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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Internacional, 103 Anos

Inter, estarei contigo


Ainda lembro quando meu pai me exclamou certa vez entusiasmado, lá pelos idos de 1979, "tu torce pro maior time do Brasil!". Quando ele falou aquilo eu não tinha a total noção do que aquilo significava. Aquilo não era uma ordem de que ue deveria torcer para aquele time, uma determinação, era provavelmente, sim, uma conscientização. Eu era colorado quase que automaticamente, nunca isso fora posto em dúvida, tinha ganhado um uniforme do meu padrinho, ouvia falar de Internacional, via meu pai ouvindo os jogos, ouvia foguetórios e tudo mais, mas não tinha noção de que aquilo que ele me revelava era a mais absoluta realidade naquele momento. Não que o Sport club Internacional tenha deixado de ser tão grande, pelo contrário, mas hoje, Campeão de Tudo, divide estas honras de grandiosidade com os hexacampeonatos nacionais do São Paulo e do Flamengo; os tri de Libertadores do próprio São Paulo e do Santos; os brasileiros de Corinthians, Palmeiras, Vasco, só para citar alguns. Mas naquele momento era absoluto.  Em uma década de Campeonato Brasileiro o Internacional tinha conquistado o título duas vezes, havia sido terceiro colocado duas vezes também, e quarto em outras duas oportunidades e se encaminhava naquele ano, até então sem perder (o que se confirmou), para levantar a taça novamente. Sei que naquele ano de 79 fui duas vezes ao estádio na campanha do título invicto, uma contra o São Paulo de Rio Grande e outra contra o América do Rio. A lembrança é vaga, sei dos resultados mas não lembro deles. O que importa é que ali com 5 nos de idade se consolidava definitivamente minha paixão pelo Sport Club Internacional e começava a minha longa relação com o estádio Beira-Rio.
Desde então, salvo pequenos intervalos, nunca mais deixei de frequentar o nosso estádio. Lembro ( e aí lembro mesmo) que no segundo GreNal que fui assistir, em 1982, o Inter venceu por 3x1 com três gols do Geraldão. Nossa! Fiquei fã do Geraldão. Queria ser centroavante. Usar a 9. No início dos anos 80 o Colorado acumulara 4 títulos estaduais. Nem o Brasileiro conquistado pelo rival no início da década nos abatia. O que era um titulozinho contra os nossos TRÊS, sendo um INVICTO? Além disso ganhávamos torneios de prestígio no exterior, ganhamos o Juan Gamper na casa do Barcelona; nossos jogadores representavam o país em competições.
O problema é que do outro lado, o rival, aproveitando melhor uma oportunidade que o Internacional tivera antes em 1980, conquistava a Libertadores da América e aí, talvez o comparativo tenha desequilibrado as estruturas internas do clube. Tanto foi que a partir da metade da década de 80, acumulamos derrotas e fracassos. Vimos o rival empilhar 7 títulos regionais quase igualando nosso feito de oito conquistas seguidas; perdemos dois títulos nacionais um deles contra o pouco expressivo Bahia dentro de casa; fomos desclassificados numa improvável semifinal de Libertadores estando com a vantagem três vezes no jogo. Inacreditável. A maré era braba.
Mas em todos estes momentos eu estive lá com o Inter. Presenciei quase todas as derrotas estaduais do hepta do Grêmio, fui ao 1º jogo da final de 87 contra o Flamengo, à final de 88 contra o Bahia, à fatídica semifinal de 89 contra o Olímpia mas nunca deixei de ser torcedor. Digo isso porque é bem usual, principlamente do OUTRO lado que quando se está perdendo se desligue do futebol, se ocupe de outros assuntos, tente-se dar menos importância a uma coisa que para nós toredores tem TODA a importância do mundo. Não! Eu me orgulho de em todos estes anos de minha vida de colorado ter ido ao Beira-rio em praticamente todos eles e nunca ter desistido do meu time.
Mas não se enganem os que por acaso pensarem que sou um pé-frio e que sempre que estava lá levei o time à derrota: eu estava lá, na social do Beira-Rio, vendo o Nílson guardar duas neles no GreNal do Século; em 92 estava abaixado atrás do muro da coréia pra não ver a cobrança do pênalti do Célio Silva na final da Copa do Brasil (mas levantei pra ver); estava no jogo que impediu o rival de igualar nosso octa mesmo nunca tendo dado muita bola pra campeonato estadual; e mesmo quando não foi na nossa casa, no estádio deles presenciei o chocolate do 5x2.
Vi muitas coisas boas e muitas coisas ruins. Chorei de alegria e de tristeza. Prometi nunca mais pisar lá e semanas depois lá estava eu de novo. Estive lá sob calores senegalêzes, sob frios polares e sob chuvas torrenciais mas nunca deixei de estar com o Internacional.
Hoje no Rio de Janeiro acompanho o que posso daqui. Sempre vou ao Maracanã ou ao Engenhão ver o Inter e sempre que vou a Porto Alegre, programo minha viagem para que seja em algum dia que tenha jogo no Beira-rio para que eu possa ver meu time na NOSSA casa. Dos grandes momentos do clube, no Beira-Rio, só não vi a primeira final de Libertadores, pois já morava aqui e não tinha, na época, dinheiro para viajar; mas  asegunda, contra o Chivas, movi o mundo para estar no Beira-Rio e vi meu time ser Bicampeão da América.
Me orgulho de todos estes momentos. Dos felizes e dos tristes. De sempre estar com o Inter. Só me envergonho um pouco de um momento em que, devo admitir, não fui ao Beira-rio porque tive medo. Foi o jogo contra o Palmeiras que podia nos levar à segunda divisão.
Naquele jogo EU TIVE MEDO. Aliás tinha quase convicção que não conseguirÍamos e optei por não participar daquele momento triste para o clube. Era melhor que eu não estivesse lá. Ego´´ista, orgulhoso, não queria guardar isso no meu currículo de torcedor, nem presenciar tamanha decepção.
Felizmente o rebaixamento acabou não acontecendo. O Dunga fez aquele gol salvador e continuamos sendo o único clube gaúcho a não ter disputado uma série B do campeonato brasileiro, mas ficou em mim um pouco da vergonha pela covardia de quando o clube precisou de mim, eu não ter me prontificado a estar lá. Mas tenho certeza que ele me perdoa. O Internacional por certo perdoa esse filho que apesar daquela fraqueza sempre foi fiel.
Prometo nunca mais te abandonar.
Estarei sempre contigo.

Parabéns, Internacional
pelos 103 anos
de gloriosa existência.

Cly Reis

terça-feira, 8 de abril de 2014

Gigante da Beira-Rio - Jogo de Reinauguração 06/04/2014


Já tinha tido o prazer de conhecer um dos estádios que sediará a Copa do Mundo, o Maracanã reformado, mas agora tive a especial emoção de entrar no Novo Beira-Rio, que depois de 2 longos anos praticamente fechado, enfim ressurge belo, imponente e grandioso. O Beira-Rio está uma joia, um primor. A cobertura lhe confere um ar majestoso, os acessos internos estão fáceis e amplos, as circulações na plateia garantem bom fluxo, os banheiros espaçosos, limpos e organizados, e o aspecto geral do interior do estádio é simplesmente esplendoroso. Como eu já havia dito a respeito do maracanã, e agora afirmo em relação ao Beira-Rio, é uma verdadeira casa de espetáculos. Um teatro, um Opera, um Royal Albert Hall a serviço do futebol. é lógico, não vou esconder de ninguém que a área externa precisa ainda de muitos cuidados, de uma pavimentação adequada,  delimitações, sinalização, etc., mas pelo que vejo não são trabalhos que não devam apresentar grandes dificuldades e, provavelmente, em pouco tempo estejam satisfatoriamente executados.
Lindo ver o meu Gigante, já cheio de histórias, pronto para mais muitos anos de glórias e novos capítulos dessa história grandiosa do Sport Club Internacional. Meu pai viu a inauguração de 1969 no Gigante e eu dou continuidade a isso comparecendo à nova de 2014 e, assim, passando de geração para geração, o amor pelo Internacional e o respeito por essa casa que é de todos os colorados, e que verdadeiramente tem alma, tem coração, fazemos com que ontem, hoje e sempre, por nossos laços, o Gigante permaneça eterno.
Parabéns, Gigante da Beira-Rio, parabéns Internacional e parabéns torcida colorada pelo nosso belíssimo e reformulado estádio. Que venha a Copa do Mundo e depois, que venham mais gols colorados, mais emoções e mais glórias.

