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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

"Elvis", de Baz Luhrmann (2022)




“Elvis” é vibrante, é bem dirigido, tem boas atuações, direção de arte perfeita, é feito com o coração, é tecnicamente de alto nível mas... não emociona. Aprendi que, com cinema, não é certo nutrir expectativas em relação a um filme antes de vê-lo. No máximo, permito-me ler a sinopse previamente quando não tenho ideia do que se trata. Mas quando o assunto é a cinebiografia do maior astro da música pop de todos os tempos, essa relação é necessariamente diferente. Afinal, é impossível dissociar o fã do crítico em se tratando de Elvis Presley. Ambos são os espectadores capazes de entender o filme do australiano Baz Luhrmann, que assisti em uma sessão especial no GNC Cinemas do Praia de Belas Shopping.

Incluo-me nesta dupla avaliação por três motivos. Primeiro, porque soaria ilógico abordar um ícone tão popular a quem todos de alguma forma são tocados de maneira distanciada. Segundo, porque, neste caso, a admiração ao artista, dada a dimensão inigualável deste para a cultura moderna, colabora com a avaliação, visto que imagem pública e carisma se balizam. Ainda, em terceiro, mesmo que desprezasse essa abstenção, a avaliação final não muda, pois talvez só a reforce.

Afinal, “Elvis” é, sim, um bom filme. Além da caracterização e atuação digna de Oscar de Austin Butler no papel do protagonista, bem como a de Tom Hanks na pele do inescrupuloso empresário de Elvis, Tom Parker, há momentos bem bonitos e reveladores. Um deles é como se deu toda a concepção do histórico show “From Elvis in Memphis”, gravado pelo artista ao vivo em 1969, evidenciando os desafios e êxitos daquele projeto ambicioso. Igualmente, o momento do "batismo" do pequeno Elvis na igreja evangélica ainda no Tenessee, quando, em transe, conhece a música negra na voz de ninguém menos que Mahalia Jackson.

O pequeno Elvis sendo batizado pela música e a cultura negra 

No entanto, essa sensação é um dos sintomas de não inteireza do filme, percepção que passa necessariamente pela parcialidade crítica. Em qualquer obra artística, quando partes são destacadas, como retalhos melhores que outros, algum problema existe. É como um quadro com traços bonitos, mas de acabamento mal feito, ou um disco musical com obras-primas no repertório, mas desigual por conta de outras faixas medíocres. Luhrmann é bom de estética, mas cinema não é somente isso. A estética precisa funcionar a favor da narrativa e não se desprender dela. Se fosse somente isso, seria exposição de arte ou desfile de moda. Aí reside uma das questões do filme: a sobrecarga de estetização – inclusive narrativa. Além de prejudicar a continuidade, resulta nestes espasmos catárticos ajuntados e não integrados.

Por isso, a narrativa, na primeira voz de Parker, parece, ao invés de solucionar um roteiro biográfico não-linear (o que é lícito, mas perigoso), prejudicar o todo, desmembrando em demasia os fatos uns dos outros. O ritmo começa bastante fragmentado, tenta se alinhar no decorrer da fita, mas a impressão que dá é que em nenhum momento estabiliza, como se, para justificar uma narrativa criativa e "jovem", lançasse de tempo em tempo dissonâncias que tentam surpreender, mas que, no fundo, atrapalham. O cineasta, aliás, tem histórico de resvalo nesta relação forma/roteiro. Havemos de nos lembrar de “Romeu + Julieta”, de 1997, seu primeiro longa, totalmente hype visualmente mas em que o diretor preguiçosamente delega o texto para o original de Shakespeare, resultando num filme desequilibrado do primeiro ao último minuto.

Butler ótimo como Elvis: digno de Oscar

O positivo em casos assim é que a probabilidade de agradar pelo menos em lances esporádicos é grande. A mim, por exemplo, não foi o clímax (a meu ver, um tanto apelativo e simplório) que tocou, mas, sim, cenas talvez nem tão notadas. Uma delas, é a escapada de Elvis para a noite no bairro negro à mítica Beale Street, em Memphis. O que me encheu os olhos d'água não foi nem o Rei do Rock trocando ideia com B.B. King (ao que se sabe, licença poética do roteirista) ou assistindo tête-à-tête Sister Rosetta Tharpe e Little Richard se apresentarem, mas a chegada do já ídolo Elvis ao local. Ele é respeitosa e admiravelmente recebido pelos negros e não com histeria como já o era em qualquer outro lugar que fosse. É como se os verdadeiros criadores do rock 'n' roll, gênero musical a que muitos ainda hoje atribuem roubo cultural por parte de Elvis, lhe admitissem, dizendo: "Tudo bem de você circular entre nós. Você é um dos nossos".

