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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Oscar 2020 - Os Indicados




Saiu mais uma lista dos candidatos do ano ao Oscar! Para quem curte cinema, bate aquela fissura de assistir a tudo que for possível antes da cerimônia de premiação. A equipe cinematográfica do Clyblog, no entanto, já vem se empenhando nisso conferindo alguns dos títulos até então pré-indicados, caso, por exemplo, do ótimo “Coringa”, que lidera a lista, com 11 indicações, o “O Irlandês”, de Martin Scorsese, que não ficou muito atrás, com 10, e “Star Wars – A Ascensão Skywalter”, com três técnicas. Mas embora “Coringa” saia na frente e provavelmente leve algumas estatuetas, entre elas, a de Melhor Ator para Joaquim Phoenix, os adversários para Melhor Filme e Diretor, os mais cobiçados da noite, são bem valiosos. A começar pelo primeiro filme sul-coreano a disputar a categoria, o Palma de Ouro “Parasita”, que concorre também a Filme Estrangeiro. O vencedor do recente Globo de Ouro, “1917”, de Sam Mendes, vem com a pompa dos filmes de guerra, temática bem vista pela Academia, assim como “Jojo Rabbit”. E tem também os elogiados “Histórias de um Casamento”, “Adoráveis Mulheres”, “Era uma Vez em... Hollywood”... Há categorias, aliás, que chega a assombrar tamanho o peso, como Ator Coadjuvante, só com já vencedores ou já nomeados várias vezes: Tom Hanks, Anthony Hopkins, Al Pacino, Joe Pesci e Brad Pitt. Destaque também para o documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que, após muitos anos, põe um filme brasileiro novamente na disputa de um Oscar. Enfim, uma boa disputa, mas que tem os seus favoritos, claro. E nós do blog vamos continuar trazendo nossas impressões de filmes que figuram no Oscar 2020. Então, confira a listagem completa:


▪ MELHOR FILME
Ford vs Ferrari
O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
História de um Casamento
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood
Parasita

▪ MELHOR DIREÇÃO

Martin Scorsese - O Irlandês
Todd Phillips - Coringa
Sam Mendes - 1917
Quentin Tarantino - Era Uma Vez Em... Hollywood
Bong Joon Hoo - Parasita

▪ MELHOR ATRIZ

Cynthia Erivo - Harriet
Scarlett Johansson - História de um Casamento
Saoirse Ronan - Adoráveis Mulheres
Renée Zellweger - Judy - Muito Além do Arco-Íris
Charlize Theron - O Escândalo

▪ MELHOR ATOR

Antonio Banderas - Dor e Glória
Leonardo DiCaprio - Era Uma Vez Em... Hollywood
Adam Driver - História de um Casamento
Joaquin Phoenix - Coringa
Jonathan Pryce - Dois Papas

▪ MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Kathy Bates - O Caso Richard Jewell
Laura Dern - História de um Casamento
Scarlett Johansson - Jojo Rabbit
Florence Pugh - Adoráveis Mulheres
Margot Robbie - O Escândalo

▪ MELHOR ATOR COADJUVANTE

Tom Hanks - Um Lindo Dia na Vizinhança
Anthony Hopkins - Dois Papas
Al Pacino - O Irlandês
Joe Pesci - O Irlandês
Brad Pitt - Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Entre Facas e Segredos
História de um Casamento
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood
Parasita

▪ MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
Dois Papas

▪ MELHOR FILME INTERNACIONAL

Corpus Christi (Polônia)
Honeyland (Macedônia do Norte)
Os Miseráveis (França)
Dor e Glória (Espanha)
Parasita (Coreia do Sul)

▪ MELHOR ANIMAÇÃO

Como Treinar o Seu Dragão 3
I Lost My Body
Klaus
Link Perdido
Toy Story 4

▪ MELHOR FOTOGRAFIA

O Irlandês
Coringa
O Farol
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR MONTAGEM

Ford vs Ferrari
O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Parasita

▪ MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

O Irlandês
Jojo Rabbit
1917
Parasita
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR FIGURINO

O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Adoráveis Mulheres
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR MAQUIAGEM