A visão do estádio na chegada pela Padre Cacique

O movimento dos torcedores procurando seus acessos

A parte externa, próxima ao edifício-garagem,
ainda precisando de pavimentação

Acessos e circulações internas bastante amplos

Times perfilados para os hinos

Bola rolando
A bela cobertura, vista do interior do estádio


Este ilustre blogueiro na social do Beira-Rio


Cly Reis




segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Internacional 2 x Atlético/PR 1 - Beira-Rio (19/10/08)


Matei a saudade da "minha casa". O Beira-Rio é minha casa. É a casa de todos os colorados.

Vou ao Beira-Rio (até onde sei) desde os 5 anos de idade. Segundo consta vi Falcão jogar. Não lembro disso mas me contaram que eu vi.

Tive bons e maus momentos lá. Vi o título da Copa do Brasil de 92, vi a derrota na final do Brasileiro de 88 para o Bahia, vi alguns títulos Gaúchos, vi a virada fantástica do greNal do século e mais tantos outros clássicos, felizmente com mais triunfos sobre o arqui-rival do que derrotas.

No Rio de Janeiro há quase três anos acabei deixando de ver ao vivo (no estádio) eventos grandiosos como os títulos da América e Recopa Sulamericana que foram vencidas no Gigante.

Sempre que posso vejo o Inter no Maracanã, felizmente também, mesmo no Rio, vi poucas derrotas. Mas não é a mesma coisa ver fora de casa. Sempre é o visitante e como tal, acaba-se inevitavelmente jogando mais cuidadosamente, às vezes acuado, às vezes recuado. Não é ver o time da casa jogando e cantando de galo no seu terreiro. Assim é no Beira-Rio. Lá o Inter fala mais alto, bate no peito e diz "eu sou o patrão". Lá o Colorado manda. A torcida ruge. Pode ter uma naba de time mas é sempre uma dificuldade ,seja pra quem for, pra sair de lá com uma vitória.

Tava com saudades do meu estádio.

Fui lá ver Inter e Atlético Paranaense. Jogo meio morno no primeiro tempo. Melhor no segundo, mas com um Internacional meio que já se poupando para o grande confronto com o Boca Juniors na quarta-feira no Gigante da Beira-Rio. Típico jogo que, se eu estivesse em Porto Alegre, com certeza iria assistir.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Era uma vez na América (ou melhor, DUAS vezes)

Eu tinha assistido à semifinal contra o Olímpia em 89. Eu estava lá no Gigante. Não, não podia acontecer de novo.
Quando os mexicanos do Chivas fizeram o primeiro gol do jogo aquele filme de terror me veio à cabeça. E eu lá de novo. Seria EU o culpado? Teria, EU, me desbarrancado do Rio de Janeiro a Porto Alegre, sem ingresso na mão, desembarcando 4 horas antes do jogo, conseguido incrivelmente a tal entrada, tudo isso para EU dar azar pro eu time? (Torcedor pensa cada coisa, não?) Mas por certo não fui só eu. Outros devem ter pensado que aquilo estava acontecendo porque não usaram a mesma cueca, não conseguiram sentar no mesmo lugar no estádio, porque não seguiram determinados rituais, ou sabe-se lá mais o que; mas de todos estes não sei quantos ali haviam presenciado a maior "tragédia" do Beira-Rio. E eu estava lá.
Em 1989, o Internacional havia conseguido a vantagem fora de casa - como agora -, vencera o bom Olímpia em Assunción por 1x0 com um gol de bicicleta. O jogo da volta era só uma formalidade. Tínhamos a vantagem do empate e naquela época não tinha esse negócio de gol qualificado. Começa o jogo e com 0x0 estamos dentro, mas os cara fazem o seu gol. Ai, ai, ai! Tudo bem, somos melhores: empatamos. Viramos o jogo (nada nos tirava aquela vaga). Pênalti pra nós!!! Quem ia bater? Nosso goleador, herói do greNal do Século, Nílson. E ele perde. Tudo bem, estamos classificando. Tomamos o empate (tudo bem o empate nos serve). Finalzinho do jogo e tomamos 3x2. Puta merda! Tivemos a vantagem 4 vezes durante os 90 minutos e deixamos escapar, agora seriam os pênaltis. Mas tínhamos bons batedores e o melhor goleiro do Brasil, exímio pegador de penalidades, Taffarel. Não por culpa dele mas, com cobranças muito bem executadas, acabou não agarrando nenhuma e Leomir, um dos nossos bons chutadores, errou.
Fim.
Nunca vira tanta gente permanecer no estádio depois do jogo por causa de uma derrota. Havia naquele dia 70 mil pessoas no Beira-Rio; imagino que umas 5 mil permaneceram sentadas, chorando, olhando pro vazio, sem acreditar, pedindo uma nova chance ao tempo como se ele pudesse retroceder, esperando que o juiz voltasse a campo e anunciasse que o Olímpia estava eliminado por... por... por qualquer motivo, sei lá. MAS NÃO ACONTECEU.
Os rivais tricolores, na época brincavam "sabe qual o maior circo do mundo? o Beira-Rio: tinha 70 mil palhaços lá dentro, ontem. hahaha", "por que que o colorado foi na padaria? comprar sonho, mas o sonho acabou hahaha"). E com um belo time, com uma grande campanha, com uma perspectiva de final mais fácil que a semi, fomos eliminados e naquele momento o sonho estava destruído.
O gol do Chivas foi aos 41 minutos. Pelos minutos restantes do primeiro-tempo fiquei gelado repassando tudo isso.Não! Não podia acontecer de novo. E NÃO ACONTECEU.
Desta vez a justiça de um futebol superior, de uma vantagem construída com uma atuação fantástica no jogo de ida, de jogadores com caráter, de um time determinado, de uma torcida empolgante, foi confirmada.
A partir do momento que o time controlou os nervos, botou a bola no chão, bateu no peito e disse "quem manda aqui sou eu", não teve pra ninguém e a vitória acabou vindo de maneira bem natural. O bom futebol voltou e foram 3 gols em 45 minutos. Eles até fizeram mais unzinho mas... e daí? Ninguém nem viu aquilo direito. Nuca vi tanta gente permanecer no estádio por tanto tempo depois do jogo por conta de um título. Havia umas 60 mil pessoas no estádio e as 60 mil permaneceram ali em pé, vibrando, gritando, chorando, comemorando. Venceu o melhor e felizmente o melhor é o meu INTERNACIONAL. E então, com minha camisa vermelha, mas sem cachaça na mão porque são proibidas bedidas alcoólicas dentro do estádio, fiz a festa no Gigante que só me esperava para começá-la.
E agora, definitivamente o fantasma do Olímpia, o de 89, as almas-penadas do goleiro Almeida e do centroavante Amarilla, foram embora. Nunca mais terei medo de fantasmas!


