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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Dale, D'Ale!

Não é por ter o meu Inter no coração que me emociono sempre com o texto escrito pelo prof. Luis Augusto Fischer e dito pela voz de Fernandão ao final do documentário “Gigante”, sobre o título Mundial de 2006. Mas, sim, porque faz muito sentido a um colorado apaixonado como eu – e a qualquer ser disponível à sensibilidade. Em resumo, o texto fala da saga do clube através dos personagens que a construíram. Ídolos que surgem de tempos em tempos, como Carlitos, Larry, Minelli, Valdomiro, Figueroa, Ênio, Falcão, Dunga, Taffarel, Gamarra se juntam a ele, Fernandão, e contemporâneos multicampeões (Iarley, Índio, Sóbis, Tinga, Clemer). Todos essenciais para escrever a nossa “senda de vitórias”. Eles são a representação da história, da torcida. São o Sport Club Internacional. Passado e presente.

Um destes personagens essenciais é Andrés D’Alessandro.

É estranho o sentimento de quando um mito sai de cena. É quase uma sensação de morte. Na verdade, é um pouco isso. Quando Fernandão morreu, naquele trágico acidente em 2014, o primeiro sentimento a que meu coração sofrido recorreu foi o de dizer a mim mesmo: “Pelo menos, ainda temos o D’Ale”. Sei que muito colorado pensou o mesmo. Àquelas alturas, o gringo já era um ídolo bicampeão da América, mas o que talvez a minha dor não tenha conseguido captar com a devida quietação daquela hora de perda foi que, justamente, esse é o ciclo da vida. Que abarca também a morte, e que o caminho só existe porque há os atores desta transformação, que seguem-lhe dando continuidade. Presente e passado.

A história escrita jamais se apaga. O que quer dizer, infelizmente, que apenas uma parte disso temos oportunidade de presenciar. Não vi, por óbvio, Larry fazer quatro gols num Gre-Nal de inauguração do Estádio Olímpico, em 1954, nem mesmo meu tio Adãozinho no Rolinho dos anos 50. Não vi a construção do Beira-Rio, edificado tijolo a tijolo pelos próprios torcedores como meu pai nos anos 60. Não vi o octa gaúcho, não vi o supertime de 1979, que ganhava aquele Brasileirão invicto um ano depois de meu nascimento. Não vi o Inter anular Maradona na Juan Gamper de 1982, não vi Geraldão meter três no arquirrival naquele mesmo ano após prometê-los e cumpri-los um a um. 

D’Alessandro, porém, eu vi. Desde a sua primeira partida no Inter, num Gre-Nal de empate com sabor de vitória, em 13 de agosto de 2008, até a última vez que pisou no gramado sagrado do Beira-Rio, a 19 de dezembro deste 2020, mesmo com as atribulações do dia a dia, praticamente não perdi essa trajetória de 12 anos, 13 títulos, 93 gols e mais de 500 jogos pelo Inter, seja assistindo, seja apenas ouvindo. E o fiz tanto no conforto do lar quanto em situações não tão convidativas, como empolados congressos médicos ou cerimônias de formatura. Todos atent os ao evento e eu com meu fonezinho no ouvido quase tendo um treco. 

E D’Ale, imprescindível, estava lá quase invariavelmente. Posso dizer que ele é um dos grandes responsáveis por algumas das maiores alegrias e tristezas da minha vida – e não me refiro somente a títulos ou decisões, mas a qualquer simples rodada de meio ou de fim de semana.

Vão-se, contudo, os gols de encher os olhos. Vão-se as jogadas de habilidade. Vão-se as faltas precisas. Vão-se as aporrinhações no ouvido do juiz. Vão-se as cobranças de escanteio decisivas. Vão-se as arrumações na braçadeira de capitão durante o jogo. Vão-se as previsíveis mas infalíveis "la bobas". Vão-se as assistências geniais. Vão-se as resenhas que irritam os adversários. Vai-se a liderança, o boleiro, o cidadão, o peladeiro, a referência. Presente que se confunde com passado.

A palavra "dale", que a torcida largamente usa ao reverenciá-lo, traduzida quer dizer "continue". E não é bem isso que D'Ale fez com nosso "passado alvirrubro"? O nosso presente diz tudo. Prefiro, no entanto, esquecer a tradução e dizer mesmo em castelhano. Fora a combinação linguística, soa mais como exaltação e menos como um pedido. Disfarça melhor.

