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Os irlandeses da U2, no topo da lista, em foto de Anton Corbjin da época de "Bad" |
Sabe aquela música de um artista pop que você escuta e se
assombra? E o assombro ainda só aumenta a cada nova audição?
“Caramba, que som
é esse?!”, você se diz. Pois bem: todas as décadas do rock – principalmente a
partir dos anos 60, quando as variações melódico-harmônicas se multiplicaram na
reelaboração do rock seminal de
Chuck Berry,
Little Richard e contemporâneos – são
repletas de músicas assim: clássicos imediatos. Mas por uma questão de autorreconhecimento, aquelas
produzidas nos anos 80 me chamam bastante a atenção. É desta década que mais
facilmente consigo enumerar obras desta característica, as que deixam o ouvinte
boquiaberto ou, se não tanto, admirado.
Conseguiu entender de que tipo de música estou falando?
Creio que talvez precise de maior elucidação. Bem, vamos pela didática das duas
maiores bandas rock de todos os tempos: sabe “You Can´t Always Get What You
Want”, dos Rolling Stones, ou “A Day in the Life”, dos Beatles? É esta
espécie a que me refiro: podem não ser necessariamente as músicas mais consagradas
de seus artistas, nem grandes hits, mas são, inegavelmente, temas grandiosos, emocionantes,
que elevam. Você pode dizer: “mas têm outras músicas de Stones ou Beatles que
também emocionam, também são grandes, também provocam elevação”. Sim, concordo.
Porém, estas, além de terem essa característica, parecem conter em sua gênese a
ideia de uma “grande obra”. Dá pra imaginar Jagger e Richards ou Lennon e
McCartney – pra ficar no exemplo da tabelinha Beatles/Stones – dizendo-se um
para o outro quando compunham igual Aldo, O Apache em "Bastardos Inglórios": “Olha, acho que fizemos nossa obra-prima!”
Quer mais exemplos? “Lola”, da The Kinks; “Heroin”, da Velvet Underground; “Marquee Moon”, da Television; "We Are Not Helpless", do Stephen Stills; "Kashmir", da Led Zeppelin. Sacou? Todas elas têm uma integridade especial, uma alma mágica, algo de circunspectas, quase que um selo de "clássica".
Pois bem: para ficar claro de vez, selecionamos, mais ou menos em ordem de preferência/relevância, as 30 músicas do pop-rock internacional dos anos 80 as quais reconhecemos esse caráter. Para modo de poder abarcar o maior número de artistas, achamos por bem não os repeti, contemplando uma música de cada - embora alguns, evidentemente, merecessem mais do que apenas uma única indicada, como The Cure, U2 e The Smiths. Haverá as que são mais conhecidas ou mais obscuras; as que, justamente por conterem certo tom épico, se estendem mais que o normal e fogem do padrão de tempo de uma "música de trabalho"; artistas de maior sucesso e outros de menor alcance popular; músicas que inspiraram outros artistas e outras que, simplesmente, são belas.
E desculpe aos fãs, mas, claro, muita gente ficou de fora, inclusive figurões que emplacaram superbem nos anos 80, como Michael Jackson, Elton John, Bruce Springsteen e Queen. Até coisas que adoraria incluir não couberam, como “Hollow Hills”, da Bauhaus, “Hymn (for America)”, da The Mission, "51st State", da New Model Army, "Time Ater Time", da Cyndi Lauper, "Byko", do Peter Gabriel, "Up the Beach", da Jane's Addiction, "Pandora", da Cocteau Twins, "I Wanna Be Adored", da Stone Roses... Mas não se ofendam: tendo em vista a despretensão dessa listagem, a ideia é mais propositiva do que definidora. Mas uma coisa une todos eles: criaram ao menos uma música diferenciada, daquelas que, quando se ouve, são admiradas de pronto. Aquelas músicas que se diz: “cara, que musicão! Respeitei”.
1 – “Bad” - U2 ("The Unforgatable Fire", 1984) OUÇA 2 – “Alive and Kicking” - Simple Minds (Single "Alive and Kickin'", 1985) OUÇA 3 – |
Capa do compacto de "How...", dos Smiths |
“How Soon is Now?” - The Smiths ("Hatful of Hollow", 1984) OUÇA
4 – “Nocturnal Me” - Echo & The Bunnymen ("Ocean Rain", 1984) OUÇA 5 – “A Forest” - The Cure ("Seventeen Seconds", 1980) OUÇA 6 – “World Leader Pretend” - R.E.M. ("Green", 1988) OUÇA 7 – “Ashes to Ashes” - David Bowie ("Scary Monsters (and Super Creeps)", 1980) OUÇA 8 – “Vienna” - Ultravox ("Vienna", 1980)
Videoclipe de "Vienna", da Ultarvox, tão
clássico quanto a música
9 – “Road to Nowhere” - Talking Heads ("Little Creatures", 1985) OUÇA 10 – “All Day Long” - New Order ("Brotherhood", 1986) OUÇA 11 – “Armageddon Days Are Here (Again)” - The The ("Mind Bomb", 1989) OUÇA 12 – “The Cross” - Prince ("Sign' O' the Times", 1986) OUÇA 13 – “Live to Tell” - Madonna ("True Blue", 1986) OUÇA
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Madonna estilo diva, no clipe de "Live..." |
14 – “Hunting High and Low” - A-Ha ("Hunting High and Low", 1985) OUÇA 15 – “Save a Prayer” - Duran Duran ("Rio", 1982) OUÇA 16 – “Hey!” - Pixies ("Doolitle", 1989) OUÇA 17 – “Libertango (I've Seen That Face Before)” - Grace Jones ("Nightclubbing", 1981) OUÇA 18 – “Black Angel” - The Cult ("Love", 1985) OUÇA 19 – “Children of Revolution” - Violent Fammes ("The Blind Leading the Naked", 1986) OUÇA |
Os pouco afamados Alternative Radio emplacam a fantástica "Valley..." |
20 – “Valley of Evergreen” - Alternative Radio ("First Night", 1984) OUÇA
21 – “USA” - The Pogues ("Peace and Love'", 1989) OUÇA 22 – “Decades” - Joy Division ("Closer", 1980) OUÇA 23 – “Easy” - Public Image Ltd. ("Album", 1986) OUÇA 24 – “Teen Age Riot” - Sonic Youth ("Daydream Nation", 1988) OUÇA 25 – “One” - Metallica ("...And Justice for All", 1988) OUÇA 26 – “Little 15” - Depeche Mode ("Music for the Masses", 1987) OUÇA 27 – "Never Tear Us Apart" - INXS ("Kick", 1987)
Hits também têm seu lugar:
"Never Tear Us Apart", da INXS
28 – “Lands End” - Siouxsie & The Banshees ("Tinderbox", 1986) OUÇA 29 – “US 80's–90's” - The Fall ("Bend Sinister", 1986) OUÇA 30 – “Brothers in Arms” - Dire Straits ("Brothers in Arms", 1985) OUÇA
Daniel Rodrigues