O Escândalo
Coringa
Judy - Muito Além do Arco-Íris
Malévola - Dona do Mal
1917

▪ MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vingadores: Ultimato
O Irlandês
O Rei Leão
1917
Star Wars: A Ascensão Skywalker

▪ MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Ford vs Ferrari
Coringa
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood
Star Wars: A Ascensão Skywalker

▪ MELHOR MIXAGEM DE SOM

Ad Astra
Ford vs Ferrari
Coringa
1917
Era Uma Vez Em... Hollywood

▪ MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

"I Can’t Let You Throw Yourself Away" - Toy Story 4
"I’m Gonna Love Me Again" - Rocketman
"I’m Standing With You" -  Superação - O Milagre da Fé
"Into the Unknown" - Frozen 2
"Stand Up" - Harriet

▪ MELHOR TRILHA SONORA

Coringa
Adoráveis Mulheres
História de Um Casamento
1917
Star Wars: A Ascensão Skywalker

▪ MELHOR DOCUMENTÁRIO

Indústria Americana
Democracia em Vertigem
The Cave
Honeyland
For Sama

▪ MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA METRAGEM

In the Absence
Learning to Skateborad in a War Zone (If You're a Girl)
A Vida em Mim
St. Louis Superman
Walk Run Cha-Cha

▪ MELHOR CURTA METRAGEM

Brotherhood
Nefta Footbal Club
A Sister
The Neighbor's Window
Saria

▪ MELHOR ANIMAÇÃO EM CURTA METRAGEM

Dcera (Daughter)
Hair Love
Kitbull
Memorable
Sister

quinta-feira, 29 de junho de 2023

"Onze Homens e Um Segredo", de Lewis Milestone (1960) vs. "Onze Homens e Um Segredo", de Steve Soderbergh (2001)






Onze de cada lado. De um lado "Onze Homens e um Segredo", de 1960, do outro "Onze Homens e um Segredo", de 2001. Vinte e dois homens e um só objetivo: a vitória. Dois timaços! No time de 1960, Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Shirley McLaine, Angie Dickinson, Cesar Romero, no de 2001, George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Julia Roberts, Don Cheadle, Andy Garcia.
Duas equipes organizadas, cheias de jogadas ensaiadas e que, pode-se dizer, são especialistas em roubadas de bola. Tanto que o grande objetivo em ambos os casos, é roubar uma verdadeira bolada de alguns dos maiores cassinos de Las Vegas. Embora a meta seja a mesma, a montagem dos elencos é feita de forma bem distinta e as estratégias utilizadas para chegar ao "gol" têm suas diferenças.
Enquanto que, no filme original, o grupo que pretende realizar o ousado roubo é constituído por ex-militares que se conheceram na Segunda Guerra, no novo, a gangue é formada por trapaceiros de marca maior, dos mais variados estilos (um ladrão de bancos, outro batedor de carteira, outro trapaceiro nas cartas...). Se no primeiro estão a serviço de um milionário ganancioso, no segundo são recrutados por Danny Ocean, um manjado salafrário que acaba de sair da cadeia mas que já planeja um golpe de proporções inimagináveis.
No original, o roubo em si, ainda que bem elaborado, é bem mais simples que o da nova versão, que, por sua vez, envolve muito mais complicadores e dificuldades, como seguranças, senhas, aparelhagem, etc. Em "Onze Homens..." de 1960, a ideia é, na noite de ano novo, na hora da virada, causar um blecaute em Las Vegas, explodindo uma torre de alta-tensão e, durante o tumulto, tanto da comemoração quanto da escuridão, aproveitar o destravamento dos cofres, e realizar o assalto em cada um dos cinco cassinos.
No remake, também há o elemento do blecaute, no entanto, sua duração é bem mais curta e por isso mesmo, a ação dos bandidos tem que ser muito mais bem pensada e ágil. O corte de energia, causado neste segundo filme, por uma pequena 'explosão nuclear' acontecerá durante uma grande luta de boxe nas dependências de um dos cassinos, evento que fará com que muito mais dinheiro circule naquela noite. A "vantagem", por assim dizer, dos ladrões da nova versão é que eles têm que chegar a apenas um cofre que atende às três principais casas de jogos da cidade... Ótimo? Só que não! Exatamente por ser um único local de armazenamento de toda a féria dos cassinos, a segurança é muitíssimo mais reforçada e a parafernália tecnológica de lasers, identificações, travamentos, etc., é praticamente intransponível.
Até para superar toda essa dificuldade, o plano de execução da refilmagem é muito mais elaborado e surpreendente. O antigo é legal, tem o spray infravermelho que somente os integrantes do grupo conseguem ver com os óculos especiais na hora do apagão, a ação sincronizada de entrar nos cofres exatamente na hora que as pessoas cantam a canção de ano novo, o dinheiro nas latas de lixo, o caminhão de coleta urbana saindo sem suspeitas. Tudo muito bacana. Só que no novo, tem o roubo do gerador do museu de tecnologia pra causar um apagão na cidade toda, o velho "milionário grego" distraindo a atenção do proprietário com a maleta, o jovem Linus se passando por fiscal de jogos para roubar a senha do chefão do cassino, um pequeno chinês acrobata que cabe dentro de um carrinho de coleta de dinheiro, uma explosão fake dentro do cofre, a entrada da S.W.A.T., um falso tiroteio, a fuga do falso furgão e a saída tranquila dos ladrões, pela porta da frente, tudo isso enquanto o líder, Ocean, leva uma "surra" numa sala isolada para lhe servir de álibi de que em momento algum participara de qualquer daqueles eventos. 