A gratidão a D'Ale é igual a agradecer aos ídolos do passado pela história deste Inter que construíram desde os primeiros treinos na Ilhota, passando pela Chácara dos Eucaliptos e chegando ao templo antigo e do novo do Gigante. Eles, como os torcedores, são a mesma coisa. São o Inter. Corre-lhes às veias o mesmo sangue, vermelho como a cor da nossa camisa. Vermelho como o sangue que faz pulsar nosso coração, aquele que bate bem onde está nosso emblema. 

Gratidão, D’Ale. Continuarás para sempre. Se hoje teu presente já é passado, teu passado sempre será presente. E diz tudo.


Teaser do documentário "D'Ale para Sempre"



Daniel Rodrigues

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Luto Vermelho

Porra, Fernandão, como pode? O que se faz com um sentimento desses? Tu, colorado que é, deveria saber o que isso significa perder um ídolo do time. Pois quando isso acontece justamente contigo, o que se faz, hein? Seria natural que fosse o Sr. Larry, ou até mais normal o pessoal da geração dos anos 60 e 70, mas tu?
O que se faz com as lembranças, o sentimento de glória, eterno e inesgotável, das vitórias que tu comandaste? O que se faz com a braçadeira de capitão? Com a camisa 9? Com o grito de “uh, Fernandão”? O que se faz com o gol mil em Gre-Nais? E a bucha de fora da área contra a Inter de Milão na final da Copa Dubai? E o gol de bicicleta contra o Curitiba? E os vários de cabeça, naquelas testadas rasantes com a placa de platina sob a pele? E com as emoções a conta-gotas a cada rodada dos Brasileiros de 2006, 2007, 2008? E o que dizer dos gols de 2005, quando levaste o Inter a “campeão moral”?
Ou, mais ainda, com os gols da campanha da Libertadores de 2006, aquele conta o Nacional, contra o Pumas, ou o da semifinal, chutaço de fora da área contra o Libertad? Mais: os passes para gols, como as escoradas de cabeça para o Michel contra o Maracaibo e para o Gabiru contra o Pumas? Ou, claro, o teu cruzamento para o Tinga contra o São Paulo, no gol que sacramentou o título? E o teu próprio gol dessa histórica final? Da tua agilidade e oportunismo de atacante ao aproveitar aquele rebote? (Dizem os mais místicos que aquela inexplicável bola respingada foi obra de um passe do além de Mahicon Librelato, morto em 2002 também num acidente...)
E tua participação no primeiro gol contra o Al-Ahli, concluído daquele jeito meio torto pelo Pato? E o discurso de arrepiar no vestiário antes do jogo contra o Barcelona? E a predestinação daquela divinamente providencial câimbra, que pôs em campo justo o Gabiru? E com a imagem de tu levantando a taça do Mundial (a mais pesada que temos em nossa galeria de troféus, com certeza)? E depois, na volta de Yokohama, te ver comandando 50 mil colorados em êxtase, e tu, em êxtase junto? O microfone não estava com o presidente, nem com o Abel, nem com mais ninguém: estava contigo! Nunca vi algo como aquilo, e certamente nunca mais verei.
Várias palavras foram ditas para te classificar desde este fatídico 7 de junho de 2014. “Eterno”, “gol”, “líder”, “mito”, “ídolo”. “tristeza”. “9”. “Capitão”. Pois bem: o que fazer com elas agora, Fernandão?
Enfim, deixa pra lá. Não me entenda mal, não estou indignado contigo. É que a vida às vezes nos surpreende de um jeito que a única forma de manifestar é perguntando: “como isso é possível?”. Sei que não cabe a ti responder. Nem a ninguém. Mas quero que saibas que não deves te surpreender como toda essa comoção pela tua morte. Isso, além de sincero, é natural para alguém como tu que fizeste essa idolatria existir. Quero, sim, que fique em paz, a mesma paz que sempre fizeste por onde de tê-la dentro do campo e fora dele. E saibas que sentiremos, sim, falta dos gols, pois bolas de futebol como as que temos aqui só podem ser chutadas ou cabeceadas neste plano. Paciência. Mas fique tranquilo que todos esses lances que mencionei continuam presentes em nós colorados, pois, eternamente, como idiotas apaixonados, vibraremos com a mesma emoção ao revê-los. Está nos nossos ouvidos o som da bola roçando na rede, emitindo aquele “chhhhhuuummmm”. Gol de Fernando Lúcio da Costa!, o cara que só na base do aumentativo para se exprimir a importância que tem.

