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quinta-feira, 2 de maio de 2019

Dead Kennedy's - "Frankenchrist" (1985)





“No contexto do disco,
está bastante claro que o pôster 
não é só uma brincadeira idiota”
Jello Biafra



É complicado a gente apontar um álbum melhor do que o grande clássico de uma banda porque o disco legendário vai estar, sempre ali fazendo sombra, sussurrando "Eu sou o maior!" e, no fundo, lá  no fundo, não  há  muito como negar. Mas tem aqueles que, se não são tão emblemáticos, representam o sinal definitivo de crescimento e maturidade. É o caso de "Frankenchrist" (1985) em relação  a "Fresh Fruit for Rotting Vegetables" . O álbum de estreia  dos Dead Kennedy's, de 1980, é clássico inconteste, amado e idolatrado de uma ponta à outra do planeta, e não sem razão. É um trabalho visceral no qual a sonoridade reflete perfeitamente o que o grupo pretendia e conseguia transmitir naquele momento. Mas "Frankenchrist", de 1985, é muito melhor tecnicamente. As músicas tem mais estrutura, são mais elaboradas, deixam mais evidente a influência da surf-music californiana que muitas vezes ficava escondida sob a fúria e a velocidade que definiram as músicas dos Kennedy's por quase toda sua existência. Existência  que, aliás,  foi abreviada exatamente em "Frankenchrist" por uma razão, de certa forma, um tanto banal. O encarte do álbum, idealizado pelo artista suíço H.R. Giger, o criador do design do personagem Alien, foi considerado obsceno, a banda processada, e o grupo não abrindo mão da arte, entendendo que a mesma complementava o conjunto artístico proposto no álbum, teve seus discos recolhidos e impedidos de serem comercializados, gerando prejuízos, transtornos e, no fim das contas, um desgaste que custou a vida da banda, depois de uma enorme demora para a definição do processo. 
"Landscape  #XX", mais conhecida como Penis Landscape,
a arte da polêmica. 
"Soup is a good food", que abre o disco, construída sobre um riff ondulante e cheia de alternâncias entre os instrumentos; a também bem estruturada "A growing boys need his lunch", de refrão poderosos e marcante; "Chicken farm", com seu andamento cadenciado e vocal ecoante; e as fantásticas "Goons of Hazard" e "This could be anywhere" de interpretação intensa e dramática de Jello Biafra, só comprovam o crescimento musical da banda e o salto de qualidade naquele momento com composições mais longas, mais elaboradas e com qualidade de produção. Mas faixas como "Hellnation", "Jock-O-Rama" e "MTV Get out the air", apesar da introdução enganosa, garantem a tradicional sonoridade mais rápida e barulhenta e mostram que os Kennedy's podiam até ter agregado mais elementos mas não haviam esquecido do hardcore. Aproximando-se do fim do disco, esquisita e 'pesadona' "At my job" por sua vez, está mais para o dark do que para o punk, e para fechar, os DK acertam perfeitamente no equilíbrio entre o ímpeto punk e a evolução técnica com a boa "Stars and stripes of corruption".
Um disco do tempo em que os Dead Kennedy's encaravam o sistema e brigavam por uma arte mesmo que isso viesse a custar caro, ao contrário do que aconteceu recentemente na divulgação da turnê brasileira, quando remanescentes da banda que seguiram com o nome e lançaram outros trabalhos mesmo depois da saída do líder Jello Biafra, cederam a pressões e, como se não bastasse, num primeiro momento, terem renegado o genial poster idealizado por uma artista brasileiro que havia mobilizado ainda mais os fãs para o evento e causado a ira dos apoiadores do atual governo brasileiro, ainda cancelaram as apresentações em terras brasileiras. Se tem um disco que simboliza de forma bem ilustrativa o oposto do ocorrido neste imbróglio da frustrada turnê brasileira, que simboliza o que é ser verdadeiramente punk e não se dobrar ao sistema, brigar contra censura, sistema jurídico, pressões sociais, falsa moral, conservadorismo e hipocrisia, esse disco é "Frankenschrist". 