Cly Reis

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O Jogo da Sua Vida #4 - Grêmio 0 x Flamengo 0 (1989)

A Jogada do Zico

Não é de hoje que digo que meu interesse por futebol se restringe ao Sport Club Internacional. Cada vez mais, ao longo dos anos, desde que, guri, fui ao Gigante da Beira-Rio, em meados dos anos 80, assistir a um Inter e Coritiba levado por meu pai e meu irmão, percebo que não gosto propriamente do esporte em si, mas do meu time. Minha impressão é que, nascido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, como sou, se, por acaso do destino, os irmãos Poppe não tivessem fundado uma agremiação que sustenta, até hoje, o desígnio sincero de “clube do povo”, e isso significasse que restasse apenas o arquirrival como alternativa, não torceria por clube nenhum. Por isso, deve ser estranho para quem está lendo ver no enunciado que, justamente, no jogo que considero o da minha vida o Inter não seja um dos disputantes. E pior: não só não ser jogo do Inter como ser do Grêmio! E um 0 a 0?
Pois essa aparente incoerência tem explicação, inclusive a ausência de gols. O referido jogo, quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1988-1989, tinha, sim, direta ligação com o Inter. E com a minha vida, ou melhor, com a preservação dela. Grêmio e Flamengo disputavam uma das vagas na semifinal do certame nacional, enquanto o Inter enfrentava o Cruzeiro mirando a mesma finalidade. E o Inter daquele ano, treinado por um jovem técnico chamado Abel Braga, tinha boas chances de avançar. Contávamos com um centroavante goleador, Nílson, um ponta-direita rápido e atrevido, Maurício, o goleiro da Seleção Brasileira, Taffarel, além de um meio campo e uma zaga de qualidade. Depois de uma ótima campanha (1º colocado, com 47 pontos, considerando os dois primeiros turnos), estávamos embalados e chegávamos às quartas confiantes.
Porém, avançar de fase também significava, além do esperado aumento da dificuldade do confronto, a possibilidade de dar um Gre-Nal inédito numa semifinal de Brasileirão. Podíamos topar com o Grêmio logo à frente, e isso era bem provável. Meu irmão e eu havíamos ido a todos os jogos ocorridos no Beira-Rio naquela campanha, fosse na geral, fosse na saudosa “coreia”, ora acompanhados de amigos e parentes, ora somente nós dois. Não perdemos uma partida, e comungávamos da mesma confiança de todos os colorados naquele ano. Entretanto, se para meu irmão assustava a possibilidade de cruzar com o Tricolor na fase seguinte, a mim, mais irresponsável, agradava. Queria a emoção de derrotá-los num confronto inédito e sem precedentes na história.
Aconteceu de o jogo de ida do Inter contra o Cruzeiro ser no Mineirão, em Belo Horizonte, num domingo. Assistiríamos pela TV uma partida que terminou em 0 x 0. Entretanto, no dia anterior, sábado, num fatídico 28 de janeiro de 1989, Porto Alegre receberia outra partida, ou seja, nós dois não ficaríamos sem atração naquele fim de semana, mesmo que não fosse diretamente do nosso time. Era o primeiro enfrentamento da outra chave, o tal Grêmio e Flamengo. Queríamos ver de perto nosso possível adversário, fosse um ou outro. Então decidimos assistir ao jogo no estádio Olímpico. Na torcida do Grêmio.
Isso não foi uma escolha, bom que se diga. Tendo definido em cima do laço de irmos ao jogo, não deu tempo de articularmos a compra de ingressos na seção destinada aos torcedores visitantes, no anel superior. Aliás, seria quase trocar seis por meia dúzia, uma vez que compartilhamos ainda hoje quase da mesma antipatia com relação ao Flamengo a que dedicamos ao Grêmio. Resultado: usando camisetas de cores neutras (dois colorados usarem azul, jamais!), eu e meu irmão, sem nenhum outro colorado corajoso que tenha aceitado nos acompanhar, compramos entradas para a geral do Olímpico e sentamos atrás de uma das goleiras. Rodeados de gremistas. Ali assistimos ao jogo “na nossa”, sem falsas manifestações de exaltação, como se fôssemos torcedores pacatos e concentrados no evento.
Essa junção de fatos fez toda a diferença para este episódio.
O estádio estava inexplicavelmente não-lotado, e eu e meu irmão, sem dizer uma palavra, nos entreolhamos com cumplicidade e espanto crítico como que dizendo: “como esses gremistas conseguem não lotar o próprio estádio num fim de semana e numa quartas-de-final de Brasileiro?”. Assistimos a uma partida morna. Os adversários se equiparavam, o que motivou um jogo de meio campo, com poucas oportunidades para os dois lados. A não ser por uma jogada. Do Zico.
Arthur Antunes Coimbra, o Zico, já era um dos maiores jogadores que a história do futebol havia visto. Craque desde os anos 70, havia comandado seu Flamengo, em 1981, na conquista do título Mundial, e, no ano seguinte, embora derrotado pela Itália, fez parte da inesquecível Seleção Brasileira ao lado de Sócrates, Júnior, Falcão, Éder e outros – para muitos, o melhor selecionado canarinho de todos os tempos. Artilheiro, driblador, armador, exímio cobrador de faltas. Jogador inteligente, rápido e habilidoso, havia quem o apelidasse de “Pelé branco”, alcunha que por si só já fala tudo. Mesmo a desclassificação para a França na Copa do Mundo de 1986, a qual foi um dos principais responsáveis ao perder um pênalti no segundo tempo que selaria a vitória brasileira, não ofuscara a idolatria a Zico. Somava-se a essa mitologia o fato de, um ano antes da Copa do México, um zagueiro chamado Márcio Nunes ter-lhe propositadamente quebrado o joelho esquerdo numa jogada covarde e criminosa. À época, de pré-informatização e de uma medicina esportiva ainda pouco avançada, uma contusão como aquela geralmente tirava um jogador para sempre dos gramados. Zico, no entanto, com persistência, curou-se, ajudou seu Mengo a ganhar o Módulo Verde da Copa União, em 1987 (em cima do Inter!) e, naquele 1989, disputava mais uma vez a temporada nacional.
E ele estava em campo naquele sábado. Além dos jogos pela TV e da Copa de 86 – a primeira a qual me lembro com clareza de assistir e torcer –, já o tinha visto jogar duas vezes ao vivo, ambas contra meu Inter. Gabo-me disso. Uma, em 1987, num 2 x 0 para nós (contra um Flamengo treinado por Telê Santana e que tinha ainda em campo Renato Gaúcho, Zinho, Leonardo, Andrade e Jorginho); e num histórico 3x1, já válido por aquele campeonato, em que, afora os dois gols de Nilson e um de Edu, foi ele, Zico, quem marcou pelo Rubro-Negro. Numa jogada na ponta da grande área, do lado direito, o Galinho cortou o zagueiro para dentro e, na frente da área, enfiou um chute seco e certeiro no ângulo, descontando. Nunca me esqueci da habilidade e velocidade de movimentos e pensamento de Zico naquele lance, que calou por uns instantes todo o estádio, ainda eufórico com o segundo gol do Inter um minuto antes. Eu assistia, coincidentemente, também atrás do gol.
Era onde eu e meu irmão estávamos. Mas não na nossa casa, Beira-Rio, e, sim, no Olímpico em uma tarde nublada em todos os sentidos. Quase o mesmo ângulo. Porém, ao contrário do movimentado confronto do time carioca com o Inter (com quatro gols, três só no primeiro tempo), aquele Grêmio e Flamengo chegava a dar sono. Intervalo, e zero a zero. Na segunda etapa, as equipes voltam a campo com uma tentativa de jogar melhor. Tentativa. Seguia o mesmo marasmo, e já se começava a ouvir reclamações aqui e ali por conta de uma jogada mal concluída, um passe errado, um chute não arriscado. Os torcedores gremistas já perdiam a paciência – e nós, ali, secadores enrustidos, na maior satisfação.
Até que, por volta dos 35 minutos, uma jogada marcaria para sempre a mim, não necessariamente por sua beleza futebolística, mas por outro motivo. Zico, pouco inspirado naquele dia como todos os companheiros, havia mudado seu estilo de jogo depois que voltou das contusões, substituindo seu ímpeto e dribles rápidos pela cadência, toques de primeira e lançamentos. Mas, como diz Jorge Ben naquela música dedicada ao Camisa 10 da Gávea: “quando não está inspirado, ele procura a inspiração”. Afinal, craque é craque, né, meu amigo? De repente, mesmo num dia ruim, pode tirar da cartola uma jogada e mudar o destino. E, além do mais, um Zico com 60% de capacidade equivale a 100% da maioria dos jogadores. Pois, numa surpreendente arrancada da intermediária, Zico, a quem os defensores gremistas não esperavam tal atitude, driblou um e avançou rápido rumo ao gol, carregando a bola, como nos velhos tempos. Havia outros dois adversários à sua frente, e seria difícil supô-los. Pois foi que ele se livrou do primeiro na velocidade e, já chegando na ponta da área, do lado esquerdo, aplicou o mesmo drible curto e ligeiro sobre o zagueiro tal qual havia executado meses antes contra o Inter. Parecia que via a repetição da jogada, porém do lado inverso. Mas dessa vez era contra o Grêmio, então, pensava na minha cabeça de torcedor: Zico tinha a minha permissão para acertar. Ele disparou o chute seco mirando o ângulo do goleiro Mazzaropi.
Ao contrário da primeira ocasião, no entanto, Zico, dessa, não fez o gol. O chute bateu na rede, mas pelo lado de fora. Aquele tradicional: “uhhhh!!” ecoou no estádio. Foi só um susto para a torcida tricolor, que terminou quando a bola foi para fora. Porém, para nós dois, o susto permaneceu. Meu irmão, empolgado com a jogada e com a possibilidade de o Flamengo abrir vantagem contra o Grêmio fora de casa (podendo administrar o jogo no Maracanã no jogo de volta e, assim, eliminar os gaúchos), acompanhou a investida de Zico de pé na arquibancada feito um torcedor flamenguista, mas sem dar bandeira até então. Quando o atacante errou o alvo, porém, ele não conteve a “coloradisse” e, apontando o dedo para o campo, gritou, a plenos pulmões: “Filho da puuuuutaaaa!...” Sim, as reticências colocadas por mim após o xingamento são propositais. Foi exatamente isso que aconteceu naquele momento: reticências. Dando-se conta do que acabara de fazer, ele congelou. E eu junto. A impressão era de que toda a geral havia silenciado para entender aquela reação. Foram segundos intermináveis, que demoraram mais tempo do que aqueles sonolentos 80 minutos de partida até ali. “Como vamos sair dessa?”, pensei incrédulo, olhando-o sentado e boquiaberto com o rabo de olho. Haviam visto que estávamos juntos, e, afora isso, somos bem parecidos de rosto. Não tinha como negar que eu não conhecia aquele cara. Então, se ele apanhasse, eu apanhava também. De toda a geral do Olímpico.
Senti cerca de 30 mil pares de olhos gremistas nos olhando sem entender aquela atitude do meu irmão, todos já armando um ar de fúria de quem está prestes a atacar caso se confirme a suspeita: a de que nós éramos infiltrados. Estávamos prestes a sermos linchados em plena arquibancada. No entanto, por alguma graça enviada pelos deuses colorados, meu irmão teve a espirituosidade que só o instinto de preservação oferece nessas horas e completou aquela desastrosa e obscena fala com um: “Mas coooomo vocês deixam o cara entrar assim na área?!”. A expressão enrubescida de raiva dos gremistas, ao ouvir aquilo, passou em milésimos da confusão para concordância e indignação mútua. Um de nosso lado falou: “É! Isso mesmo: coooomo vocês deixam o cara entrar assim na área?! Mandou bem, cara”, parabenizando meu irmão. Olharam-nos orgulhosos por aquela reação incontida de indignação por amor a seu time, coisa que só um gremista de verdade poderia manifestar... Meu irmão sentou-se novamente com a promessa de não abrir mais a boca até a eternidade e só levantou de novo para irmos embora quando acabou o jogo. Entreolhamo-nos novamente em silêncio, dizendo um para o outro com os olhos: “Ufa! Escapamos dessa!”.
Meu irresponsável desejo se realizara. O Grêmio bateu o Flamengo em pleno Maracanã e o Inter venceu o Cruzeiro no jogo de volta diante da sua torcida. Em 1º de fevereiro, o aguardado e temido Gre-Nal, o do Século (depois de um 0 x 0 no primeiro jogo), aconteceu. Vencemos o Grêmio: 2 x 1, um jogo que ficou marcado na história, o qual também tive a felicidade de presenciar, porém desta dentro do nosso Templo. Perdemos o campeonato para o Bahia na final, mas o melhor já tinha vindo. Afinal, depois de termos passado aquele sufoco em nome da paixão pelo Internacional, nós merecíamos pelo menos essa recompensa.
Agora imaginem o que aconteceria se o Zico tivesse acertado aquele lance...

