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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Música da Cabeça - Programa #373

 

Não é só porque eles devem ficar presos no espaço, mas eu também ficaria assim, de cabelo em pé, se soubesse do MDC de hoje. Afinal, não é todo dia que a gente reprisa uma edição tão legal como a de nº 360, quando tivemos entrevista com o historiador e professor Christian Ordoque. Em órbita e louco pra voltar pra Terra, o programa vai ao ar hoje na espacial Rádio Elétrica. Produção, apresentação e gravidade zero: Daniel Rodrigues 


(www.radioeletrica.com)

terça-feira, 13 de agosto de 2024

cotidianas #839 - Todo Errado

 




Caiu de mau jeito e bateu com a cabeça.

Levantou.

Um pé de cada vez. Primeiro o esquerdo depois o direito. Pronto.

Pra onde agora?

Direita ou esquerda? 

Tanto fazia. Já estava fodido mesmo. Havia metido os pés pelas mãos e agora não tinha mais como desfazer o que estava feito.

Um passo, dois... Tudo começou a girar.

Levou a mão à cabeça. Sangue...

Não importava. Tinha que seguir em frente. Estavam na sua cola. Não demoraria muito o alcançariam.

Onde estava com a cabeça quando foi inventar de meter a mão naquela grana?

Era tarde demais pra pensar nisso. Melhor apertar o passo.

Esquerda, direita... Em frente... Um muro.

Tava fodido! 

Estavam perto. Conseguia sentir o cheiro deles.

'Pensa, pensa... Pra que serve essa cabeça?'

Ali..., à direita.

Um galho, uma pedra. Um , dois e... Estava em cima do muro.

'Aqui pra vocês, filhas das puta', mostrando o dedo do meio.

Pulou pro outro lado. Caiu de pé.

'Acho que quebrei o tornozelo'. Não conseguiu levantar. 

Só precisa tentar apoiar o pé. Um, dois... (Viu estrelas).

Levou a mão ao pé. O osso estava pra fora.

'Agora que faltava tão pouco...'

Ouvia os passos cada vez mais perto.

Não os vejo mas sinto sua respiração.

'Então achou mesmo que era uma boa ideia dar no pé?'

Um tirou uma faca grande da cintura.

'Vou deixar a cabeça por último pra tu poder ver tudo'.

E começou:

Mão direita, mão esquerda, pé...

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"Todo Errado"
Cly Reis


sábado, 10 de agosto de 2024

"Rivais", de Luca Guadagnino (2024)

 



Tudo é tênis.

Tudo é relacionamento.

Tênis é relacionamento.

Relações se confundem com o jogo e o  jogo tem o poder de excitar, despertar desejo.

"Rivais" é tênis, é relacionamento, é um estranho triângulo amoroso entre três tenistas envolvidos desde a adolescência.

Enquanto uma partida é jogada, flashbacks vão nos revelando quem são aqueles dois caras se enfrentando, e aquela charmosa espectadora inquieta na plateia.

Um deles, Art Donaldson, é hoje um tenista de sucesso, ganhador de torneios de Grand Slam, porém em má fase, jogando um torneio pequeno para voltar a vencer e recuperar a confiança; o outro, um tenista fracassado, Patrick Zweig, que podia ter ido além na carreira, mas que agora mal consegue pagar um café da manhã, que com o dinheiro da premiação do torneio pretende, pelo menos, conseguir um lugar onde dormir. Os dois, outrora amigos, parceiros de adolescência desde os tempos dos torneios de juniores, se enfrentam agora na final da modesta competição sob o olhar de Tashi, ex-tenista que teve que deixar as quadras cedo por uma lesão, atualmente esposa e treinadora de Art mas que já tivera também um passado com Zweig. Ou melhor, um passado compartilhado com ambos.

As três pontas do triângulo: Art, Tashi e Patrick.

A partida, que poderia simplesmente estar decidindo mais um troféu para ocupar espaço numa prateleira, uma grana para algumas diárias de Patrick em um hotel, ou uns trocados dispensáveis para Art, que ele daria de gorjeta, tem contornos maiores do que imaginamos inicialmente e que vão sendo esclarecidos ao longo da trama, numa edição ágil e muito envolvente.

Roteiro muito bem elaborado, ótimos diálogos, uma montagem impecável, cenas de jogo empolgantes, Zendaya numa atuação excelente, e tudo isso ao som de uma trilha sonora eletrônica alucinante do Nine Inch NailsTrent Raznor com seu parceiro para cinema, Atticus Ross.

