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A impactante visão do "olho"
espelhado do MON
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Mais
do que qualquer exposição ou parque (e olha que lá têm muitos),
certamente o que mais me impactou em Curitiba foi o
Museu Oscar
Niemeyer, o MON. É fantástica a emoção que se tem ao chegar pela
estreita Rua Marechal Hermes, no bairro Centro Cívico, e, ao
desvencilhar o olhar das árvores do entorno, dar de frente com
aquele impressionante olho suspenso e espelhado. Tal como foi quando
estivemos
Leocádia e eu no
MAC, de Niterói, no Rio, ao ver aquela
nave-flor totalmente integrada com a natureza e a topografia.
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Rampa de entrada para o
prédio principal com a torre
e o lago artificial
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Nesta
obra, a arquitetura de
Niemeyer, embora num ambiente menos
privilegiado naturalmente do que o de Niterói, traz novamente esta
sensação impactante e de fusão com o que lhe cerca. O MON une duas
épocas de sua carreira e da Arquitetura como um todo. Isso porque o
projeto original foi composto pelo arquiteto em 1967 para as
instalações do
Instituto
de Educação. Esta primeira obra comportava já o prédio em
linhas retas que fica ao fundo, o qual dá de costas para o Parque
Polonês, uma área verde de convívio ligada à outra de mata
fechada. Pois em 2002,
Niemeyer, já em sua fase mais madura, foi
chamado para reelaborar o projeto, onde seria construído, enfim, o
museu que leva seu nome.
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Em primeiro plano,
a escultura em aço, La Luna,
de Niemeyer
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Escultura em bronze do
modernista Bruno Giorgi |
Foi
quando se ergueu o chamado “olho”, que, na verdade, foi inspirado
no formato de uma pinha de araucária, árvore característica da
região e daqui do Sul. Sobre um lago artificial, o olho – cujo
traço da borda em concreto armado branco é de uma beleza infindável
– é sustentado por uma “sutil” base retangular, a “Torre”,
em cor amarelo-canário, onde se estampam a traço preto desenhos do
mestre que dialogam com outros feitos por ele em Niterói para o
Caminho Niemeyer, obra também pertencente à sua última fase. Digo
“sutil”, pois, como é natural em Niemeyer, as dimensões
gigantescas se aliam à precisão das proporções dentro do todo,
fazendo com que se percebam claramente os volumes, distinguindo o que
é menor e o que é maior. O que não quer dizer que o “menor”
seja necessariamente pequeno. Pelo contrário: ao todo, são 35 mil
metros quadrados de área construída. Somente dentro da base
amarela, vimos depois, há três andares de espaço expositivo mais o
do próprio olho anexo. Isso, rodeado de rampas curvas que, além da
função de acesso e mobilidade, emprestam movimento ao desenho.
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Espaço Niemeyer traz maquetes, fotos e vídeos
dos principais projetos do arquiteto pelo mundo
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Ao
fundo, então, o prédio principal, distribuído em três pisos.
Reto, amplo, moderníssimo. À Bauhaus. A estrutura do prédio é de
concreto protendido, que permite vencer os grandes vãos da
edificação com um enorme arrojo estrutural. Nele, estão nove salas
de exposição, a maioria do museu. Além das mostras temporárias,
há duas permanentes que cabem muito bem serem destacadas. A primeira
fica na área externa do subsolo, que é o Pátio das Esculturas. Ali
é possível perambular entre obras de Tomie Ohtake, Xico Stockinger,
Erbo Stenzel, Amélia Toledo, Bruno Giorgi e até do Niemeyer.
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Leocádia percorre o tunel a la "Solaris"
que liga o prédio principal
à "torre do olho"
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A
outra exposição permanente digna de realce refere-se ao próprio
Oscar Niemeyer, num espaço reservado à sua obra, com projetos,
fotos e maquetes do arquiteto de vários países do mundo, como os
clássicos Cassino da Pampulha, o
MAC, o Ibirapuera, as obras de
Brasília, o Centro Cultural Le Havre (Paris), entre outros.
Interessantíssimo, embora a proposta seja generalista, visto que não
apresenta projetos dele menos famosos mas tão legais quanto, como a
sede do Partido Comunista da França, em Paris, ou o Palazzo
Mondadori, em Milão, Itália. Mas pra arrematar o desbunde, saindo
dali, um lindo corredor em concreto que liga o prédio principal à
torre, o qual passa por debaixo do lago artificial da entrada.
Desenhada em curvas, dá a sensação de se estar percorrendo os
corredores da nave espacial do
"Solaris", do
Tarkovski – só
para se ter uma ideia do barato que dá.
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| Nós entre as esculturas |
Enfim,
para nós que, aonde vamos, procuramos sempre conhecer algo do
Niemeyer que tenha no local, foi uma visita mais uma vez
deslumbrante. Um museu organizadíssimo que, mesmo que não se veja
nenhuma exposição, por si só, vale como passeio.
vídeo do Espaço Niemeyer - por Leocádia Costa
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As 'costas do olho', com o desenho
da Ártemis dançarina de Niemeyer
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Museu Oscar Niemeyer
Endereço:
Rua Marechal Hermes 999, Centro Cívico – Curitiba/PR
Visitação:
Terça a domingo (10h às 18h)
Entrada:
R$6,00