Esteja onde estiveres, receba essa mensagem como um elogio emocionado. Estás ouvindo, Fernandão? Sei que estás.


sábado, 14 de setembro de 2013

ClyBlog 5+ Craques


É, nós do clyblog também gostamos de futebol!
Siiiim!!! Tanto que volta e meia fazemos alguma referência a algum evento importante do esporte (Copa do mundo, Libertadores, finais de torneios, etc.) ; habitualmente registramos presença nos estádios por onde passamos; muitos dos Causo de Dois Morro são sobre futebol, tirinhas do blog também  fazem referência ao mundo da bola como as do Peymar ou a caríssima contração do time da horta; isso sem falar que, não raro, nas COTIDIANAS costuma aparecer algum conto ou crônica sobre futebol, tanto que uma delas até foi selecionada e publicada numa coletânea homenageando meu time do coração, o Internacional.
E dessa vez o clyblog 5+ é mais ou menos sobre isso: os 5 maiores que já vestiram a  camisa do time do coração de 5 convidados. Sei que no Brasil teríamos pelo menos 12 ou 15 times que valeriam a pena serem destacados, outra dezena que valeriam pela curiosidade, outros tantos pelo inusitado, mas dentro da nossa geografia de amigos, procuramos fazer o mais variado possível, sem sermos óbvios demais, mas de modo que ficasse minimamente interessante. Meus amigos flamenguistas,vascaínos, corintianos, botafoguenses, santistas, atleticanos, e tantos outros vão me perdoar, mas só tinha lugar pra 5 neste especial de 5 anos.
Assim, com vocês, clyblog 5+ craques do seu time do coração:




1 Samir Al Jaber
funcionário público
torcedor do São Paulo Futebol Clube
(São Paulo /SP)

"Fala aí, brother! É bem diferente de fazer lista de discos, né?
Até porque disco é uma coisa que dá pra ouvir e analisar
e tem muito jogador que o que sei é de relatos, leitura e DVD's históricos.
Bom, no fim, minha lista ficou até meio clichê."

Rogério Ceni

1. Rogério Ceni
2. Leônidas da Silva
3. Raí
4. Careca
5. Pedro Rocha



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2 Mateus Bianchim
ator
torcedor da Sociedade Esportiva Palmeiras
(São Paulo/SP)


1. Marcos
2. Evair
3. César Maluco
4. Ademir da Guia
O "Divino" é destaque
na lista do palmeirense
Mateus Bianchim




















5. Obina

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3 Tiago Ritter
jornalista
torcedor do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
(Porto Alegre /RS)


"Vou falar dos que vi e dos poucos que tive boas referências."


Renato

1. Renato Portaluppi
2. Danrlei
3. Dinho
4. Luís Carlos Goiano
5. Aírton 'Pavilhão'




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4 Liliane Reis Freitas
operadora de CFTV
torcedora do Sport Club Internacional
(Sapucaia do Sul /RS)


1. Falcão


2. Fernandão
3. D' Alessandro
4. Figueroa
5. Manga

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5 Carlos Eduardo Jesus Braga
comprador da construção civil
torcedor do Fluminense Football Clube
(Rio de Janeiro /RJ)

"Dos que eu vi jogar, os maiores seriam Assis e Thiago Silva,
mas respeitando a história, a ordem é essa."



1. Castilho
2. Thiago silva
3. Assis
4. Rivelino
5. Telê Santana
A maioria das pessoas só lembra
do Telê técnico mas ele foi também
um dos grandes jogadores
da história do Fluminense


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Internacional - 104 Anos

Até Aqui e Daqui Para Frente

Internacional Campeão Metropolitano de 1913.
Primeiro de muitos títulos ao longo de seus 104 anos


Lembro de ser colorado desde
Desde sempre

Lembro da minha primeira camisa
Lembro do vermelho
Lembro das bandeiras, da torcida

Lembro das vitórias
Lembro das derrotas, é claro
Mas guardo os triunfos em um lugar especial
no coração

Lembro de Carlos Kluwe, de Paulinho Piranha, de Carbone, de Adãozinho
Mesmo sem tê-los visto jogar
Lembro de ter visto jogar Gamarra, Rubem Paz, Geraldão, Celso e Gabiru

Lembro de ter visto gols de pênalti, de falta, de letra, de bicicleta
Lembro de ter visto inúmeras vezes o vídeo do gol de tabelinha do Falcão
E de ver no estádio o gol do Simão

