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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

"A Décima Segunda Noite", de Luís Fernando Versíssimo - ed. Objetiva - Coleção Devorando Shakespeare (2006)

 



Olha..., uma das raras vezes que não gosto de alguma coisa do Luís Fernando Veríssimo

"A Décima Segunda Noite", sua "versão" para a peça de Shakespeare, conhecida por aqui como "Noite de Reis", é uma bagunça. Um caos mais estapafúrdio do que seria permissível mesmo para o gênio criativo de Luís Fernando Veríssimo que, costumeiramente mistura elementos muitas vezes aparentemente incompatíveis, criando universos literários peculiares e interessantíssimos.

Não é o caso aqui.

"A Décima Segunda Noite" é uma verdadeira salada: um grupo de travestis brasileiros, ex-integrantes de um fracassado grupo de dança, trabalha no salão de beleza de um italiano que é apaixonado por uma ricaça francesa, cujo um irmão falecido era contrabandista de santos barrocos vindos do Brasil, e cujo "bobo-da-corte" (?!?!), que animava as festinhas dos travestis brasileiros tocando violão, fora diplomata no Itamaraty... E tudo isso narrado por uma papagaio cinza, pintado de verde e amarelo só pra dar um toque de brasilidade ao salão de beleza.

Não, ó: aí o Veríssimo passou dos limites na "liberdade criativa".

A situação da separação dos irmãos, Viola e Sebastian, no original, Violeta e Sebastião, nesta adaptação, até é bem criativa e interessante. Se lá eles se perdem num naufrágio, aqui eles são separados no aeroporto em Paris, por questões diplomáticas e suspeitas em relação ao envolvimento de Sebastian com o contrabando de joias. Ok... Tá bom, mas praticamente ficamos nisso. O papagaio contando a história dá um toque original, até tem seu valor, tem seus momentos divertidos, mas é muito pouco.

No mais, um infeliz "samba do branquelo doido" que faz a gente querer chegar logo ao final, muito mais para se livrar daquele martírio do que para saber o final que, no fim das contas, para quem conhece a peça, já está cansado de saber. Mas não se engane, por mais que saibamos o final, neste caso, Luís Fernando Veríssimo consegue colocar elementos que não acrescentam em nada, não têm graça nenhuma e só pioram o final.

Por mais fã de Shakespeare que seja, e apaixonado por Paris, acho que, desta vez, Veríssimo errou na mão. Adaptação completamente dispensável (E é com peso no coração que digo isso).




Cly Reis


segunda-feira, 25 de junho de 2018

"Time dos Sonhos", de Luís Fernando Veríssimo - ed. Objetiva (2010)



"Só o futebol permite que você
sinta aos 60 anos exatamente o que sentia aos 6.
Todas as outras paixões infantis
ou ficam sérias ou desaparecem,
mas não há uma maneira adulta de ser
apaixonado por futebol."
Luís Fernando Veríssimo



Leitura bem legal para quem gosta de futebol, nesses tempos de Copa do Mundo, é "Time dos Sonhos", de Luís Fernando Veríssimo. Apaixonado por futebol e correspondente em várias Copas, Veríssimo conta suas experiências nos Mundiais de futebol, fala sobre craques, grandes partidas, curiosidades dos países, sempre com seu tradicional humor afiado e inteligente. O mal de Montezuma no México em 1986; um terremoto em San Francisco, na Califórnia, na Copa dos Estados Unidos, ou as escadarias infinitas do estádio em Yokohama, no Japão, são relatos bem-humorados de Veríssimo numa verdadeira viagem no tempo por dez Copas do Mundo e mais de trinta anos. "Como personagem do poema de T.S. Elliot que podia medir sua vida em colherinhas de café, podemos medir nossos últimos 28 anos em Copas do Mundo.", resumia bem o autor na crônica "Recapitulando", na França, em 1998.
Além destes relatos de Copas do Mundo, "Time dos Sonhos" traz crônicas sobre futebol em geral, o sentimento do autor em relação ao jogo em si, a relação com seu time do coração, o Internacional, recordações de infância , impressões e análises descontraídas, além, é claro, de suas impagáveis crônicas cotidianas, neste caso, especificamente, envolvendo obrigatoriamente, o futebol.
A crônica sobre a bola, a primeira bola de um moleque e o que ela significa para ele é linda; a análise do camisa dez no futebol é perspicaz; e o conto do futebolzinho dos sábados que ganhou proporções gigantescas são alguns dos melhores momentos deste ótimo livro, altamente recomendado para quem gosta de uma boa leitura e de futebol.




