Agarrar Um Milionário" também tem outro chamariz, o fato de ser um dos primeiros a ser filmado com a tecnologia CinemaScope (um tipo de filmagem wide-screen) que ajudou a modernizar o cinema. CinemaScope foi um dos primeiros a utilizar o sistema de som surround o que rendeu uma bela cena de abertura do filme que não tem nada a ver com o enredo do filme mas mesmo assim é muito bela e vale a pena ser vista.
Adorei o filme, é superdivertido e se você quiser (e forçar a barra) pode até levantar uma polêmica, um debate, mas não é necessário. O compromisso de mostrar uma obra grandiosa e ao mesmo tempo simples foi cumprido com sucesso. Vendo o filme, eu senti vontade de viver naquela época, conhecer aquela Nova York, todo o seu luxo quando acontece essa imersão. Eu me divirto muito embora fique chateado pelo fato de que as moças não falariam comigo, pois não uso terno.
Foto que demonstra bem a personalidade de cada uma (d esquerda para a direita Pola Debevoise, Loco Dempsey e Shatze Page)
Eis aqui um caso em que o remake, simplesmente, atropela o original. É quando uma comédia despretensiosa, sem grande desenvolvimento, produzida por um país ainda não tão significativo, na época, é repensado com maiores ambições, ganha uma melhor elaboração, tem o aporte de um grande estúdio norte-americano e é entregue nas mãos de um dos grandes mestres do cinema. Aí não tinha como dar rúim.
O francês "Fanfarras do Amor" é legal, é simpatiquinho, sua premissa cômica é interessante é promissora, mas é exatamente nisso que o diretor e roteirista norte-americano Billy Wilder tem seu grande trunfo. O mote inicial é bom: dois músicos com dificuldade financeira que tem que ingressar, travestidos, em uma banda feminina para dar um jeito na miséria, mas que, inevitavelmente acabam se envolvendo com as garotas e tem que alternar as identidades para, ora tocar no conjunto, ora tentar conquistar as integrantes desejadas.
Wilder pegou esse bom prato e acrescentou alguns temperos. Pensou então, "e se eles, além da dureza de grana, tivessem forçosamente que se disfarçar para salvar a própria pele?", "...se eles estivessem, tipo..., sendo perseguidos por criminosos?", "se apenas um dos músicos se interessasse por uma instrumentista do grupo e o outro mesmo relutante servisse como seu escudeiro?", "e se esse cúmplice tivesse que se submeter a situações quase absurdas para ajudar o romance do amigo?". A incrementada de Billy Wilder fez toda a diferença e favorece diversas dinâmicas. Enquanto o longa francês morre cedo, se esgota rápido numa repetição de vira homem vira mulher, vai e toca na banda e corre pro o quarto do hotel; o norte-americano, mesmo repetindo esse frenesi de "põe o disfarce e tira o disfarce", é mais criativo, diversifica ambientes, insere personagens, cria novas complicações para a dupla de protagonistas.
Se em "Fanfarras do Amor" a viagem com a banda feminina para a Riviera Francesa é meramente circunstancial, em "Quanto mais Quente Melhor", o afastamento para um lugar mais quente, a Flórida, é fundamental no enredo, uma vez que a dupla de músicos, tendo sido testemunha de um crime numa garagem em Chicago, vê na oportunidade de viajar para beeeem longe, a melhor, e talvez única, alternativa para escapar dos mafiosos que passam a os perseguir.
No filme francês, pode-se dizer que grande parte do envolvimento do músico bonitão, Jean, com uma das cantoras do grupo se passa no trem, enquanto que no norte-americano, embora o interesse do saxofonista, Joe, pela tocadora de ukelele seja revelado também na viagem sobre os trilhos, e as confusões deles com as garotas rendam boas risadas, o ápice da ação e dos encontros e desencontros se dá no hotel em Miami. Na versão francesa, no entanto, o hotel é palco, além dos números musicais, de uma série de repetições de troca de figurinos, sobe e desce de escadas, e tentativas do mais cômico mas menos atraente da dupla, Pierre (Jean Carrete), em revelar a identidade do companheiro, Jean (Fernand Gravey), de modo a conquistar a desejada Gaby. É! Sim! Em "Fanfarras do Amor" há uma competição pela garota da banda e a todo momento um fica tentando desmascarar o outro, só que Jean leva uma certa vantagem por fazer o tipo galã e por se passar por produtor musical, o que acalenta o sonho de Gaby de se tornar uma cantora conhecida e se projetar no cenário artístico.
Em "Quanto Mais Quente Melhor" a resistência de Jerry ao assédio às garotas da banda, o contrabaixista vivido por Jack Lemmon, se dá somente pelo temor de revelarem o disfarce e serem expulsos do grupo. Embora tentado pelas formas femininas, Jerry não tem nenhuma pretensão nesse sentido. Já seu colega de fuga, o saxofonista Joe (Tony Curtis), mulherengo e galanteador, logo se encanta por Sugar Kane, a garota mais rebelde da banda, interpretada por Marilyn Monroe, e, sabendo da ambição da loura por conhecer um milionário, além do disfarce feminino, ainda se faz passar por um magnata dono de uma das maiores petrolíferas do mundo. Mas para tal farsa terá que contar com a retaguarda de Jerry, agindo sob a identidade de Daphne para distrair um ricaço (esse, sim, de verdade) e usufruir de suas vantagens para impressionar Sugar.