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FAIXAS:
  1. "Soup Is Good Food" – 4:18 (Jello Biafra)
  2. "Hellnation" – 2:22 (D.H. Peligro)
  3. "This Could Be Anywhere (This Could Be Everywhere)" – 5:24 (Jello Biafra)
  4. "A Growing Boy Needs His Lunch" – 5:50 (Jello Biafra)
  5. "Chicken Farm" – 5:06 (Jello Biafra)
  6. "Jock-O-Rama (Invasion of the Beef Patrol)" – 4:06 (Jello Biafra)
  7. "Goons of Hazzard" – 4:25 (East Bay Ray, Jello Biafra)
  8. "M.T.V. - Get off the Air" – 3:37 (Jello Biafra)
  9. "At My Job" – 3:41 (East Bay Ray)
  10. "Stars and Stripes of Corruption" – 6:23 (Jello Biafra)

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Ouça:
Dead Kennedy's - Frankenchrist


Cly Reis

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dead Kennedy's - "Fresh Fruit for Rotting Vegetables" (1980)


"Eu quero uma festa com o s Kennedy's,
Eles é que sabem o que é hardcore..."
verso da música "Festa Punk
da banda Os Replicantes



Foi meu primo Luciano, hoje DJ Lúcio Agacê, que me apresentou o som dos Dead Kennedy’s. Ele era na época voltado de forma mais direta para este tipo de som, estava descobrindo coisas e volta e meia me trazia alguma novidade. Tenho que admitir que não foi assim de primeira que saí gostando daquilo. Aquele som acelerado, meio barulhento demais pra mim, sem falar naquela voz aguda, estridente de boneco descontrolado que não me desceu bem logo de cara.
Naquele momento eu estava numas de curtir o som dark, os chamados góticos, mas não tinha cultura musical nem percepção o suficiente notar que tudo o que eu ouvia, de certa forma, provinha do punk dos anos 70, que era exatamente ao que os Kennedy’s davam continuidade na virada da década com seu hardocore politizado e renovado.
Mas a minha resistência não pôde durar muito e logo, mesmo eu ‘darkzinho’ dos anos 80, me rendia ao som dos DK e já tinha gravada minha fitinha K7 do “Fresh Fruit for Rotting Vegetables”, ábum de estreia da banda de 1979. Um clássico do rock! Um clássico do punk-hardocore! Uma pedrada! Um manifesto musical inconcessivo e brutal! Tudo: som, letras, postura, agressividade é incontido, desmedido. Atitude pura! Som com inteligência, sarcasmo, politização e posicionamento. Biafra, ao contrário de muitos artistas que falam, falam, mas não agem, não se restringiu sua atitude apenas ao microfone, ao palco ou aos estúdios e chegou, anos depois, a ser candidato a prefeito de San Francisco, com uma plataforma política um tanto radical mas extremamente coerente com tudo o que apregoava enquanto músico, conseguindo surpreendentemente cerca de 6 mil votos.
Quanto ao álbum, quando a voz singular de Biafra surge anunciando “Kill the Poor”, tem início um dos discos mais expressivos da história do rock, e esta que abre o disco já é uma mostra da ironia fina e inteligente de Biafra, sugerindo que com o extermínio dos desempregados pelo menos teremos mais espaço para brincar. “Let’s Lynch the Lanlord”, é outra fantástica, com sua levada mais cadenciada (boa pra poguear); “Drug Me”, ao contrário, é tão rápida que a voz chega a parecer estar em uma rotação mais acelerada e suas guitarras soam repetitivas e atordoantes no refrão; e “Chemical Warfare” que brinca no final com o “Tema de Lara” do filme Dr. Jivago”, é outra das grandiosas do disco.
Mas o grande clássico dos Kennedy’s, a mais polêmica e provavelmente a melhor do álbum é “California Über Alles”: uma introdução forte de bateria num ritmo tribal desemboca numa base de guitarra bem flamenca com claras influências de surf-music dos anos 60, o que servirá de lastro para Biafra despejar sua irônica e genial letra, interpretada na pessoa do então governador da Califórnia Jerry Brown revelando-se fascista, nazista, assassino, etc., com o ritmo subindo num crescendo ao longo da música até tomar uma sonoridade mais pesada e acelerada num final extático e arrebatador. "Eu sou o governador Jerry Brown/ Minha aura sorri e nunca faz caretas/ Logo eu serei presidente". A canção gerou alvoroços, desconfortos, restrições mas no fim das contas só serviu para consolidar a condição dos Kennedy’s como uma das bandas mais provocativas e de Biafra como um dos mais cabeças e engajados artistas da cena musical.
O discaço ainda traz as ótimas “Holiday in Cambodia”, igualmente forte, intensa e pesada; e encerra com a irônica, “Viva Las Vegas”, um hardcore agitado com jeito de rodeio.
Um verdadeiro barril de pólvora. Um coquetel-molotov em forma de disco. Conteúdo perigoso e inflamável. E é inevitável; é só colocar pra tocar que pega fogo.
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FAIXAS:
1. "Kill the Poor" – 3:07 (East Bay Ray, Jello Biafra)
2. "Forward to Death" – 1:23 (6025)
3. "When Ya Get Drafted" – 1:23
4. "Let's Lynch the Landlord" – 2:13
5. "Drug Me" – 1:56
6. "Your Emotions" – 1:20 (East Bay Ray)
7. "Chemical Warfare" – 2:58
8. "California Über Alles" – 3:03 (Jello Biafra, John Greenway)
9. "I Kill Children" – 2:04
10. "Stealing Peoples' Mail" – 1:34
11. "Funland at the Beach" – 1:49
12. "Ill in the Head" – 2:46 (6025, Jello Biafra)
13. "Holiday in Cambodia" – 4:37 (Jello Biafra, John Greenway)
14. "Viva Las Vegas" – 2:42 (Doc Pomus, Mort Shuman)