Lembro de não ver o gol da virada do GreNal do século por estar em prantos
Lembro de quase não ver o pênalti do Célio Silva por me abaixar na coréia com medo do que iria ver
E lembro de ver, às gargalhadas, o 5x2 na casa deles

Lembro de ler nos livros que Colombo descobriu a América
Mas lembro mesmo de quando o Colorado a conquistou
Lembro que me disseram que Deus criou o Mundo
Mas o que eu sei mesmo é que foi Fernandão que o trouxe para nós

Lembro de todos os teus 104 anos, Oh, Internacional
(de cada um deles)
Porque eu sempre estive contigo, Inter
Mesmo antes de nascer

Lembro de tudo o que aconteceu até aqui
E Lembro desde agora
De tudo o que virá




Cly Reis

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

De Frente com Davi

Sócio do Internacional como sou, fui agraciado em um sorteio do consulado do Rio de Janeiro com um ingresso para o jogo de ontem à noite contra o Vasco da Gama em São Januário, que felizmente vencemos. Para ir ao jogo, tive, ontem à tarde, que retirar o ingresso no hotel onde a delegação estava hospedada e lá conversando sobre assuntos do clube com a pessoa que me entregaria o ingresso, abordando assuntos sobre a administração do futebol do clube, do vestiário, esta pessoa achou por bem chamar o vice-presidente de futebol que estava ali por perto para sanar algumas dúvidas que eu manifestava quanto ao que vem acontecendo com o time e no tocante à eleição que se aproxima. Assim, tive uma longa e produtiva conversa com o senhor Luciano Davi, o atual homem-forte do futebol do Internacional. Levou-me para uma sala à parte no restaurante do hotel de modo a garantir que o que fosse me falar não vazasse para algum repórter ou alguém mal intencionado, e igualmente me pediu discrição quanto ao que iria revelar, de modo a não expôr o clube em algumas circunstâncias ou influenciar no processo eletivo.
Bom, não sou jornalista e não teria a obrigação de, como se costuma dizer 'embarrigar' a notícia. Poderia muito bem dar aqui alguns furos de reportagem e causar um certo estardalhaço e alvoroço com algumas coisas que o vice de futebol do Inter me falou, mas, não só por ter-lhe dado minha palavra de que aquelas informações não se espalhariam mas também para não deixar o clube excessivamente vulnerável, só vou citar aqui alguns pontos do que falamos que não sejam assim tão comprometedores nem possam causar algum transtorno à atual gestão e ao Internacional como instituição.
Acredito que não esteja traindo sua confiança quando revelo que Luciano Davi me disse que parte técnica do trabalho de Dorival Júnior deixava a desejar e o mesmo fora demitido porque havia perdido completamente o controle do vestiário; que tentaram nomes de peso como Muricy, Tite e Abel para sua vaga e que sendo impossível qualquer um deles optaram por Fernandão por este conhecer bem todo o plantel, estrutura do clube e ter o grupo na mão; que aprovou a atitude de Fernandão no episódio do esporro geral mas que não avalizava o modo como foi feito, na imprensa, em coletiva depois de um jogo; disse ainda que este incidente demorou uma semana para ser absorvido, atenuado e resolvido mas que no fim das contas, numa confraternização interna descontraída onde todos puderam colocar o que estava incomodando ou o que achavam de errado, tudo ficou resolvido e o grupo ficou fortalecido; e ainda a propósito disso, disse-me que não há problemas internos e que Fernandão tem sim o grupo de atletas sob seu comando. Revelou-me ainda que num vestiário difícil por ter jogadores de seleção, de salários altos, etc., faz cobranças constantes pessoalmente, principalmente às 'estrelas', para que dêem retorno a seus investimentos e altos rendimentos; que neste vestiário tem que ser pai, amigo, irmão, psicólogo e sobretudo chefe, dando fortes duras em jogadores que as vezes nós torcedores julgamos que sejam bajulados e mimados. Por fim, enalteceu o trabalho da base elogiando muito o zagueiro Jackson e mostrando grande  expectativa para o crescimento do volante Josimar, saudou as já realidades Fred e Cassiano e nessa linha, disse que é necessário e inevitável uma reformulação do plantel para o ano que vem uma vez que a média de idade do grupo está muito alta (Forlán 33 anos; Guiñazu, 34; Kleber, 32; Índio, 37; e por aí vai).
Enfim..., teve mais coisas mas algumas é melhor deixar que o tempo revele ou que algum jornalista de verdade o faça. Sei que algumas coisas que coloquei aqui já eram de se supor, outras são meio que um chover no molhado mas o que restou da minha pequena entrevista com Luciano Davi foi que vi uma pessoa séria, com muita personalidade e muito mais firmeza do que eu imaginava. Sei que muitas das coisas que me falou são um pouco tendenciosas puxando a brasa pro assado da administração atual de modo a convencer mais um sócio. Sei, sei. Mas o que percebi é que independente da panfletagem que possa ter havido por trás desse papo, a impressão que ficou foi a de um dirigente sério e uma diretoria que pensa grande e não está indiferente aos problemas e questões cruciais do clube. Se sua chapa, a de situação, do atual presidente e candidato Giovanni Luigi, terá meu voto na eleição do final do ano, não sei ainda. A conversa serviu para que eu tivesse subsídios para avaliar melhor e desfazer algumas más impressões do departamento de futebol atual. Mas ainda vou pensar. Vou pensar.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O melhor Inter de todos os tempos