Outra cena que me emocionou foi a do show na reacionária Jacksonville, na Florida, em 1955, quando Elvis, indignado com as imposições da sociedade moralista, resolve não obedecer que o censurem de cantar e dançar do seu jeito julgado tão transgressor para a época. Claro, que deu tumulto. Aquilo é o início do rock. O gênero musical, misto de country e rhythm and blues, os artistas negros já haviam inventado. Mas a atitude, tão essencial quanto para o que passaria a ser classificado como movimento comportamental de uma geração, nascia naquele ato. Ali, naquele palco, estão todos os ídolos do rock: Lennon, RottenJim, JaggerNeil, Jello, PJ, Hendrix, Kurt, Ian, Rita, Iggy e outros. Todos são representados por Elvis. Impossível para um fã ficar impassível. Além disso, a sequência é filmada com requintes técnicos (troca de ISO, edição ágil, uso de foto P&B, etc.) que lhe dão um ar documental ideal. Aqui, Luhrmann acerta em cheio: estética a serviço do roteiro.

O polêmico show Jacksonville recriado por Luhrmann: o início do rock

Por outro lado, há desperdícios flagrantes. As primeiras gravações do artista, feitas para a gravadora Sam Records, entre 1954 e 55, um momento tão mágico e gerador de um dos registros sonoros mais sublimes da cultura moderna, são abordadas somente en passant. Algo que seria bastante explorável em uma cinebiografia que intenta fantasia.

Todos esses motivos justificam o olhar não só do crítico como também o do fã, uma vez que um embasa o outro. Se o filme é bom, mas não decola, é justamente porque o primeiro condiciona-se a avaliar tecnicamente, mas quem tem propriedade - e direito - de esperar ser encantado pela obra é quem curte de verdade Elvis e rock 'n' roll. Pode ser que tenha obtido sucesso com muita gente, mas a mim não arrebatou. Uma pena. A se ver que as cinebiografias de Freddie Mercury e Elton John, artistas que nem gosto tanto quanto Elvis, me arrebataram e esta, não. Não saí com uma sensação negativa, mas com a de que se perdeu uma oportunidade de ouro. “It’s now or never”? "Now", pelo menos, não foi.

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trailer do filme "Elvis", de Baz Luhrmann



Daniel Rodrigues


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

"Finch", de Miguel Sapochnik (2021)

 



 

Não é nenhum filme que “inventa a roda”, que traz algo de novo, mas cumpre muito bem seu papel em apresentar uma boa história e nos fazer criar vínculos com os personagens, sejam eles humanos, robô ou cachorro.

Em "Finch", num mundo pós-apocalíptico, em que o personagem de Tom Hanks, que dá nome ao filme, é o único humano vivo, um robô é construído por ele para proteger seu cãozinho, Goodyear, que está a beira da morte. diante dessa tarefa, e naquela condição em que o mundo se encontra, Jeff, o robô, aprende sobre a vida, amizade, entendendo um pouco sobre o que significa ser humano.

O filme não tem nada de novo e se concentra em ficar nos clichês e em jogos de câmera bem previsíveis. Tom... se sustenta bem no papel principal, e não podia ser diferente no caso de um ator do tamanho dele, mas Jeff, o robô, e suas interações com o meio e com os outros personagens é o que realmente move o filme. 

Vale muito pela reflexão que o filme traz, a crítica ao comportamento do ser humano, cada vez mais egoísta, despreocupado com tudo, com as pessoas a sua volta e com o mundo onde vive. Fica também, novamente, a questão: o que ser um humano? E a mente? E o corpo? E tudo junto?  Não falo da questão biológica é claro, mas a questão filosófica. Pois Finch nos apresenta um robô, muito mais humano que muitos personagens por aí.

