- "Blitzkrieg Bop" - 2:14 (Tommy Ramone, Dee Dee Ramone)
- "Beat On The Brat" - 2:31 (Joey Ramone)
- "Judy Is A Punk" - 1:32 (Joey Ramone, Dee Dee Ramone)
- "I Wanna Be Your Boyfriend" - 2:24 (Tommy Ramone)
- "Chain Saw" - 1:56 (Joey Ramone)
- "Now I Wanna Sniff Some Glue" - 1:35 (Dee Dee Ramone)
- "I Don't Wanna Go Down To The Basement" - 2:38 (Dee Dee Ramone, Johnny Ramone)
- "Loudmouth" - 2:14 (Dee Dee Ramone, Johnny Ramone)
- "Havana Affair" - 1:56 (Dee Dee Ramone, Johnny Ramone)
- "Listen To My Heart" - 1:58 (Ramones)
- "53rd & 3rd" - 2:21 (Dee Dee Ramone)
- "Let's Dance" - 1:51 (Jim Lee)
- "I Don't Wanna Walk Around With You" - 1:42 (Dee Dee Ramone)
- "Today Your Love, Tomorrow The World" - 2:12 (Ramones)
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Ramones - "Ramones" (1976)
domingo, 26 de outubro de 2025
"Se Eu Fosse Minha Mãe", de Gary Nelson (1976) vs. "Sexta-Feira Muito Louca", de Mark Waters (2003)
No nosso duelo cinefutebolístico da vez, pegamos dois filmes em que, exatamente, uma personagem não tem a exata noção das dificuldades da outra e acaba precisando viver na pele os problemas do outro lado para perceber que perrengues não são exclusividade sua.
"Se eu Fosse Minha Mãe" e "Sexta-Feira Muito Louca" têm basicamente a mesma história. Mãe e filha, intolerantes às questões da outra, depois de uma discussão (mais uma!!!) acabam por um incidente metafísico trocando de lugar, mudando de corpo. A mãe no corpo da filha e a filha no corpo da mãe, mas com a mesma cabeça, os mesmos conceitos, os mesmos pensamentos e preocupações. Em nome de manter as aparências e tentar deixar as coisas sob controle até que, de alguma forma, tudo volte ao normal, elas concordam em assumir seus papéis durante aquele dia e cumprir as tarefas uma da outra. Aí é passar um dia encarando os desafios cotidianos do outro lado tão subestimados por cada uma delas.
No original de 1976, a mãe, Ellen, vivida por Barbara Harris, é meramente uma dona de casa e suas particularidades basicamente se limitam à rotina do lar, como preparar a comida, lavar a roupa, cuidar do marido, solicitar manutenções, etc., retrato da época e do padrão desejado para uma mulher na sociedade dos anos 70. O universo da filha Annabelle, vivida por uma jovem Jodie Foster ainda em seus tenros 14 anos, além da escola, do convívio das amigas, inclui atividades esportivas nas quais, por sinal, ela se destaca, como hóquei e esqui aquático, o que representará dificuldades adicionais a quem assuma sua identidade.
Não precisaria nem dizer que a filha, no corpo da mãe, em casa tendo que atender o fogão, máquina de lavar, serviços de entrega, relações sociais e tudo mais, fica perdidinha e só toma decisões erradas. E a mãe, na escola, no corpo da filha, além de perceber que o universo escolar é mais complexo do que imaginava, nas atividades extraescolares não terá a menor destreza com tacos de hóquei, esquis e coisas do tipo.