Ainda no clima do Centenário Colorado, e acompanhando uma idéia corrente de se montar o time de todos os tempos, aí vai o meu:
Taffarel, Paulinho, Figueroa, Mauro Galvão e Oreco; Dunga, Falcão e Fernandão (que desloquei para o meio para poder fazer parte do time); Tesourinha, Larry e Carlitos.



em pé: Paulinho, Taffarel, Figueroa, Falcão, Mauro Galvão e Oreco.
agachados: Tesourinha, Dunga, Larry, Fernandão e Carlitos.

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Destes só vi jogar mesmo Taffarel, Falcão, Galvão, Dunga e Fernandão. Taffarel ainda que não tenha conquistado grandes títulos no clube e tenha uma marca negativa em clássicos, foi dos maiores goleiros da história do futebol, constantemente citado por grandes goleiros da atualidade como referência.
Falcão, me contaram que fui ver no Beira-Rio quando era pequeno (o que não lembro), mas recordo mesmo de ver na Roma e na Seleção. Jogador sem comentários, um extra-classe, além disso decisivo nas conquistas dos anos 70 do Inter.
Mesmo com craques da zaga como Gamarra, o lendário Nena, o preciso Campeão do Mundo Fabiano Eller e o atual guerreiro Índio, ainda fico com Mauro Galvão para formar dupla com Figueroa. Preciso no desarme, técnico na saída de bola, Campeão Brasileiro invicto com 17 anos e com uma carreira profissional impecável (que infelizmente passou pelo Grêmio com o mesmo êxito).
Em Dunga voto mais pelo valor dele no futebol brasileiro e mundial. O Capitão do tetra, símbolo de garra e liderança e que no Inter também teve participação fundamental na sua segunda passagem pelo clube com o gol salvador pra evirtar a queda para a segunda divisão. Será eternamente idolatrado.
E Fernandão. Sobre Fernandão o que dizer? Além de todo o aspecto mítico acerca do fato de ter sido o capitão das grandes conquistas, tem o fato de ter sido no clube um jogador envolvido, e decisivo. Goleador de Libertadores com gol em uma final, carrasco em greNal marcando o histórico gol 1000 logo na sua estéia, jogador que não tremia na frente do gol, além de extremamente identificado com o clube e com a cidade. Jogador histórico da nova geração!
Os outros, os que não vi, o que preciso dizer de Figueroa? Que foi um dos melhores zagueiros de todos os tempos segundo a FIFA? Do legendário Paulinho? Do incontestável craque Tesourinha? Posso dizer que alguns afirmam que teria sido melhor que Garrincha. Sobre Oreco? Que foi campeão mundial em 58 e que só foi reserva porque o titular era nada mais nada menos que Nilton Santos, a "Enciclopédia do Futebol". O que dizer do "Cerebral' Larry matador de greNal? Posso dizer que simplesmente ele fez 4 gols no principal rival na inauguração do estádio deles. E sobre Carlitos? Simplesmente o maior goleador da história do clube.
Mesmo não os tendo visto jogar, seus nomes, seus números, suas marcas e suas lendas os justificam.
Infelizmente só posso escalar 11 neste simbólico time principal. Muitos ficam de fora como Tinga, Nena, Valdomiro, Índio, Manga, meu tio Adãozinho, Dadá Maravilha, Sóbis, entre tantos outros. Mas igualmente tem lugar reservado na história alvi-rubra hoje e nos próximos cem anos. E nos próximos cem, e nos próximos, e nos próximos...