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Jorge Ben - "Camisa 10 da Gávea"


(A meu quase-algoz Clayton)
torcedor do Internacional



sábado, 16 de janeiro de 2021

Paul McCartney - Up And Coming Tour - Estádio Beira-Rio - Porto Alegre/ RS (Novembro/2010)

 

Imagina se Shakespeare viesse à tua cidade para a sessão de autógrafos de, digamos, “Hamlet”. Imagina se Michelangelo um dia fosse convidado para pintar um mural público e permanecesse aqui para uma temporada de residência artística. Ou se Galileu Galilei ganhasse o título de honoris causa pela universidade local e desembarcasse nestes pagos para a homenagem. Os jornais estampariam: “Ele está entre nós”. Afinal, não é todo dia que gênios da humanidade descem à terra e se juntam aos mortais. Posso dizer que vivi isso. Paul McCartney, o beatle, o hitmaker, o multi-intrumentista, o maestro, o produtor, o Cavaleiro da Rainha, o ativista, o recordista da Billboard... sim: ele esteve entre nós. Na noite de 7 de novembro de 2010, no domingo, dia em que teoricamente os deuses descansam, uma reencarnação de São Paulo despencou dos céus e trocou as vestes de santo pelas de um músico de rock ‘n’ roll para jogar encantamento sobre milhares de fiéis com sua arte redentora. E melhor de tudo: diferentemente de um Shakespeare, Michelangelo, Galileu – ou Picasso, Pitágoras, Mozart, Newton –, Paul está vivo e pertence ao meu tempo.

Por falar em céus, o firmamento esteve envolvido o tempo todo com este show, desde antes deste começar, aliás. Quando houve o anúncio de que Paul viria a Porto Alegre para a turnê “Up And Coming”, enlouqueci. Tinha que vê-lo. No que começaram a ser divulgadas as primeiras notícias sobre valores de ingresso, minha animação se transformou em apreensão. Primeiro, pelo valor, que chegava a astronômicos patamares para a época. Mas, principalmente, pelo acesso. Os 50 mil ingressos se esgotaram após as duas primeiras horas de vendas, ocorrida um mês antes do show. Afora isso, não tinha nem cartão de crédito àquela época, o que dificulta sobremaneira a se obter esse tipo de coisa. Toda a Porto Alegre aguardava ansiosa pela chegada de Paul à cidade. Nos dias que antecederam o show, o próprio artista fazia questão de responder ao chamado das pessoas na rua, como quando saiu do hotel e uma multidão o aguardava. O clima era este: de comoção.

Paul na primeira e inesquecível apresentação 
em Porto Alegre: ele esteve entre nós
Mas os céus atenderam minhas preces. Uma ordem veio lá de cima e acionaram um anjo aqui embaixo. Minha amiga Andréia – que hoje se encontra no mesmo céu do qual um dia veio, visto que faleceu em 2019 –, sabendo de minha vontade, soube de outro amigo que tinha ingresso a mais e fez a articulação para que eu ficasse com aquela sobra: um lugar na plateia superior do Beira-Rio. Déia, aliás, alcançou-me com a bondade de um verdadeiro ser divino, visto que lhe paguei apenas o valor que havia saído o ingresso, suficiente para cobrir o custo de quem tinha comprado a mais. Estava garantida a minha entrada temporária no paraíso, e na parte mais alta do estádio. A mais próxima do céu.