Na refilmagem de 2003, a atualização é preciosa e rende muitos ganhos à nova versão. Tess, a mãe, interpretada por Jamie Lee Curtis, é uma mulher independente, de sucesso, trabalha fora, é viúva mas tenta dar uma nova chance à sua vida com um novo parceiro que, por sinal, é muito mal recebido pela filha adolescente Anna, ainda muito sentida pela perda recente do pai. Anna tem preguiça pra acordar pra ir pra escola, briga com o endiabrado irmãozinho menor, não é má aluna mas tem suas dificuldades na escola, seja com outras meninas, seja com professores implicantes. Tem uma quedinha por um gatinho da escola, tem personalidade forte, discute com a mãe por quase tudo e tem uma banda de rock que além de seu lazer, seu prazer, é quase seu escape para todo os estresses do dia a dia. O problema é que a mami não vê bem assim. Acha que é só uma barulheira, é só mania, brincadeira de adolescente, que não tem importância alguma e no dia que pode ser o mais importante para o futuro musical da filha, ela quer pôr seu interesse à frente obrigando a garota a ir em sua festa do noivado com o futuro padrasto. Aí não, né! É claro que vai dar treta! Tá certo que Anna tem que entender que a mãe precisa de uma nova chance na vida, passado o luto, e que aquele é um momento especial, mas Tess também podia ter um pouquinho de noção que uma batalha de bandas, uma chance de mostrar seu talento, exibir aquilo que você curte e faz bem, de se autoafirmar como pessoa, é algo que não se pode deixar passar.
Só esse recorte já demonstra o quanto "Sexta-Feira Muito Louca" é mais bem estruturado, mais bem costurado, bem construído, ao passo que o outro tem questões pontuais, dilemas mais isolados e o problema final que é o de Ellen no corpo da filha tendo que participar de uma demonstração de esqui, enquanto Annabelle no corpo da mãe, com uma licença de adulto mas sem nenhuma prática na direção, tem que dirigir até o local do evento aquático para impedir que algo de pior aconteça à filha..., digo à mãe..., a mãe que na verdade é filha... Ah, sei lá! Até já me confundi.
Fato é que o remake é muito superior. A própria troca de papéis tem uma "lógica" mais justificável na segunda versão, com os biscoitos da sorte no restaurante chinês, do que no primeiro filme quando se dá simplesmente durante mais uma discussão na qual ambas acabam falando ao mesmo tempo. Sem falar na rotina escolar de Anna, no cotidiano mais complexo da mãe, na relação mais engraçada da garota com o irmão, a situação do namoradinho que se encanta com a mulher mais velha, que no primeiro é meramente um bocó da vizinhança enquanto na refilmagem é um gatão de moto e que tem participação relevante em um elemento importante da trama. Ou seja, "Sexta-Feira Muito Louca" tem tudo para passar por cima de "Se Eu Fosse Minha Mãe".
Mas futebol e cinema se decide dentro das quatro linhas e, apesar das aparências, o filme de 1976 não é nenhuma galinha-morta. Dois times com boas duplas de ataque! De um lado, "Se eu fosse minha mãe" tem a belíssima Barbara Harris num papel até bem competente dadas as limitações do personagem, e a jovem Jodie Foster que viria a ter dois prêmios The Best FIFA na estante (ou seja, dois Oscar da Academia) mas que até aquele instante era apenas mais uma boa promessa do sub-15. Mas se não era possível prever que no futuro aquela adolescente sardentinha seria uma oscarizada, quem apostaria que um dia a final-girl de Halloween, Jamie Lee Curtis também teria um Oscar pra chamar de seu? Pois é, alguns anos depois, uma das primeiras rainhas do grito, também viria a levar seu 'premio FIFA' por "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo". Ou seja, se o negócio é prêmio grande, TEMOS. E pros dois lados.
Já a mãe da versão original e a filha da versão nova, nunca chegaram a ter essa projeção toda, embora Harris tenha recebido uma indicação ao Oscar e Lindsay Lohan tenha sido um ícone de sua geração especialmente nas comédias juvenis. O problema com LL é que foi tipo aquele jogador porra-louca que teve bom desempenho em duas ou três temporadas depois de subir pro profissional mas estragou tudo e jogou a carreira fora.
Mas, pasmem, aqui, no estágio da carreira de cada uma, a Lindsay 'Lôca', supera a bi-oscarizada Jodie Foster. O retrato de adolescente, as particularidades da sua época, as atualizações do roteiro, a parte musical, favorecem enormemente a maluquete dos anos 2000 e ela desequilibra a favor do seu time.