A propósito, o trio de ataque do técnico Wilder é de enlouquecer qualquer adversário. Lemmon simplesmente hilário a cada mudança de Jerry para Daphne e vice-versa; Curtis, malandro, conquistador, ardiloso, se desdobrando em três papéis (Joe, Josephine e Junior), e Marilyn, mesmo indisciplinada, acima do peso, chegando atrasada nos treinos e brigando com o treinador (tinha discussões com Wilder), entregava em campo e fazia um dos papéis mais marcantes de sua carreira.
"Fanfare d'Amour" - Jean (Fernando Gravey)
em número musical no hotel
"Quanto Mais Quente Melhor" - Sugar Kane (Marilyn Monroe)
em número musical no hotel
Não tem jeito: "Quanto Mais Quente Melhor" goleia.
Um gol pelo enriquecimento do enredo com elementos como a máfia, o testemunho do assassinato, o motivo adicional de aceitarem entrar para um grupo feminino e da fuga para um lugar o mais distante possível, a farsa do milionário, o verdadeiro ricaço e seu "envolvimento" quase compulsório com o baixista... Tudo! A história simplória de "Fanfarres d'Amour" vira outra coisa!!! QMQM 1x0.
A propósito da quedinha do milionário Osgood pela 'delicada' Daphne, na verdade o relutante baixista Joe, a situação toda, absurdamente cômica, e a atuação de Jack Lemmon tendo que ceder à pressão do amigo e se fazer convincente como mulher para conseguir as benesses de luxo do esbanjador pretendente, vale mais uma bola na rede para o time de 1961. A sequência toda em que eles se encontram no bar do hotel e dançam tango a noite inteira é de morrer de rir. 2x0 para o time do Tio Billy.
Por falar em gargalhadas, a sucessão situações hilárias garante o terceiro para o time de Billy Wilder. A "festinha" no trem, Joe enfiado na banheira de roupa e tudo para não ser desmascarado, os dois embaixo da mesa dos criminosos no reencontro com a máfia no hotel em Miami, a própria caracterização dos dois como mulheres... 3x0 no placar.
Mas aí, com o placar favorável, jogo tranquilo, o time de 1961 relaxa e acaba metendo um gol contra. Na ânsia de explorar a sensualidade da loura sem ser apelativo, Wilder erra a mão na sequência do iate com uma situação longa e cansativa do que seria uma "recuperação" das capacidades masculinas do (falso)milionário Shell Junior. Ah, é um beija, rebeija, insiste, desiste, aposta, embaça os óculos de tanta "pressão" da loira, e aquilo não acaba nunca. Cansativo. O time francês faz o seu primeiro numa falha do treinador adversário. 3x1.
Será sinal de uma reação?
Que nada!
Marilyn, que teve culpa no gol do adversário, se redime em grande estilo com o número musical de "I Wanna Be Loved By You", que é das coisas mais graciosas que já se viu na história do cinema. Ela fazendo aquele "Boop-boop-a-doop" é algo simplesmente sensacional. Jogada individual. Gol de uma das craques do time. Pode até não ser um exemplo de atleta mas lá dentro resolve. 4x1! Marilyn Monroe!!!
Já pelo lados da Riviera Francesa, de um modo geral, a maioria dos números musicais são chatos e maçantes, com uma espécie de coreografia bávara exibida no hotel, no entanto, o primeiro momento em que Jean se passa por produtor, ainda no trem, mostra sua canção a Gaby e ambos a cantam juntos no trem, é um momento bonito, bem captado e garante o segundo para Fd'A. 4x2.
Mas não havia muito mais para tirar do time do técnico Richard Pottier e o placar estava definido.
Ôpa!!!
...
...
Quando parecia que nada mais ia acontecer, no apagar das luzes, na cena final de "Quanto Mais Quente Melhor", numa tabelinha de Jack Lemmon com o ator Joe E. Brown, o milionário Osgood Fielding, o diálogo final entre os dois garante o quinto para QMQM. Golaço de Jack (ou Jerry... ou Daphne...). Ora, não importa! O importante é que o remake faz 5x2 e liquida com qualquer chance do filme original. O árbitro aponta o centro de campo e está encerrada a partida.
Prevalece o time com mais criatividade, qualidade técnica e talento individual.
O time francês tem virtudes mas contra o trio de ataque dos comandado do técnico Wilder, não tem como competir.
Não tem como culpar "Fanfare d'Amour" por tentar encarar "Quanto Mais Quente Melhor".
Viu que tinha bons jogadores, achou que teria chance, ok, ok...
Como diria o apaixonado velhote Osgood, "Ninguém é perfeito".
Abriu hoje aqui no Rio a exposição Warhol TV que mostra esta outra faceta midiática do multiartista Andy Warhol: seus trabalhos e produções para a telinha. Normalmente conhecido por suas obras de art-pop com figuras múltiplas e coloridas de Marilyn Monroe, as desfocadas de Elvis, ou as latas de feijão e sopa, o artista multimídia aparece nesta exposição em vídeos experimentais, clipes, pequenos filmes, entrevistas, aparições em programas de TV e mesmo apresentando alguns. Tipo da exposição pra ir com tempo, com calma, pra ver sem pressa. Alguns vídeos serão mais longos, outros mais curtos, mas certamente é algo pra se assitir e não pra dar uma passada de olhos.
Pretendo ir no fim-de-semana. Depois comento mais um pouco sobre as impressões do que terei visto lá no local.