A apresentação em si atingiu todas as expectativas. Noite quente, nada de nuvens. De tão visíveis, era quase possível tocar as estrelas. O público, de todas as idades, transpirava excitação antes de começar. A mim, que nunca tinha assistido Paul ao vivo e que não conhecia até então nem o DVD “Paul McCartney - Is Live In Concert - On The New World Tour”, cujo show é bastante parecido, contudo, superou. Fui absolutamente arrebatado pelo set-list, pelas trucagens do palco, pelos clássicos imortais em sequência, pela simpatia de Paul, pela entrega dos músicos. Chorei como um ateu que se converte em cristão diante de um milagre incontestável. Era como se eu fosse ao céu. Afinal, o milagre estava operando-se à minha frente: Paul tocando por mais de 2 horas nada menos que 34 músicas. Clássicos do rock, clássicos da música mundial, temas que se confundem com a própria vida das pessoas, como “Jet”, “The Long and Winding Road”, “Drive My Car”, “Band on the Run”, “Day Tripper” e várias, várias outras. Incontáveis vezes essas canções estiveram presentes nas horas boas e ruins da biografia de cada um daqueles ali presentes. Entre estes, um emocionado Daniel.

"Venus and Mars", começando o show de Porto Alegre


O alto nível de um show realizado em estádio grande e aberto (refiro-me ao antigo Beira-Rio, antes das obras para a Copa do Mundo, assim como ocorreu no antigo Morumbi dias depois) mas com engenharia de som perfeita, além do vídeo e da iluminação, tinha na parte técnica a garantia de um ambiente propício para Paul e seus súditos deitarem e rolarem. Mas eles fizeram ainda mais do que isso. Embora seguissem o roteiro, era visível que a paixão do público porto-alegrense, que recebia pela primeira vez o ídolo, contagiou os músicos no palco. Ouvia-se choro, gritos, palmas e coros, que não deram trégua um minuto sequer, ainda mais nos vários momentos em que o cantor interagiu falando um português carregado de sotaque. Tanto que a imprensa – não só da bairrista Porto Alegre, mas do centro do País – classificou o show de “apoteótico” no dia seguinte. Os ingredientes estavam todos ali para que isso acontecesse: Paul animadíssimo tocando 6 instrumentos diferentes durante a apresentação e a incrível banda de músicos-fãs que executam com exatidão e paixão o repertório beatle e solo do líder. O repertório vai de hits dos Beatles a da extensa carreira solo de Paul a homenagens aos ex-companheiros de banda George Harrison (quando cantou “Something”) e a John Lennon (“Let ‘Em In”, da Wings, escrita para o parceiro, e quando emenda “Give Peace a Chance” com a obra-prima “A Day in the Life”).

E o que dizer de ouvir ali, presencialmente, “And I Love Her”, Let Me Roll It”, “Eleanor Rigby”, “Let it Be”, “Get Back”?! Totalmente tomado por aquela verdadeira apoteose, fui elevado a um outro plano especialmente em pelo menos quatro momentos. Primeiro, quando Paul tocou “Blackbird”, capaz de me provocar lágrimas a cada audição doméstica, quem dirá ao vivo. Igualmente, quando não apenas eu, mas 50 mil vozes entoaram o famoso “la la la” final de “Hey Jude”. Algo inesquecível, daqueles que se leva para a vida. Desavisado dos efeitos pirotécnicos mas adorador da música, “Live and Let Die” foi outra que me arrebatou – o que me aconteceria mesmo sem os jorros de fogos sincronizados, obviamente. Para desfechar sem respirar, uma sequência de “Helter Skelter”, “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e “The End”. Apoteótico, apoteótico.

A apoteótica apresentação de "Live and Let Die" naquela noite

Recordo que à época não consegui produzir um texto para o blog, porque a comoção era muito grande semanas depois. Eu lembrava das pessoas saindo do estádio a pé como eu com uma expressão de encantamento, de abismados, parecendo uma raça improvável de zumbis tomados de felicidade, meio incrédulos com o que viram. Eu, inclusive. Paul voltaria à cidade 7 anos depois, num Beira-Rio já reformado, mas aí a coisa era outra, incomparável com aquela primeira e inesquecível vez. Só mesmo o céu para testemunhar tamanho acontecimento como foi o daquele de 7 de novembro de 2010. E não é que ele testemunhou!? Não sei se somente eu percebi (pois quem mais levantaria a cabeça em direção ao céu naquela hora?), mas eu vi uma estrela cadente descer bem atrás do estádio, na direção de Paul. Juro mas não foi efeito de álcool e nem do meu estado de elevação. Eu vi de verdade! Em resposta às lágrimas e da emoção daquela multidão de pessoas, uma das estrelas, as que estavam bem visíveis e quase alcançáveis no céu limpo de Porto Alegre daquela noite histórica, resolveu descer para nos cumprimentar. Afinal, quem não daria uma chegadinha depois de ouvir entoado com tamanha emoção o “la la la” de “Hey Jude”? Deve-se ter ouvido até lá em cima. Eu, se fosse estrela, também não perderia essa.


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Setlist Show "Up And Coming":

01. Venus and Mars/Rock Show
02. Jet
03. All My Loving
04. Letting Go
05. Drive My Car
06. Highway
07. Let Me Roll It
08. The Long and Winding Road
09. Nineteen Hundred and Eighty Five
10. Let ‘Em In
11. My Love
12. I’ve Just Seen a Face
13. And I Love Her
14. Blackbird
15. Here Today
16. Dance Tonight
17. Mrs. Vandebilt
18. Eleanor Rigby
19. Something
20. Sing the Changes
21. Band on the Run
22. Ob-La-Di Ob-La-Da
23. Back in the USSR
24. I’ve Got a Feeling
25. Paperback Writer
26. A Day in the Life/Give Peace a Chance
27. Let it Be
28. Live and Let Die
29. Hey Jude
30. Day Tripper
31. Lady Madonna
32. Get Back
33. Yesterday
34. Helter Skelter
35. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club
36. The End

Daniel Rodrigues
(para Andréia)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Jogo da Sua Vida #1 - Internacional 2 (3) x Olimpia 3 (5) (1989)