"Se Eu Fosse Minha Mãe" - Abertura
Apesar de tudo indicar uma vitória fácil do remake, para surpresa geral, o original é quem abre o placar nos primeiros segundos de jogo. A abertura em animação, graciosa e cativante é um diferencial do time de 1976. Muito bonitinha! Gol relâmpago! SEFMM 1x0.
Mas parece que era tudo que o time setentista tinha para dar. A dinâmica do remake, os contextos familiar e escolar, a atualização do olhar sobre a mulher, a introdução do elemento do padrasto, a existência da banda, tudo isso representa um ganho considerável para o novo filme. Jogada coletiva, toca daqui toca de lá e SFML empata rapidamente. 1x1.
Numa tabelinha espetacular de Jamie Lee Curtis com Lindsey Lohan, SFML faz o segundo. As situações em que elas contracenam logo após a troca, quando compreendem que mudaram de corpo e teriam que encarar pelo menos um dia daquele jeito, são de se mijar de rir. Cada uma pegando as falas, as manias, os trejeitos da outra é algo absolutamente hilário! Experiência aliada à juventude e SFML vira o jogo: 1x2.
Por falar em experiência e juventude, a cena em que o crush de Anna, Jake, um rapaz da escola que ajuda na detenção, dá carona de moto para a mãe, achando que está caidinho por ela (mas é pela filha), além de saborosa e engraçada, é embalada por uma versão matadora de Joey Ramone para o clássico "What a Wonderfull World". Aí não tem como, né? É gol do time de 2003. 1x3 no placar.
A relação com o irmão menor é mais engraçada na segunda versão mas não faz tanta diferença para representar um gol; a origem da "maldição", com o restaurante chinês, o biscoito da sorte e tudo mais é apenas mais bem resolvida na refilmagem que o do original, mas não chega a ser nada genial e não representa, um diferencial considerável. O que faz a diferença, sim, é a sequência final que, enquanto no primeiro filme se resume a uma desastrada demonstração de esqui aquático e uma perseguição automobilística totalmente pastelão, na nova versão tem o clímax dividido entre a festa de noivado da mãe e a batalha de bandas da filha, colocando frente a frente os interesses de cada uma e a capacidade de compreender a necessidade da outra. A sequência toda culmina em nada menos do que um show de rock com um solo de guitarra de Anna, no corpo da mãe Tess, salvando a própria pele, uma vez que a quem está ali no palco, pelo menos em corpo, é ela mesmo. Literalmente..., show!1x4.
Num jogo realizado numa sexta-feira e em que tudo parecia fora do lugar - o volante jogando de ponta esquerda, o zagueiro de centroavante, o lateral na meia - "Sexta-Feira Muito Louca" mostra mais qualidades, mais variações de jogo, troca de posições, e atropela seu original dos anos '70. Se eu fosse a Jodie Foster, eu chamava minha mãe porque a surra foi feia.
A defesa do time de 1976 foi uma mãe e
facilitou a vitória do time de 2003.
por Cly Reis
terça-feira, 3 de maio de 2016
The Modern Lovers – “The Modern Lovers” (1976)
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| A capa original de 1976, só com o logo da banda e a da reedição em CD, de 1989. |
terça-feira, 2 de maio de 2017
Talking Heads – “77” (1977)
O ano de 1977 pode ser considerado o do nascimento oficial do punk-rock. As duas principais bandas da cena, Sex Pistols e The Clash, lançavam seus primeiros discos naquele ano, empestando o ar do Velho Mundo com o mau cheiro de um som cheio de fúria e crítica junto com Buzzcocks, Damned, Wire, The Stranglers e outros. Do outro lado do mundo, “Rocket to Russia”, do Ramones, tornava-se um clássico imediatamente que chegava às lojas; a dupla do Suicide trocava guitarras por teclados, forjando um som tão sujo quanto o de qualquer grupo de formação tradicional; “Marquee Moon”, do Television, espantava público e crítica pela inventividade de Paul Verlaine e Cia.; e Richard Hell, com “Blank Generation”, carimbava seu documento definitivo na história do rock. Decididamente, o espírito do “faça você mesmo”, surgido no underground norte-americano desde a segunda metade dos anos 60 – através da música, da moda, da arte gráfica, entre outros –, chegava, enfim, ao grande público. Sem mais Baetles, Rolling Stones ou Elvis Presley: a vez era do punk.