Andy Wahol Nascido Andy Warhola em Pittsburgh, Pensilvânia em 6 de agosto de 1928, morreu em 22 de fevereiro de 1987. Era o quarto filho de Ondrej Warhola e Ulja, cujo primeiro filho nasceu na sua terra natal e morreu antes de sua migração para os Estados Unidos. Seus pais eram imigrantes da classe operária originários de Mikó (hoje chamada Miková), no nordeste da Eslováquia, então parte do Império Austro-Húngaro. O pai de Warhol emigrou para os E.U. em 1914 e sua mãe se juntou a ele em 1921, após a morte dos avós de Andy Warhol. Seu pai trabalhou em uma mina de carvão. A família vivia na Rua Beelen, 55, e mais tarde na Rua Dawson, 3252, em Oakland, um bairro de Pittsburgh. A família era católica bizantina e frequentava a igreja bizantina de São João Crisóstomo em Pittsburgh. Andy Warhol tinha dois irmãos mais velhos, Ján e Pavol, que nasceram na atual Eslováquia. O filho de Pavol, James Warhola, tornou-se um bem sucedido ilustrador de livros para crianças. Nos primeiros anos de estudo, Warhol teve coreia, uma doença do sistema nervoso que provoca movimentos involuntários das extremidades, que se acredita ser uma complicação da escarlatina e causa manchas de pigmentação na pele. Ele tornou-se um hipocondríaco, desenvolvendo um medo de hospitais e médicos. Muitas vezes de cama quando criança, tornou-se um excluído entre os seus colegas de escola, ligando-se fortemente com sua mãe. Às vezes quando estava confinado à cama, desenhava, ouvia rádio e colecionava imagens de estrelas de cinema ao redor de sua cama. Warhol depois descreveu esse período como muito importante no desenvolvimento da sua personalidade, do conjunto de suas habilidades e de suas preferências. Aos 17 anos, em 1945, entrou no Instituto de Tecnologia de Carnegie, em Pittsburgh, hoje Universidade Carnegie Mellon e se graduou em design. Logo após mudou para Nova York e começou a trabalhar como ilustrador de importantes revistas, como Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker, além de fazer anúncios publicitários e displays para vitrines de lojas. Começa aí uma carreira de sucesso como artista gráfico ganhando diversos prêmios como diretor de arte do Art Director's Club e do The American Institute of Graphic Arts. Fez a sua primeira mostra individual em 1952, na Hugo Galley onde exibe quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote. Esta série de trabalhos é mostrada em diversos lugares durante os anos 50, incluindo o MOMA, Museu de Arte Moderna, em 1956. Passa a assinar Warhol. O anos 1960 marcam uma guinada na sua carreira de artista plástico e passa a se utilizar dos motivos e conceitos da publicidade em suas obras, com o uso de cores fortes e brilhantes e tintas acrílicas. Reinventa a pop art com a reprodução mecânica e seus múltiplos serigráficos são temas do cotidiano e artigos de consumo, como as reproduções das latas de sopas Campbell e a garrafa de Coca-Cola, além de rostos de figuras conhecidas como Marilyn Monroe, Liz Taylor, Michael Jackson, Elvis Presley, Pelé, Che Guevara e símbolos icônicos da história da arte, como Mona Lisa. Estes temas eram reproduzidos serialmente com variações de cores. Além das serigrafias Warhol também se utilizava de outras técnicas, como a colagem e o uso de materiais descartáveis, não usuais em obras de arte. Em 1968, Valerie Solanas, fundadora e único membro da SCUM (Society for Cutting Up Men - Sociedade para eliminar os homens) invade o estúdio de Warhol e o fere com três tiros, mas o ataque não é fatal e Warhol se recupera, depois de se submeter a uma cirurgia que durou cinco horas. Este fato é tema do filme "I shot Andy Warhol" (Eu atirei em Andy Warhol), dirigido por Mary Harron, em 1996. Em 1987, ele foi operado à vesícula biliar. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Ele era célebre há 35 anos. De facto, a sua conhecida frase: In the future everyone will be famous for fifteen minutes (No futuro todos serão famosos durante quinze minutos), só se aplicará no futuro, quando a produção cultural for totalmente massificada e em que a arte será distribuída por meios de produção de massa.
fonte: Wikipédia
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Exposição WARHOL TV Local: Oi Futuro Flamengo Endereço: Rua Dois de Dezembro, 63, tel. (21) 3131-3060. Período: de hoje (02 de fevereiro a 03 de abril Horário: 11h às 20h (fecha 2ª). Entrada: Grátis
Acabo
de ler "Marlon Brando - A face sombria da beleza", do
jornalista francês François Forestier, que já biografou JFK e Marilyn Monroe. O presentaço veio do amigo Francisco Bino, que, na
dedicatória, fez uma previsão um tanto cômica: "Che, tu vai
ler tão rápido que vai parecer ejaculação precoce - desse mal Brando não sofria". Na verdade, acho que foi o único mal do
qual esse puta ator não padeceu.
Brando teve infinitas personalidades. Ora anjo, ora monstro. Mais monstro do
que anjo, diga-se. Na arte dramática, soube ser Midas; na vida real,
foi Medusa. Único, rebelde, encantador, arrogante, trágico. Ao
mesmo tempo em que conquistava todos à sua volta, fazia-se
repugnante. Antes de filmar algumas cenas de "Uma rua chamada
pecado", praticava um ritual que começava por uma leve
masturbação, depois molhava a calça jeans e, por fim, abria a
braguilha. Pronto, agora Stanley Kowalski poderia se exibir aos
colegas - em especial, à Blanche DuBois-Vivien Leigh.