Eram mais de três mil.
Nunca vi tanta gente permanecer no estádio depois de um jogo.
Bom, na verdade já vi. Em vitórias. Vi muitas no Gigante.
Mas em uma derrota???
Aquelas criaturas lá pareciam simplesmente não acreditar no que acabara de acontecer.
Uns cabisbaixos, uns chorando, outros atônitos, outros impassíveis, outros olhando para o gramado vazio como se a qualquer momento os times fossem retornar a campo e continuar a partida nos dando mais uma chance. Esperando talvez que os alto-falantes anunciassem que tudo o que tinha acontecido até aquele momento não passava de uma brincadeira e que o jogo mesmo começaria naquele instante. Esperando que... Esperando, talvez, simplesmente acordar. Pois aquilo só podia ter sido um sonho. Um sonho ruim.
O sonho do Sport Club Internacional de conquistar uma Libertadores da América era antigo. Embora tivéssemos participado da competição antes que o nosso tradicional rival, tendo inclusive chegado a uma final antes deles, o co-irmão da Azenha havia tido uma melhor sorte e conquistado a Taça em 1983. Mas naquele 1989, depois de ter obtido a vaga na competição sul-americana num épico confronto com o rival, no jogo apelidado de  "GreNal do Século", seguido, no entanto, de uma decepcionante derrota na final do brasileiro que coroaria o triunfo, mesmo com um primeira fase um tanto claudicante, nas eliminatórias nossas esperanças pareciam começar a tomar forma daquele tão almejado título, do qual os torcedores rivais tanto se gabavam de ter conquistado.
O pênalti batido por Nílson, durante o jogo,
na foto do jornal Zero-Hora, do dia seguinte
A quarta-de-final, então, foi o que faltava para a empolgação tomar conta, numa atuação luxuosa no Beira-Rio, fazendo 6x2 no multicampeão Peñarol.
Ninguém segurava aquele time!
Tínhamos um centroavante matador que decidira o GreNal do Século, um uruguaio que nunca falhava e, nada mais nad menos que, o melhor goleiro do Brasil.
Iríamos à semifinal contra o Olimpia do Paraguai, adversário difícil, sim, mas nada que nos metesse medo. Tinham um centroavante bem conceituado, um tal de Amarilla, tinham a tal garra porteña, mas por outro lado, tinham um goleiro baixo, velho e meio acima do peso, o tal de Almeida.
Se nossa confiança já estava lá nas nuvens depois da goleada contra os uruguaios, o primeiro jogo contra o Olimpia em Assunción, parecia nos dar uma certeza: estávamos na final.
Vencemos os paraguaios na casa deles com um golaço de bicicleta. E mais: sem grandes riscos, com uma partida segura, uma boa atuação. Nada podia nos tirar aquela vaga e na final... Na final, viesse quem viesse, nós trucidaríamos.
E veio o jogo da volta. Naquele 17 de maio de 1989, todos os colorados queriam estar no Beira-Rio aquela noite. Eu fui um dos 70 mil que conseguiram isso.
Já na chegada, o clima de festa era tanto que um vendedor de lanches anunciava o 'cachorro-quente Amarilla'. Era aquilo: iríamos devorar o Amarilla e seu timezinho paraguaio. O empate servia mas queríamos golear como fizéramos contra o aurinegro uruguaio. E se já havíamos feito 1x0 fora de casa, e com um gol de bicicleta, no nosso estádio faríamos 4, 5, de letra, de lençol, de sem-pulo, de todas as maneiras possíveis.
Mas esta não foi a realidade do jogo.
Não tardou muito para o Olimpia, com Mendoza, fazer seu primeiro gol e desfazer nossa vantagem. O placar de Assunción tinha ido pro espaço e agora éramos nós que tínhamos que buscar o resultado. Felizmente, também não muito tarde, nosso volante Dacroce empatava. Era nosso, de novo!
Mas o Olimpia era bravo e ninguém menos que ele, aquele que engoliríamos como um hot-dog, colocaria o adversário em vantagem. Gol dele: Amarilla. E os portenhos viraram o intervalo em vantagem. Não seria a facilidade que imaginávamos. àquelas alturas já nos dávamos por satisfeitos com um empatezinho e olhe lá.
Veio o segundo tempo e veio o gol do empate: Luís Fernando, o baixinho que havia feito o golaço em Assunción. Parecia um bom prenúncio! Sim, era um bom prenúncio pois logo depois viria um pênalti a favor do Internacional. Pronto! A sorte voltava a brilhar para o nosso lado. E quem bateria o penal? Ele, Nílson, o matador do GreNal do Século. E Nílson perdeu. Nas mãos do gordinho Almeida.
Mas tudo bem... 2x2 ainda era nosso. Estávamos na final.
Não. Num chute de fora da área do bom meia Neffa, a bola batia num defensor, enganava Taffarel e morria no fundo das redes. Havia pouco tempo para reagir e, de mais a mais, o time já se desestruturara tática e psicologicamente. Tivéramos por três vezes a vantagem (0x0, 1x1, 2x2) e um pênalti a favor. Eles chegavam mais confiantes para a decisão.
Restava ir para os pênaltis, e sorte que na época o regulamento não previa gol qualificado, senão não teríamos nem aquela esperança. E nossa esperança numa decisão por penais tinha um nome: Taffarel. Goleiro de Seleção Brasileira, exímio pegador de pênaltis, mas naquela noite não.
Dois dos nosso jogadores perderam, eles fizeram todos, inclusive do goleiro gordo, velho e baixinho deles que bateu um. Mas coube a Amarilla cravar o último prego no caixão. Gol do Olimpia. A bola nas redes os jogadores do Olimpia correndo para comemorar, o fim do sonho, um silêncio mortal como poucas vezes se ouviu num estádio de futebol.
Eu olhava em volta e via que daqueles 70 mil que estiveram ali, muitos permaneciam. Ninguém acreditava no que acabara de acontecer.
Do meu lado, meu amigo, chorava com a cabeça baixa entre as pernas, abraçado bandeira do clube, um outro simplesmente olhava para o vazio, um outro mais revoltado xingava, outros simplesmente não tinham coragem de voltar pra casa, outros esperavam... esperavam por um milagre, por uma boa notícia, esperavam que o juiz tivesse contado errado e tivéssemos mais um pênalti para bater mantendo viva a esperança por mais alguns instantes que fosse. Esperavam talvez que o presidente da Confederação pudesse entrar em campo para anunciar que a partida havia sido anulada e que o jogo seria disputado novamente. Esperávamos simplesmente acordar. Pois aquilo só podia ter sido um sonho. Um pesadelo.
Felizmente depois disso já presenciei glórias fantásticas dentro do Beira-Rio e já fiquei depois dos jogos por horas fazendo festa, esperando voltas olímpicas, cantando e tudo mais. Mas aí foram vitórias.
Mas em uma derrota... nunca vi tanta gente permanecer no estádio depois de um jogo.
Eram mais de três mil.




Cly Reis
(torcedor do Internacional)

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ClyBlog 11 anos. Parabéns para nós!

O tempo passa... É, parece que foi ontem que começamos um blog meio sem saber o que queríamos, como fazer, o que colocaríamos nele e, hoje o nosso ClyBlog chega a seu décimo primeiro ano. Uma trajetória muito positiva que nos fez crescer junto com o blog. Crescer em conteúdo, conhecimento, ousadia, ambição, em criatividade, em qualidade. A plataforma que meramente nos propiciava a exposição de nossas produções criativas, escritas, visuais, gráficas ou quaisquer outras que pudessem se manifestar, nos possibilitou o reconhecimento destas manifestações artísticas em publicações literárias e gráficas, valorizando, sobremaneira, o conteúdo publicado no blog. Se antes utilizávamos nosso espaço para, humildemente, expormos nossas impressões pessoais sobre música, cinema e outros assuntos de nosso interesse, hoje, parceiros, amigos e convidados altamente qualificados se juntam a nós, alguns de forma constante e outros eventualmente, em ocasiões especias, dando suas colaborações nas mais diversas seções do nosso veículo, sempre demonstrando imensa satisfação em fazer parte do nosso projeto.  Além disso, as vivências e experiências de eventos, espetáculos, viagens, passeios, foram ampliadas trazendo mais variedade, informação e imagens em canais específicos para cada segmento. Ou seja, de 2008 para cá, o ClyBlog está cada vez melhor e mais interessante.
E tudo isso só se deve ao fato de que nós, as cabeças do ClyBlog, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, continuamos pilhados, sempre estimulados, sempre a fim de fazer algo legal, algo diferente, acrescer qualidade, novidades, conteúdo instigante, coisas que sejam legais para o leitor, visitante ou seguidor porque seriam legais para nós. É isso que  fez com que o ClyBlog chegasse até aqui,aos 11 anos, e fará com que siga em frente, se depender de nós, ainda por muito tempo.
Nesses 11 anos tivemos um monte de coisas bacanas no ClyBlog: fomos a shows e contamos como foi, viajamos por diversos lugares e relatamos as experiências, fomos selecionados para publicações, , participamos de outros espaços em outras plataformas, tivemos convidados importantes escrevendo no ClyBlog... Enfim, foram muitos bons momentos. Não dá pra colocar todos aqui, afinal são 11 anos, mas dá pra destacar alguns. Assim, lembramos aqui um momento para cada ano desde o início do ClyBlog.



2008
Madonna no Maracanã - No ano da criação do ClyBlog, um dos momentos marcantes foi a volta da Rainha do Pop a terras brasileiras. A expectativa era grande mas o show não foi lá essas coisas. Mesmo assim, relatamos tudo, num dos primeiros ClyLive, a seção de shows do ClyBlog.