Jeff, mais humano que muitos humanos.


por Vagner Rodrigues

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Oscar 2020 - Os Indicados




Saiu mais uma lista dos candidatos do ano ao Oscar! Para quem curte cinema, bate aquela fissura de assistir a tudo que for possível antes da cerimônia de premiação. A equipe cinematográfica do Clyblog, no entanto, já vem se empenhando nisso conferindo alguns dos títulos até então pré-indicados, caso, por exemplo, do ótimo “Coringa”, que lidera a lista, com 11 indicações, o “O Irlandês”, de Martin Scorsese, que não ficou muito atrás, com 10, e “Star Wars – A Ascensão Skywalter”, com três técnicas. Mas embora “Coringa” saia na frente e provavelmente leve algumas estatuetas, entre elas, a de Melhor Ator para Joaquim Phoenix, os adversários para Melhor Filme e Diretor, os mais cobiçados da noite, são bem valiosos. A começar pelo primeiro filme sul-coreano a disputar a categoria, o Palma de Ouro “Parasita”, que concorre também a Filme Estrangeiro. O vencedor do recente Globo de Ouro, “1917”, de Sam Mendes, vem com a pompa dos filmes de guerra, temática bem vista pela Academia, assim como “Jojo Rabbit”. E tem também os elogiados “Histórias de um Casamento”, “Adoráveis Mulheres”, “Era uma Vez em... Hollywood”... Há categorias, aliás, que chega a assombrar tamanho o peso, como Ator Coadjuvante, só com já vencedores ou já nomeados várias vezes: Tom Hanks, Anthony Hopkins, Al Pacino, Joe Pesci e Brad Pitt. Destaque também para o documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que, após muitos anos, põe um filme brasileiro novamente na disputa de um Oscar. Enfim, uma boa disputa, mas que tem os seus favoritos, claro. E nós do blog vamos continuar trazendo nossas impressões de filmes que figuram no Oscar 2020. Então, confira a listagem completa:


▪ MELHOR FILME
Ford vs Ferrari
O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
História de um Casamento
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood
Parasita

▪ MELHOR DIREÇÃO

Martin Scorsese - O Irlandês
Todd Phillips - Coringa
Sam Mendes - 1917
Quentin Tarantino - Era Uma Vez Em... Hollywood
Bong Joon Hoo - Parasita

▪ MELHOR ATRIZ

Cynthia Erivo - Harriet
Scarlett Johansson - História de um Casamento
Saoirse Ronan - Adoráveis Mulheres
Renée Zellweger - Judy - Muito Além do Arco-Íris
Charlize Theron - O Escândalo

▪ MELHOR ATOR

Antonio Banderas - Dor e Glória
Leonardo DiCaprio - Era Uma Vez Em... Hollywood
Adam Driver - História de um Casamento
Joaquin Phoenix - Coringa
Jonathan Pryce - Dois Papas

▪ MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Kathy Bates - O Caso Richard Jewell
Laura Dern - História de um Casamento
Scarlett Johansson - Jojo Rabbit
Florence Pugh - Adoráveis Mulheres
Margot Robbie - O Escândalo

▪ MELHOR ATOR COADJUVANTE

Tom Hanks - Um Lindo Dia na Vizinhança
Anthony Hopkins - Dois Papas
Al Pacino - O Irlandês
Joe Pesci - O Irlandês
Brad Pitt - Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Entre Facas e Segredos
História de um Casamento
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood
Parasita

▪ MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
Dois Papas

▪ MELHOR FILME INTERNACIONAL

Corpus Christi (Polônia)
Honeyland (Macedônia do Norte)
Os Miseráveis (França)
Dor e Glória (Espanha)
Parasita (Coreia do Sul)

▪ MELHOR ANIMAÇÃO

Como Treinar o Seu Dragão 3
I Lost My Body
Klaus
Link Perdido
Toy Story 4

▪ MELHOR FOTOGRAFIA

O Irlandês
Coringa
O Farol
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR MONTAGEM

Ford vs Ferrari
O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Parasita

▪ MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

O Irlandês
Jojo Rabbit
1917
Parasita
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR FIGURINO

O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR MAQUIAGEM

O Escândalo
Coringa
Judy - Muito Além do Arco-Íris
Malévola - Dona do Mal
1917

▪ MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vingadores: Ultimato
O Irlandês
O Rei Leão
1917
Star Wars: A Ascensão Skywalker

