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quarta-feira, 22 de maio de 2019
Música da Cabeça - Programa #111
O presidente finalmente acertou: "Brasil acima de todos". Já que o Bozo só acerta quando erra, aqui, no Música da Cabeça, a gente acerta acertando. Olha só quanto acerto: The Glove, Mulatu Astatke, Legião Urbana, The Strokes, Itamar Assumpção, Beastie Boys e mais. "Palavra, lê", "Música de Fato" e "Cabeça dos Outros" vem comprovar ainda mais que a gente tá coberto de razão. Por isso, ouça o programa de hoje, às 21h, pela Rádio Elétrica, que não tem erro. Produção e apresentação de Daniel Rodrigues. Na mosca.
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Música da Cabeça - Programa #93
Quem diria que, ao se celebrarem os 90 anos de nascimento do pacifista Martin Luther King, estaríamos, aqui no Brasil, avançando (ou regredindo) no acesso a armas de fogo... Pois se é pra dar tiro, então aqui vai uma rajada de música boa pra todos os lados! Tem The Beatles, tem Prince, tem Marcos Valle, tem Marina Lima, tem Milton Nascimento. Tem até Beethoven no programa de hoje! Artilharia pesada de sons e canções! Então, prepare a pontaria e acerte no Música da Cabeça, às 21h, na Rádio Elétrica. Produção e apresentação: Daniel Rodrigues. Na mosca.
Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/
quinta-feira, 12 de abril de 2018
"Psicose", de Alfred Hitchcok (1960) vs "Psicose", de Gus Van Saint (1998)
Para estrear o nosso quadro Clássico É Clássico (e vice-versa), como não poderia deixar de ser trazemos um grande clássico do cinema. Aqui, conforme anunciamos, uma produção de sucesso, consagrada, um filme marcante da história do cinema, é colocado frente a frente com sua refilmagem e, entrando no clima da Copa, como se fosse uma partida de futebol, avaliaremos quem sairá vencedor desse embate cinematográfico.
O primeiro filme a enfrentar seu remake é nada mais nada menos que "Psicose", filme originalmente dirigido por Alfred Hitchcock, em 1960, e que ganhou uma nova versão pelas mãos do diretor Gus Van Saint em 1998.
"Psicose" de Alfred Hitchcock é uma daquelas coisas magistrais do cinema! Um filme que começa como um policial, chega a sugerir algo sobrenatural e revela-se como um filme de serial-killer, tudo sem deixar cair a tensão em momento algum. Uma obra de arte que só por seu tamanho e grandeza não deveria permitir a ousadia de alguém tentar refilmá-lo. Pois bem: talvez percebendo isso mas ao mesmo tempo tentado pela admiração pela obra de Hitchcock, o norte-americano Gus Van Saint resolveu encarar o desafio mas provavelmente vendo-se incapaz de melhorá-la em qualquer quesito, talvez numa tentativa de homenagem, resolveu simplesmente imitá-la. Sim, a versão de 1998 é meramente uma cópia. Uma reprodução quadro a quadro, cena a cena, literalmente, sem qualquer originalidade. Pra não dizer que não tem diferença, tem a cor, que é um decréscimo considerável em relação à fascinante fotografia (propositalmente) em preto e branco de Hitchcock e, ah, tem umas imagens aleatórias entre um assassinato e outro mas que não representam nada de considerável no todo. E aí, entre o original genial, brilhante e arrebatador, e uma cópia deslavada sem nenhum mérito artístico, não tem como não ficar com a primeira.
A "versão" de Gus Van Saint não tem nenhum ganho. Nada! Anne Heche, apesar de insossa, ainda se vira bem como a ambiciosa Marion que rouba o dinheiro da empresa e vai se hospedar no sinistro Bates Motel; Julianne Morre como a personagem que vai no rastro da irmã investigar seu desaparecimento também dá conta do recado; William H. Macy até tem algum destaque como o detetive; mas o inexpressivo Vince Vaughn diante do perturbador Anthony Perkins como Norman, não sei se é de rir ou de chorar. Mas aí o espectador curioso fica com aquela expectativa pra ver a cena do chuveiro. Talvez seja legal... Nossa! É lamentável. Como eu disse, é a mesma cena, é uma cópia, mas é outra coisa! E para piorar, a opção pelo colorido acaba com grande parte da magia e do terror que Hitchcock soube extrair tão bem do monocromático.