Cly Reis

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

"Contos", de Erico Veríssimo - ed. Globo / coleção Aventura de Ler (1997)






"O Tempo é um rio sem nascentes
a correr incessantemente
para a Eternidade (...)"
trecho do conto "Sonata"



Erico Veríssimo era impressionante! Sua versatilidade, habilidade para transitar entre diversos gêneros com a mesma qualidade, intensidade era algo incrível.
Estava aqui em casa mas sempre deixava para depois, o livro "Contos", edição de 1987, que reúne algumas poucas histórias do autor neste modelo mais curto, mas sucinto, mas ainda assim muito significativas no que diga respeito a seu estilo e possibilidades.
O célebre autor gaúcho passeia do drama familiar ao terror, do fantástico ao policial, com uma naturalidade incomum. Emociona com o conto "As Mãos do Meu Filho", no qual um músico talentoso rende suas homenagens à mãe, esforçada, heroica nos sacrifícios, nas renúncias da vida, mas despreza o pai, problemático, ex-alcoólatra, e que no entanto, é orgulhoso do filho e, sabe que, à sua maneira, teve sua parcela para que ele chegasse àquele momento de consagração.
"O Navio das Sombras", ainda que com todos os conflitos emocionais do personagem principal e seu estado psicológico, é acima de tudo um conto de terror, seja pela ambientação, um porto deserto, um navio fantasma, seja pelas imagens criadas por Erico como a névoa, a escuridão, vultos indefinidos e rostos zumbificados.
"Os Devaneios do General", sobre a nostalgia de um ex-militar da época da Revolução Federalista, dos tempos em que mandava e desmandava numa cidadezinha do interior, embora traga a dura realidade das crueldade das guerras, carrega consigo uma ponta cômica e revela a veia ácida do autor.
A tortura interior de um homem ciumento em relação à sua jovem esposa pauta o envolvente "Esquilos de Outono", drama-suspense, ambientado nos Estados Unidos.
"A Ponte", o mais longo dos contos, desenvolvido com a habilidade do romancista, traz um homem rico realizado materialmente, mas cuja vida revela uma série de vazios, entre eles, uma saudade da cidade Natal e uma espécie de dívida pessoal com o lugarejo.
No mais impressionante dos contos, "Sonata", Erico Veríssimo manipula o tempo como bem entende, misturando tempo, personagens de épocas diferentes, espaços físicos, sensações, e costurando tudo isso, a música. Numa maestria que somente um grande autor pode se permitir e conseguir executar, ele conta a breve história de um músico, sem grandes perspectivas, deslocado de sua época, fora de seu tempo que, deparando-se com um anúncio de jornal do ano em que nascera, por curiosidade, resolve investigar como a pessoa que solicitara um profesor de piano, vinte e oito anos antes, encontraria-se naquele momento. Vai então até o endereço do anúncio e aí começa uma incrível jornada que alterna passado e presente e une esses mesmos espaços de tempo de forma mágica. Imaginação, viagem no tempo, delírio, sonho, pós-morte? Nada é certo, nada é definitivo em "Sonata".
Fazia tempo que não lia Erico e reencontrá-lo nesses contos foi, de certa forma, uma retomada completa. Tem o Erico novelístico, o Erico espiritual, o Erico cru, o Erico viajante, o Erico historiador, enfim... O exercício do conto possibilita que o autor coloque um pouco de suas características de romancista em cada uma dessas historietas e, desta forma, o leitor tem o privilégio de saborear praticamente uma compilação dessas formas literárias que o consagraram, em pequenas doses.
Meu tratamento à base de Érico Veríssimo foi retomado com êxito. Agora, a recomendação é aumentar a dosagem.




