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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Vila Belga - Santa Maria/RS (Nov. 2025)

 

Uma das belas casas em estilo eclético do inicio do
século 20 do complexo arquitetônico Vila Belga
Passar alguns dias em alguma cidade sempre me sugere que eu possa aproveitar um pouco da atmosfera local. Nos dias em que fiquei em Santa Maria por conta do Santa Maria Cinema e Vídeo, para o qual fui convidado a participar, em alguns poucos momentos pude dar uma escapada e curtir algo fora da programação para a qual me destinava. Não deixa de ser um pouco questão de sorte. Uma que não dei foi a de poder acompanhar, em razão justamente dos compromissos para os quais fui convidado, um passeio guiado pelos prédios Art Deco, estilo característicos do período em que a cidade cresceu economicamente, que percorreu locais onde, no passado e no presente, abrigou-se/abriga cinema em Santa Maria.

Mas a sorte não me desamparou. O hotel onde fiquei hospedado, na região Central da cidade, era bem próximo de um verdadeiro patrimônio histórico, arquitetônico, urbanístico e cultural do Rio Grande do Sul, que é a Vila Belga, uma das primeiras experiências de conjunto residencial operário do Brasil. Série de edificações em estilo eclético construídas pela empresa belga Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil, entre 1905 e1907, destinavam-se à moradia dos funcionários de menor escalão da companhia, responsável pela Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS) e que tinha em Santa Maria sua sede e ponto estratégico.

O conjunto conta com 84 unidades residenciais, as quais somam-se ainda a sede da Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea, seu clube e cinco armazéns, que foram projetados pelo engenheiro belga Gustave Vauthier, à época, o próprio diretor da Auxiliaire.

Com parte conservada, outra não (mesmo que tombada pelo Iphae); parte ocupada, outra não; parte reformada, outra não, o passeio pelas ruas que acessam a Vila Belga é daqueles lances em que se entra num túnel do tempo. Além de materializar um momento histórico (e pujante) de uma cidade que um dia foi polo do transporte ferroviário brasileiro naquele início de século XX. Com o forte investimento na indústria e no transporte automotivo a partir dos anos 50, junto com a paulatina desaceleração (com o perdão da palavra) e sucateamento da linha férrea, hoje a Vila Belga representa algo que, no fundo, não precisaria ser associada somente ao passado. Quanto o país economizaria se tivesse ampliado ou simplesmente mantido suas ferrovias... Enfim, a sorte age para os dois lados sempre.

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Entrando numa das ruas da Vila Belga


Panorâmica de um trecho da 
belíssima Vila Belga


Efeitos da ação do tempo


Um dos postes de luz preservados da arquitetura original


Outra rua da Vila Belga, que se estende até o passado


Uma das casas bem preservadas...


... e, do outro lado, uma mal conservadas


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As casas dando vista para um dos vários morros que rodeiam Santa Maria


Sem teto e sem vida


Mais um conjunto de casas da Vila Belga


Metal on metal


Um gatinho preto atrás das folhagens


Escada verde


A rosa branca levando paz para a antiga vila operária



Daniel Rodrigues

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Venâncio Aires - RS

 

A cuia em forma de globo:
estive na Capital Nacional 
(e mundial!) do Chimarrão
Das várias cidades gaúchas em que estive durante os meses de junho e julho por conta do curso de cinema negro que dei junto ao Sesc RS, Venâncio Aires me agradou com sua simplicidade. Não tive tempo de circular muito, nem de conhecer pontos chamados turísticos (como a Chácara Recanto das Orquídeas ou a Figueira Centenária) deste município, que fica entre os vales do Rio Pardo e Taquari, cerca de 127 km distante de Porto Alegre. Mas sabe aqueles lugares que te pegam já ao chegar? Foi coisa de menos de 24 horas de estada: desembarquei na noite do dia anterior ao curso e permaneci da manhã até o final da tarde. Suficiente para gostar.

O frescor da noite - fria tal como estava em Porto Alegre - e a receptividade das pessoas me conquistaram de cara. Fora que o hotel em que fiquei, Guest, o melhor de toda essa temporada de viagens, ainda tem um restaurante anexo de ótima qualidade onde pude jantar um bom filé ao alho e óleo.

Porém, no tempo que tive para circular um pouco pela região do Centro, tanto na hora do almoço quanto, principalmente, à tarde, após o compromisso, encontrei uma cidade calma e ao mesmo tempo aprazível. Pessoas aproveitando as ruas e praças, uns tomando mate (afinal, estava na "Capital Nacional do Chimarrão") outros se divertindo, namorando, conversando ou simplesmente "lagarteando" ao sol em cadeiras de praia espalhadas pelos gramados. 