A propósito de colorir, a fotografia em preto e branco é mais um gol para o Psicose preto e branco. 2x0.
Quanto aos atores, só para ficar no principal, Anthony Perkins simplesmente tem uma das atuações mais marcantes do cinema tendo forjado um dos personagens mais emblemáticos de todos os tempos enquanto o constrangedor Vince Vaughn é exagerado, pouquíssimo convincente e nada sutil. "Psicose" clássico , 3x0.
Roteiro? O roteiro é o mesmo, só que o diretor da refilmagem não tira nenhuma vantagem disso nem consegue imprimir qualquer valor novo a ele. Mais um gol pro velho Psicose. 4x0!
Elementos técnicos como montagem, som, luz, novos recursos e tecnologias, mesmo 38 anos depois da primeira versão não ajudam em nada a tornar a obra de Gus Van Saint melhor, por isso, nestes itens ele apenas não perde, mas também não ganha.
Quanto ao diretor, basta dizer que original é de Alfred Hitchcock e o outro de um diretor que sequer ousou mudar uma cena numa refilmagem. Bom, né... 5x0 pro Psicose do Hitch e um banho de bola.
O "Psicose" clássico é um CLÁSSICO mas o mesmo não vale para o inofensivo remake de Gus Van Saint que, como diria Norman Bates, não seria capaz de fazer mal a uma mosca.
O Norman de Perkins com sua expressão naturalmente ameaçadora e o de Vaughn claramente forçado. Um remake que nunca devia ter acontecido. |
Hitchcock dá cinco punhaladas em Gus Van Saint e o original vence a cópia com facilidade.
Cly Reis
segunda-feira, 19 de março de 2018
CLAQUETE ESPECIAL 10 ANOS DO CLYBLOG - David Cronenberg: 75 Anos
David Cronenberg: 75 Anos
por Fernanda Calegaro
Ao acompanhar as entrevistas no festival South by Southwest (SXSW), deparo-me com uma conversa do Olivier Assayas, mediada pelo Richard Linklater, sobre a obra de David Cronenberg, sobretudo em “Demonlover” (2002). Para Assayas, “'Videodrome' é uma explosão mental, a maior e mais ousada influência”. A genialidade do inextricável explorador do corpo humano poderia apenas proporcionar alguns hematomas ou meras cicatrizes, no entanto, provoca reações que interferem intimamente na transformação humana.
O universo cronenberguiano pode ser caracterizado por um pout-pourri subversivo, orquestrado com muito cinema e inspirações literárias, como de Philip K. Dick (“Dead Ringers”, 1988), William S. Burroughs (ver “Mistérios e Paixões”, 1991, e a incrível produção de Jeremy Thomas) e Henry Miller (ver “Crash - Estranhos Prazeres”, 1996). O outsider canadense teve seu “despertar” para o cinema em uma sessão de "Winter Kept Us Warm" (1965) na magnífica Universidade de Toronto. Com uma abordagem peculiar, que transita entre o elegantemente escrachado e a assombrosa anormalidade, o inquieto apreciador de western transforma a desordem que domina corpos e mentes em uma perturbadora obra de insanidade e fantasia, tendo o caos como leitmotiv na forma mais genuína possível.