Desdenhava
a profissão. Não lia roteiros, não decorava falas. Improvisava e
tomava conta dos sets como se fosse o dono de estúdio - havia
exceções, como com John Houston e Francis Ford Coppola, por
exemplo. Ainda no teatro, quando fazia "Um bonde chamado
desejo", tinha como hobby "brincar de boxe" com
figurantes e atores substitutos. Certo dia, levou um direto no rosto
que quebrou seu nariz. O autor da proeza: um jovem desconhecido
chamado Jack Palance, que se orgulharia a vida inteira do feito. Sua
grande diversão era chocar, chamar a atenção. E conseguiu. Todas
as mulheres do universo, de Hollywood ao Taiti, do México às
Filipinas, caíram em tentação. Entre as que sucumbiram, Ava
Gardner (então namorada de Frank Sinatra, que mandou capangas darem
um "recado" a Brando envolvendo a palavra "castração"), Marilyn Monroe (a quem ele não dava bola - "era muito
bunduda") e Vivien Leigh (então esposa de Laurence Olivier,
bissexual e grande referência para Brando, tanto no cinema quanto no
teatro).
Na adolescência como
protagonista de
"O Selvagem"
O
homem que virou rei de Hollywood, que defendeu indígenas e panteras
negras, nunca escondeu a sexualidade aflorada, intransigente,
desafiadora, inquietante. Gostava de mulheres exóticas - Rita
Moreno, Movita Castañeda, Katy Jurado, Tarita Teririipaia. E de
homens, também. Entre eles, os parceiros de toda vida: Wally Cox e
Christian Marquand. Brando nunca negou sua bissexualidade. Bernardo
Bertolucci teria se apaixonado por ele, incutindo sua obsessão nas
transgressões entre Brando e Maria Schneider em "O último
tango em Paris". O ator gostava tanto de gente quanto de Russel,
seu guaxinim. Teimava, no entanto, em não gostar de si. Ainda que
não bebesse ou consumisse drogas (influência pela vida errante
levada pela mãe, Dodie), Brando maltratava o próprio corpo comendo
desenfreadamente. A grande paixão? Sorvete. Potes e mais potes, que
o faziam engordar quilos de um dia para o outro. Aos 30 anos, por
estar "muito rechonchudo", quase perdeu o papel de "O
selvagem" para Montgomery Clift - que fazia sombra a Brando
desde "Uma rua chamada pecado", sendo, na época, um dos
grandes queridinhos de Hollywood. Monty era bonito, educado,
inteligente e homossexual. Ainda que tomasse conta de qualquer
ambiente, Brando baixou a bola para um colega de "O selvagem".
Um ex-fuzileiro naval mal-encarado chamado Lee Marvin fazia-no
tremer. Para Marvin, aquele motoqueiro falso requebrava um pouco além
da conta. "Maricão", dizia. "Não passa de um
monte de merda".
Dali
em diante, entre péssimos filmes e parcas boas exceções, como o
genial "Sindicato de Ladrões" (novamente de Kazan), Brando
via seu peso aumentar na mesma medida em que as confusões sucediam
em sua vida pessoal - sempre envolvendo mulheres. No começo dos anos
70, foi parar em "O Poderoso Chefão", já gordo e
decadente, com 58 anos, depois que o papel fora recusado por Laurence
Olivier e George C. Scott. Brando estava desacreditado, assim como o
filme, negado por vários diretores até parar nas mãos de um jovem
de 31 anos chamado Francis Ford Coppola. Sem dinheiro e credibilidade, Brando trocou 5% de participação na bilheteria por
U$ 100 mil. Deixou de ganhar, por baixo, U$ 10 milhões. Mas
recuperou a estima, a aura que havia ido pelo ralo. Depois dos
primeiros dias de filmagem, quando quiseram trocar Coppola pelo velho
mestre de Brando, um dedo-duro do Macartismo chamado Elia Kazan, Don
Corleone acariciou um gatinho e bateu pé: "se tirarem Coppola, também saio". Assim, Coppola ficou. Ficando, fez uma
obra-prima. Ficou rico e conseguiu dinheiro e renome suficiente para
realizar seu maior sonho, uma insanidade chamada "Apocalipse
Now". Tão insano quanto os 125 quilos com os quais Brando
chegou às locações, nas Filipinas.
Brando encarnando o célebre
Cel. Kutz em "Apocalypse Now"
Sobre
"Apocalipse Now", Forestier escreve: "As filmagens
seriam afetadas por um furacão, que destrói os cenários; o ator
principal, Harvey Keitel, não podia ser mais irritante. É pior que
Brando, no estilo Actors Studio. A cada saleiro depositado na mesa,
Keitel pergunta: ‘Mas por quê? Desde quando? Qual a história
desse saleiro? E dessa mesa?’. Coppola o manda embora. O
substituto, Martin Sheen, é satisfatório, mas... sofre um ataque
cardíaco, de cansaço. Passam-se os dias. A película prende nas
câmeras, por causa da umidade. Os técnicos fumam, se drogam,
contraem doenças desconhecidas. Os mosquitos atacam os brancos. Os
bifes importados dos Estados Unidos chegam descongelados, ou mesmo
podres. Encantadoras figurantes incitam os atores e maquinistas a se
entregarem a atos imorais - mas saborosos. O próprio Coppola cede
aos encantos das coelhinhas da Playboy que participam das filmagens.
O exército filipino recusa-se a emprestar helicópteros. Brando
raspa a cabeça. Dennis Hopper, o bad boy de ‘Sem Destino’,
chega. Drogado até o pescoço, recusa-se a tomar banho. Passada uma
semana, ninguém mais lhe dirige a palavra - exceto por telefone. Ao
fim de 40 dias, passa a ter direito a um ônibus particular: ninguém
mais quer entrar na condução com ele. Brando desaparece na selva."
