"Ele [Artur Xexéo] era um profissional que eu admirava e respeitava, dez anos mais velho do que eu. Aceitei a proposta do Gilberto [Braga] de continuar com o trabalho iniciado pelo Xexéo porque, entre outros motivos, entendi que seria também uma homenagem a este jornalista que respeito tanto".
Maurício Stycer
É possível gostar de um livro e ao mesmo ficar decepcionado? Meu amigo João Carlos Rodrigues me ensinou que sim ao comentar a desilusão que teve ao concluir a leitura da biografia de João Gilberto feita por Zuza Homem de Mello. Foi a mesma sensação que tive ao concluir a leitura de "Gilberto Braga: O Balzac da Globo - Vida e obra do autor que revolucionou as novelas brasileiras".
Obra que teve uma trajetória atribulada, com a morte do personagem (Gilberto Braga) e do autor inicial (o jornalista Artur Xexéo), o livro acaba refletindo esses desencontros. Acabou sendo concluído por outro jornalista, Maurício Stycer, e aí surge o primeiro problema: Xexéo, então, em muitas partes, passa a ser tratado como fonte, não mais como autor. Stycer assume a conclusão das entrevistas e se responsabiliza pela redação final.
Outra desilusão foi com relação aos capítulos. São curtos demais e quase todos centrados na obra de Gilberto, com poucas referências ao making of. São ainda quase sempre apresentados num formato semelhante: Gilberto tem a ideia, desenvolve-a, discute com o diretor, começa a gravação, se desespera (com algum ator/atriz, com o Ibope, com a pressão interna da emissora...), promete que aquele será o último trabalho e... volta a escrever uma próxima novela - que servirá de base para o próximo capítulo do livro.
Pouco se fala dos bastidores. Ficamos sabendo da óbvia admiração de Gilberto pela sua patota: José Lewgoy, Malu Mader, Dennis Carvalho, Antonio Fagundes... e até as pouco lembradas Henriette Morineau e Jacqueline Laurence, mas o livro pouco desenvolve quem Gilberto NÃO gostava. Fala en passant dos desentendimentos com Luiz Fernando Carvalho e com Vera Fischer. E só. Daniel Filho e Boni, tão fortes no início de Gilberto em 1972, contrastam com a ausência de Walter Clark, ainda mais poderoso na época e tão pouco citado. São escondidas também pequenas (quem era o cantor que Gilberto não tinha nenhum disco e se apressou em adquirir quando o convidou para um jantar na sua casa?) e grandes fofocas (a maior delas: o misterioso Diplomata, hoje com mais de 90 anos, que teria tido um papel afetivo importantissimo na vida do novelista?).
O livro tem méritos. Recupera bem a fase de Gilberto pré-Globo, a vida como professor de Francês e, mais ainda, como crítico teatral. Mostra também com detalhes o entorno familiar - mais complicado do que qualquer novela do autor. Apresenta ainda Gilberto como uma pessoa insegura, com obsessão por dinheiro (isso se fala quase no início, quando ele ainda está preocupado com um teste vocacional e confessa que "não enxergava futuro algum como professor, não gratifica ninguém, nem monetária nem intelectualmente"), preocupado com a ascensão social (tema tão presente em seus textos) e até da inveja que ele nutriu de Mário Prata durante um período, pelo fato de ele, Mário, ter livre acesso à sala de Boni e ele, Gilberto, não.
A vida de Gilberto Braga deu num livro bom. Poderia ter sido uma novela ótima.
Seu Chico, personagem de Milton em "Carandiru", de 2003
Dia desses conversava com um colega sobre a grandeza de
alguns atores brasileiros que, não fosse o entrave cultural à língua portuguesa
no mundo do entretenimento (ou a qualquer outro idioma que não o inglês),
estariam voando alto mundo afora. Vários grandes ficaram apenas para “consumo
interno” do brasileiro na tevê, no cinema ou no teatro. Alguns, tiveram em
produções internacionais, como José Wilker, José Lewgoy e Grande Otelo, mas não
despontaram internacionalmente. A exceção são Carmen Miranda, ícone, e Sônia Braga e Rodrigo Santoro,
que se adaptaram ao idioma de fora. Fernanda Montenegro é também um caso que não foge à regra: vencedora
de Globo de Ouro e concorrente ao Oscar falando português há 25 anos, nunca
mais concorreu a algo deste vulto mesmo com excelentes trabalhos posteriores a “Central do Brasil”. Por quê? Seguiu falando somente (e suficientemente) o português.
Semelhante ocorreu com Milton Gonçalves, que faleceu no último
dia 30, aos 88 anos. Lembro do policial que ele viveu em “O Beijo da Mulher Aranha”, de
Hector Babenco, em 1986, filme que deu o Oscar de Melhor Ator para o norte-americano John Hurt, com quem
Milton contracena, contudo, sem dever em nada. Milton foi, sim, da altura de Hurt, Freeman, Hopkins, Lancaster, Hanks, Lee Jones. A diferença? O português.