A emblemática cena da explosão da cabeça de "Scanners" |
Em “Os Filhos do Medo” (“The Brood”, 1979) ganhamos a ilustríssima cena em que a excelente Nola (Samantha Eggar) mostra seu segundo útero, isto é, com ele fora do corpo, dá luz a uma criatura, lambe a placenta e, ainda, pergunta para o marido se está bonita. Grosseiramente marcante, pavorosamente repugnante. (ver “O Retorno do Oprimido”, Freud, 1976). Cronenberg também possibilita prazerosos constrangimentos, como ao assistir o remake do filme B dos anos 1950, “A Mosca” (“The Fly”, 1986). A obsessão compulsiva de um homem esquizofrênico, o fantástico cientista Seth (Jeff Goldblum), dominado por um inseto e sua transformação desencadeia em uma das maiores experiências viscerais de desequilíbrio, amor e morte. Eterna salva de palmas para Stephan Dupuis que, segundo ele, bebeu da fonte de “The Creature from Black Lagoon” (1954) para realizar este trabalho.
Retomando a influência que originou esse texto, nos aproximamos do sempre atual “Videodrome - A Síndrome do Vídeo” (“Videodrome”, 1983). Crítica louvável ao controle da televisão e o poder na mídia, ou na relação do homem com o uso de máquinas. Cenas como a de uma arma que se reintegra ao corpo do diretor de televisão, Max (James Woods) ou a inesquecível aproximação dele na imagem da deslumbrante Nick (Debbie Harry), quando Max entra de cabeça na televisão e desencadeia um autêntico exercício de sexo oral com o espectador. Em “Videodrome”, o teórico das comunicações, Marshall McLuhan, foi base para a construção do filósofo, Dr. Brian O'Blivion. Os elementos de protesto como extensões do corpo geram desconforto e trazem a inquietação com o sistema, o consentimento e a alienação. Definitivamente, uma ousada obra-prima, como aponta Olivier Assayas.
cena da cabeça engolida pela tevê de "Videodrome"
A magnificência da obra de David Cronenberg permite usufruir de sessões de esquizoanálise, de aulas filosofia e medicina, possibilita castigos seguido de perfurações, mas basta uma amistosa aproximação e já fica decretado como um catártico felizardo que vislumbrou a obra de um gênio supremo.
Segue a lista dos favoritos em ordem de sentimentalismo.
1. "A Mosca" ("The Fly") - 1986\
3. "Scanners - Sua Mente Pode Destruir" ("Scanners") - 1981
4. "Crash - Estranhos Prazeres" ("Crash") - 1996
5. "Filhos do Medo" ("The Brood") - 1979
7. "Gêmeos - Mórbida Semelhança" ("Dead Ringers") - 1988
8. "Na Hora da Zona Morta" ("The Dead Zone") - 1983
9. "Crimes do Futuro" ("Crimes of the Future") - 1970
10. "EXistenZ" - 1999
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Fernanda Calegaro é jornalista, tenente Ripley com Amélie, atua há mais de dez anos na Comunicação. Trabalhou em veículos como TV Guaíba e TVE/RS e, em assessoria de imprensa e produção de conteúdo. Trabalha no segmento cultural e ambiental. Nota: Jeanne Moreau está para Liv Ullmann assim como Tura Satana está para Barbara Steele.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
As minhas 20 melhores capas de disco da música brasileira
Dia desses, deparei-me com um programa no canal Arte 1 da série “Design Gráfico Brasileiro” cujo tema eram capas de discos da música brasileira. Além de trazer histórias bem interessantes sobre algumas delas, como as de “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, “Severino”, dos Paralamas do Sucesso, e “Zé”, da Biquíni Cavadão, ainda entrevistava alguns dos principais designers dessa área aos quais nutro grande admiração, como Gringo Cardia e Elifas Andreato.
Elifas: o mestre do design de capas de disco no Brasil |
Assim como ocorre nos Estados Unidos e Europa, a tradição da arte brasileira acabou por se integrar à indústria fonográfica. Principalmente, a partir dos anos 50, época em que, além do surgimento do método de impressão em offset e a melhora das técnicas fotográficas, a indústria do disco se fortaleceu e começou a se descolar do rádio, até então detentor do mercado de música. Os músicos começaram a vender discos e, na esteira, o pessoal das artes visuais também passou a ganhar espaço nas capas e encartes que envolviam os bolachões a ponto de, às vezes, se destacarem tanto quanto o conteúdo do sulco.