"Onze Homens e Um Segredo" (1960) - trailer


"Onze Homens e Um Segredo" (2001)  - trailer


No mais novo, embora paire alguma dúvida, ao final, quanto à impunidade do grupo, uma vez que os capangas do proprietário ainda estão de olho em Ocean e sua turma, mesmo meses depois do acontecido, o êxito da operação em si, se confirma e em princípio, cada um sai com sua parte. Já no antigo, embora o roubo se concretize, um incidente com um dos integrantes, o eletricista, que sofre um infarto na rua logo após a missão, é a pista para que o sagaz e oportunista Duke Santos, vivido por Cesar Romero, o Coringa da antiga série de TV do Batman, padrasto de um dos integrantes da gangue, ligue alguns pontos e perceba que o enteado está envolvido. Desta forma, Santos, pedindo metade do ganho do assalto, chantageia o grupo que se vê obrigado a ocultar o dinheiro e, nisso, acaba, de maneira frustrante, perdendo tudo o que havia conquistado.
O mais recente leva vantagem também no ritmo. Enquanto o anterior era mais arrastado até o recrutamento de todos os integrantes, o mais novo é mais dinâmico e até mesmo essa etapa é mais envolvente e interessante. A propósito, a montagem, a edição do remake é grande responsável por essa dinâmica. Cortes rápidos, telas divididas, zooms in, flashbacks, películas diferentes, imagem granulada... Um show de Steven Soderbergh e sua equipe.

"Onze Homens e Um Segredo" (1960) - abertura de Saul Bass


Apesar de tudo isso, os Onze Homens do oscarizado Lewis Milestone é que saem na frente, logo nos primeiros movimentos do jogo, com um gol relâmpago de um décimo segundo jogador. A abertura genial do mestre Saul Bass, cheia de grafismos imitando os luminosos das fachadas dos cassinos, garante um gol para o time de 1960, antes do primeiro minuto de jogo. Mas basta o time de Steve Soderbergh botar a bola no chão para passar a dominar o jogo. A montagem alucinante garante o empate, o roteiro mais elaborado, mais inusitado, garante a virada e a trilha sonora espetacular, cheia de soul e jazz, marca o terceiro. Milestone tem Sinatra com a 10, ele é bom, joga muita bola, apesar de muita gente achar que ele era bom só de microfone, mas Clooney, o homem de confiança do professor Soderbergh, é o cérebro do time e faz melhor essa função que o Rei da Voz. Gol dele. 5x1. Brad Pitt até está melhor como braço direito do chefe da gangue, na atualização, do que Dean Martin, praticamente na mesma função no time antigo, Matt Damon é mais interessante e completo que seu equivalente Peter Lawford, Don Cheadle mais cativante que Richard Conte como o especialista em elétrica, mas o time de 2001 não transforma essas oportunidades em gol. Mas num drible desconcertante, daqueles de derrubar narrador, o desfecho do roubo com toda a enganação à qual nós espectadores somos submetidos, com bolsas cheias de pornografia num carro comandado por controle remoto, e com os ladrões saindo, pela porta da frente do cassino, com as bolsas de dinheiro, é um golaço numa jogada brilhantemente construída. O time de 1960 desconta pela ótima cena da contagem regressiva para a virada do ano, intercalada por um balão vermelho na tela, cortando de um para o outro cassino. 6x2 é o placar final da partida.