Se no cenário internacional Milton foi um dos que quase alçou,
em seu terreiro, contudo, voou alto. Foi uma das vozes negras mais importantes da
dramaturgia brasileira em mais de 60 anos de carreira. Por esse protagonismo preto, para além de outros grandes
atores brasileiros como ele, deixou uma marca insubstituível no teatro, na TV e no cinema. Este mineiro de Monte
Santo teve importante atuação no Teatro de Arena de São Paulo, no Teatro
Experimental do Negro de São Paulo, no Grupo Opinião, no Teatro dos Quatro e em
outras companhias. Como ator de novelas e seriados, nem se fala! Embora pouco lembrado por isso, foi também foi o primeiro negro
a dirigir uma novela na Globo – e não qualquer novela, mas sim o sucesso
internacional da primeira versão de “A Escrava Isaura”, de 1976. Mas não só
isso: esteve decisivamente em todos os momentos demarcatórios do cinema brasileiro:
no neorrealismo dos anos 50 (“O Grande Momento”), no Cinema Novo (“Macunaíma”),
no udigrudi (“O Anjo Nasceu”), na fase Embrafilme (“Eles Não Usam Black-Tie”), na
primeira internacionalização (“O Beijo da Mulher Aranha”), na retomada (“Carandiru”)
e na produção atual (“Pixinguinha: Um Homem Carinhoso”).
Dotado de espontaneidade e carisma, dominava a arte dramática com maestria, indo do pastelão ao melodrama com a naturalidade dos grandes. Interpretou textos dos maiores, de Guarnieri a Dias Gomes, de Steinbeck a Millôr. Sabia como tratar um texto. De todos os personagens que fez, de Zelão das Asas a Bráulio e Seu Chico,
no entanto, um se destaca especialmente para mim: “A Rainha Diaba”, filme de Antonio
Carlos Fontoura, de 1974. Espécie de blackexplotation à brasileira, o longa, centrado
na atuação de Milton, nasceu do desejo do diretor de mostrar o submundo das
drogas e da prostituição no Rio de Janeiro dos anos 70, com influências
decisivas do teatrólogo Plinio Marcos – responsável pelo argumento – e do
artista plástico Helio Oiticica. Como lembra o jornalista Márcio Pinheiro,
trata-se de um filme livremente inspirado na vida de Madame Satã, porém com
mais violência e menos romantismo. “’A Rainha Diaba’ é, em muitos aspectos,
mais autêntico e biográfico do que o próprio filme que leva o nome do
mitológico travesti da Lapa”, diz em uma postagem nas redes sociais. Milton dá
vida a este personagem andrógeno, que põe pela primeira vez um negro LGBTQIA+ como
protagonista de um filme no Brasil. E isso é muito.
Até o primeiro brasileiro num Emmy Internacional (prêmio
ao qual concorreu como Melhor Ator Internacional, em 2006) ele foi quando entregou
a estatueta de Melhor Programa Infantojuvenil ao lado da atriz norte-americana
Susan Sarandon. Predileção pela estreia, como um ator que sobe ao palco renovado
a cada noite de espetáculo.
Também tive, aliás, uma primeira – e única – vez com Milton. Uma ocasião em que o vi
pessoalmente, a poucos metros. Estava no Rio de Janeiro, nos arredores da
emblemática Cinelândia, acompanhado de minha esposa e de meu irmão numa tarde de agosto de 2018. Nós saímos
de uma livraria e ele, provavelmente, de algum dos teatros daquele quadrante em busca de um dos infindáveis taxis do Rio. Durante os segundos
de espera dele na calçada, pintou-me a dúvida: “Falo com ele?” Mas para dizer-lhe o
quê? pensei. “Parabéns”? “Obrigado”? Minha hesitação momentânea impediu que achasse
algo mais válido que isso e o taxi, obviamente, chegou. Ele embarcou e foi-se
embora com toda sua importância e grandeza. Voou. Aliás, como há muito se ensaiava, seja como Zelão, que sobrevoou Sucupira, seja como o velho Chico, aprendiz das pipas no Carandiru. Eu fiquei na calçada, pés plantados, olhando para cima e sabendo que havia
deixado escapar a oportunidade. Não agarrei suas asas. Depois vi que fiz o certo: deixei-o subir. Quantas asas ele já havia me dado sem saber para que eu, negro homem, um dia voasse também.
Assim como os de gângster ou que retratam a Segunda Guerra Mundial, os
filmes de prisão são bastante atrativos. Até mesmo os mais puramente
aventurescos, como “Condenação Brutal”, com Sylvester Stallone, ou “A Rocha”,
com Sean Connery, se estiverem passando na TV te puxam para que se assista pelo
menos um pouco ou mesmo daquele ponto até o final. De fato, os filmes sobre
sistema prisional guardam uma magia especial. Talvez porque, assim como os de
gângster ou Segunda Guerra, muitas vezes se baseiem em fatos reais. Quando não,
são tão passíveis de verdade quanto um verídico, haja vista a identificação que
seus personagens geram junto ao espectador ou mesmo pelas barbaridades que
geralmente denunciam, sejam ficção ou não. Não raro estão em jogo os mais
basais direitos humanos.