Madonna, show de constrangimentos
Vi no filme "Na Cama com Madonna" o trechos da turnê Blonde Ambition e fiquei fascinado. Quis ver aquilo! No entanto a turnê seguinte, que acabou passando pelo Brasil, foi a Girlie Show, que apesar de não ser tão boa quanto a anterior, de não ter os figurinos do Gaultier nem a performance libidinosa de "Like a Virgin" foi um belo espetáculo e me proporcionou boas surpresas.
Anos depois resolvi ir ver novamente a Madonna ao vivo pelo mero fato de ser a Madonna. Sabia já que o álbum "Hard Candy" era um horror porém guardava a expectativa de que o show, o espetáculo, o tudo, valesse a pena.
Olha, foi um circo do lamentável (...) Leia mais...




2009
Viagem ao Velho Continente: Em 2009, tive a oportunidade de ir à Europa e visitar algumas das cidades mais famosas do mundo e alguns dos destinos turísticos mais procurados. Estive em Paris, Londres, Roma, Florença e Veneza e, é claro, tudo foi para no ClyBlog, na nossa seção Arquivo de Viagem.

ARQUIVO DE VIAGEM: Europa
Aeroporto, mala, poltrona desconfortável, sono ruim, hotel, informações e é em inglês, em italiano e é em francês, e dá-lhe fotografia, fotografia, fotografia, e de novo hotel, e outro dia mais fotografia, e tome outro aeroporto, ou estação de trem, ou táxi, e outro hotel, e mais foto, foto, foto... É, isso é viajar! Mas é bom! E principalmente para a Europa que era uma antiga aspiração. O roteiro? Londres, Paris, Roma, Florença e Veneza.
A primeira parada, a terra da Rainha, que mais do que todas as outras eu tinha uma enorme vontade de conhecer por causa principalmente de toda a atmosfera rock do lugar, por causa das bandas que admiro ou mesmo por toda a influência musical e comportamental que exerce sobre grande parte do mundo, não me decepcionou (...) Leia mais...
LONDRES: Passeio por LondresFabric,  The Telegraph Pub
PARIS: Paris
ROMA: Roma
FLORENÇA: Florença
VENEZA: VenezaJazz em Veneza - Bàccaro Jazz



2010
Internacional Bicampeão da Libertadores - Neste ano, tive a felicidade de presenciar o segundo título de Libertadores da América do meu time do coração, o Sport Club Internacional, in loco, no Beira-Rio. E, como não podia deixar de ser, documentei a noite mágica do Bi da América para o ClyBlog.

Era uma vez na América (ou melhor, DUAS vezes)

Eu tinha assistido à semifinal contra o Olímpia em 89. Eu estava lá no Gigante. Não, não podia acontecer de novo.
Quando os mexicanos do Chivas fizeram o primeiro gol do jogo aquele filme de terror me veio à cabeça. E eu lá de novo. Seria EU o culpado? Teria, EU, me desbarrancado do Rio de Janeiro a Porto Alegre, sem ingresso na mão, desembarcando 4 horas antes do jogo, conseguido incrivelmente a tal entrada, tudo isso para EU dar azar pro eu time? (Torcedor pensa cada coisa, não?) Mas por certo não fui só eu. Outros devem ter pensado que aquilo estava acontecendo porque não usaram a mesma cueca, não conseguiram sentar no mesmo lugar no estádio, porque não seguiram determinados rituais, ou sabe-se lá mais o que; mas de todos estes não sei quantos ali haviam presenciado a maior "tragédia" do Beira-Rio. E eu estava lá (...) Leia mais...
Inter x Chivas
Museu do Inter




2011
"Screamadelica", do Primal Scream, ao vivo na íntegra - Enquanto na Cidade do Rock, rolava o Rock in Rio, com todas suas estrelas e nomes badalados, no Circo Voador, na Lapa, bem menos incensado, um dos discos mais importantes dos anos 90 e da história do rock era tocado na íntegra por uma das bandas mais influentes do pop rock britânico. O Primal Scream, liderado pelo dissidente do Jesus and Mary Chain, Bob Gillespie, celebrava o vigésimo aniversário de lançamento do álbum "Screamadelica" com um show sensacional que foi ainda mais especial uma vez que assisti na companhia de meu irmão, Daniel Rodrigues, que andava pelas bandas do Rio de Janeiro naquele momento. A cúpula do ClyBlog, curtindo junto um show tão especial como esse, só podia ser um dos grandes momentos de 2011.


Primal Scream - "Screamadelica 20th Anniversary Tour" - Circo Voador - Rio de Janeiro (23/09/2011)


Nesta última sexta-feira aconteceu a primeira noite de apresentações do Rock in Rio... Bom, e dai?
Azar de quem foi à tal Cidade do Rock e não estava na Lapa, como eu, delirando com o show da turnê de aniversário de 20 anos do álbum "Screamadelica" do Primal Scream.
Que Rock in Rio que nada! O verdadeiro rock no Rio de Janeiro estava acontecendo lá no Circo Voador. E se toda a cidade estava mobilizada para assistir às rihanas cláudiasleittes da vida, ali na Lapa, um pequeno grupo de fieis assistia a um show histórico, que diga-se de passagem, foi, com louvor, proporcionado por eles mesmos, que num esforço incomum fizeram trazer ao Rio uma atração que estava praticamente descartada para cá (...) 
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2012
O punk e a moda - 2012 marca o lançamento do livro "Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", do irmão e parceiro de blog Daniel Rodrigues, como um dos fatos mais importantes daquele ano no ClyBlog. Um estudo profundo e criterioso sobre a música e a moda caminhando juntas, sem cair na chatice ou na mesmice com uma linguagem fácil e dinâmica. Eu posso até ser suspeito para elogiar por ser irmão, mas acho que o júri do Prêmio Açorianos, que consagrou o livro como melhor ensaio de literatura e humanidades tem isenção o suficiente.

"Anarquia na Passarela - A Influência do Movimento Punk nas Coleções de Moda", de Daniel Rodrigues (Ed. Dublinense, 2012)

(...) O livro é uma caixa de som! Sai música dele. Mas não só isso: dá vontade de usar aquela calça rasgada no joelho, de usar aquele bracelete de couro, uma camisa com dizeres desaforados...
Ele é extremamente bem fundamentado, estudado, repleto de referências, citações, com alto grau e profundidade de pesquisa mas passa longe de ser pedante e cansativo. Ele flui. Flui muitíssimo bem. 
Consegue conjugar um gosto pessoal musical, inequívoco e indesmentível, com muita informação, embasamento teórico e análise detalhada e  numa proporção perfeita e exata de modo a tornar a leitura absolutamente agradável e sempre interessante (...) Leia mais...

Anarquia em Porto Alegre - Noite de autógrafos de Daniel Rodrigues - Pinacoteca Café



2013
Álbuns Fundamentais Especial de 5 anos do ClyBlog - O quinto ano do ClyBlog foi marcado por uma série de comemorações e publicações especiais. Uma delas foi a participação especialíssima do ex-Replicante, Carlos Gerbase, na seção ÁLBUNS FUNDAMENTAIS, falando sobre o cultuado disco de estreia da banda "O Futuro é Vortex". Tinha alguém mais autorizado a falar sobre o assunto?

Os Replicantes - "O Futuro é Vortex" (1986)

A palavra “Vortex” já significou muitas coisas na minha vida. Meu primeiro encontro com ela foi em meados dos anos 70, numa máquina de fliperama, aquelas antigas, de bolinha, imortalizadas no musical “Tommy”.  Os desenhos da máquina eram futuristas, misturando sexo e violência em doses perfeitas para a adolescência.  Na minha interpretação, esses desenhos representavam um planeta distante, cheio de monstros e mulheres maravilhosas. Eu jogava e, mesmo perdendo as cinco bolas rapidamente, curtia o visual (...) Leia mais...