Arte de Wahrol para o selo norte-americano Verve |
No Brasil, em especial, a possibilidade de estes autores tratarem com elementos da cultura brasileira, rica e diversa em cores, referências étnico-sociais, religiosas e estéticas, dá ainda, se não mais tempero, elementos de diferenciação diante da arte gráfica feita noutros países. Assim, abarcando parte dessa riqueza cultural, procurei elencar, em ordem de data, as minhas 20 capas preferidas da música brasileira. Posso pecar, sim, por falta de conhecimento, uma vez que a discografia nacional é vasta e, não raro, me deparo com algum disco (mesmo que não necessariamente bom em termos musicais) cuja capa é arrebatadora. Quem sabe, daqui a algum tempo não me motive a listar outros 20?
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1 - “Aracy canta Noel” – Aracy de Almeida (1954)
Arte: Di Cavalcanti
Era o começo da indústria dos “long playing” no Brasil, tanto que se precisou fazer um box com três vinis de 10 polegadas reunindo as faixas dos compactos que Aracy gravara entre 1048 e 1950 com o repertório de Noel Rosa. A Continental quis investir no inovador produto e chamou ninguém menos que Di Cavalcanti para realizar a arte do invólucro. Como uma obra de arte, hoje, um disco original não sai por menos de R$ 500.
2 - “Canções Praieiras” – Dorival Caymmi (1954)
Arte: Dorival Caymmi
É como aquela anedota do jogador de futebol que cobra o escanteio, vai para a área cabecear e ele mesmo defende a bola no gol. “Canções Praieiras”, de Caymmi, é assim: tudo, instrumental, voz, imagem e espírito são de autoria dele. E tudo é a mesma arte. “Pintor de domingos”, como se dizia, desde cedo pintava óleos com o lirismo e a fineza que os orixás lhe deram. Esta capa, a traços que lembram Caribé e Di, é sua mais bela. Como disse o jornalista Luis Antonio Giron: ”Sua música lhe ofereceu todos os elementos para pintar”.
3 - “Orfeu da Conceição” – Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes (1956)
Arte: Raimundo Nogueira
Arte: Raimundo Nogueira
A peça musical inaugural da era de ouro da MPB tinha, além do brilhantismo dos dois autores que a assinam, ainda Oscar Niemeyer na cenografia, Leo Jusi, na direção, e Luis Bonfá, ao violão-base. Só feras. Quando, por iniciativa do eternamente antenado Aloysio de Oliveira, a trilha da peça virou disco, Vinicius, homem de muitos amigos, chamou um deles, o pintor Raimundo Correa, para a arte da capa. Alto nível mantido.
4 - “À Vontade” – Baden Powell (1963)
Arte: Cesar Vilela
O minimalismo do P&B estourado e apenas a cor vermelha fazendo contraponto deram a Elenco – outro trunfo de Aloysio de Oliveira – a aura de cult. Além de, musicalmente falando, lançar diversos talentos no início dos anos 60, os quais se tornariam célebres logo após, o selo ainda tinha um diferencial visual. A capa de "À Vontade" é apenas uma delas, que junta o estilo cromático de Vilela com um desenho magnífico do violeiro, representativo da linhagem a qual Baden pertence. Uma leitura moderna da arte dos mestres da pintura brasileira aplicada ao formato do vinil.
5 - “Secos & Molhados” – Secos & Molhados (1971)
Arte: Décio Duarte Ambrósio
Impossível não se impactar com a icônica imagem das cabeças dos integrantes da banda servidas para o banquete. Impressionam a luz sépia e sombreada, o detalhismo do cenário e o barroquismo antropofágico da cena. E que disco! Fora o fato de que as cabeças estão... de olhos abertos!