Dois grandes elencos mas, com um time mais bem encaixado, com jogadas mais trabalhadas e com um craque mais centralizador das jogadas, os onze de Ocean da versão de 2001, à direita, levam com alguma tranquilidade e faturam a premiação milionária da competição.


Um oceano de distância separa o time de 1960 do time de 2010
Vitória tranquila como roubar doce de criança.






Cly Reis


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"O Curioso Caso de Benjamin Button", de David Fincher (2009)




Fui ao cinema neste último final de semana assistir ao tal "O Curioso Caso de Benjamin Button".

Legalzinho. Nada demais. Não saí arependido do cinema, mas também não saí empolgado.

O barato de contar a vida de trás pra frente faz pensar que, no fim das contas, tudo é só uma questão de ordem e que o processo basicamente é o mesmo, e que de uma forma ou de outra tudo tem seu tempo.

Brad Pitt não convence. É um ator em evidente evolução desde suas primeiras aparições, mas mesmo em um papel tão favorável para se consolidar como um grande ator, faz um "feijãozinho com arroz" bem mais ou menos. Quanto ao diretor David Fincher, este sim , mostra claros progressos enquanto cineasta e não apenas como ex-diretor de clipes da Madonna. Não eu que não tivesse gostado de filmes como "Seven", por exemplo, que acho um dos melhores filmes dos últimos 20 anos, mas ali ainda parece muito agarrado a uma fórmula MTV de filmar.

Resumindo: não vale as 13 indicações que recebeu ao Oscar.

Bonzinho. Só isso.


Cly Reis

segunda-feira, 24 de junho de 2013

14 Video Portraits by Robert Wilson








“Vídeo, cinema e fotografia são oferecidos como documentos de desempenho, mas raramente se aproximam da experiência tridimensional, o soa como eles irradiam através do teatro, iluminação, uma vez que envolve um lado, a antecipação da audiência, o gesto sutil do ator individual”

 Noah Khoshbin & Matthew Shattuck. 





“Se ele se move, eles vão vê-lo” 
Andy Warhol. 





“A carreira de Robert Wilson tem a assinatura de uma grande criação artística”
Susan Sontag.


O Santander Cultural realizou em 2010 a Mostra Robert Wilson – Video Portraits numa parceria antenada com as redes sociais e novas tecnologias durante a 17º edição do Porto Alegre em Cena na cidade de Porto Alegre. Em todo o espaço expositivo via-se os 14 vídeo-retratos produzidos pelo artista norte-americano em alta definição no suporte de telas de 1,5m de altura. Wilson está entre o teatro e as artes visuais de vanguarda, sendo um multiartista conhecido também por suas técnicas de iluminação e cenários no teatro americano.

Os vídeo-retratos apresentados nessa Mostra reuniam atores, artistas, dançarinos, escritores, atletas, pessoas de todas as origens, e animais que refletem a amplitude da carreira de Wilson. Entre eles figuravam: o chinês Zhang Huan, o escritor Gao Xingjian, os atores Brad Pitt e Steve Buscemi, Alan Cumming e Winona Ryder, Ditta von Teese, Jeanne Moreau e Johnny Depp entre outros. Produzidos a partir de uma parceria entre Robert Wilson e as câmeras Voom HD Networks uma empresa de TV onde Robert foi artista residente a partir de 2004. Os Vídeo-Portraits são retratos de celebridades e anônimos caracterizados por um formato que vai além da fotografia, inclui cinema e teatro, literatura e música de múltiplas dinâmicas reveladas no retrato do vídeo. As criações de Wilson apresentam uma linguagem de movimentos mínimos, gestos sutis e coreografados, somados a arranjos cenográficos sofisticados, aqui as trilhas musicais e as palavras também tem força. Aliás a ligação de Wilson partindo inspiradamente do ambiente cenográfico com a música vem desde 1976 quando apresenta o trabalho com seu parceiro Philip Glass "Einstein on the Beach".