2014
Copa do Mundo Rock - Era ano de Copa e o ClyBlog resolveu fazer a sua Copa do Mundo também. Só que a nossa foi uma Copa do Mundo Rock. Isso mesmo! Música contra música para descobrirmos qual a melhor obra de determinado artista. Em 2014 três bandas tiveram suas competições, The Cure, uma das favoritas dos donos do blog, Legião Urbana, também uma das nossas queridinhas, e, nada mais nada menos que os maiores de todos, os Beatles. "Comentaristas", jurados convidados decidiam os confrontos que eram sorteados e avançavam de fase, afunilando até a grande final. Foram copas com definições diferentes: resultado incontestável, favorito ganhando, decisão apertada... Enfim, um grande barato essa experiência músico-futebolística na qual quem ganhou, mesmo, foi quem acompanhou.

Copa do Mundo Rock

Qual a melhor maneira de escolher a melhor música de uma banda?
No clyblog a gente escolhe no mata-mata.
Vai começar a Copa do Mundo Rock (...)







2015
Tributo a Bukowski - Uma das coisas legais de 2015 foi outro acontecimento literário. Fui selecionado, com um conto, para integrar a coletânea "Big Buka", homenagem a Charles Bukoswki, escritor pelo qual tenho grande admiração, o que tornou ainda mais especial minha inclusão na publicação.

“Big Buka: para Charles Bukowski”, organização: Afobório (Vários Autores) - ed. Os Dez Melhores (2015)

A proposta nasceu ousada: homenagear o norte-americano Charles Bukowski , escritor de forte influência a vários outros, de grande apelo com o público e dono de um estilo muito peculiar, que vai da crueza de mau gosto e a putaria à mais doce beleza sentimental. Um homem que, por detrás da obscenidade e da contundência, era extremamente profundo, poético e comprometido com suas verdades. Assim, a coletânea "Big Buka: para Charles Bukowski" (ed. Os Dez Melhores, 2015), da qual soube do projeto ano passado, encarou o desafio de reunir dez textos que remetessem ao universo de Bukowski tanto em temática quanto em estilo. Para que tal funcionasse, contudo, os contos deveriam ser muito bem selecionados, uma vez que o risco de não corresponder à altura do mestre tornava-se um erro fácil de cometer (...)




2016
Juntos no mesmo livro - Eu já havia sido selecionado para algumas coletâneas de contos, Daniel já tinha seu próprio livro solo, mas em 2016, pela primeira vez integraríamos uma mesma publicação. Por meio de uma seletiva da editora Multifoco, contos nossos vieram a ser escolhidos para a antologia "Conte Uma Canção, vol. 2", que tinha como proposta a ligação do conto com determinada música. Posteriormente, naquele mesmo ano, promovemos um pequeno sarau, na sede da editora, no Rio de Janeiro, onde lemos nossos contos para convidados.

“Conte uma Canção – vol. 2”, organização Frodo Oliveira e Marla Figueiredo (Vários autores) – Ed. Multifoco (2016)

O Clyblog tem o orgulho de anunciar que mais uma vez nós, os editores-chefes deste espaço, Daniel Rodrigues e eu, Cly Reis, temos contos selecionados para publicações coletivas (...) Leia mais...

Já está nos pontos de venda a antologia “Conte uma Canção – vol. 2”, pela editora Multifoco, da qual meu irmão e editor deste blog, Cly Reis, e eu, subedidor, fazemos parte com um conto cada um. O livro teve lançamento no último dia 30, durante a 24ª Bienal do Livro de São Paulo, no Anhembi (...) Leia mais...

A ocasião era oportuna: meses após o lançamento da antologia "Conte Uma Canção - vol.2", da editora Multifoco, na qual participamos meu irmão Cly Reis e eu cada um com um conto, estaríamos juntos no Rio de Janeiro, sede da editora. Então, por que não fazermos um encontro que abordasse isso? Foi o que aconteceu no dia 16 de dezembro. A partir de uma ideia de Leocádia Costa, que nos deu o privilégio de fazer as honras, realizamos um sarau de leitura de ambos os contos no bistrô da própria Multifoco, na Lapa (...) Leia mais...





2017
Museu Nacional -O destaque de 2017 fica por conta da nostalgia, da lástima, da saudade, da falta que faz... Naquele ano eu visitava mais uma vez o Museu Nacional, recentemente devorado pelas chamas do descaso em um trágico incêndio, e o fazia, na ocasião, para o ClyBlog trazia, na ocasião o registro de seu acervo, sua beleza e importância. 

Museu Nacional / UFRJ - Rio de Janeiro / RJ

(...) Desta vez visitamos o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, prédio histórico que serviu à Família Imperial brasileira no séc. XIX, que esteve meio abandonado, meio largado mas que agora, embora não na plenitude de suas condições, apresenta boas condições de visitação e um acervo muito significativo e em bom estado. O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, é voltado à pesquisa científica, histórica e antropológica possuindo um acervo valiosíssimo em todos os seus segmentos. Possui, por exemplo, significativos fósseis de procedências diversas; registros materiais humanos de datas remotas; artefatos e relíquias de civilizações de diversos sítios; múmias de altíssimo valor histórico em ótimo estado de conservação; grande variedade de amostras animais e geológicos; e itens impressionantes como é o caso do meteorito encontrado na Bahia em 1784 exposto orgulhosamente logo na entrada do circuito (...) Leia mais...



2018
ClyBlog 10 anos - O décimo ano do ClyBlog foi comemorado com entusiasmo e durante os 12 meses do ano tivemos atrações em todos nosso segmentos, com diversos e qualificadíssimos convidados especiais em todas as áreas, como, entre outros, o diretor de teatro Cleiton Echeveste falando sobre Andrei Tarkovski, o fotógrafo Wladimyr Ungaretti apresentando-nos suas imagens que estimulam a imaginação, o ex-DeFalla Castor Daudt relatando um fato curioso com um ex-integrante do Joy Division e o músico Lucio Brancatto, inovando e destacando cinco discos de uma vez só num Super-Álbuns Fundamentais. Isso é que é aniversário. Assim vale a pena ficar mais velho.

Especiais de 10 anos no ClyBlog

Não é toda hora que se comemora dez anos, não é? E tratando-se de uma marca tão especial,conforme já adiantamos, 2018 terá uma série de atrações e participações especiais em várias seções do nosso blog. Convidados contarão histórias e desfilarão poesia nas nossas COTIDIANAS; falarão sobre seus discos preferidos e marcantes nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS; sobre grandes obras da literatura no LIDO; clássicos da sétima arte no CLAQUETE; mostrarão sua visão do mundo pelas lentes de suas câmeras na seção CLICK; e suas criações no CLYART; enfim, todos os nossos espaços estarão abertos às valiosas contribuições de nossos talentosos amigos. Então, fiquem ligados porque a partir de fevereiro, a qualquer momento poderá pintar uma das publicações especiais de 10 anos do ClyBlog. Posso garantir que vem coisa muito legal por aí.



2019
"Meia-Noite: Contos da Escuridão" -E 2019 ainda está na metade e já temos coisa boa: assim como em 2016, a pareceria se repete e Daniel e eu integraremos juntos novamente uma antologia de contos. Fomos recentemente selecionados para a coletânea "Meia-Noite: Contos da Escuridão", do selo Fantastic da editora Autografia, e teremos uma história arrepiante de cada um na publicação que será lançada daqui a alguns dias, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Além do aniversário, mais um motivo para comemorar.
Abaixo, matéria publicada no site Literatura RS sobre nossa participação na publicação.


Irmãos integram coletânea de contos de editora carioca
Dois autores gaúchos, os irmãos Daniel Rodrigues e Clayton Reis, foram selecionados para integrar a coletânea de contos de terror Meia-Noite: Contos da Escuridão, publicada pelo selo Fantastic da editora carioca Autografia. Organizada pelo editor Frodo Oliveira, a obra contou com processo seletivo no qual concorreram autores de todo o Brasil. Dentre os contos selecionados, estão Clichês, de Reis, e O Monstro do Armário, de Rodrigues. O livro será lançado em sessão de autógrafos no dia 4 de setembro, às 13h30min, durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no estande da editora (Pavilhão Verde, R32). Na ocasião, ambos os autores estarão presentes. (...) Leia mais...



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