Cly Reis


segunda-feira, 2 de maio de 2016

"Borges e os Orangotangos Eternos", de Luís Fernando Veríssimo - Ed. Companhia das Letras (2000)




Um romance de Luís Fernando Veríssimo às voltas com Jorge Luis Borges e entremeado pela obra de Edgar Allan Poe. Ah, algo assim não teria como ser nada menos do que incrível! "Borges e os Orangotandgos Eternos" que ganhei no Natal e que só agora, pela fila, teve sua vez, é um saboroso e envolvente mistério repleto de homenagens e referências literárias sem, por isso, tornar-se chato nem pedante. Bem ao estilo do autor, bem humorado e inteligente, o romance tem o charme de ter um de seus ídolos literários Jorge Luis Borges como "personagem" numa espécie de ode e reconhecimento à sua genialidade, inventividade e capacidade de criar tramas labirínticas, fazendo do escritor argentino o parceiro de investigação do portoalegrense Vogelstein, um professor, tradutor, escritor amador e amante de livros, envolvido na cena de um misterioso assassinato em Buenos Aires, em meio a um congresso de especialistas da obra de Edgar Allan Poe. Ao melhor estilo do escritor norte-americano criador do estilo de literatura de mistério e cuja obra é praticamente centro do livro, um dos integrantes do congresso, um antipaticíssimo estudioso, Joachim Rotkopf, é assassinado dentro de seu quarto de hotel fechado por dentro sem sinais de arrombamento, a exemplo do célebre conto "Os Assassinatos da Rua Morgue", tendo tendo tentado deixar, possivelmente, algum tipo de mensagem secreta, uma pista, antes de morrer, pela posição de seu corpo junto a um espelho, elemento, por sua vez muito comum na obra de Borges. Suspeitos não faltam uma vez que Rotkopf não era nada querido e mais de uma vez havia sido jurado de morte por integrantes daquele congresso. Aí então que Vogelstein, por ter sido o primeiro a encontrar o corpo, o detetive Cuervo, outro apreciador da obra de Poe (e mais uma das referências à sua obra) e Jorge Luis Borges, amigo e conselheiro de investigações do policial por conta de sua elevadíssima capacidade dedutiva fruto da construção de mistérios improváveis, debruçam-se sobre os elementos do crime com todas seus recursos, desde pistas concretas, as investigações das autoridades, as informações de Vogelstein, o último a ver Rotkopf com vida, especulações baseadas em obras da literatura de mistério, elocubrações misticas e a tradicional e charmosa "falsa" erudição de Borges com a qual sempre alicerçou sua obra de maneira tão verossímil a ponto de nos perguntarmos se os livros, lugares ou civilizações que criava nunca existiram de verdade.
Um adorável mistério cheio de reviravoltas, surpresas e até mesmo clichês mas sendo estes colocados proposital e charmosamente por Veríssimo como uma reverência ao gênero literário que criou mitos como Conan Doyle e Agatha Christie e do qual seu "convidado", Jorge Luis Borges, fez uso de forma tão original e especial em sua obra. "Borges e os Orangotangos Eternos", além de uma homenagem ao herói Borges, da saudação à obra de Poe, de um exercício estilístico, é acima de tudo uma declaração de amor à literatura, ao gosto de escrever e ao gosto de ler e, nisso em especial, se justifica plenamente. Quem sai ganhando com toda essa séria brincadeira literária de Veríssimo é o leitor.


Cly Reis

quinta-feira, 14 de abril de 2011

"O Cachorro que Jogava na Ponta Esquerda", de Luís Fernando Veríssimo - Coleção Gol de Letras - Ed. Rocco (2010)