▪ MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Ford vs Ferrari
Coringa
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood
Star Wars: A Ascensão Skywalker

▪ MELHOR MIXAGEM DE SOM

Ad Astra
Ford vs Ferrari
Coringa
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

"I Can’t Let You Throw Yourself Away" - Toy Story 4
"I’m Gonna Love Me Again" - Rocketman
"I’m Standing With You" -  Superação - O Milagre da Fé
"Into the Unknown" - Frozen 2
"Stand Up" - Harriet

▪ MELHOR TRILHA SONORA

Coringa
Adoráveis Mulheres
História de Um Casamento
1917
Star Wars: A Ascensão Skywalker

▪ MELHOR DOCUMENTÁRIO

Indústria Americana
Democracia em Vertigem
The Cave
Honeyland
For Sama

▪ MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA METRAGEM

In the Absence
Learning to Skateborad in a War Zone (If You're a Girl)
A Vida em Mim
St. Louis Superman
Walk Run Cha-Cha

▪ MELHOR CURTA METRAGEM

Brotherhood
Nefta Footbal Club
A Sister
The Neighbor's Window
Saria

▪ MELHOR ANIMAÇÃO EM CURTA METRAGEM

Dcera (Daughter)
Hair Love
Kitbull
Memorable
Sister

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Quadrinhos no Cinema #3 - "Estrada Para a Perdição", de Sam Mendes (2002)



