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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Parque do Ibirapuera - São Paulo/SP


Um dos símbolos do Ibirapuera:
o Auditório Oscar Niemeyer
O Ibirapuera continua lindo. Faziam 15 anos que não o visitava, o que pude fazer desta vez na companhia de Leocádia. O parque mais democrático de São Paulo, misto da porto-alegrense Redenção com a mineira Inhotim e a carioca Quinta da Boa Vista, é um verdadeiro refúgio para os paulistanos, diariamente rodeados de concreto por todos os lados. Lá se encontra natureza - e natureza antiga, haja vista que "ibirapuera" significa, em tupi-guarani, "árvore velha" -, esporte, saúde e arte, muita arte.

O tempo, extremamente favorável do final de junho, oportunizou que pudéssemos pegar uma manhã ensolarada e de um feriado no meio da semana. Ou seja: muita gente aproveitando para se exercitar, fazer esporte, andar com a família ou visitar exposições. Porque, afinal, o Ibirapuera conta com alguns dos principais aparelhos culturais da cidade, vários deles projetados por ninguém menos que Oscar Niemeyer, como o Auditório, a Oca e o Pavilhão da Bienal de São Paulo, os quais são por si só obras de arte.

Além de curtir a natureza e os passeios ao ar livre, também visitamos outro desses importantes e belos espaços culturais assinados pelo génio da arquitetura: o Museu AfroBrasil Emanoel Araújo. Com diversas exposições, rendeu a nós um bom tempo do passeio ao parque. Entre as mostras, a permanente e talvez a que mais impressionou - e se demorou para ver. Dotada de obras da cultura africana e afro-brasileira de diversas épocas e artistas, a exposição toma todo o terceiro pavimento do Museu AfroBrasil. É impactante ver, por exemplo, as representações dos santos do candomblé, todos muito bem expostos e explicados em legendas. Igualmente, as máscaras e estátuas de madeira de diversos países africanos, as obras de Carybé, Rubem Valentim, Heitor dos Prazeres, Maria Lídia Magliani, Aleijadinho e do próprio Araújo.

Obras do baiano Rubem Valentin compõem a mostra permanente do Museu AfroBrasil

E também Carybé: "Oxóssi", madeira e couro, de 1990

Mas impacto mesmo causa a réplica da estrutura em madeira de um navio negreiro preservado transformado em obra de arte por Araújo, símbolo de resistência, história e memória do povo preto. Aliás, o Museu em si reflete, em suas diversas mostras, permanentes ou temporárias, a riqueza dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, destacando temas como religiosidade, arte e história e dando ênfase às contribuições da população negra para a formação da sociedade e cultura brasileira.

Além deste espaço, o Museu de Arte Moderna e a adorável marquise sinuosa que se estende por aprazíveis 27 mil metros quadrados onde circula toda tipo de visitante, não foi possível acessar, pois estavam em reforma. O mesmo no caso da Oca, desocupada no momento, e o Pavilhão da Bienal, fechado para a montagem de nova edição.

Nada que tenha feito falta, no entanto. Aliás, é um bom motivo pra se voltar mais vezes e aproveitar o que não deu desta vez. Para falar a verdade, é tão grande o parque, que nem dá para percorrê-lo todo numa vez só. Sempre fica algo pra outra ocasião.

Fiquem, então, com algumas imagens de nosso agradável passeio pelo Ibirapuera, o qual nos rende sempre diversão e lindas fotos de paisagens, mas também cultura e reflexão.

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Chegando e já dando de cara com Niemeyer

Manhã de sol no Ibirapuera

Pessoal aproveitando o feriado

Selfie da pontezinha sobre o lago japonês

Costeando a Oca

Oca de frente sob a sombra das árvores

Sentado no banco-sonoro Raízes Negras, pátio do Museu AfroBrasil

Eu perqueno diante da grande arquitetura de Niemeyer, hoje Museu AfroBrasil

As esbeltas colunas inclinadas do prédio do Museu

Mais do lindo desenho do prédio, antigo Palácio das Nações

Adentrando a exposição, máscaras africanas

Este que vos escreve observando de perto as representações dos orixás

Estátuas em madeira

A riqueza de detalhes de outra das máscaras africanas

Vista para o pátio pelos janelões em vidro do prédio 

Duas visões da impactante reprodução do navio negreiro

E o próprio Emanuel Araújo se faz presente com um díptico em madeira pintada

Heitor dos Prazeres. Só prazer

Outro gênio preto: Aleijadinho

Iemanjá e Nossa Senhora congraçadas 

Leocádia circulando entre as obras do parque próximos ao MAM

Um Amilcar de Castro é sempre bem-vindo

Os lindos contornos do prédio do MAM. Pena que esteva fechado

Achem a borboleta para fechar esse passeio pelo Ibirapuera




texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa


quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Exposição “Entre o Aiyê e o Orun” - Caixa Cultural Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ (04/09/2025)

 