6 - “Ou Não” ou "Disco da Mosca" - Walter Franco (1971)
Arte: Lígia Goulart
Os discos “brancos”, como o clássico dos Beatles ou o do pré-exílio de Caetano Veloso (1969), guardam, talvez mais do que os discos “pretos”, um charme especial. Conseguem transmitir a mesma transgressão que suas músicas contêm, porém sem a agressividade visual dos de capas negras. Ao mesmo tempo, são, sim, chocantes ao fazerem se deparar com aquela capa sem nada. Ou melhor: quase nada. Nesta, que Lígia Goulart fez para Walter Franco, o único elemento é a pequena mosca, a qual, por menor que seja, é impossível não percebê-la, uma vez que a imagem chama o olho naquele vazio do fundo sem cor.
7 – “Fa-Tal - Gal a Todo Vapor” - Gal Costa (1971)
Arte: Hélio Oiticica e Waly Salomão
Gal Costa teve o privilégio de contar com a genial dupla na autoria da arte de um trabalho seu. Em conjunto, Oiticica e Waly deram a este disco ao vivo da cantora um caráter de obra de arte, dessas que podem ser expostas em qualquer museu. Além disso, crítica e atual. A mistura de elementos gráficos, a foto cortada e a distribuição espacial dão à arte uma sensação de descontinuidade, fragmentação e imprecisão, tudo que o pós-tropicalismo daquele momento, com Caetano e Gil exilados, queria dizer.
8 - “Clube da Esquina” – Milton Nascimento e Lô Borges (1972)
Arte: Cafi e Ronaldo Bastos
Talvez a mais lendária foto de capa de todos os tempos no Brasil. Tanto que, anos atrás, foi-se atrás dos então meninos Tonho e Cacau para reproduzir a cena com eles agora adultos. Metalinguística, prescinde de tipografia para informar de quem é o disco. As crianças representam não só Milton e Lô como ao próprio “movimento” Clube da Esquina de um modo geral e metafórico: puro, brejeiro, mestiço, brasileiro, banhado de sol.
9 - “Lô Borges” ou “Disco do Tênis” - Lô Borges (1972)
Arte: Cafi e Ronaldo Bastos
Não bastasse a já simbólica capa de “Clube da Esquina”, que Cafi e Ronaldo idealizaram para o disco de Milton e Lô, no mesmo ano, criam para este último outra arte histórica da música brasileira. Símbolo da turma de Minas Gerais, os usados tênis All Star dizem muito: a sintonia com o rock, a transgressão da juventude, a ligação do Brasil com a cultura de fora, o sentimento de liberdade. Tudo o que, dentro, o disco contém.
10 – “Cantar” – Gal Costa (1972)
Arte: Rogério Duarte
Mais um de Gal. As capas que Rogério fez para todos os tropicalistas na fase áurea do movimento, como as de “Gilberto Gil” (1968), “Gal Costa” (1969) e a de “Caetano Veloso” (1968) são históricas, mas esta aqui, já depurados os elementos estilísticos da Tropicália (que ia do pós-modernismo à antropofagia), é uma solução visual altamente harmônica, que se vale de uma foto desfocada e uma tipografia bem colorida. Delicada, sensual, tropical. A tradução do que a artista era naquele momento: o “Cantar”.
11 - “Pérola Negra” – Luiz Melodia (1973)
Arte: Rubens Maia
Somente num país tropical faz tanto sentido usar feijões pretos para uma arte de capa. No Brasil dos ano 70, cuja pecha subdesenvolvida mesclava-se ao espírito carnavalesco e ao naturalismo, o feijão configura-se, assim como o artista que ali simboliza, a verdadeira “pérola negra”. Além disso, a desproporção dos grãos em relação à imagem de Melodia dentro da banheira dá um ar de magia, de surrealismo.
12 - “Todos os Olhos” – Tom Zé (1973)
Arte: Décio Pignatari
A polêmica capa do ânus com uma bolita foi concebida deliberadamente para mandar um recado aos militares da Ditadura. Não preciso dizer que mensagem é essa, né? O fato foi que os milicos não entenderam a ofensa e a capa do disco de Tom Zé entrou para a história da arte gráfica brasileira não somente pela lenda, mas também pela concepção artística revolucionária que comporta e o instigante resultado final.