Para estes vídeo-retratos a música torna-se parte integrante da peça, em vez de apenas uma ilustração auditivo de um tema visual. Executando a gama de gravações de campo às pontuações do jogo de vídeo, desde o clássico ao blues, ao rock ao punk dos retratos de vídeo contêm uma lição na abordagem contemporânea de apropriar-se de toda a história das gravações sonoras. Alguns críticos que abordaram as obras chegaram a questionar se Wilson está sinalizando com essas gravações sonoras um caminho da música do futuro. Será?
A impressão que temos é que o artista transporta para a tela em HD o seu velho conhecido – o palco. Nele faz todas as intervenções e correlações possíveis. A fotografia se dá pela quase imobilidade dos personagens que se congelam e se movimentam num tempo nem sempre real, brincando assim com a observação do espectador e com a sua própria noção de tempos.

Um das obras que mais gostei é a que apresenta o escritor Gao Xingjian (Prêmio Nobel da Literatura 2000 vive na França e em 1997 tornou-se cidadão francês - é também tradutor da obra de Samuel Beckett e Eugène Ionesco, além disso é roteirista, diretor de teatro e pintor). O vídeo-retrato com seu nome está datado no ano de 2005 e tem música de Peter Cerone “Never Doubt I Love, Desert”. A música pontua o tempo que a escrita percorre pelo rosto de Gao. E sugere as relações estabelecidas entre um lugar onde a solidão é uma situação permanente e um estado emocional onde o deserto pode confirmar ou negar de maneira provocativa uma afirmação duvidosa. Nesta obra o que se move quase todo o tempo é a escrita e o personagem serve de meio para recebê-la. A face do escritor recebe a frase “La solitude est une condition nécessaire de la liberte” escrita em letra manuscrita no idioma francês. Aos poucos ela se forma cruzando o rosto do escritor e tão logo está escrita começa a desaparecer culminando com a abertura dos olhos dele ainda sob a pontuação da música. 

Um texto tão carregado de emoção precisa de tempo para ser absorvido. A frase evoca reflexões. O tempo da escrita coincide com o tempo real de leitura da frase, mas não com o que a frase diz. Qual tempo de solidão é necessário para que se escreva tal reflexão? Ainda – esta frase faz parte de algum livro do escritor ou é uma frase universalmente conhecida? Será que a intenção de Wilson é fazer com que o espectador perceba que escrever é um trabalho interno profundo? E que esse mergulho na construção do texto, faz parte do processo de criação sobre o que se coloca de fato no papel?

Outro aspecto que me chamou atenção é que essa mesma obra foi exposta em Museus com diferentes suportes o que legitima o diálogo entre o meio digital e os espaços expositivos sejam eles de vanguarda ou tradicionais, sendo esse um fator que se relaciona a proposta de trabalho de Wilson que interliga novamente áreas aparentemente incompatíveis. 

Os vídeos-retratos foram exibidos em Los Angeles, Berlim, Áustria, Itália, Espanha, Rússia, EUA, Singapura, Alemanha e em New York em plena Times Square. Fico imaginando o impacto destes retratos numa avenida que é conhecida por um fluxo de imagens, cores e agitação constantes. As obras de Wilson são coloridas, contrastadas e com uma definição incrível, totalmente conectadas ao universo pixelado e frenético da Times Square que guarda para si uma profusão de anúncios publicitários, divulgação de espetáculos e reúne os mais refinados investidores mundiais. O que diria Warhol , um dos pais e Mestre destas relações entre comunicação e Arte sobre, por exemplo, a imobilidade da pantera negra que Robert expõe nesta Mostra? “Se ele se move, eles vão vê-lo", diz Andy. E quando ele se moverá? Se isso acontecer a que momento poderemos capturar esse gesto? Eis que o desafio está lançado: perceba e questione seu corpo em reação a estas obras, teste sua paciência em esperar por um movimento e transporte-se a figura do leitor de Arte, em frente a contemporaneidade explícita de Wilson independente de qual personagem ou cidadão esteja retratado na sua frente. Participe desse espetáculo e perceba o quanto você faz parte disso tudo.
Gao Xingjian: assista ao vídeo-retrato





terça-feira, 1 de dezembro de 2009

"Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino (2009)