O quadrinho americano além dos Supers
por Vagner Rodrigues




Uma fotografia linda e figurinos perfeitos ajudam muito a nos colocar dentro dos Estados Unidos dos anos 30, na era de ouro da máfia. “Estrada para perdição”, não vai ser tornar um clássico, já temos outros filmes melhores que abordam este tema, mas com certeza ele merece um destaque. O diretor Sam Mendes faz uma adaptação livre da HQ americana de mesmo nome, escrita por Max Allan Collins e ilustrada por Richard Piers Rayner, muda alguns elementos da trama, mas consegue captar de uma maneira muito competente espírito da HQ.
Michael Sullivan (Tom Hanks) é um assassino que trabalha para John Rooney (Paul Newman), o grande chefão da cidade. Tudo ia bem para Michael Sullivan, até que seu filho mais velho Michael Sullivan, Jr (Tyler Hoechlin), um menino de 14 anos que é tomado pela curiosidade de descobrir qual é o trabalho misterioso do pai, acabar virando testemunha de um assassinato. Connor Rooney (Daniel Craig), o  filho de  John Rooney, era o homem que estava junto com o pai do garoto no dia do assassinato, e com medo que o garoto conte para alguém, vai atrás do menino para matá-lo e não consegue, mas acaba matando a esposa de Michael Sullivan, e seu filho mais novo. A partir daí vemos Michael em sua difícil caçada atrás de vingança, ao mesmo tempo em que tenta manter seu filho longe da vida do crime.
Um raro momento onde pai e filho conseguem
conversar calmamente. (Não por muito tempo...)
Este filme, assim como vários outros filmes de máfia, tem o foco na relação familiar, para ser bem específico, aqui na relação pai e filho. Mesmo John Rooney não sendo o pai verdadeiro de Michael Sullivan, o mesmo lhe trata desta forma, é a figura paterna com a qual Michael foi e criado. Tanto que há um sofrimento, uma dor muito grande por ambas as partes, quando os dois acabam tendo que se confrontar, uma vez que Michael vai atrás de Connor, o filho de John. John Rooney é Connor Rooney, apesar de saber de tudo que seu filho faz de errado, não consegue ir contra ele por ser sangue do seu sangue, seu filho legítimo, mesmo não tendo a retribuição do afeto por parte deste filho (algo que ele consegue com Michael e podemos notar isso e forma bem evidente em uma cena onde Michael e John tocam piano juntos), ele não  o abandona. E por último, e a relação mais importante, Michael Sullivan e Michael Sullivan, Jr, é através do olhar de Michael Sullivan, Jr, que vemos o filme. Vemos que Sullivan é um pai protetor, no começo parece ausente ( acho até que era ausente), mas muito disso para manter seus filhos longe do crime, por isso de nunca ter contado aos seus filhos sobre o seu trabalho, atiçando a curiosidade dos meninos. Todo esse afastamento era o jeito dele proteger sua família. Mesmo depois, quando Sullivan, vai em busca de vingança, e tem que levar Sullivan, Jr  junto, ele continua tentando deixar seu filho longe do crime e o máximo que faz é ensinar seu filho a dirigir para ajudar em suas fugas quando sai para roubar o dinheiro da máfia.
As atuações estão ótimas! Tom Hanks sem comentários, como sempre, e Paul Newman consegue mostrar muito bem a deterioração de seu personagem ao longo filme. Vou dar um destaque para dois atores com partições pontuais, Daniel Craig, como vilão da história está incrível, com um ar debochado, em sua primeira aparição, no seu primeiro sorriso, você já fica com a impressão que Connor Rooney não é uma boa pessoa. Suas atitudes imprudentes fazem com que ele sempre piore as coisas. E Jude Law, que nossa, tem pouco tempo na tela, mas faz você não conseguir desgrudar o olho dele. Seu papel é do assassino Harlen Maguire, que é contratado para matar Sullivan e seu filho. Uma particularidade de Harlen Maguiree, é que ele fotografo criminalístico, ganha dinheiro tirando fotos das pessoas que ele mata e por isso além de sua arma ele carrega uma máquina fotográfica.
Paul Newmman em atuação que lhe valeu
indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante
O filme talvez seja corrido demais, todos os acontecimentos são muito rápidos, esse pode ser o único grande defeito da obra, uma vez que toda essa velocidade faz com que o final fique previsível, mesmo com uma tentativa de surpreender nas últimas cenas (que eu acabei não me surpreendendo), os problemas vão sendo solucionados muito rapidamente.
"Estrada Para a Perdição" é o segundo filme do diretor Sam Mendes, ele vinha do fantástico “Beleza Americana”, e tinha toda a pressão de ter que se provar, e conseguiu. Embora a temática deste filme seja muito diferente do seu filme anterior, as críticas sociais novamente estão presentes. Se você assistir o filme com bastante atenção vai reparar que não tem muitas personagens femininas, apenas duas mulheres e com poucas falas, a esposa de Michael Sullivan, e a senhora que mora em uma pequena fazenda com seu marido, que dá abrigo para pai e filho quando os dois estão necessitados. O porquê de não haver mulheres parece claro, a sociedade americana na época era extremamente machista e a mulher praticamente não era ouvida e vista. O mesmo acontece com os policiais, na época as cidades eram controladas pelos mafiosos, e Sam Mendes retrata isso, dando pouco espaço para aparições policiais. Outro aspecto interessante do filme é a espetacularização da morte que vemos através do Harlen Maguire o fotografo assassino, era um começo para o que vemos hoje nos nossos telejornais, onde cada vez mais tem “ibagens” assim, onde a morte e a tragédia são os assuntos principais.
Vale muito a pena assistir. O filme conta uma grande história, através de cenas memoráveis, como a famosa cena do assassinato na chuva (que fotografia linda), temos também cena onde Sullivan, observa o mar que é lindíssima. Uma direção de arte realmente impecável.
É um filme belo em todos os aspectos, quem for assistir vai gostar, se não gostar da trama, tem a ambientação muito bem feita, figurinos caprichados. Com certeza algo vai te agradar. Assista ao filme e vá acertar as suas contas com a máfia, de preferência em um dia de chuva que é propício para isso.

A belíssima fotografia da cena da execução na chuva.
Não precisa falar nada.
Assista ao filme.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

"Anjos e Demônios", de Ron Howard (2009)




A propósito de "Anjos e Demônios", mencionado no post anterior, fui assistir ao tal do filme.
É um lixo! Um horror!
Não acrescenta nada. (Não assista).
Saí do cinema com aquela sensação de ter jogado fora meu dinheiro e ter desperdiçado duas horas da minha vida.
História fraquíssima, incoerente, inverossímil, o que não é culpa total do filme uma vez que é baseado na obra do "genial" Dan Brown. Então que dividam a culpa. A direção é totalmente voltada aos clichês de filmes do gênero e as atuações dos atores são constrangedoras, inclsive a do ótimo Tom Hanks, que atribuo à uma construção do personagem e orientações do Sr. Ron Howard. Mas chama a atenção principalmente Ewan Mc Gregor, que está um desastre, mas que neste caso só confima o quanto ele realmente é ruim.

Cly Reis