Porém, a contestação ao establishment, elemento chave da cultura punk, era nutrido de múltiplas interferências. Tanto que não era preciso necessariamente andar esfarrapado como Joey Ramone, arranjar confusão como os arruaceiros dos Dead Boys ou ser um junkie declarado como Syd Vicious. Havia aqueles que comungavam das mesmas ideias transgressivas, mas à sua maneira: sem briga, sem drogas e, universitários que eram, vestindo a roupa que seus pais lhe enviavam de presente no Natal. Com cara de bons moços, os Talking Heads contribuíam sobremaneira para a cena mandando ver, isso sim, no som.
Foi no hoje mítico bar CBGB, em Nova York, que David Byrne (voz, guitarra), Chris Frantz (bateria), Tina Weymouth (baixo) e Jerry Harrison (guitarra e teclado) trouxeram a gênese do som que conquistaria o mundo pop por mais de uma década. Este rico embrião está num dos discos mais marcantes do ano de 1977, cuja história, hoje, transcorridos 40 anos, mostra não ser coincidência chamar-se justamente “77”. O debut da banda une a crueza da sonoridade punk a um estilo muito peculiar das composições, cujos elementos melódicos e harmônicos já apontavam claramente para referências além da combinação de três acordes do punk. Byrne, líder e principal compositor, já denotava preferências por harmonias fora do tempo, variações bruscas no compasso, a incursão de ritmos latinos e exóticos, a desaceleração em comparação ao ritmo frenético do tipo “hey, ho, let’s go!” e, claro, seu inigualável vocal, de timbre bonito e considerável alcance mas não raro propositalmente rasgado ou picotado. Resultado dessa química esquisita é um disco que abre portas para aquilo que viria na esteira do punk, a new wave.
Produzido por Lance Quinn e Tony Bongiovi – este último, responsável por dar corpo a outro marco do punk naquele mesmo ano, o já mencionado “Rocket to Russia” –, “77” traz uma sonoridade potente e muito bem equalizada, dando destaque a todos os instrumentos, que soam com vivacidade. "Uh-Oh, Love Comes to Town" abre mostrando que, além disso, eles não eram convencionais de fato na composição. Nada de batida acelerada e guitarras arrotando distorção. Os Heads dão seus primeiros acordes num funk estilo “I Want You Back“, dos Jackson Five, porém com as guitarras sujando o espaço sonoro e a voz de Byrne funcionando quase como um arremedo yuppie à do pequeno Michael Jackson.
Uma das joias do disco, “New Feeling”, por sua vez, já começa a apresentar a faceta atonal de Byrne e sua turma. As duas guitarras cumprem, cada uma num tempo, duas linhas melódicas diferentes. Isso fora o ritmo quebrado, que dá a sensação de desequilíbrio e descompasso que tanto explorariam em discos como “Fear of Music” (“Paper”, “Mind”), de 1979, ou “Speaking in Tongues” (“Swamp”), de 1983. A paródia militar "Tentative Decisions" – cuja ideia se verá noutras canções do grupo mais adiante, como “Thank You for Sending Me an Angel” e “Road to Nowhere” – abre caminho para uma canção mais linear, “Happy Day”, balada quase pueril que traz outras peculiaridades da banda, que são o refrão criativo – um dos motivos dos Heads se tornarem empilhadores de hits – e a guitarra “percutida”, em que as cordas são raspadas, friccionadas, extraindo do instrumento um som exótico, africanizado, diferente do tradicional.