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Ouça;
Dead Kennedy's Fresh Fruit For Rotting Vegetables

Cly Reis

sábado, 27 de abril de 2019

Dead Kennedy's no Brasil - A decepção




O oportuníssimo trabalho do artista Criatiano Suarez
renegado pelo que sobrou do Dead Kenned's.
Ia ao show dos Dead Kennedy's, aqui no Rio. Já havia até comprado ingresso antes de toda a polêmica envolvendo o poster criado pelo ilustrador brasileiro Cristiano Suarez, que fora desautorizado pela banda sob a alegação de que eles, os Dead Kennedy's, não estariam a par da situação política do Brasil e por isso não endossavam o conteúdo gráfico ali apresentado, fazendo questão de desvincular o material da promoção das apresentações do grupo que aconteceriam no país. Se já havia ficado com um certo desapontamento pelo fato de uma banda que sempre se pautara por posicionamentos políticos firmes e inarredáveis em relação a fascismo, extremismos de direita, regimes ditatoriais, etc., ter ficado toda melindrada com uma arte que nada mais refletia que a realidade nas terras em que eles colocariam os pés, a decepção ficou completa com o cancelamento da turnê pelo país. Se um artista, que se auto-intitula, punk, com uma obra notoriamente combativa e contestatória, sai em turnê e não conhece o regime sob o qual o país visitado está sendo governado ou a situação político-social atual do lugar onde vai se apresentar, tem alguma coisa muito estranha aí. Numa dessas o artista em questão vai cair numa ditadura genocida e não sabe o que está acontecendo lá. Vai? Vai dar num país qualquer onde seu repertório tenha que ser submetido a autoridades, onde talvez sejam "escoltados" por soldados antes e durante uma apresentação, onde sejam impedidos de se manifestar livremente ou tocar em algum assunto interno delicado...Aham? Não existe isso de não conhecer a situação política do lugar para onde está indo! Não uma banda com essa procedência e histórico político. Se fosse uma boy-band alienada qualquer a gente entenderia mas, não! São os Dead Kennedy's. Os Kennedy' de "Holidays in Cambodia", de "Kill the Poor", de "Nazi Punks Fuck Off", "de "This Could Be Anywhere"... Bem, não exatamente, não é? Afinal de contas é Dead Kennedy's sem Jello Biafra e isso faz toda a diferença. E situações como essa deixam isso bem claro.
E depois esse papo de temer pela integridade dos fãs, dos espectadores... Ah, vá! Desculpa esfarrapada para uma das maiores amareladas do mundo artístico e possivelmente a maior do universo punk que, ao contrário dessa atitude covarde, caracteriza-se exatamente pela coragem e pelo embate.
Até ia lá... Ia ver o tal do show. Mesmo com todo o lance do poster, valia pela energia, valia pelos Garotos Podres que abririam a noite e valeria pelo repertório de verdadeiros hinos punk, ainda que, ao que parece, atualmente, signifiquem muito mais para os fãs do que para o que sobrou dos Dead Kennedy's.
Lamentável...
Não desfaz em nada nem desvaloriza a obra e o engajamento que os Dead Kennedy's, liderados por Biafra, construíram com coragem e credibilidade, mas só comprova que esses que estão aí, fazendo uma graninha em cima de uma entidade e uma ideia construídas com muita atitude ao longo de anos, inclusive por eles, não estão mais à altura de ostentar o nome que carregam.



Cly Reis

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Música da Cabeça - Programa #197

 

Se até aquelas trogloditas invadem o Capitólio, demo-nos o direito de invadir também, né? Mas, claro, invasão de muita música! O MDC de hoje terá Madonna, George Harrison, Edu Lobo, Erasmo Carlos, Jello Biafra e muito mais. Tem ainda "Sete-List" trazendo os mestres e seus súditos. O programa 197 vai ser assim: na santa paz, sem violência e nem golpe, às 21h, na Rádio Elétrica, nossa casa democrática. Produção, apresentação e 25ª Emenda: Daniel Rodrigues. @ForaBolsonaro e, agora, @ForaTrump


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Body Count - "Body Count" (1992)


"A próxima canção é dedicada a alguns
amigos pessoais meus:
A L.A.P.D.
[Departamento de Polícia de Los Angeles]
A cada policial que já tenha tirado
vantagem de algum deles,
batido ou ferido
por terem cabelos compridos,
por ouvirem o tipo errado de música,
ou por terem a cor errada,
ainda que achassem que fosse motivo para fazê-lo,
Para cada um desses policiais de merda,
Eu gostaria de ter um destes porcos aqui neste estacionamento,
e dar um tiro na porra da cara dele."
"Out of Parking Lot",
introduçao de "Cop Killer"