"É pelo mito que se alcança o passado e se explica a origem de tudo.
é pelo mito que se interpreta o presente e se prediz o futuro, nesta e na outra vida.
Mitologia dos Orixás

Fazia alguns anos que não íamos a Caixa Cultural Rio de Janeiro desde que o espaço se mudara do antigo prédio, próximo ao Largo da Carioca, para outra rua do Centro, mais propriamente a Rua do Passeio, na Lapa. E considerando que já presenciamos muita coisa boa lá – inclusive registradas aqui na sessão ClyArt, como as exposições de Francisco Goya, Ron English e Frida Kahlo – valia a pena, ao menos, conferirmos o novo espaço, reaberto ao público depois da mudança de endereço em 2022. E não decepcionou. Ao menos a principal exposição em curso, “Entre o Aiyê e o Orun”, foi de plena satisfação, visto que reúne obras de artistas bastante marcantes da temática afro-brasileira e acerta no tamanho: nem escasso e nem excessivo.

Com um interessante diálogo com a exposição “Ancestral: Afro-Américas”, que se encerrou no CCBB dias antes, a mostra da CC-RJ conta com vários artistas daquela outra, inclusive de trabalhos das mesmas séries, como a escultura em ferro de Zé Adário a Ogum, marcantes nas duas. Dentro desta filosofia curatorial atual dos espaços expositivos de trazer a questão do negro em seus diversos aspectos (algo percebido em São Paulo também), esta, em específico, diferente da outra, que buscava paralelos entre a arte afro-brasileira e afro-estadunidense, trabalha a os mitos da criação do mundo e da humanidade nas religiões de matriz africana.

Escultura "Ogum Xerequê", de Zé Adário (2019)

A mostra reúne obras de 14 artistas, em técnicas diversas como pintura, desenho, escultura e fotografia, incluindo nomes consagrados das artes plásticas como Agnaldo dos Santos, Carybé, Emanoel Araújo, Jayme Figura, Pierre Verger, Ayrson Heráclito, entre outros. Pouca representatividade feminina, contudo: apenas Nadia Taquary entre os selecionados pela curadoria, o que se pode dizer uma falha.

Um dos desenhos de Carybé
Disposta em duas salas e muito bem condensada, a exposição consegue reunir obras bastante significativas para o contexto sem precisar se estender, o que talvez seja, aliás, uma interferência motivada pela mudança de lugar, uma vez que o antigo espaço era bem mais amplo e praticamente obrigava a que, ao menos a atração principal, tivesse mais obras (o que também é mais caro, obviamente). No entanto, não deve em nada para alguma mostra maior como são geralmente as do Museu do Rio de Janeiro (MAR) ou mesmo do já citado CCBB. 

É possível ver, por exemplo, a versatilidade de artistas como Heráclito, que tem tanto esculturas em aço quanto fotografias. Igualmente, a habilidade escultórica de Jayme Figura, autor de “Roupa” (1980) e das máscaras em ferro (ambas sem título ou data). Especial também a pintura sobre algodão cru de J. Cunha, as sempre impactantes fotos de Verger e a série de desenhos de Carybé reproduzindo instrumentos, ferramentas, gestos e modos direto dos terreiros da Bahia de todos os Santos: Gantois, Opô Afonjá e Candomblé da Casa Branca. Pura riqueza.

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Escultura em madeira de Agnaldo dos Santos

A arte ritualística de Nadia Taquary, única mulher da exposição

Belas esculturas de Zé Adário e J. Cunha

Fotos de Pierre Verger na Bahia e na Nigéria (anos 50 e 70)

Fotos também de Ayrson Heráclito...

... que também surpreende pela escultura em
aço "Juntó - Opaxorô com Oxê" (2022)

Série de Nadia Taquary Dinkas Orixás: miçangas de
vidro da |Rep. Checa, prata, cristal e búzios

Escultura em ferro (que parece madeira) de Mário Cravo Jr.

A impressionante "Roupa" de Jayme Figura

Mais esculturas em ferro de Figura

Lindo conjunto de J. Cunha: tela e cerâmica

Mário Cravo Jr., escultura em metal de 1982

Mais de Verger na Nigéria

As sempre imponentes obras de Emanoel Araújo

Parede dedicada só a Carybé

Nanquim e aquarela sobre papel

Mais Carybé: costumes do povo baiano

Filhos de Gandhy pelas lentes de Mário Cravo Neto (déc. de 90)

Rubem Valentin e Mestre Didi juntos

Outra imagem, um díptico, de Mário Cravo Neto

E fechamos com mais um Carybé



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exposição "Entre o Aiyê e o Orun", vários artistas
local: Caixa Cultural Rio de Janeiro
endereço: Rua do Passeio, 38, Centro - Rio de Janeiro / RJ
período: até 25 de outubro de 2025
visitação: de terça a sábado, das 10h às 20h - Domingos e feriados, das 11h às 18h
ingresso: gratuito



Daniel Rodrigues