Acabo de ler o delicioso livro “O Cachorro que Jogava na Ponta Esquerda” de Luís Fernando Veríssimo, escritor que como já, de hábito, cativa pela sua inteligência e bom humor, neste então, amante de futebol como é, chega a emocionar quem, pelo menos uma vez na vida já correu atrás de uma bola num campo de pelada.
Num livro como este, por mais que a gente saiba, parece que reforça o quanto cada campinho, cada joguinho de pelada, cada timezinho , cada meninada é praticamente igual.
Muda uma coisa aqui, um detalhe acolá, mas a essência do negócio é a mesma. As situações são, por exemplo, muito parecidas com diversas que aconteciam com meu time de bairro trazendo à lembrança com nostalgia e bom humor cada momento, situações engraçadas e dramáticas que passamos. O dono da bola, o craque do time, o pereba, os jogos importantes, os grandes momentos e claro, os tipos estranhos que aqui ficam incrivelmente representados na figura de um cachorro.
Muito legal. Divertidíssimo. Ri muito sozinho lendo no pátio da empresa e olhando pros lados para ver se não estava sendo observado por alguém que pudesse estar pensando, “que que aquele maluco tá rindo sozinho, ali embaixo daquela árvore?”. Bom, se alguém viu, azar! O fato é que estava muito bom e eu tava curtindo pra caramba.
Não é só recomendável mas indispensável para que já bateu uma bolinha quando criança. Traz de volta tudo aquilo de gostoso e puro que nossas infâncias deixaram pra trás. Aquilo era rico em experiências, lealdade, amizade, objetivos e formação de caráter, e de certa forma, com um conto singelo e de narrativa simples, Luís Fernando Veríssimo consegue nos fazer lembrar destes valores e curtir de novo aqueles momentos. Afinal de contas, tinha coisa mais legal do que ir jogar bola no campinho com os amigos?


Cly Reis

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ClyBlog 5+ Livros



E chegamos ao último especial da série 5+ do clyblog. Não que não tivéssemos mais assunto, daria pra pesquisar sobre mais um monte de coisas com os  amigos, saber o que mais um monte de pessoas interessantes pensam, levantar listas mas acredito que estes temas abordados, além de bastante significativos, resumem, de certa forma, a ênfase de assuntos e as áreas de interesse do nosso canal.
E pra encerrar, então, até aproveitando o embalo da Feira do Livro de Porto Alegre, cidade que é uma espécie de segundo QG do clyblog, o assunto dessa vez é literatura. Sim, os livros! Esses fantásticos objetos que amamos e que guardam as mais diversas surpresas, emoções, descobertas e conhecimentos.
Cinco convidados especialíssimos destacam 5 livros que já os fizeram sonhar, viajar, rir, chorar, os livros que formaram suas mentes, os que os ajudaram a descobrir verdades, livros que podem mudar o mundo. Se bem que, como diz aquela frase do romando Caio Graco, "Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas.".
Com vocês, clyblog 5+ livros:




1. Afobório
escritor e
editor
(Carazinho/RS)
" 'O Almoço Nu' é muito bom.
Gosto muito desse livro."

1- "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutiérrez
2 -"Búfalo da Noite", Guillermo Arriaga
3- "Numa Fria", charles Bukowski
4 - "Sorte Um Caso de Estupro", Alice Sebold
5 - "O Almoço Nu", William Burroughs
 
Programa Agenda falando sobre o livro "O Almoço Nu", de William Burroughs

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2. Tatiana Vianna
funcionária pública e
produtora cultural
(Viamão/RS)


Kerouac, um dos 'marginais'
da geração beatnik
"Cada um destes são livros que chegaram as minhas mãos em momentos diferentes de vida
e foram importantes para muitos esclarecimentos.
Algumas destas leituras volta e meia as retomo novamente para entender melhor,
porque sempre algo fica pra trás ou algo você precisa ler depois de um tempo,
de acordo com o seu olhar do momento."

1- "On the Road, Jack Kerouak
2 - "1984", George Orwell
3 - "Os Ratos", Dionélio Machado
4 - "A Ilha", Fernando Morais
5 - "O livro Tibetano do Viver e Morrer", Sogyal Rinpoche






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3. Jana Lauxen
escritora e
editora
(Carazinho/RS)


"Minha vida se resume a antes e depois de "O Acrobata pede desculpas e cai".
"O Jardim do Diabo", do Veríssimo, é um romance policial incrível
do tipo que você não larga enquanto não acabar. E quando acaba dá aquela tristeza.
"Capitães da Areia" li há muito tempo e não consigo me esquecer desse livro.
O engraçado é que a primeira vez que o li, tinha uns 12 anos e  não gostei.
A segunda vez eu tinha mais de 20 e fiquei fascinada pela obra.
O "Livro do Desassossego" é para ter sempre por perto, para abrir aleatoriamente e dar aquela lidinha amiga.
Conheci Pedro Juan em uma entrevista que ele concedeu para a revista Playboy,
e a "Trilogia Suja de Havana" foi o primeiro livro do autor que eu li.
Seus livros são proibidos em seu próprio país, visto a crítica social que o autor acaba fazendo sem querer.
Digo sem querer por que sua temática não é política – ele fala de sexo, de drogas, de pobreza, de putas,
e detesta ser classificado como um autor político.
Mas acaba sendo, pois é impossível descrever qualquer história que se passe em Cuba sem acabar fazendo alguma crítica social.
Mesmo que enviesada."