Desta forma, busquei listar 15 títulos bem abrangentes e interessantes
sobre o tema. De produções europeias a asiáticas, passando pelos cinemas
brasileiro (bem representado), argentino e, claro, norte-americano, que domina
largamente neste quesito. Desde clássicos do passado até os dias de hoje, os
Estados Unidos são imbatíveis em filmes de prisão. Valeu entrarem filmes não
apenas de penitenciária – embora sejam a maioria – mas também de cadeias comuns
e de prisioneiros de guerra. De presos políticos, como nos essenciais “A
Confissão” (Costa-Gavras) ou “Pra Frente, Brasil” (Roberto Farias), ficaram
para uma outra seleção. Como valeu apenas longas-metragens, merece menção
honrosa “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda”, curta-metragem de Jorge
Furtado e José Pedro Goulart, uma obra-prima que, inclusive, completa 30 anos
de seu lançamento em 2015.
Sem ordem de preferência, a condição foi a de que a história se passe,
se não inteiramente, pelo menos a maior parte do tempo dentro das celas,
sendo-lhes um elemento narrativo preponderante. Assim, ficaram de fora ótimos exemplares
como “Dançando no Escuro”, de von Trier, “O Último Imperador”, de Bertolucci, ou
“Batismo de Sangue”, de Helvécio Ratton, que têm, sim, sequências em prisões,
mas relatam muito mais do que isso em suas tramas. No nosso caso, não basta:
tem que estar encarcerado mesmo, atrás das grades, em cana, no xadrez, detido, vendo
o sol nascer quadrado. Então, “teje preso” a esses 15 títulos essenciais sobre prisão:
- “O Homem de Alcatraz”, de John
Frankenheimer (“Birdman of Alcatraz” - EUA, 1962)
Com a mão do craque John Frankenheimer, diretor que nunca se omitiu de
mostrar mazelas do sistema norte-americano e nem de aprofundar aspectos
psicológicos muitas vezes relegados à superficialidade, este filme traz a
realidade de uma penitenciária típica dos Estados Unidos a partir de um
conflito entre o pragmatismo e o humanismo. Um prisioneiro (Robert Stroud, por
Burt Lancaster) condenado pelo assassinato de dois homens passa a vida na
cadeia. Lá se torna um autodidata sobre pássaros, sendo reconhecido
mundialmente como uma grande autoridade no assunto. Mas, apesar de demonstrar
regeneração e um intelecto superior, o Estado se recusa a libertá-lo.
- “O Processo de Joana D’arc”,
de Robert Bresson (“Procès de Jeanne D´Arc” - FRA, 1962)
A austeridade e sobriedade de Robert Bresson emprestam ao filme uma
narrativa absolutamente austera, desde o uso de atores não-profissionais até o
centramento exclusivo aos documentos oficiais sobre o caso, passado no século
XV. Para muitos o grande filme do diretor, “O Processo...” mostra outro tipo de
prisão, a religiosa, uma vez que a iluminada Joana era considerada bruxa pelas
visões e percepções espirituais que tinha naturalmente. Com rigor, Reconstituiu
a prisão, o julgamento e a execução da mártir.
- “Fugindo do Inferno”, de John
Sturges (“The Great Escape” - EUA, 1963)
Clássico filme de prisão de guerra à época da Segunda Guerra e baseado
em fatos reais. Aliados tentam fugir de um campo de concentração alemão, o
Stalag Luft III, considerado como o mais seguro do gênero. Elenco impagável com Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, Charles Bronson, James Coburn, entre outros feras. Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama.
- “Rebeldia Indomável”, de Stuart Rosemberg (“Cool
Hand Luke” - EUA, 1967)
Filme impactante e com a excelente atuação de Paul Newman, que faz o
rebelde e inconsequente Luke Jackson. Preso, ele recusa-se a obedecer as regras
do local e ganha o respeito dos demais presidiários por sua valentia e
malandragem. Insiste em fugir, mas a cada nova recaptura as punições são mais
severas, aumentando constantemente o ódio entre ele e os guardas. Indicado ao
Oscar, Newman não levou este, que foi para o ator coadjuvante, George Kennedy.
Porém, em 2003, seu personagem Luke foi escolhido pelo American Film Institute
(AFI) como o trigésimo maior herói dos filmes norte-americanos.