Motivado em parte pelo incidente ocorrido com o taxista negro Rodney King*, espancado brutalmente por policiais em março de 1991, que acabaram originando os conflitos generalizados em Los Angeles em abril de '92 em virtude da absolvição dos envolvidos, o rapper Ice-T abandonava momentaneamente seu segmento habitual para se dedicar a um projeto musical envolvendo suas outras predileções como o metal, o punk-rock, o hardcore e outros gêneros mais viscerais. O resultado dessa aventura de um rapper/ator é um dos discos mais pesados, agressivos, violentos e destruidores que o rock já viu. Em "Body Count", disco de estreia que leva o mesmo nome de sua banda, Ice-T mira direto na discriminação racial, no abuso policial, nas drogas, na pobreza e sai varrendo tudo a tiros como se fosse uma poderosa metralhadora.
Ice-T é forte, é incisivo é agressivo a cada frase, a cada verso, e quando fala de preconceito racial, ao contrário de grupos como o Public Enemy que só olhava para a discriminação contra o negro, curiosamente trata de chamar a atenção para o racismo inverso também, como na sinistra "Momma's Gotta Die Tonight" na qual uma mãe se opõe a uma relação do filho negro com uma branca e tem um fim assustador.
Sinistra também é a sombria "Voodoo" sobre uma velha feiticeira de New Orleans; bem como a pervertida "Evil Dick" com sua letra sobre um 'pau demoníaco' que se apodera do seu dono, num metal cadenciado com um trecho mais rápido de bataria no qual Ice-T acompanha no vocal simulando uma trepada enlolouquecida. Já "The Winner Loses", a mais leve (sonoramente) do disco trata sobre a tristeza de jovens se perdendo nas drogas, num metal melódico muito bem construído e com uma performance show de bola do ótimo guitarrista de Ernie C.
Mas no geral, a pancadaria predomina e o tema do racismo quase sempre está presente: "KKK Bitch" por exemplo, como se não bastasse sua porradaria sonora que come solta, despertou a ira dos lares americanos, sobremaneira de brancos conservadores e direitistas enrustidos por sua letra extremamente agressiva, explícita e pesada ( "... conheci essa garota branca com um belo rabo, cabelo louro, olhos azuis, seios e coxas grandes (...) Ela fez selvagem comigo no banheiro nos camarins, chupou meu pau como a porra de um vácuo e disse: "Eu te amo, mas meu pai não curte, ele é um filha-da-puta de um graúdo da KKK"). "There Goes the Neighborhood" com seu riff poderoso é outra que aborda o tema de diferenças raciais questionando o por quê de um negro não poder ter uma banda de rock, numa esposta irônica às críticas ao fato dele, Ice-T, oriundo do rap, estar atacando em outro segmento; a aceleradíssima a violenta "Bowels of the Devil" não trata diretamente sobre o assunto mas relata a vida de um negro na penitenciária; e "Body Count Anthem", esta por sua vez quase sem letra (só repete as palavras Body Count e as iniciais BC), é outra pedrada sonora com as guitarras altas e estridentes soando como se fossem um alarme.