13 – “A Tábua de Esmeraldas” - Jorge Ben (1974)
Arte: Aldo Luiz
Responsável por criar para a Philips, à época a gravadora com o maior e melhor cast de artistas da MPB, Aldo Luiz tinha a missão de produzir muita coisa. Dentre estas, a impactante capa do melhor disco de Jorge Ben, na qual reproduz desenhos do artista e alquimista francês do século XII Nicolas Flamel, o qual traz capítulos de uma história da luta entre o bem e o mal. Dentro da viagem de Ben àquela época, Aldo conseguiu, de fato, fazer com que os alquimistas chegassem já de cara, na arte da capa.
14 - “Rosa do Povo” – Martinho da Vila (1976)
Arte: Elifas Andreato
Uma das obras-primas de Elifas, e uma das maravilhas entre as várias que fez para Martinho da Vila. Tem a marca do artista, cujo traço forte e bem delineado sustenta cores vivas e gestos oníricos. De claro cunho social, a imagem dos pés lembra os dos trabalhadores do café de Portinari. Para Martinho, Elifas fez pelo menos mais duas obras-primas das artes visuais brasileira: “Martinho da Vila”, de 1990, e “Canta Canta, Minha Gente”, de 1974.
15 - “Memórias Cantando” e “Memórias Chorando” – Paulinho da Viola (1976)
Arte: Elifas Andreato
Podia tranquilamente escolher outras capas que Elifas fez para Paulinho, como a de “Nervos de Aço” (1973), com seu emocionante desenho, ou a premiada de “Bebadosamba” (1997), por exemplo. Mas os do duo “Memórias”, ambas lançadas no mesmo ano, são simplesmente magníficas. Os “erês”, destacados no fundo branco, desenhados em delicados traços e em cores vivas (além da impressionante arte encarte dos encartes, quase cronísticas), são provavelmente a mais poética arte feita pelo designer ao amigo compositor.Arte: Elifas Andreato
16 - “Zé Ramalho 2” ou “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu” – Zé Ramalho (1979)
Arte: Zé Ramalho e Ivan Cardoso
A inusitada foto da capa em que Zé Ramalho é pego por trás por uma vampiresca atriz Xuxa Lopes e, pela frente, prestes a ser atacado por Zé do Caixão, só podia ser fruto de cabeças muito criativas. A concepção é do próprio Zé Ramalho e a foto do cineasta “udigrudi” Ivan Cardoso, mas a arte tem participação também de Hélio Oiticica, Mônica Schmidt e... Satã! (Não sou eu que estou dizendo, está nos créditos do disco.)
17 - “Almanaque” – Chico Buarque (1982)
Arte: Elifas Andreato
Mais uma de Elifas, é uma das mais divertidas e lúdicas capas feitas no Brasil. Além do lindo desenho do rosto de Chico, que parece submergir do fundo branco, as letras, os arabescos e, principalmente, a descrição dos signos do calendário do ano de lançamento do disco, 1982, é coisa de parar para ler por horas – de preferência, ouvindo o magnífico conteúdo musical junto.
18 - “Let’s Play That” – Jards Macalé (1983)
Arte: Walmir Zuzzi
Macalé sempre deu bastante atenção à questão gráfica de seus discos, pois, como o próprio diz, não vê diferença entre artes visuais e música. Igualmente, sempre andou rodeado de artistas visuais do mais alto calibre, como os amigos Hélio Oiticica, Lygia Clark e Rubens Gerchman. Nesta charmosa capa de figuras geométricas, Zuzzi faz lembrar muito Oiticica. Em clima de jam session basicamente entre Macalé e Naná Vasconcelos, a capa traz o impacto visual e sensorial da teoria das cores como uma metáfora: duas cores diferentes em contraste direto, que intensifica ainda mais a diferença (e semelhanças) entre ambas.