Como disse aquele médico do “Hellraiser 2” que depois de ter resitido tanto em ser levado pelos Cenobitas, então se regozija com os prazeres da dor:”E PENSAR QUE EU HESITEI!’.
E dizer que eu resisti a ir a um cinema ver “Bastardos Inglórios”. E o pior, que eu prejulguei de maneira tão leviana. Que eu subestimei a capacidade de um dos meus diretores preferidos. Mea culpa. Mea maxima culpa!Apostava, quando desdenhei do filme, que os elementos típicos de Tarantino já estivessem ficando desgastados e que simplesmente estariam aplicados agora a um tipo de cenário atípico até então na sua filmografia, a guerra, mas já com a “piada” gasta. Em parte é verdade. Está tudo lá; os flashblacks, a violência, a divisão do filme em partes, os diálogos longos; só que tudo colocado perfeitamente bem e aplicado diferentemente do que em seus outros filmes. Em “Bastardos...”, mesmo com esta segmentação do filme, o roteiro é mais linear e os flashbacks funcionam quase que como um apoio à história e não a desconstrói como Tarantino costuma fazer. Os diálogos longos e que parecem improdutivos até chegarem a um ponto chave também aparecem e de forma muito bem construída e inteligente como no caso da visita do coronel alemão à casa de um camponês na França ocupada, na qual ele enrola, enrola, enrola, e brilhantemente a conversa chega a o ponto que ele queria. Aliás, este personagem, o Coronel Hans Landa, é o objeto especial para o desfile das melhores “conversas-fiadas” que Tarantino adora desenvolver em seus roteiros, e diga-se de passagem com uma atuação excepcional, entre o cômico, o charmoso e o brutal, de Christoph Waltz.
A propósito de brutalidade, não poderia faltar a violência que sempre foi marca registrada dos filmes do cara e neste, não faz por menos também. O curioso é que ele trata, no mais das vezes , de forma tão banal, tão natural, tão spaghetti, que quase não causa o impacto que deveria causar. Por exemplo, os escalpos de nazistas: os Bastardos o fazem como se descascassem laranjas e até por esta naturalidade acaba nem doendo nos olhos do espectador. Tipo, faz parte da história. É isso aí. Depois do primeiro escalpo passa a ser engraçado. Tão engraçadas quanto as marcas que o caricato Aldo Rayne, vivido por Brad Pitt, faz na testa do nazistas, este aliás com uma atuação que não me convenceu. Sei que a interpretação faz parte da proposta da construção do personagem, mas o tipo que ele faz, as caras e bocas ficaram muuuiito forçadas. Mas vá lá. Não chega a estragar o todo.
Não contando o final do filme mas me valendo da última frase dita nele, “acho que esta é minha obra prima”, como se fosse a manifestação de Tarantino pela boca do Ten. Aldo Rayne, não acho que seja a obra-prima do cara, mas, ao contrário do que eu imaginava quando escrevi anteriormente, Tarantino está melhorando ainda mais seu cinema dentro da sua linguagem.
Não duvido mais do cara. Prometo.