Em "Rivais", adversários são amigos, amigos são namorados, inimigo é  amante, treinadora é esposa, vida é jogo, e tênis... é sexo.

Winner de Luca Guadagnino


"Rivais" - trailer



"Rivais"
Título Original: "Challengers"
Direção: Luca Guadagnino
Com: Zendaya, Mike Faist e Josh O'Connor
Gênero: Drama / Romance /Comédia
Duração: 131 min.
Ano: 2024
País: Estados Unidos


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por Cly Reis

cotidianas #838 - Ela joga bola

 







Ela é menor que os outros
Mas joga muita bola
É uma grandeza o que joga essa moleca

Ela é melhor que muito homem
Joga a bola nela
É uma lindeza como joga essa menina


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Ela joga bola
Cly Reis

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Caetano Veloso & Chico Buarque - "Caetano e Chico Juntos e ao Vivo” (1972)



por Márcio Pinheiro

"Eu gosto muito de você, Caetano, porque você me desconcerta."
Chico Buarque

No final de 1972, Chico Buarque estava na Bahia, ao lado de Caetano Veloso - que completou 82 anos no último dia 6 - para a realização de um show que dava fim a qualquer boato que colocasse os dois artistas em campos opostos. Registrado pela gravadora Philips, o show se transformaria em disco que seria lançado ainda antes do Natal.

O momento histórico reunindo os dois músicos – numa triste coincidência, na mesma noite em que o poeta e jornalista Torquato Neto se suicidara no Rio de Janeiro – mostra em pouco mais de meia hora de gravação como a afinidade entre eles era imensa.

Com um repertório reunindo composições de Chico (“Bom Conselho”, “Quando o Carnaval Chegar” e “Partido Alto”) e de Caetano (“Tropicália” e “Esse Cara”), com os dois ora se alternando, ora dividindo os vocais, o disco já nascia como relato  histórico caráter antológico. A aparente separação em algumas canções era soterrada na abertura do lado B, com Caetano convidando Chico em “Eu quero dar o fora/E quero que você venha comigo”, em “Você não Entende Nada”, e Chico aceitando o convite e respondendo com “Todo dia eu só penso em poder parar/Meio-dia eu só penso em dizer não/Depois penso na vida pra levar/E me calo com a boca de feijão”, em “Cotidiano”.

Como foi bem observado pelo crítico Julio Hungria em texto no JB, a gravadora apenas se descuidou ao não dar ao evento a condição de caráter histórico, omitindo do registro diálogos, frases de bastidores, confidências que retratassem a importância do encontro. “É um disco predestinado”, definia Hungria, sem esquecer que a censura se fazia presente, como em "Bárbara", de Chico e Ruy Guerra, em que a letra fala de uma “paixão vadia, maravilhosa e transbordante como uma hemorragia” e onde os cortes da Censura podem ser adivinhados apesar da habilidade dos técnicos de gravação. Ou ainda em “Ana de Amsterdã”, dos mesmos autores, em que, num dos versos, a palavra “sacana” da versão original virou “bacana”

Trecho do livro "O Que Não Tem Censura Nem Nunca Terá", de Márcio Pinheiro

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FAIXAS:
1. "Bom Conselho" (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque - 02:00
2. "Partido Alto" (Chico Buarque) - Intérpretes: Caetano Veloso - 05:32
3. "Tropicália" (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso - 03:31
4. "Morena dos Olhos D'Água" (Chico Buarque) - Intérpretes: Caetano Veloso - 02:32
5. "A Rita" (Chico Buarque)/ "Esse Cara" (Caetano Veloso) - Intérprete: Caetano Veloso - 03:35
6. "Atrás da Porta" (Chico Buarque/Francis Hime) - Intérpretes: Chico Buarque - 02:44
7. "Você Não Entende Nada" (Caetano Veloso)/ "Cotidiano" (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque/Caetano Veloso - 07:01
8. "Bárbara" (Chico Buarque/Ruy Guerra) - Intérpretes: Caetano Veloso/Chico Buarque - 03:50
9. "Ana de Amsterdam" (Chico Buarque/Ruy Guerra) - Intérpretes: Chico Buarque - 01:45
10. "Janelas Abertas Nº 2" (Caetano Veloso) - Intérpretes: Chico Buarque - 01:56
11. "Os Argonautas" (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso - 03:23

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OUÇA O DISCO: