“Em ‘Brasil’ a gente fala mal do
país o tempo inteiro,
desde a capa até a última música.
Esse disco marcou uma
época para nós (...)
Também fizemos uma versão em inglês desse álbum,
mas ficou
uma bosta.
Mas era uma bosta bem produzida (risos).”
João Gordo
“Eu comecei a perceber essa
aproximação
quando ia na Galeria do Rock e via
os moleques metaleiros com
camiseta do Ratos de Porão
e LP’s de hardcore debaixo do braço.
Foi nessa época que começaram
a me chamar de ‘traidor
do movimento’,
coisa que só parou quando
eu assumi que sou traidor mesmo.
De
movimento que é só baixaria e briga,
sou traidor mesmo.”
João Gordo
Veja bem! Lá por meados dos anos 80, mais especificamente 89, eu vinha
ouvindo bastante
hardcore. Eu curtia
muitas bandas nacionais, mas uma em especial uma sempre me chamou a atenção:
Ratos de Porão ou RDP. Para nós fãs,
banda conhecida mundialmente pela sua pegada agressiva e letras de cunho
político-social, isso sem contar os
riffs
únicos de seu guitarrista João Carlos (Jão) e a figura por muitos odiada e por
outros amada de João Gordo. E é desses caras que venho falar hoje, mais
especificamente sobre um álbum que fez com que meu conceito musical mudasse
significativamente tanto na percepção quanto artisticamente. Trata-se de
“Brasil”, LP lançado pertinentemente numa
época na qual o país passava por uma fase quase que como a de hoje: crise
política financeira engatinhando, numa democracia maquiada, etc.
Lançado em 1989, esse disco pra mim é sem dúvida o melhor disco da RDP,
de uma época em que eles andavam extremamente entrosados e com muito assunto
relevante para por pra fora. Gravado em Berlim, “Brasil” foi lançado pela
gravadora Roadrunner. Nele, os caras tiraram uma sonoridade monstra. Apesar das
peripécias e drogas pelo decorrer do percurso (hehehe), conseguiram dar à luz o que seria um divisor de águas e um ponto final naquela velha máxima de
traidores do movimento, pois definitivamente aqueles punks escrachos da
periferia cravaram de vez sua bandeira no cenário crossover mundial, abrindo a partir dali portas de extrema
importância para sua carreira.
Produzido por Arris Johns, foi lançado em dois idiomas, em inglês e em
português, e tendo como a cereja do bolo a mais que perfeita ilustração para
essa obra assinada pelo cartunista Marcatti. Além dos já citados Gordo e Jão,
Jabá, no baixo, e Spaghetti, bateria, completam a banda, que teria para as
gravações a participação de David Pollack e Archi (ambos da banda Happy Hour) e
Frank Preece (da Exumer) nos vocais de apoio.
“Brasil”, o disco, é o melhor Brasil tipo exportação.
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FAIXAS:
Português
- "Amazônia Nunca
Mais" - 1:54
- "Retrocesso" -
1:34
- "Aids, Pop,
Repressão" - 1:18
- "Lei Do
Silêncio" - 2:14
- "S.O.S. País
Falido" - 1:27
- "Gil Goma" -
0:43
- "Beber Até Morrer"
- 2:19
- "Plano Furado
II" - 1:35
- "Heroína
Suicida" - 2:16
- "Crianças Sem
Futuro" - 1:41
- "Farsa
Nacionalista" - 2:30
- "Traidor" -
0:50
- "Porcos
Sanguinários" - 1:51
- "Vida Animal"
- 1:28
- "O Fim" - 0:59
- "Máquina
Militar" - 1:57
- "Terra Do
Carnaval" - 2:14
- "Herança" -
1:53
Inglês
1.
"Amazon
Never More" - 1:54
2.
"Backwards"
- 1:34
3.
"Aids,
Pop, Repression" - 1:18
4.
"Law
Of The Silence" - 2:14
5. "S.O.S. Broken Country" - 1:27
6.
"Gil
Coma" - 0:43
7.
"Drink'
Till You Die" - 2:19
8.
"Fucked
Plan II" - 1:35
9.
"Suicide
Heroin" - 2:16
10.
"Children
Without Future" - 1:41
11.
"Nationalist
Farse" - 2:30
12.
"Traitor"
- 0:50
13.
"Bloody
Pigs" - 1:51
14.
"Animal
Life" - 1:28
15.
"The
End" - 0:59
16.
"Military
Machine" - 1:57
17.
"Land
Of Carnival" - 2:14
18. "Will I Receive My Heritage?" - 1:53
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