Praticamente todas as faixas são entremeadas por pequenas vinhetas que assim como as músicas, igualmente não poupam nada nem ninguém de agressividade e contundência. Numa destas pequenas faixas Ice-T dá estatísticas da comparação do número de negros na prisão com os que estão na faculdade; noutra delas ridiculariza a apresentadora de TV Oprah Winfrey; noutra coloca que o verdadeiro problema das letras de música pop, segundo ele, seria o medo de que as garotas brancas se apaixonem por rapazes negros; ou ainda como na faixa de abertura simula um diálogo entre um homem que pede ajuda a um policial e acaba levando chumbo, introduzindo então para a excelente e pesadíssima "Body Count's in the House" com seus ruídos de sirenes, tiros e perseguições de automóveis.
Mas o ápice do ódio anti-policial de Ice-T aparece mesmo em "Cop Killer", um petardo matador no qual o artista encarna na letra um matador justiceiro especialista em aniquilar homens da lei. A canção é um hardcore rápido com vocal furioso e rajadas de metralhadora substituindo os rolos de bateria a cada entrada do impiedoso refrão, "Cop killer, better you than me /Cop killer, fuck police brutality! /Cop killer, I know your family's grievin' ... fuck 'em! /Cop killer, but tonight we get even" ("Matador de tiras, antes você que eu/ Matador de tiras, foda-se a brutalidade policial! /Matador de tiras, eu sei que do luto da tua família... foda-se eles! /Matador de tiras, esta noite vamos acertar as contas").
A canção caiu como uma bomba nos Estados Unidos e provocou gritaria de todo lado. A polêmica foi tanta que a música que fazia parte da primeira versão do disco, acabou sendo retirada das prensagens posteriores do álbum por opção do próprio  Ice-T mesmo apoiado pela gravadora  para mantê-la se assim quisesse. O resultado de tanta celeuma foi que a música abou virando uma espécie de canção cult que todo mundo conhece, poucos tem em versão original e muitos procuram baixar para de alguma forma ter o tal objeto de tamanha ira na sociedade americana.
Nas edições seguintes do álbum, inclusive na brasileira, que já veio sem "Cop Killer", a banda substituiu a faixa proibida por outra também bem interessante chamada "Freedom of Speech" um rap com sampler de "Foxy Lady" de Jimmi Hendrix e participação especialíssima de Jello Biafra dos Dead Kennedy's.
"Body Count" é um dos discos mais porrada que eu conheço. Uma bomab da primeira à última. disco de tirar o fôlego. É porrada em sonoridade, porrada em letra, porrada em atitude, em contundência, em objetivo e em resultado. Um verdadeiro soco no estômago da família americana, um chute no saco dos racistas, um cuspe no meio da cara das autoridades e uma poderosa e barulhenta saraivada de balas na polícia de Los Angeles. Um os grandes discos dos anos 90 e por certo, pelo 'estrago' que fez, pela barulheira que causou, e mesmo pelas próprias qualidades musicais principalmente, um daqueles álbuns que podem ser considerados fundamentais na história do rock.