Dustin Hoffman e Steve McQueen
em "Pappilon"
- “Papillon”, de Franklin Schaeffner (EUA,
1973)
Obra-prima ainda pouco valorizada, esta superprodução é dos filmes mais
realistas e impactantes do gênero. Conta a história verídica de Henri Charrière
(Steve McQueen, novamente encarcerado), conhecido como Papillon, que, apesar de
reclamar inocência da acusação de assassinato, é condenado à prisão perpétua e
enviado para cumprir a sentença na Guiana Francesa, na Ilha do Diabo, num
presídio de segurança máxima. A direção de Schaeffner não deixa nada às
escuras: as torturas, a fome, as punições, a desumanidade do presídio, está
tudo ali. McQueen, impecável, assim como Dustin Hoffman (o amigo francês Dega).
Incrivelmente, recebeu apenas indicações no Oscar e Globo de Ouro, mas não
levou nada. Das injustiças históricas.
- “O Expresso da Meia-Noite”, de
Alan Parker (“Midnight Express” - ING, 1978)
Dos mais impactantes e dramáticos filmes do gênero, passa-se, ao
contrário das jaulas superequipadas dos Estados Unidos, numa insalubre e insana
prisão da Turquia. O saudoso Brad Davis interpreta magistralmente Billy Hayes,
um estudante norte-americano que é pego traficando drogas num aeroporto de
Istambul. Não só vai parar numa prisão degradante, onde é torturado física e
psicologicamente, como ainda recebe como exemplo uma pena mais rigorosa que o
normal. Parker, em ótima fase, leva o espectador a entrar num mundo de
introspecção e loucura, dando um sentido metafórico e simbólico ao título.
Oscar de Melhor roteiro adaptado, de Oliver Stone, e de Melhor Trilha Sonora,
com os marcantes temas synth-pop de Giorgio Moroder.
- “Alcatraz – Fuga Impossível”,
de Don Siegel (“Escape from Alcatraz” - EUA, 1979)
Para muitos, o maior filme de penitenciária já realizado, o que não é
nenhum absurdo. Ápice da parceria entre Siegel e Clint Eastwood, que interpreta
Frank Morris, um condenado que tem várias tentativas de fugas em seu histórico
e é enviado para a prisão de segurança máxima da Ilha de Alcatraz, conhecida
por não deixar nenhum preso fugir ou sair vivo numa escapada. Porém, obstinado
e calculista, Frank vê os pontos vulneráveis de Alcatraz e, com a ajuda de
alguns outros internos, cria uma rota de fuga perigosa e improvável. Não tem
como não torcer pelo bandido!
- “Furyo – Em Nome da Honra”, de
Nagisa Oshima (“Merry Christmas, Mr. Lawrence” - JAP/ING/NZL, 1983)
Raro filme do sempre profundo Oshima, que reúne dois gênios da música
como atores: David Bowie (em sua melhor atuação no cinema) e Ryuichi Sakamoto,
que assina também a ótima trilha. Na Segunda Guerra, num campo de concentração
na Ilha de Java, o prisioneiro inglês Jack Celliers (Bowie) provoca um conflito
quando decide não obedecer às rígidas regras do capitão Yonoi (Sakamoto),
insolência repudiada com violência. Porém, o oficial inglês se mantém
irredutível, o que enfurece ainda mais o capitão. Interessante reflexão sobre
orgulho, honra e os limites humanos tanto físicos quanto psicológicos.
Sônia Braga nos lances oníricos
do filme.
- “O Beijo da Mulher Aranha”, de
Hector Babenco (BRA/EUA, 1984)
Um dos cineastas mais talentosos vivos, Babenco está nesta lista com
dois filmes. Um deles é este até então raro acerto de coprodução brasileira com
os EUA, uma vez que, quando se fazia, prevalecia o poderio yankee. Com
equilíbrio, Babenco consegue fazer com que Milton Gonçalves e José Lewgoy
ficassem no mesmo nível de William Hurt (Oscar de Melhor Ator pela atuação) e
Raul Julia, sem falar, claro, na participação mais que especial de Sônia Braga.
As sequências em que Hurt e Julia contracenam na cela são históricas em
diálogos e afinação entre atores, pois, além de talentosos, nota-se que estão
muito bem dirigidos.
- “Memórias do Cárcere”, de
Nelson Pereira dos Santos (BRA, 1984)
Prêmio da crítica em Cannes e Melhor Filme em Moscou (quando o evento
ainda era importante), este épico do cinema brasileiro é uma aula de construção
narrativa, a qual dialoga metalinguisticamente o tempo todo com a obra de
memórias escrita por Graciliano Ramos, quando este fora preso na vida real pelo
governo Getúlio Vargas. Ainda, atuações impecáveis de Carlos Vereda, José
Dumont, Tonico Pereira, os saudosos Jofre Soares e Wilson Grey e da jovem
Glória Pires. Cenas memoráveis, como a “transmissão” da Rádio Libertadora
dentro do quartel, o momento da deportação de Olga Benário e a ajuda dos presos
a esconderem os escritos do suposto
livro, entre outras várias.