19 - “Cabeça Dinossauro” – Titãs (1986)
Arte: Sérgio Brito
Multitalentosa, a banda Titãs tinha em cada integrante mais do que somente a função de músicos. A Sérgio Brito, cabia a função “extra” da parte visual. São dele a maioria das capas da banda, e esta, em especial, é de um acerto incomparável. Reproduzindo desenhos de Leonardo da Vinci (“Expressão de um Homem Urrando”, na capa, e “Cabeça Grotesca”, na contra, por volta de 1490), Brito e seus companheiros de banda deram cara ao novo momento do grupo e ao rock nacional. Não poderia ser outra capa para definir o melhor disco de rock brasileiro de todos os tempos.
20 - “Brasil” - Ratos de Porão (1988)
Arte: Marcatti
O punk nunca mandou dizer nada. Esta capa, do quarto álbum da banda paulista, diz tanto quanto o próprio disco ou o que o título abertamente sugere. “Naquele disco, a gente fala mal do país o tempo inteiro, desde a capa até a última música”, disse João Gordo. Afinal, para punks como a RDP não tinha como não sentar o pau mesmo: inflação, Plano Cruzado, corrupção na política, HIV em descontrole, repressão policial, a lambada invadindo as rádios, Carnaval Globeleza... Os cartoons de Marcatti, que tomam a capa inteira, são repletos de crítica social e humor negro, como a cena dos fiéis com crucifixos enfiados no cu ou dos políticos engravatados assaltando um moleque de rua. É ou não é o verdadeiro Brasil?
por Daniel Rodrigues
com a colaboração de Márcio Pinheiro
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
A Arte do ClyBlog em 2016
No ano que passou, como tem sido costume nos últimos anos, nós do clyblog estivemos dando um tratamento mais atencioso à parte visual, tanto na logotipia quanto nas postagens e também na divulgação.
Nosso logotipo, por exemplo, vai se adequando ao que o momento exigir e em ano de Jogos Olímpicos e de 8 anos do blog ele teve que se desdobrar novamente.
As capas de discos e pôsteres de filmes já são tradicionais em nossas adaptações e as chamadas para as pessoas que precisam conhecer o ClyBlog ganharam novas situações. A novidade mesmo é que esse ano resolvemos "dar as caras" e por várias oportunidades ao longo do ano, pela primeira vez, nossos rostos, meu e do Daniel Rodrigues, aparecerem em chamadas.
Fiquem aqui com uma breve retrospectiva visual do que estivemos aprontando visualmente neste 2016.
Cly Reis
Nosso logo teve que se desdobrar, como de costume, para o evento ou data para o qual quiséssemos utilizá-lo. Mas ele é bastante versátil. |
ClyBlog código de barras |
Todas as cores do blog. |
Estamos no ar. |
ClyBlog em QR Code. |
O melhor remédio. Sem contraindicações. |
Era a peça que faltava. |
Nós sempre estivemos aqui. |
Daniel e eu em frente ao berço do rock. |
Viva la revelución! |
Why so serious? |
Nem a morte poderá nos separar. |
Uma das "paródias" de capas de álbuns famosos para os ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. |
A clássica capa do "Nevermind" do Nirvana também serviu à nossa seção de grandes discos. |
Rebobine, por favor (com uma caneta Bic) |
Bolachão ÁLBUNS FUNDAMENTAIS. |
Adoramos dar aquele toque pessoal nos pôsteres de filmes. |
Somos a mosca que pousou no seu experimento coentífico. |
Indomáveis! |
Não pule! Ainda há esperança! |
Sei que às vezes dá um ódio mas... |
Bala não! |
Que tal nsso belo pulover natalino? |
Um dos fatos que mais marcou 2016 no âmbito artístico musical foi a perda do grande David Bowie. O Clyblog tinha a obrigação homenagear e se despedir deste gênio e Alladin Sane então chorou. |
C.R.
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