Isso tudo com a imponente Igreja Matriz São Sebastião Mártir ao fundo, cartão-postal de Venâncio e a segunda maior em estilo neogótico da América Latina, atrás apenas da de Santa Cruz do Sul, cidade vizinha, e ambas obra do mesmo arquiteto, o alemão Simão Gramlich. Aliás, é dele também a obra do Museu Municipal, que, igualmente, ficou para uma outra.

Saí com a promessa a mim mesmo de voltar a Venâncio, seja pra conhecer o que não deu tempo, seja simplesmente para ter o prazer de tomar um "chimas" numa tarde de inverno ensolarada como a desta rápida passagem.

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A imponente Igreja Matriz São Sebastião Mártir sob o sol da tarde 

Movimento na praça central

Calçada da Praça Coronel Thomaz Pereira 

Famílias aproveitando o solzinho na tarde fria de Venâncio

Lateral da majestosa igreja neogótica, a segunda maior da América Latina

Monumento aos mortos na Covid-19, Marcas

A menina e o chafariz

Uns brincam, outros aproveitam pra jogar conversa

Despeço-me da praça central prometendo voltar à cidade


Daniel Rodrigues


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ARQUIVO DE VIAGEM - Passeio Rural por Veranópolis / RS (31/12/2014)



A beleza das abóboras sob a luz natural ao fim da tarde

Carneiros posam para o retrato

Caverna indígena cercada de lendas e estórias

Do lado de dentro da caverna indígena

Due farfale nas rochas da caverna

Daniel e a maçã, símbolo da cidade

Leocádia alimenta os carneiros
na Tedesco Villa D'asolo

Meme Lovecat da Tedesco Villa D'asolo

Mesa posta

Natureza viva com alimentos orgânicos de Veranópolis

O João-de-Barro dorme tranquilo no capitel São Marco,
construída em 1919 porimigrantes italianos

Olhar atento da coruja do mato

Uvas da vinícola Simonetto
Selfie com Toni Formaiari,
nosso guia no circuito rural em Veranópolis

Ao longe, a Usina Velha e o Arroio Retiro

Cachoeira dos Três Monges

Galo caipir da Tedesco Villa D'asole

Chuva que cai do céu e molha o chão onde pisamos


Imagina se estivesse sentado ali aquela hora

Porteiras e divisas



sábado, 8 de novembro de 2014

Jorge Luis Borges e a Morte do Gaucho



Muitos escritores, poetas e pesquisadores, escreveram sobre o Gaucho e sua composição total. Mas poucos conseguiram em suas obras e poesias, definir tão bem este personagem como os que vou descrever abaixo. Cada um o fez a seu modo e com observações e considerações em particular. A poesia gauchesca que ao contrario do que se pensa não é feita por gauchos e sim por homens educados e que tiveram contatos com os da alcunha pejorativa , em guerras, patriadas e outros eventos, teve total importância para nos apresentar esta definição. Assim como A Ilíada de Homero que narrava os acontecimentos de Tróia, a poesia gauchesca narrou as façanhas deste personagem primitivo e antigo. Poetas como; Bartolomé Hidalgo, Hilário Ascasubi, José Alonso y Trelles, Leopoldo Lugones e José Hernandez. E escritores como; Estanislao del Campo, Ricardo Güiraldes, Simões Lopez Netto e Antonio Lussich, este com sua obra "Los Tres Gauchos Orientales" e que foi considerado por Borges o antecessor de Martin Fierro, todos eles deram o norte para as bases de estudo feitas ao longo dos anos. Cabe lembrar que nesse contexto, pesquisadores mais recentes como; Fernando O. Assunção e Lidia Teresita Berón, conseguiram em suas pesquisas, unificar melhor os dados sobre a origem do mito e assim dar uma definição real sobre ,costumes, vestimentas, e sua relação com o meio em que viviam.
Borges comparou e unificou
a estética cultural dos gauchos
No Livro "El Martín Fierro" de Jorge Luis Borges, ele nos presenteia com uma análise íntima e profunda sobre esta poesia e em tudo o qual ela se insere. Eu considero o melhor estudo sobre este personagens e também das obras dos autores acima, já que Borges as compara.
A pesquisa vai além do livro argentino e apresenta metáforas para acreditar que Martín Fierro não inicia ou intermedia um ciclo, mas sim se encerra com fim da poesia do livro homônimo. Creio que no livro de Hernández ,ele decreta o fim de uma era com a morte universal de nosso Quijote e a qual Borges afirma haver uma real tentativa de reinvenção em nossos dias. Eu acredito fielmente nisso. Leiam estas bibliografias e tirem suas conclusões, eu particularmente as considero dentre tantas as mais importantes para quem deseja se aprofundar no estudo. Ainda acho que Hernández matou o Gaucho (sem acento) e Borges jogou a pá de cal encima.