- “Barrela: Escola de Crimes”,
de Marco Antonio Cury (BRA, 1990)
Daqueles filmes que tem tudo para ser monótono, mas o roteiro, as
atuações e a direção são tão bons que formam uma obra coesa. O texto teatral de
Plínio Marcos se encaixa com densidade à adaptação cinematográfica, sustentada
no jogo certo de distribuição das falas de cada personagem (todos MUITO nem
construídos) e nas atuações intensas de cada um dos atores. São seis presos
condenados a longas penas e confinados numa cela onde cada qual disputa seu
espaço. A situação se torna mais angustiante quando junta-se a eles um jovem de
classe média preso durante briga. Frustração, tristeza, humilhação, autoproteção.
Plínio Marcos tece tudo isso numa teia em que coabitam o amor mais profundo e inalcançável
ao abandono concreto e degradante.
- “Um Sonho de Liberdade”, de
Frank Darabont (“The Shawshank Redemption” - EUA, 1994)
Junto com “Alcatraz”, disputa o posto de grande filme de prisão da
história. Emocionante, toca em temas fortes como morte, amizade, religião,
injustiça e desejos essenciais do ser humano. Em 1946, Andy Dufresne (Tim
Robbins), um bem sucedido banqueiro, tem a sua vida radicalmente modificada ao
ser condenado por um crime que nunca cometeu, o homicídio de sua esposa e do
amante dela. É mandado para a Penitenciária Estadual de Shawshank, para cumprir
pena perpétua. Lá, conhece muita gente, desde o corrupto e cruel agente
penitenciário, o prisioneiro Ellis Boyd Redding (Morgan Freeman), com que faz
amizade, e até Al Capone, que cumpria sua pena lá depois de ser pego por Elliot
Ness. Figura na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos pelo AFI.
- “Carandiru”, de Hector Babenco
(BRA, 2003)
Outro de Babenco, este ainda mais imerso na questão prisional. Ao
contrário de “O Beijo...”, entretanto, faz o movimento narrativo inverso: parte
do ambiente social para o da prisão, estabelecendo uma permanente comotivação
entre os dois espaços – física e psicologicamente. De narrativa moderna, faz
com estes paralelismos um dos melhores filmes nacionais da primeira década dos
anos 2000, estabelecendo diversos atores que se tornariam astros nos anos
seguintes, como Rodrigo Santoro, Lázaro Ramos, Wagner Moura e Caio Blat. A
história, baseada no best seller do médico e escritor Dráuzio Varella, culmina
no fatídico Massacre de 1992. Filmaço.
Os próprios presos constroem a
narrativa no documentário.
- “O Prisioneiro da Grade de
Ferro”, de Paulo Sacramento (BRA, 2003)
Brilhante documentário de Sacramento em que ele coloca os próprios
presos a construir com ele o filme, numa cocriação que reforça o realismo
documental da proposta. Utilizando as técnicas aprendidas em um curso de
filmagem ministrado dentro do presídio, os detentos encarcerados no maior
centro de detenção da América Latina, o Carandiru, documentam seu cotidiano,
registrando as condições precárias nas quais sobrevivem. Filmado 10 anos após o
Massacre do Carandiru, que custou a vida de mais de uma centena de detentos,
mostra o quanto uma tragédia como esta promovida pelo Estado não se apaga com
facilidade, haja vista as marcas inapagáveis nas pessoas e na sociedade.
- “Leonera”, de Pablo Trapero
(ARG – 2008)
Do grande cineasta argentino Pablo Trapero, um dos maiores da
atualidade, tem a peculiaridade de contar a vida dentro de uma penitenciária
feminina, no caso uma para mães e grávidas sentenciadas. No caso de Julia (a
bela e talentosa Martina Gusman), acusada de um crime sem provas, o filme
mostra sua adaptação à nova realidade social, o que a transforma intimamente.
Porém, seu desejo de fugir dali nunca esmorece, e é isso que a move. Não é o
melhor de Trapero, mas guarda várias qualidades de seu cinema.
Enfim, chegamos à
terceira e última listagem de filmes brasileiros essenciais para se
entender o nosso cinema no final do século XX, terminando com a
safra dos 80. Mais do que para com os anos 60 e 70, a década de 80
foi a que mais tive dificuldade de escolher entre tantos títulos que
considero fundamentais. Talvez pelo fato de, dos anos 60,
embrionários e revolucionários, haver mais clareza quanto ao que
hoje é tido como essencial, bem como pela até injusta comparação
com os sofridos e minguados anos 70. O fato é que a produção dos
80 vem justificar, justamente, o decréscimo quali e quantitativo da
sua década anterior. Tanto é verdade que, com os reflexos visíveis
da Abertura Política e já se enxergando a tão sonhada democracia
não apenas como uma miragem, os cineastas brasileiros – mesmo com
a menos rígida mas ainda existente censura – passam a ter uma até
então inédita estrutura através de verba do próprio Governo via
Embrafilme.