Em
2004, aos 80 anos, Marlon Brando morreu. Apesar de ter tido o mundo
ao seu dispor, pereceu sozinho, assistindo uma comédia sem graça de
Abbot & Costello. Talvez comendo um McDonald´s daqueles que eram
jogados por cima do muro por um funcionário da lancheria mais
próxima de sua casa, em Mulholand Drive. Partiu não sem antes ter
vivido uma sequência de tragédias que, se fosse transformada
roteiro de cinema, perderia credibilidade - tamanho surrealismo. Em
1990, seu filho Christian Brando, um drogado problemático de QI
abaixo da média, dá um tiro na cabeça do cunhado, Drag Dollet, na
sala da casa do ator. Brando presencia os momentos seguintes e
procura inocentar o filho "atuando" no tribunal. Cheyenne,
a filha viúva, é outra problemática. Viciada em drogas e remédios,
estava grávida do agora finado namorado. Depois de inúmeras
tentativas de suicídio, a garota conseguiu se enforcar (“com
sucesso”) em 1995, aos 24 anos.
Entre
a sedução de Kowalski, a luta de Zapata, a ingenuidade de Terry
Malloy e a sagacidade de Vito, fico com a insanidade de Kurtz. Ou de
Brando, tanto faz. Ao fim e ao cabo, this will never be the end.
porRicardo Lacerda
Ricardo Lacerda é jornalista, chato e curioso. Desde que se conhece
por gente, vê filmes e escuta música de “gente velha” – como
diziam os amigos do colégio. É aficionado por folclore
latino-americano, curte Paulo Leminski e Pedro Juan Gutierrez –
entre doses de Salinger e Hesse. Na tela, aceita quase tudo – salvo
exceções. Foi editor da revista APLAUSO. Formado pela PUC, tem
especialização em Relações Internacionais pela ESPM e é sócio
da República – Agência de Conteúdo, de onde escreve para
publicações como Superinteressante, AMANHÃ, Voto e Jornal do
Comércio.
O site Première, especializado em cinema, publicou sua lista dos 100 mais sexy do cinema em todos os tempos. Dessa vez gostei da lista. Tirando uma coisinha aqui, outra ali fora de lugar, como pro exemplo a Halle Berry estar entre os 10, o que acho demais pra bolinha dela, se bem que ruim é que ela não é, né? (Vamos combinar).
James Dean pra mim seria o que viria imediatamente após os três do pódio e Russel Crowe não deveria estar sequer relacionado. Mas são apenas questões de preferência. A lista está boa no geral.
Na ponta a quentíssima Marylin, seguido por Brando e pela Bardot. Trinca insuperável essa, hein!
Vejam aí o top 10:
Marilyn, no topo da lista.
1. Marilyn Monroe
2. Marlon Brando
3. Brigitte Bardot
4. Rudolph Valentino
5. Angelina Jolie
6. James Dean
7. Sean Connery
8. Raquel Welch
9. Brad Pitt
10. Halle Berry
Confira o resto da lista no site da Première no link aí embaixo:
Londres tem inúmeros museus dos mais variados estilos, assuntos e interesses, desde arte a tecnologia, de história natural a moda, mas dentre todos, um dos mais legais, clássicos e imperdíveis é o lendário museu de cera de Madame Tussauds. Com suas reproduções altamente fiéis de celebridades, o museu é um dos mais famosos e frequentados do mundo. O acervo vai sempre se renovando, adequando-se à época e aos ídolos e grandes nomes que façam parte do momento, mas algumas figuras como Pelé, Michael Jackson, Marilyn Monroe, Beatles e a realeza britânica estão sempre presentes nas coleções. Vai a Londres? Não deixe de visitar o Tussauds, que como mais uma atração, curiosamente, fica exatamente na rua que inspirou o famoso livro de Arhtur Conan Doyle para o detetive Sherlock Holmes, a Baker Street, que tem até uma estátua para o icônico personagem de romances de mistério.
Confira abaixo algumas imagens do Madame Tussauds:
Deus Salve a Rainha. (Rainha Elizabeth e o Príncipe Consorte Philip)
Royalle with Cheese (Samuel L. Jackson e John Travolta)
Bond, James Bond. (Sean Connery)
Tudo é relativo. (Albert Einstein)
Meu brother Morgan (Morgan Freeman)
E aí, Nicolinha, será que rola? (Nicole Kidmann)
A benção, João de Deus. (João Paulo II)
Supense! (Alfred Hitchcock)
Acelera, Lewis! (Lewis Hamilton)
Beckham e a Posh Spice (David e Victoria Beckham)
Oscar e eu, divagando. (Oscar Wilde)
Os quatro rapazes (The Beatles)
Vamos fazer um som, aí, Jimi! (Jimi Hendrix)
Hum! Que peitinhos, Britney. (Britney Spears)
Nos contentamos com o que há de melhor, não é, Winston? (Winton Churchill)
Guilhotina neles (Luís XVI e Robespierre, os dois à esquerda e Maria Antonieta, bem à direita)
E na parte de fora, Sherlock Holmes, na Baker Street.