Cly Reis

quarta-feira, 1 de abril de 2009

100 anos do Sport Club Internacional


Visitando o site do meu clube do coração, esta semana, encontrei lá destacado um texto do jornalista Mauro Beting homenagenado o clube que completará 100 anos de fundação no próximo sábado.

Na condição de colorado fanático não posso deixar de ficar emocionado com textos como este e de exibí-lo aqui.


INTERNACIONAL, 100



Naquela noite de 1969, nos Eucaliptos, Tesourinha e Carlitos viram as luzes se apagando no estádio. Foram até as goleiras, retiraram as redes do velho campo colorado, e deixaram nuas as traves naquelas trevas. Era a última cerimônica antes da inauguração do Beira-Rio. Onde iniciaria o ciclo vitorioso e virtuoso que começou com um Falcão imperial nos anos 70 e acabou num Gabiru iluminado na noite japonesa e mundial, em 2006.
Ficou tudo escuro nos Eucaliptos no último ato da velha cancha naquele entrevado ano brasileiro de 1969. Em 14 de dezembro de 1975, a tarde de Porto Alegre estava cinza. Até um raio de sol iluminar a grande área onde o ainda maior Figueroa subiu para anotar o gol do primeiro dos três Brasileiros da glória do desporto nacional naqueles anos 70. O maior time do país em uma das nossas melhores décadas. O melhor campeão brasileiro por aproveitamento, no bicampeonato, em 1976. O único campeão invicto nacional, em 1979.
0 Internacional centenário. O clube da família italiana Poppe que deixou São Paulo para fazer a vida em Porto Alegre, em 1909. Tentaram jogar bola no clube alemão – não deixaram. Tentaram jogar tênis, remar, dar tiro – não deixaram. Então, juntaram um time de estudantes e comerciários para fazer um clube que deixasse entrar gente de todas as cores e credos. Dois negros assinaram a ata. O primeiro “colored” da Liga da Canela Preta (Dirceu Alves) atuou pelo clube em 1925, enquanto o rival só foi aceitar um negro em 1952 – justamente o Tesourinha, glória gaudéria nos anos 40, na década do Rolo Compressor que durou 11 anos, e dez títulos estaduais.
Inter que ergueu estádios com o torcedor que vestiu a camisa, arregaçou as mangas, e construiu arquibancadas de cimento armado e amado. Inter que apagou as luzes dos Eucaliptos para acender um gigante no Beira-Rio e ascender aos maiores lugares de pódios brasileiros, sul-americanos e mundiais. Superando potências e preconceitos, fincando a bandeira colorada da terra gaúcha no gramado do outro lado da Terra, vencendo um gaúcho genial como Ronaldinho e um Barcelona invencível aos olhos da bola.
Mas quem ousa duvidar da pelota que peleia? Dizem que o futebol gaúcho só é duro, só é viril. Diz quem não viu o Inter de Minelli, fortaleza técnica, tática e física. O Rolo inovador no preparo atlético e no apetite por gols. O futebol que ganhou o mundo em 2006 marcando como gaúcho, e contra-atacando como o alagoano Gabiru. Campeão com gringos como Figueroa, Villalba, Benítez, Ruben Páz, Gamarra, Guiñazú e D’Alessandro, com forasteiros como Fernandão, Valdomiro, Manga, Falcão, Bodinho, Dario, Larry, Lúcio, Nilmar, Mário Sérgio, gaúchos como Tesourinha, Carlitos, Oreco, Nena, Taffarel, Carpegiani, Chinesinho, Batista, Mauro Galvão, Dunga, Flávio, Paulinho, Claudiomiro, Jair.
Tantos de todos. Nada mais internacional. Poucos como o Internacional centenário. Aquele time de excluídos que, em 100 anos, hoje tem o sétimo maior número de sócios do planeta. São mais de 83 mil que têm mais que uma carteirinha. Eles têm um clube para amar que não depende de documento. Números e nomes não sabem contar o que uma bandeira vermelha pode fazer à sombra de um eucalipto. Uma bandeira vermelha pode ensolarar um estádio apagado, uma tarde cinzenta, e o mundo na terra do Sol Nascente. Aquele que iluminou Figueroa, aquele que inspirou Gabiru, aquele que neste 4 de abril vai nascer mais vermelho.



Mauro Betting