"Capitães da
Areia"

1- "O Acrobata Pede Desculpas e Cai", Fausto Wolff
2 - "O Jardim do Diabo", Luís Fernando Veríssimo
3 - "Capitães da Areia", Jorge Amado
4 - "Livro do Desassossego", Fernando Pessoa
5 - "Trilogia Suja de Havana", Pedro Juan Gutiérrez





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4. Walessa Puerta
professora
(Viamão/RS)


"Estes são os meus favoritos."

1- "O Tempo e o Vento", Érico Veríssimo
2 - "O Mundo de Sofia", Jostein Gaarder
3 - "Era dos Extremos", Eric Hobsbawn
4 - "Dom Casmurro", Machado de  Assis
5 - "O Iluminado", Stephen King



 A brilhante adaptação de Stanley Kubrick, para o cinema, da obra de Stephen King

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5. Luan Pires
jornalista
(Porto Alegre/RS)


"Dom Casmurro" tem uma das personagens mais emblemáticas da literatura nacional:
Capitu. A personagem dos "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" é um verdadeiro ensaio para quem curte a construção de um personagem.
Toda criança deveria ler a coleção do "Sítio do Pica-Pau amarelo". E todo adulto deveria reler.
Uma homenagem a imaginação, a cultura e ao sonho das crianças e dos adultos que nunca deveriam deixar de ter certas inquietações juvenis.
Desafio qualquer um no mundo a descobrir o final de "O Assassinato de Roger Ackroyd"! [ponto final!].
Cara, pra mim, "Modernidade Líquida" é o livro mais necessários dos últimos tempos.
Pra entender a sociedade e o caminho para onde estamos seguindo.
"@mor" é um ensaio perfeito das relações humanas atuais.
O que me chamou atenção é que não demoniza a internet, mas aceita o papel dela nos relacionamentos atuais.
O formato, só em troca de e-mails, é um charme. E o final é de perder o fôlego."


1- "Dom Casmurro", Machado de Assis
2 - "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (qualquer um da coleção), Monteiro Lobato
A turma do Sítio, do seriado de TV
da década de 70, posando com seu criador
(à direita)
















3 - "O Assassinato de Roger Ackroyd", Agatha Christie
4 - "Modernidade Líquida", Zigmunt Bauman
5 - "@mor", Daniel Glattauer




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sábado, 31 de maio de 2014

"Um Time de Primeira - Grandes Escritores Brasileiros Falam de Futebol", Vários Autores - 2014 (Ed. Nova Fronteira)



Acabei de ler agora, por esses dias, o bom livro "Um Time De Primeira", uma coletânea de textos de onze autores de épocas diferentes, praticamente desde os tempos da chegada do futebol ao Brasil até os contemporâneos. Com um time que conta com nomes como Vinicius de Moraes, Mário de Andrade, Luís Fernando Veríssimo, Lima Barreto, Rubem Fonseca, João do Rio, Antônio de Alcântara Machado, Mário Filho, Coelho Neto, Nelson Rodrigues e João Cabral de Melo Neto não dá pra esperar nada senão textos altamente qualificados. E são, efetivamente! Tem a beleza lírica dos textos de Coelho Neto, o ufanismo apaixonado de Nelson Rodrigues, o habitual bom-humor de Luís Fernando Veríssimo, a ficção envolvente de Rubem Fonseca e a incrível atualidade da crítica de Lima Barreto ao esporte e seu papel social. Textos e estilos para todos os gostos: crônica, poema, conto, matéria para jornal, resenha para revista, poema inédito, fragmento de livro. Tudo da melhor qualidade. Como o título do livro sugere, com um time como esse só poderíamos mesmo ter um livro de primeira.
Livro daqueles pra provar que futebol vai além das quatro linhas e que também é jogado assim, linha por linha.
Golaço.