Cly Reis

terça-feira, 2 de junho de 2009

"Ocean's Trilogy", de Steven Soderbergh



A longa viagem de avião me proporcionou assistir durante o vôo, filmes que eu já tinha alguma curiosidade em ver mas que tinha perdido no cinema, nunca tinha locado ou já tinha iniciado quando topei com eles na TV. Felizmente havia boas opções no acervo da TAM.
Optei por ver a trilogia dos Homens e seus segredos, “Onze Homens e um Segredo”(2001), “Doze Homens e Outro Segredo”(2004) e “Treze Homens e um Novo Segredo” (2007). Os três filmes são bem legais mas especialmente o primeiro e muito bom.
Soderbergh já gozava de bom conceito comigo, especialmente por “Sexo, Mentiras e Videotape” e pelo recente “Che”, e esta boa graça só foi confirmada. Em tramas bem amarradas e divertidas, ele brinca com seriados dos anos 70, com as característica daqueles blaxploitation e com os filmes noir. Tudo isso embalados por trilhas extremamente bem escolhidas e muito apropriadas para as cenas e situações.
Uma coisa que não se pode deixar de mencionar é o elenco de estrelas de primeira linha que em nome dos projetos e da amizade com George Clooney, o protagonista Danny Ocean, e com o diretor Steven Soderbergh, fizeram o filme por cachês irrisórios diante das suas magnitudes. É lógico que Brad Pitt, Matt Dammon, Julia Roberts, Don Sheadle, Andy Garcia não ficaram sem ganhar nada. A bilheteria do primeiro foi ótima e suas participações em lucros e publicidade compensaram a boa ação estimulando-os a fazer os outros dois da seqüência.
Bem legais os outros também. Entre estes, acho o “Treze Homens...” melhor. O roteiro do “Doze...” a meu ver é meio perdido e fica devendo um pouco. Mas foi legal ver os três, assim, na colada.


Cly Reis

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

cotidianas #399 - Um bom motivo para “volver” a Santiago



A genial artista chilena,
agora devidamente homenageada.
Leio uma notícia da abertura do Museu Violeta Parra e minha memória remonta a outubro de 2006. Depois de dormir uma noite em um hostel isolado em Uspallata (onde filmaram "Sete anos no Tibet" – tem até um barzinho lá cheio de fotos do Brad Pitt), no meio da Cordilheira dos Andes, tomei um ônibus rumo a Santiago. A viagem foi linda e tranquila, especialmente por conta da paisagem e das incríveis 49 curvas em ‘U’ que formam os chamados "caracoles chilenos". O longo percurso, ainda que feito dentro de um ônibus desses de linha urbana, foi bem menos desafiador do que os 800 km que eu havia feito dentro de um Scania 111, ano 1979, que me levara de Uruguaiana até Córdoba. Naquele mochilão, eu já tinha conseguido umas coisas bem legais, como: 1) passar um dia na Fundación Atahualpa Yupanqui, em Cerro Colorado; 2) conhecer, tomar mate e prosear com o simpático "Koya" Chavero, filho de Don Ata (que, inclusive, me deu uma carona de volta a Córdoba); e 3) ter passado uma noite em um ginásio lotado para ver a "Peña de los Carabajal", cheio de gente dançando zamba e chacarera.
Uma das principais obras da artista,
exposta no Museu do Louvre.
Bueno, voltando a Santiago. A primeira coisa que fiz na cidade foi ir à rua Carmen, número 340. Era lá que funcionava (olha a minha cabeça), NOS ANOS 60, a Peña de los Parra, tocada por Violeta Parra e pelos filhos, Angel e Isabel. Victor Jara vivia lá, também. Era uma vida de música, folclore, bebidas e empanadas. Cheguei lá e dei de cara com uma casa normal onde não tinha mais nada senão... uma casa normal. Na minha cabeça, lá deveria funcionar uma fundação, um museu ou algo do gênero. Mas não.
Peguei um ônibus e me mandei para a calle Brasil (isso mesmo), onde ficava a Fundación Victor Jara. Essa, sim, existia. E não só existia como tive a sorte de encontrar por lá sua viúva, a bailarina inglesa Joan Jara, autora de "Uma canção inacabada", livro fundamental sobre a vida e a obra desse gênio chileno assassinado dias após o golpe de Pinochet, em 1973. Agora, nove anos depois, a amiga Míriam Miràh (uma das pedras fundamentais do Tarancón, grupo que nos anos 70 difundiu o folclore e a música de protesto latino-americana pelo Brasil) me alerta sobre a inauguração, finalmente, de um museu que vai abrigar a obra tátil de Violeta, como tapeçarias, bordados e pinturas. Quanta história envolvida. E que bom motivo para volver a Santiago.





terça-feira, 25 de setembro de 2012

"A Árvore da Vida", de Terrence Malick (2011)