Foi aí, então, que
os cineastas daqui mostraram o quanto são, de fato, brasileiros. Se
já haviam conseguido, nos 60 e 70, realizações memoráveis sem uma
Atlântida ou Vera Cruz por trás, quando tiveram um tantinho mais
fizeram “chover pra cima”. Desfalcados a maior parte da década
da tempestuosidade de ideias de Glauber Rocha, falecido em 81, além
de Leon Hirszman e Joaquim Pedro de Andrade, também vitimados cedo,
outros cabeças do cinema nacional avançaram em temática, nível
técnico, concepção e apelo com o público. Ironicamente,
entretanto, se os 80 justificaram a baixa dos 70, também herdaram o
inevitável: justo na década que talvez melhor se tenha produzido
para as massas até então, recaiu-lhes a pecha de cinema malfeito e
sem qualidade, motivado, principalmente, pela herança das
famigeradas pornochanchadas, naturalmente desvalorizadas com o
declínio do discurso do Governo Militar – estigma do qual o cinema
nacional tenta se livrar até hoje.
Para além das
comparações, a diversidade do cinema nacional dos 80 é grande. As
abordagens vão desde cinebiografias (pouco vistas até então),
felizes adaptações do teatro para as telas (finalmente!), avanço
do documentário, início da descentralização da produção eixo
Rio-São Paulo e, principalmente, uma maior liberdade de expressão.
Sem o fantasma constante das torturas e perseguições, as histórias
tocavam agora direto nas feridas da ditadura. “Nos nervos, nos
fios”. Ainda deu tempo, inclusive, de tanto Glauber quanto Leon
produzirem as talvez obras-primas de ambos. Diretores surgiam; uns,
despontavam; outros, afirmavam-se. Nesse contexto, sobraram títulos
que, por restringirmos a 20, não puderam entrar na lista, mas que
merecem menção: “Barrela”, “Cidade Oculta”, “A Dama do
Cine Shangai”, “Quilombo”, “Um Trem Pras Estrelas”,
“Gabriela”, “Índia, a Filha do Sol”, “O Romance da
Empregada”, “Inocência”, sem falar nas produções televisivas
de Walter Avancini. Mas, com esses 20 não tem erro: só filmaços.
1 - “A Idade da
Terra”, Glauber Rocha (80) – Poesia total. O último e
criticado filme de Glauber, fábula sobre as possíveis vidas e
mortes de Cristo num Brasil moderno, pode ser visto até como uma
metáfora visionária da morte do cineasta, que, entristecido com o
Brasil e com a recepção a seu filme, sucumbiu um ano depois de
lançá-lo. Esqueça os detratores: “A Idade...” é grande,
potente, cáustico, catártico, altamente filosófico. Um dia será
devidamente reconhecido.
2 - “Os 7
Gatinhos”, Neville D’Almeida (80) – Neville é daqueles
cineastas da “elite intelectual carioca” que só fala besteira e
produz coisas intragáveis e ininteligíveis, mas esse é um acerto
inconteste. Baseado em Nelson Rodrigues, tem o dedo do próprio no
roteiro e, além de trilha com músicas de Roberto e Erasmo, é uma
tragicomédia crítica e consistente à hipocrisia e depravação da
sociedade brasileira. Interpretações (Thelma Reston, Melhor
Coadjuvante em Gramado) e cenas inesquecíveis como a dos
“caralhinhos voadores” e “me chama de contínuo” estão neste
longa referencial.
3 -“O
Beijo no Asfalto”, Bruno Barreto (80) – Outra feliz adaptação
de peça, outra feliz adaptação de Nelson Rodrigues. Essa, no
entanto, deixando de lado a linguagem metafórica e fantástica de
“Os 7 Gatinhos”, investe numa história contada com rigor e
direção segura, apoiada pelas ótimas atuações de todos: Ney,
Tarcisão, Daniel, Torloni, Lídia. Daqueles filmes que, se está
passando na TV, não se fixe por 15 segundos, pois senão acabarás
terminando de assisti-lo inevitavelmente.
4
- “Pixote, A Lei do Mais Fraco”,
Hector Babenco (80) – Babenco chega à maturidade de seu cinema e
faz o até hoje melhor trabalho de sua longa e regular filmografia.
Com ar de documentário, toma forma de um drama realista e trágico,
trazendo à tona mais uma mazela da sociedade brasileira: a
desassitência político-social às crianças e a violência urbana.
O pequeno Fernando, que, ao interpretar Pixote, faz bem dizer ele
mesmo, nos emociona e nos entristece. Marília está num dos papeis
mais espetaculares da história. Indicado ao Globo de Ouro e vencedor
do New
York Film Critics Circle Awards (além de Locarno e San Sebastian), é
considerado dos filmes essenciais dos anos 80 no mundo.