Sabe aqueles discos que a gente acha que ninguém mais gosta além de você? Pois é, "Am I Not Your Girl?", de Sinéad O'Connor era assim pra mim. Já era fã da cantora de seus trabalhos de carreira, mas aí na compilação "Red Hot + Blue" coletânea com vários artistas em homenagem a Cole Porter, descobri a veia jazz da irlandesa. No projeto da organização Red Hot, em benefício às vitimas da AIDS, Sinéad interpretava, de forma magnífica, a lindíssima "You do something to me" e aquilo me arrebatou. Mas acredito que a experiência tenha sido importante para ela também, uma vez que a cantora lançaria dois anos depois, um álbum só de standarts do jazz.
Sinéad canta com elegância, com precisão, confere a emoção exata para cada canção.
A faixa de abertura já justificaria todos os elogios à obra: "Why don't you do right?", canção originalmente do filme "As noivas do Tio Sam", mas imortalizada na voz da sensual personagem de desenho Jessica Rabbit, ganha carne e osso na boca de Sinéad O'Connor numa interpretação provocativa, insinuante, venenosa, digna da femme-fatale do desenho animado.
"Bewitched, Botched and Bewildered" que a segue, conjuga magicamente melancolia, delicadeza e graça, com a cantora colocando uma doçura tal, uma fragilidade na voz... que chega a ser algo realmente tocante. "Secret Love", originalmente cantada por Doris Day, nos anos 50, tem um arranjo mais aberto, mais luminoso, mas Sinéad canta num ar quase confidente ao revelar, "Once I had a secret love" e logo abre o peito para revelar que não tem segredos para mais ninguém, "My secret love is no secret anymore". E "Black Coffee", gravada anteriormente por nomes como Sarah Vaughn e Ella Fitzgerald, e trilha do filme "Algemas Partidas" em 1960, confirma perfeitamente aquela atmosfera misteriosa de filme noir.
No entanto é em "Success has made a failure of our home" que a irlandesa despeja sua maior carga emocional em uma das canções do disco. Apoiada por um arranjo jazz-rock intenso, Sinéad numa interpretação dramática, encarna uma mulher desesperada, quase indo às lágrimas, se desfazendo, se desintegrando diante de seu homem, implorando para que ele simplesmente diga que ela ainda é sua garota.
Outro ponto alto do disco é a ótima "I want to be loved by you", do filme "Quanto mais quente melhor", na qual Sinéad conserva a discontração e a leveza da original, interpretada por Marilyn Monroe, com direito até a um "Boop-boop-a-doop!", que, se não tem a mesma sensualidade da loira, tem graça e doçura.
A sombria canção do compositor húngaro Rezső Seress, letrada por László Jávor, "Gloomy Sunday", associada frequentemente a suicídios, traduzida para o inglês e cuja interpretação mais famosa é de Billie Holiday, ganha uma verão não menos emocional, intensa e cheia de possíveis "leituras" e "interpretações" na voz da irlandesa que, sabe-se bem, embora tenha morrido de causas naturais, tentara o suicídio diversas vezes durante a vida.
"Love Letters", clássico que já esteve nas trilhas de diversos filmes e peças, com os mais variados andamentos e ênfases, neste disco ganha uma sonoridade imponente de metais com uma poderosa introdução de uma orquestra de jazz, enquanto Sinéad, se comparada a outras grandes vozes como Nat King Cole e Elvis Presley que já interpretaram a canção, opta por uma interpretação sóbria, comedida, que lhe confere um aspecto ainda mais fragilizado.
Em uma leitura extremamente melancólica e dramática do clássico da bossa-nova, "Insensatez", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, a irlandesa demonstra toda a importância e a influência da música brasileira em sua formação. "Scarlett Ribbons", canção de Natal na sua origem, aqui adquire uma carga quase fúnebre. Muito se dá pelo formato: a voz acompanhada apenas por uma flauta, e o tom cru do estúdio, com o ouvinte podendo captar todas as respirações, as pausas, os vazios...
"Don't cry for me, Argentina", do musical Evita, aparece em duas versões, uma cantada, que se não é nada excepcional, no mínimo é, inegavelmente, melhor do que a da Madonna, e uma instrumental, num jazz descontraído e acelerado, que, praticamente fecha o disco, que ainda tem uma mensagem pessoal da cantora sobre a dor (o que também fez ainda mais sentido depois das circunstâncias de sua morte).
Na época que soube do projeto da irlandesa, tratei de dar um jeito de dar um jeito de conseguir aquele seu novo álbum, só que duro como era na época (e ainda sou), o jeito foi gravar e ter em K7. Muito ouvi aquela fita. Gastei os cabeçotes do walkman com ela. Até evoluí depois, embora ainda sem grana, para o CD gravado, mas nunca havia tido uma mídia original. Até que numa dessas feiras de vinil, encontrei por um preço bem razoável o "Am I Not Your Girl?" em LP. O vendedor, um senhorzinho muito simpático que me contou ter sido DJ em festas disco dos anos 70, se derreteu pelo álbum. Disse ser aquele, na sua opinião, um grande disco, trabalho que muita gente não valoriza mas que para ele era o melhor da cantora, interpretações incríveis e tudo mais... Se eu tivesse alguma dúvida, as teria abandonado naquele momento com uma manifestação tão entusiástica como aquela. Mas a admiração pelo disco não parou nele: tenho o hábito de compartilhar nas redes sociais minhas trilhas sonoras do dia e num dia desses qualquer, ouvindo o álbum, lancei lá no Facebook, no Instagram, no Twitter, um "Ouvindo agora, "Am I Not Your Girl?", de Sinéad O'Connor". Ah, foi uma enxurrada de likes e comentários. "Grande disco", "Esse disco é muito bom", "Dos meus preferidos", e etc. Aí que eu descobri que não sou só eu que adoro esse disco. E, cá entre nós, um disco com tantos clássicos, canções eternizadas pelo cinema, músicas já interpretadas por nomes imortais, admirado desta maneira, e com essa importância na vida de tanta gente, não pode ser considerado menos que um ÁLBUM FUNDAMENTAL.