Cly Reis

terça-feira, 21 de novembro de 2017

63ª Feira do Livro de Porto Alegre - As Imagens








E foi-se mais uma edição da Feira do Livro de Porto Alegre! Mas se a Feira acabou, ficamos com algumas imagens que marcaram os dezenove dias desta celebração de cultura, arte e cidadania na capital gaúcha. Nossa parceira de blog Leocádia Costa que desde 2012, sempre nos privilegia compartilhando conosco na página do ClyBlog no Facebook as fotos da equipe oficial da Feira, este ano, depois de uma ausência na última edição, voltou a fazê-lo brindando-nos com imagens que captam o que de melhor um evento como este pode proporcionar. As lentes e o olhar de Iris Borges, Luís Ventura, Otávio Fortes e da própria Leocádia transmitem visualmente a energia boa na praça, a integração com a cidade, o interesse dos visitantes, a curiosidade dos pequenos, a livre troca de ideias, nos transportando um pouco para dentro da Feira e nos fazendo, de certa forma, também participar de todo aquele grande espaço de conhecimento, discussão e aprendizado. 
Obrigado, Leocádia e toda a equipe de fotografia da Feira do Livro de Porto Alegre e parabéns pelo belíssimo trabalho. Até o ano que vem!
Até lá, fiquemos com alguns dos momentos registrados nesta 63ª edição.


A criançada se divertindo com os Contos de Andersen

Livro não tem tamanho

Tempo pra ler, todo mundo tem

Atena Beuvoir levantando questionamentos

De corpo e alma na Feira

Teve dança

Heróis japoneses

Questões indígenas também estiveram em debate

Um autógrafo caprichado de Kim W. Anderson

O músico Lobão em momento de autógrafos

Dança do Projeto Meninas Crespas

Música de câmara na praça

Nunca deixe de acreditar

Scliar e o felino

Livros bons pra cachorro
A poetisa Conceição Evaristo enfatizando a resistência negra em sua obra

Os pequenos participam

Harry Potter
Nossa Leocádia dividindo uma leitura com Erico Veríssimo

O que tem dentro dessa caixa?
Livros pra deixar qualquer um boquiaberto

Luís Ventura e o mutante

Fazendo arte

Sarau com danças afro

O grande Luís Fernando Veríssimo sendo entrevistado

Danças tradicionalistas gaúchas

A Arca de Noé

A praça festejando os livros

Uma rosa com carinho

O tradicional cortejo de encerramento da Feira

A equipe de fotografia da FLPOA,
(a partir da esq.) Luís, Leocádia, Otávio e Iris.




fotos: Iris Borges, Otávio Fortes, Luís Ventura e Leocádia Costa
cedidas por Leocádia Costa


sábado, 10 de agosto de 2019

"Essa História Está Diferente : Dez Contos Para Canções de Chico Buarque" - vários autores, organização de Ronaldo Bressane - ed. Companhia das Letras (2010)




Com uma obra tão visual e rica em detalhes e sutilezas é um pouco estranha a sensação do fã de Chico Buarque ao deparar-se com as letras de suas músicas representando algo diferente do que o autor já apresentara com toda sua propriedade e competência, fazendo-nos, não raro, tamanha a riqueza de imagens que é capaz de construir em seus versos, praticamente, formar no nosso imaginário, cenários, situações e personagens de forma tão completa que a ponto de não dar espaço para outra visão que não aquela que ele nos mostrou. Mas é exatamente este o desafio de "Essa história está diferente", livro que reúne dez autores que se propõe a dar uma nova possibilidade, por assim dizer, a determinada letra do consagrado cantor e compositor da música brasileira, e, de um modo geral, ele se sai bem.
É muito difícil sobrepujar as impressões que deixam as letras de Chico mas o livro traz boas propostas sobre estas e conseguindo em alguns casos o grande mérito de até firmar um certo laço com a obra musical correspondente. Outros, possivelmente no intento de desapegar-se do objeto original, afastam-se de forma bastante radical da letra de inspiração, gerando resultados bastante ousados e, no mínimo, curiosos.