5 - “Eles não
Usam Black Tie”, Leon Hirszman (81) – Como um “Batalha de
Argel” e “Alemanha Ano Zero”, é uma ficção que se mistura
com a realidade, e neste caso, por vários fatores. Adaptação para
o cinema da peça dos anos 50 de Gianfrancesco Guarnieri sobre uma
greve e a repressão política decorrente, transpõe para a realidade
da época do filme, de Abertura Política e ânsia pela democracia,
retratando as greves no ABC Paulista. E ainda: tem o próprio
Guarnieri como ator, que, segundo relatos, codirigiu o filme. Filme
lindo, que remete a Eisenstein e Petri. Música original da peça de
58 de autoria de Adoniran Barbosa. Prêmio do Júri em Veneza.
6 - “Sargento
Getúlio”, Hermano Penna (81) – Pouco lembrado, mas talvez o
melhor filme nacional da década. Adaptação do romance de João
Ubaldo, dá ares de tragédia shakesperiana à história em plenos
sertão e Ditadura Militar. Crítico, poético e altamente literário,
sem deixar o aspecto fílmico de lado, haja vista a fotografia,
cenografia e a arte primorosos. E o que dizer de Lima Duarte, Melhor
Ator em Gramado, Havana e APCA? Ponha sua atuação entre as 20
maiores do cinema mundial sem pestanejar. Ainda levou Melhor Filme e
Crítica em Gramado.
7 - “O Homem
que Virou Suco”, João Batista de Andrade (81) – A forte
atuação de José Dumond (Melhor ator em Gramado, Brasília e
Huelva), mais uma vez espetacular como em “A Hora da Estrela” e
“Morte e Vida Severina”, leva o filme conta a história do poeta
popular, o nordestino Deraldo, quer tenta viver em São Paulo de sua
arte mas é irresponsavelmente confundido com um assassino. Suas
raízes e verdades, então, viram “suco” na grande cidade. Melhor
Filme em Moscou e Nevers.
8 - “Bar
Esperança, O Último que Fecha”, Hugo Carvana (82) – Poético
e divertido, “Bar...” é o típico filme do novo Brasil que se
construía com a Abertura, o que significava transformações
irrefreáveis, como o avanço da modernidade e a morte da antiga
boemia poética. Junto com a companhia Asdrúbal Trouxe o Trambone,
lançou toda a geração de atores que viriam a desembocar na TV
Pirata e afins e no cinema que se constituiu no Brasil na
pós-retomada. Cenas memoráveis, atuações impecáveis, diálogos
idem. Música-tema de Caetano com Gal Costa. Vários prêmios em
Gramado. Uma joia.
9 - “Pra
Frente, Brasil”, Roberto Faria (82) – Tijolaço na cara da
ditadura, que, embora mais branda, ainda se mantinha no governo
Figueiredo. Corajoso e sem dó, evidencia a desumanidade do regime
militar ao contar a história de um homem confundido com um
“subversivo” e que é dura e aleatoriamente torturado, fazendo um
paralelo com o clima festivo da Copa de 70. Primeiramente proibido
pela censura, depois de liberado arrebatou Gramado (Filme e Edição)
e levou prêmio em Berlim, entre outras premiações e indicações.
10 -“Nunca
Fomos Tão Felizes”, Murilo Salles (84) – O letreiro inicial
diz tudo, quando o título do filme se constrói de forma a se
entender “Tão Felizes Nunca Fomos”. Estocada forte na Ditadura,
rodado no último ano do Governo Militar, conta a história de um
filho de um misterioso militante político que é retirado de um
colégio interno para viver temporariamente num moderno e entediante
apartamento. Alto nível técnico. Arrebatou Brasília e prêmio da
Crítica em Gramado.
11 - “Verdes
Anos”, Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil (84) – O cinema
gaúcho, encabeçado pela galera da Casa de Cinema, começava nos 80
a mostrar suas qualidades: roteiros tratados literariamente, ares de
cult movie europeu, técnicos competentes e sotaque diferente do
“carioquês” ou “paulistês” que todos eram acostumados a
ouvir no cinema nacional. Um sopro de criatividade que revolucionaria
o audiovisual brasileiro a partir dos anos 90. Tema musical clássico
de Nei Lisboa.
12 - ”Cabra
Marcado para Morrer”, Eduardo Coutinho (84) – Mestre do
documentário mundial, Coutinho não se entregava mesmo quando
parecia impossível. “Cabra...”, um dos maiores filmes do gênero,
é um documentário do documentário. Interrompido em 1964 pelo
governo militar, narra a vida do líder camponês João Pedro
Teixeira e teve suas filmagens retomadas 17 anos depois, introduzindo
na narrativa os porquês da lacuna. Premiado na Alemanha, França,
Cuba, Portugal e Brasil, onde conquistou Gramado e FestRio.