“Who Is It?” retraz o funk, agora mais desengonçado (ou seria “com atitude punk”?) do que nunca. É muito interessante ver como Byrne desmembra os ritmos da raiz da música pop para, logo em seguida, reescrevê-lo à sua maneira. A faixa antecede uma das melhores do álbum e das principais sementes plantadas pelos Heads em termos de musicalidade: “No Compassion”. A exemplo de outros temas que a banda viria a escrever, como “Warning Sing” (1978) e “Give Me Back My Name" (1985), esta carrega uma atmosfera densa e que a faz naturalmente soar como um clássico desde que se ouvem os primeiros acordes. A batida forte e cadenciada de Frantz; o baixo de Tina impondo-se; a primeira guitarra de Harrison executando uma base dividida em dois tempos; a guitarra solo desenhando um riff sinuoso. A sonoridade é tão bem produzida que servirá de matriz para o que desenvolveriam junto a Brian Eno em “More Songs About Buildings and Food”, no ano seguinte. Além disso, é das poucas que tem momentos de punk-rock pogueado, mostrando que o Talking Heads estava, sim, muito próximo de seus companheiros de CBGB.
O segundo lado do formato vinil começa ainda melhor que o primeiro com "The Book I Read". A guitarra “percutida”, como um cavaquinho ou algo parecido, anuncia um riff um tanto dissonante. Mas o que se apresenta quando a banda e o vocal entram juntos é um belíssimo pop-rock em que Byrne dá um show de vocal – ao menos, a seu estilo, que vai do melódico ao rascante. Destaque especial para o baixo da competente Tina, que além da base muito bem executada é quem faz o “solo” num acorde de quadro notas junto com o cantarolar (“Na na na na”) de Byrne. Diz-se “solo” entre aspas pois, afinal, eles são uma banda punk, sem a habilidade dos dinossauros do rock de então, mas que sabiam resolver ideias com muita criatividade – o que, convenhamos, é até melhor em muitos casos.
Mais um exemplo típico da musicalidade diferenciada de Byrne é “Don't Worry About the Government”, canção cheia de sinuosidades, mas bastante melodiosa, visto que sua base é um toque semelhante ao de uma delicada caixa de música. Outra das brilhantes é "First Week/Last Week... Carefree", um rock com toques latinos e a cara do que os Heads formaram enquanto estilo ao longo dos anos haja vista várias outras músicas de semelhante ideia como: “Crosseyed and Painless” (1980), “Slippery People” (1983), "The Lady Don't Mind" (1985) e “Blind” (1988). Estão em “First Week...” elementos como os instrumentos afro-latinos (reco-reco, marimba), o canto gaguejado de Byrne, seus vocalizes malucos e o uso de metais, que lançam frases sonoras típicas de um “Ula Ula” havaiano.
Como todo grande disco, “77” tem seu hit. E neste caso é a imortal (com o perdão da expressão) "Psycho Killer". Engenharia de som perfeita: o baixo inicial e todos os outros instrumentos que entram são claramente notados, conjugando-se com a voz mais uma vez liberta de Byrne para um riff matador (sic) e uma melodia de voz daquelas que não desgrudam da mente – ou da psique. Tanto que é quase impossível os acordes tocaram e alguém não saber cantarolar o refrão: “Psycho killer/ Qu'est-ce que c'est/ Fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, fa, far better/ Run, run, run, run, run, run, run, away”. Ouvem-se sem erro em “Psycho...” Gang of Four, P.I.L., Polyrock, Replacement e outras bandas advindas com o post-punk anos mais tarde. Além de um clássico, revela o estilo próprio da banda e porque ela foi/é tão influente a toda uma geração do rock.
A talvez mais punk-rock, a agitada “Pulled Up", encerra o disco, um dos grandes de estreia da história do rock – figura em 68º da lista dos 100 melhores primeiros álbuns pela Rolling Stone, entre os 300 dos 500 maiores da história da música pop, pela mesma revista, e entre os 1001 essenciais de se ouvir antes de morrer, conforme livro de Robert Dimery. “77” aponta a rota que a banda e, mais amplamente, a própria cena punk iriam tomar. Fora os já mencionados grupos post-punk, dá para dizer com segurança que um ano depois o álbum já se fazia essencial: a Devo, produzida por Eno, não existiria sem o exemplo dos Heads e nem o Blondie rumaria com tamanha assertividade a uma “popficação” de seu som sujo original. Junto ao que os também estreantes Sex Pistols, The Clash, Television, Richard Hell e outros, o Talking Heads assinalava aquele ano como um dos mais estelares da história do rock, um ano capitulado como “77”.