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FAIXAS:
1. "Why Don't You Do Right?" - Joe McCoy(2:30)
2. "Bewitched, Bothered and Bewildered" - Lorenz Hart, Richard Rodgers(6:15)
3. "Secret Love" - Sammy Fain, Paul Francis Webster(2:56)
4. "Black Coffee" - Sonny Burke, Paul Francis Webster (3:21)
5. "Success Has Made a Failure of Our Home" - Johnny Mullins(4:29)
6. "Don't Cry for Me Argentina" - Andrew Lloyd Webber, Tim Rice (5:39)
7. "I Want to Be Loved by You" - Bert Kalmar, Harry Ruby, Herbert Stothart (2:45)
8. "Gloomy Sunday" - László Jávor, Sam L. Lewis, Rezső Seress (3:56)
9. "Love Letters"Edward Heyman, Victor Young3:07
10. "How Insensitive" - Vinicius de Moraes, Norman Gimbel, Antônio Carlos Jobim(3:28)
11. "Scarlet Ribbons" - Evelyn Danzig, Jack Segal (4:14)
12. "Don't Cry for Me Argentina" (Instrumental) - Andrew Lloyd Webber, Tim Rice (5:10)
13. "Personal message about pain (Jesus and the Money Changers)" (Hidden track) - O'Connor (2:00)
Há exatamente 5 anos, no dia 28 de agosto de 2008, bem despretensiosamente, sem saber exatamente o que queria nem no que ia dar, eu começava um projeto pessoal destinado principalmente à exposição de minhas opiniões, pontos de vista, gostos, preferências musicais, literárias, cinematográficas, além da possibilidade ampla de externação de toda minha expressão criativa em todos os âmbitos e de todas as maneiras que elas pudessem se manifestar. Este instrumento foi, e continua sendo 5 anos depois, o clyblog.
É legal ver que passada essa meia década temos um público mais ou menos fiel, verificado pelos números de visitantes e origens de tráfego, também é bacana que tenhamos agregado colaboradores extremamente qualificados e interessados, que tenhamos acrescentado seções, estilos, logos e criado uma identidade visual para o blog, que tenhamos alcançado reconhecimentos em determinados segmentos, que personagens das tirinhas tenham conquistado seus admiradores e feito fãs por aí, que tenhamos contado com participações especiais em publicações específicas e que tenhamos, por fim, dado uma boa incrementada no nosso canal de comunicação.
Agradeço em especial aos colaboradores e amigos Daniel Rodrigues, Eduardo Wollf, Leocádia Costa, Christian Ordoque, Valéria Luna, Lucio Agacê, Michele Santos, José Júnior, Luan Pires e Paulo Moreira pelo apoio, pelas contribuições de qualidade e pela força, e a Roberto Freitas e Guilherme Liedke pelas participações especiais.
Pra comemorar, nada melhor que a Marilyn Monroe, cantando baixinho, sussurrado, cheia de sensualidade, toda se querendo...
Esta semana estive no 9º Concerto Oficial da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) ouvindo um programa em homenagem a Sergei Rachmaninoff. Não estava lotado, mas havia bastante gente no espaçoso Salão de Atos da UFRGS, mostrando que, mesmo sendo uma programação paga, há público para este tipo de atração em Porto Alegre. Feliz constatação.
Sergei Rachmaninoff (1873 - 1943)
A orquestra, sob regência do maestro Roberto Tibiriçá, apresentou duas das mais conhecidas obras de Rachmaninoff: Concerto para piano e orquestra nº 2, no qual teve ao piano o excelente André Carrara; e Sinfonia nº 2.
Executado com competência, o Concerto nº 2 é marcado pela dramaticidade e pela força orquestral, tanto que, na primeira parte, o piano é quase coadjuvante. Sua poesia pianística vai ganhando corpo a partir da segunda parte, a mais conhecida do grande público. Numa intensidade crescente, bem ao estilo romântico, o tema é executado de modo sublime pelos sopros, seguido do solo de piano e da interpretação das cordas. E o movimento final, que exige técnica e virtuosismo do pianista, fecha com uma alta carga sentimental. Já a Sinfonia nº 2, considerada a sua melhor junto com a nº 3 é, em alguns momentos, “melada” de tão sentimental, mas a sua composição robusta e cheia de belos momentos, como o engenhoso segundo movimento (Allegro molto) e o final, em alta vibração (Allegro vivace), valem qualquer deslize.
Obras de Rachmaninoff executadas sob a competente regência do maestro Roberto Tibiriçá
Radicado nos Estados Unidos a partir da metade da vida, Rachmaninoff teve sua obra bastante utilizada em trilhas de cinema, sendo o próprio Concerto para piano nº 2 o mais aproveitado, sendo “O Pecado Mora ao Lado”, clássico de Billy Wilder com Marilyn Monroe estonteante, o mais conhecido exemplo. E não só as peças originais de Rachmaninoff foram usadas no cinema como, mais do que isso, seu estilo carregado de dramaticidade, gerando sensações de emotividade, tensão, leveza, suspensão, etc, caíram como uma luva para o cinema americano, tornando-se um dos mais fortes inspiradores de trilhas sonoras do cinema clássico, influência facilmente percebida até hoje nos compositores dos filmes de Hollywood.