13 - “Memórias
do Cárcere”, Nelson Pereira dos Santos (84) – Prova de que
Nelson Pereira não tinha “perdido a mão” depois de erros e
acertos nos anos 70, se debruça novamente sobre Graciliano Ramos,
mas desta vez não como fizera com seu grande romance, “Vidas
Secas”, mas sobre o próprio escritor quando de sua prisão pelo
Governo Vargas. Um épico que ganhou prêmio da crítica em Cannes.
14 - “A Hora da
Estrela”, Suzana Amaral (85) – Exemplo de como se fazer um
filme pequeno, com baixo orçamento, mas de muito, muito esmero de
roteiro (baseado no forte texto de Clarice Lispector) e cenografia.
Cartaxo interpreta a inocente Macabéa, noutra atuação espetacular
dos anos 80 no cinema mundial, que a fez ganhar Urso de Prata em
Berlim, onde a diretora também ganhou prêmio da crítica. O filme
ainda levou tudo no Festival de Brasília.
15 -“O
Beijo da Mulher Aranha”, Hector Babenco (85) – Uma história
improvável em uma produção brasileiro-americana ainda mais
improvável de dar certo. Mas Babenco, talentoso e sensível, amarra
tudo com maestria. De roteiro primoroso, é mais uma pungente crítica
ao Governo Militar e que tem nas atuações dos estrangeiros John
Hurt e Raul Julia e na dos brasileiros, Lewgoy, Sônia Braga e Milton
Gonçalves sua base. Cannes e Oscar de Ator para Hurt, mas concorreu
também a Filme, Direção e Roteiro na Academia e a Palma de Ouro.
16 - “O Homem
da Capa Preta”, Sérgio Rezende (86) – Na sua longa
filmografia, Rezende se especializou em rodar temas ligados à
história do Brasil. Porém o seu maior acerto é justamente o
primeiro com esta temática. Sobre o controverso político de Duque
de Caxias, Tenório Cavalcanti (Wilker, incrível), é um exemplo a
se seguir de cinebiografias, as quais hoje tanto se fazem mas que
resvalam na superficialidade. Grande vencedor de Gramado.
17 - “O Grande
Mentecapto”, Oswaldo Caldeira (86) – Das melhores comédias
do cinema nacional, filme mineiro que, na linha de “Verdes Anos”,
direcionou a produção a outros Estados que não Rio e SP, e que
sedimentou a geração TV Pirata (Diogo Vilella, LF Guimarães,
Regina Casé) numa história de Fernando Sabino ao mesmo tempo
deliciosa, cômica, poética e aventuresca. Um dos finais de filme
mais bonitos do cinema brasileiro. Trilha do Wagner Tiso marcante.
Melhor Filme pelo júri em Gramado e concorreu em Cuba, Canadá e
EUA.
18 - “Ópera do
Malandro”, Ruy Guerra (86) – Ruy é o cara que sempre
produziu com alto padrão de qualidade desde que surgiu, nos anos 60.
Em “Ópera...”, coprodução da Embrafilme com a França, ele
eleva ainda mais o nível. Numa adaptação da peça de Chico Buarque
(por sua vez, baseada em Brecht e Gay), ele se vale do apoio do amigo
e parceiro não só para os maravilhosos temas musicais como até
para os diálogos. Tiro certeiro. Musical que não te cansa, pois
integra tanto a cenografia às canções que todos os atores se saem
bem cantando.
19 - “Ele, O
Boto”, Walter Lima Jr, (87) – Lenda popular e realidade se
misturam nessa fábula contada com muita poesia sobre a beleza do
imaginário e da sexualidade feminino, tema que Lima Jr. recuperaria
10 anos depois em “A Ostra e o Vento”. Dos primeiros filmes
brasileiros que me arrebataram. Nunca me esqueci da lindeza da
fotografia das cenas noturnas, com a claridade (muito bem
fotografada) da lua na praia. Outra ótima trilha de Tiso.
20 - “Faca de
Dois Gumes”, Murilo Salles (89) – Terminando a década,
Murilo acerta a mão em cheio de novo, desta vez adaptando
Best-seller de Sabino. O resultado é um drama policial potente e não
menos crítico no que se refere ao sistema. Atuações memoráveis de
José Lewgoy, Pedro Vasconcelos e Paulo José, principalmente.
Direção, Fotografia e prêmios técnicos em Gramado, além de Filme
em Natal e Rio.
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Embora goste menos
desses títulos ou até não goste de alguns, acho justo, por uma
questão jornalística e histórica, ao menos citá-los, pois cada um
tem seu grau de importância dentro do período dos anos 60, 70 e 80
que abordamos:
60: “Macunaíma”
(Joaquim Pedro, 69); “Cara a Cara” (Bressane, 67); “A Falecida”
(Leon, 65); “Porto das Caixas” (Saraceni, 62); “Bahia de Todos
os Santos” (Triguerinho, 60); “A Grande Feira” (Pires, 61); “A
Grande Cidade” (Cacá, 66)