Inspirado na canção "Ela faz cinema", o conto "O direito de ler enquanto se janta sozinho", do argentino Alan Pauls, me sensibilizou, em especial pela questão paterna, da proximidade com a filha e daquele sentimento, que para mim ainda virá, de estar perdendo sua "menininha" quando ela começa a se tornar uma mulher. Detalhe: a garota do conto faz teatro. "Lodaçal", de André Sant'anna, baseado em "Brejo da cruz", mantendo o universo de desigualdade social proposto por Chico,  impressiona pela linguagem, pela ritmo, pelo impacto, criando uma espécie de grande aliteração onírica de um "surrealismo", em muitas passagens, revelador e chocante. 
"Carioca", do paulistano Cadão Volpato , ex-vocalista da cultuada banda Fellini, me decepcionou um pouco. Embora contenha sua habitual poesia cotidiana, tem uma condução sonolenta e até mesmo cansativa num enredo pouco sedutor sobre um rapaz e sua misteriosa hóspede que, no fim das contas, ao que parece, sequer é... carioca. 
"Entrelaces", da chilena Carola Saavedra, é uma grande D.R., muito cinematográfica, alternado a percepção dele e dela sobre a relação do casal, tendo a música, "Mil perdões", como importante elemento dentro do conto. 
"A calça branca", conto do gaúcho João Gilberto Noll é um dos que causam estranheza ao leitor-fã por trabalhar de forma bastante inusitada uma daquelas canções, "As Vitrines", no caso, da qual já temos uma imagem tão pronta que fica difícil admitir outra coisa que não o que sempre "enxergamos" ao ouvi-la. Ainda que preserve a ideia da vitrine, do reflexo, a introdução de uma relação entre dois homens e as memórias que o reencontro casual na galeria trazem à tona, tornam o conto algo muito inesperado e surpreendente para o leitor.
O que mais se aproxima, diretamente da obra de Chico, é "Feijoada completa", de Luís Fernando Veríssimo, que traz toda aquela coisa do preparativo para este prato tipicamente brasileiro e seus ingredientes, tal qual a música, contendo inclusive trechos da letra, servindo como pano de fundo para uma divertida crise de casal.
O mais estranho é "Os fantasmas do massagista" que para chegar "Construção", uma das mais emblemáticas canções do compositor, recorre a uma trama de um fisioterapeuta que narra a um de seus pacientes ocaso da mãe, uma antiga declamadora de músicas populares recém falecida, e como os últimos momentos dela o afetaram. "Construção" está na trama, ela até aparece e de uma maneira muito inusitada e até divertida, mas que a história do mexicano Mario Bellatin é muito esquisita, isso é.
O consagrado escritor moçambicano Mia Couto aparece com o elegante conto "Olhos nus: olhos", do qual nem é necessário dizer a canção de origem, e que apresenta o momento pós-rompimento de um casal, com todas suas particularidades e reminiscências. "A mulher dos meus sonhos", de Rodrigo Fresán, da canção "Outros sonhos" trabalha este elemento do inconsciente sob diversas possibilidades num conto de estrutura repetida e insistente; e o divertido "Um corte de cetim", do pernambucano Xico Sá, que aproxima-se de sua música inspiradora especialmente pela atmosfera mundana, fecha o livro, trazendo o desabafo, num buteco, numa quarta-feira de cinzas, de um folião traído, que chegou a dedicar à musa um belíssimo e generoso pedaço do tecido em questão.
Devo admitir que, por conta de toda a figuratividade já mencionada contida nas letras de Chico, na maioria dos casos, ao ler os contos, ficava com a expectativa de uma mera variação das letras, um complemento delas, um detalhe no que, para mim, já  era irretocável, o que acabou fazendo com que algumas das histórias não caíssem imediatamente nas minhas graças. Mas um afastamento, um desapego, uma segunda passada faz com que a gente acabe aceitando melhor a proposta e simpatizando mesmo com aqueles contos que mais se distanciam da ideia original. Não adianta: não  é a mesma coisa e nem é para ser. A história está diferente mas, afinal de contas, compreenda leitor, leitor acomodado como eu. Aqui, é isso que ela quer ser. A história: ser diferente.




Cly Reis