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Confrontos de Los Angeles em maio de 1992


FAIXAS:
  1. "Smoked Pork" — 0:46 (Ice-T)
  2. "Body Count's in the House" — 3:24 (Ice-T/Ernie C)
  3. "Now Sports" — 0:04 (Ice-T)
  4. "Body Count" — 5:17 (Ice-T/Ernie C)
  5. "A Statistic" — 0:06 (Ice-T)
  6. "Bowels of the Devil" — 3:43 (Ice-T/Ernie C)
  7. "The Real Problem" — 0:11 (Ice-T)
  8. "KKK Bitch" — 2:52 (Ice-T/Ernie C)
  9. "C Note" — 1:35 (Ernie C)
  10. "Voodoo" — 5:00 (Ice-T/Ernie C)
  11. "The Winner Loses" — 6:32 (Ernie C)
  12. "There Goes the Neighborhood" — 5:50 (Ice-T/Ernie C)
  13. "Oprah" — 0:06 (Ice-T)
  14. "Evil Dick" — 3:58 (Ice-T/Ernie C)
  15. "Body Count Anthem" — 2:46 (Ice-T/Ernie C)
  16. "Momma's Gotta Die Tonight" — 6:10 (Ice-T/Ernie C)
  17. "Out in the Parking Lot" — 0:30 (Ice-T)
  18. "Cop Killer" - 4:09 (Ice-T, Ernie C)
* "Freedom of  Speech" - 4:41 (Ice-T , Biafra, Hendrix)  - faixa que susbstituiu "Cop Killler" a partir da segunda tiragem


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Ouça:
Body Count Body Count (1992)





*Rodney King é um taxista negro que foi violentamente espancado pela polícia de Los Angeles que o havia detido sob a acusação de dirigir em alta velocidade na noite de 3 de março de 1991. O julgamento e absolvição dos agentes policiais envolvidos provocou os violentos tumultos de Los Angeles de 1992. A cena do espancamento, registrada em vídeo por uma testemunha, correu o mundo e causou indignação geral. A absolvição dos policiais, em 29 de abril de 1992, por um juri formado por dez brancos, um negro e um asiático, provocou uma das maiores ondas de violência da história da Califórnia. Foram três dias de confrontos, incêndios, saques, depredações e uma onda de crimes que causaram 58 mortes, deixaram mais de 2800 feridos, destruíram 3.100 estabelecimentos comerciais e causaram prejuízos estimados em mais de 1 bilhão de dólares. Mais tarde, após os distúrbios, em 17 de abril de 1993 por volta das 7 horas da manhã, num novo julgamento, foi tomada a decisão de condenação de dois agentes dos distúrbios de Los Angeles, e a absolvição de outros dois.
fonte: Wikipedia