Ambas as peças apresentadas pela OSPA são exemplo da obra deste maestro e pianista russo, conhecido como o último grande compositor do Período Romântico da linhagem de Mussorgsky, Delyansky e Tchaikovsky (de quem foi aluno). Além da estrutura melódica e composicional romântica, sua música também remete a Chopin e Liszt, outras duas fortes influências. Nascido em família de tradição musical, Rachmaninoff é tido como um dos pianistas mais influentes do Século XX, dotado de uma técnica marcada pela precisão, clareza e velocidade. Seus trejeitos técnicos e rítmicos são lendários, e suas mãos largas eram capazes de cobrir um intervalo muito maior no teclado (um palmo esticado de cerca de 30 centímetros), alcançando quatro teclas a mais do que a maioria dos pianistas. Mas é o seu discernimento entre virtuosismo e estrutura rítmica que o fizeram um concertista equilibrado como instrumentista e compositor tão influente.
E outra boa notícia pras artes aqui no Rio de Janeiro: Fui surpreendido ao saber que o Shopping Leblon recebe, em seu Lounge, uma pequena porém não pouco interessante exposição do mestre da pop-art, Any Warhol, desde o último dia 18 de junho. A mostra "Andy Warhol – Ícones POP", traz apenas 16 obras do artista americano apresentando entre elas, algumas de suas mais conhecidas e importantes como asserigrafias de Marilyn Monroe, Mao Tsé e a conhecidíssima lata de sopa Campbell.
Vale uma vita.
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mostraAndy Warhol – Ícones POP de18 de junhoa12 de julho local:Shopping Leblon - Lounge – 3º piso endereço:Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 – Leblon, Rio de Janeiro desegundaa sábado, das10h às 22hedomingos,das13h às 21h
Na manhã de 8 de
agosto de 1969, a atriz e modelo Sharon Tate acordou chateada. Estava
a poucos dias de ganhar seu primeiro filho e seu marido, o diretor Roman Polanski, ainda não tinha conseguido voltar de Londres, onde
tinha "compromissos" tanto no cinema quanto sexuais com
Michelle Phillips, do The Mamas and The Papas, com quem tinha um
caso. Sharon, acostumada às passarelas do mundo inteiro e eleita
umas das mulheres mais lindas do cinema dos anos 60, mesmo grávida
mantinha intocável toda sua beleza e por dentro uma profunda
tristeza por saber da traição do marido. No cinema, ela era ainda
uma grande promessa, chegando a ser considerada a nova Marilyn
Monroe. O seu casamento com Polanski tinha aberto algumas portas, mas
a atriz já havia trabalhado com grandes diretores e chegou a receber
uma indicação ao Globo de Ouro. Mas naquele momento era hora de
relevar as mágoas e se dedicar ao filho.
Polanski tinha
alugado uma casa em Cielo Drive, que pertencia a Candice Bergen, onde
adorava juntar os amigos para um clima descontraído de drogas e
conversa fora a lá anos 60. Mas na madrugada de sábado do dia 9 de
agosto de 1969, algo iria mudar e o lugar seria o palco do
assassinato mais selvagem da história de Hollywood. Perto do meio
dia, Sharon recebeu uma ligação de sua irmã, lhe oferecendo
companhia para jantar à noite. A atriz disse que já tinha marcado
com amigos uma ida a um famoso restaurante de Los Angeles e,
posteriormente, se reuniriam na casa. Dentre os convidados para o
pós-jantar estavam: Steve McQueen, Robert Evans e Robert Towne e o cabeleireiro das estrelas Jay Sebring e mais dois amigos do casal.
Nesse mesmo instante, no Spahn Ranch, um grupo de jovens seguidores
de Charles Manson se preparava com armas e facas para sair à caça
com uma lista de artistas a serem mortos. Nomes como Elisabeth
Taylor, Steve McQueen e Sharon Tate eram prioridade. Por volta das
22h30, todos tinham retornado à casa: Steve, Bob e Towne tinham
cancelado sua ida. Além de Seibrig, os amigos Abigail Folger e
Wojciech Frykowski ficaram. O assunto do momento era o filme “Sem
Destino”, com Hopper e Fonda, e o “White Album”, do The
Beatles, mas em poucas horas todos ali seriam o assunto para muitas
capas de jornais durante muito tempo.
Logo após a meia
noite, a trupe dos Manson invadiu a casa. Entre o grupo, um rapaz de
23 anos e três moças quase que da mesma idade. Todos armados e
decididos a matar. Frykowski, que era faixa-preta em Karatê, tentou
defender todos, mas foi morto a tiros, pauladas e facadas, assim como
Folger e Jay . Tate tentou fugir aos gritos, mas foi capturada por
duas moças que a torturaram e bateram na atriz. Ela gritava e
chorava implorando por sua vida e a de seu filho. De nada adiantou.
Foi morta com 16 facadas, muitas delas direto na barriga. Os Manson
ainda matariam na saída o amigo do caseiro da família e, dois dias
depois, o casal Leno e Rosemary LaBianca. Em ambas as cenas dos
crimes, as palavras “Pigs” e "Helter Skelter" seriam escritas
com sangue dos mortos, pois elas eram o "sinal" do "Álbum Branco" dos Beatles para a guerra dos Manson começar.
A comunidade do
cinema na época ficou apavorada e tratou de se armar ou contratar
guarda-costas, cercar as casas, mas Polanski ficou tão abalado que
dispensou tudo isso. Apenas, como consolo, carregou na mala durante
anos e para onde quer que fosse a calcinha de sua amada Sharon Tate,
onde enxugava as lágrimas de eterna culpa.