Somente dia desses tive a oportunidade de assistir ao premiado “Árvore da Vida” do cineasta pouco prolífico Terrence Malick, ganhador da Palma de Ouro do festival de Cannes do ano passado e centro de uma certa discussão dos que o colocam como extremamente chato e longo e dos que o vêem como uma obra-prima definitiva. Eu diria que nem tanto ao mar nem tanto à terra. Vi com toda a expectativa para um bom filme, mas também me resguardando do que poderia me esperar, com toda a tenção que pudesse merecer ou necessitar para que detalhes definidores não me escapassem, e com toda a paciência que exigisse. Fiz bem em abranger todas as possibilidades. É um filme que exige que todas estas antenas estejam ligadas. Ele vai exigir sua atenção, sensibilidade, disposição, percepção e tempo.
Mallick alterna sua lente sobre a vida de uma família dos anos 50, cujo pai (Brad Pitt) é rígido em sua educação religiosa; na cabeça perturbada de um dos filhos desta família nos tempos atuais (Sean Penn); em imagens esparsas acompanhadas pela voz de e Penn ou pela mãe da família (Jéssica Ceastain); e em imagens notáveis do surgimento da vida, desde o Big Bang, passando pelas glaciações, pela primeira forma de vida, pelos dinossauros, pelo surgimento de uma árvore, pelo nascimento de uma criança. Tudo isso ao som de temas clássicos que conferem uma atmosfera toda majestosa e etérea à cada cena. Tudo pacientemente. Tudo sem obedecer necessariamente a uma ordem lógica. Mas isso é compensado, na minha opinião, pela fundamental amarração de todos os elementos que é a perda de um dos filhos pela família que traz à tona toda sorte de dúvidas, questionamentos, reflexões por parte da mãe e do irmão e, pretende suscitar no espectador o sentimento mais importante de todos: entendermos que nessa vida, só há uma coisa verdadeiramente importante, só uma coisa que realmente fica, que permanece, e que esta coisa é o amor.
O diretor pacientemente insiste nos mostrar em imagens espetaculares a origem da vida, do universo, do mundo, nos apresenta uma família com problemas, com sentimentos conflitantes, com hábitos particulares, com suas crenças, insiste em mostrar a natureza, questiona Deus, questiona o ser, só para nos dizer no fim das contas que A VIDA É ASSIM. Tudo tem começo, meio e fim. Inclusive nós. Mas nós, humanos, racionais que somos, temos é que viver nossas vidas, sejam elas com pais rigorosos ou não, com religiões ou sem elas, com alegria muitas vezes mas com tristezas também, lidando com a morte, lidando com frustrações, mas fazendo uso dessa capacidade ímpar que temos em relação aos outros seres vivos que é o poder de amar.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra: não é cansativo como muitos classificam, maçante por conta de sua duração, ausência de linearidade ou subjetividade. É filme para se ver mais com os olhos da alma do que com os olhos físicos. Filme que merece a contemplação que ele mesmo sugere. Por outro lado, não o classificaria também como obra-prima. Não chegaria a tanto. Não diria tratar-se de uma das melhores coisas que tenha visto na vida ou o impulsionaria imediatamente ao olimpo das grandes obras do cinema, lá junto com “8 e 1/2”, “Laranja Mecânica”, etc. Muito bom filme,  com certeza. Inegavelmente o é. Apreciável e recomendável pra quem estiver disposto a ver com o coração e a mente abertos.
Porque “A Árvore da Vida” no fim das contas, amigos, não é nada mais nada menos do que um filme sobre... a vida. Sobre a vida.


Cly Reis

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os mais sexy do cinema



O site Première, especializado em cinema, publicou sua lista dos 100 mais sexy do cinema em todos os tempos. Dessa vez gostei da lista. Tirando uma coisinha aqui, outra ali fora de lugar, como pro exemplo a Halle Berry estar entre os 10, o que acho demais pra bolinha dela, se bem que ruim é que ela não é, né? (Vamos combinar).

James Dean pra mim seria o que viria imediatamente após os três do pódio e Russel Crowe não deveria estar sequer relacionado. Mas são apenas questões de preferência. A lista está boa no geral.

Na ponta a quentíssima Marylin, seguido por Brando e pela Bardot. Trinca insuperável essa, hein!

Vejam aí o top 10:


Marilyn, no topo da lista.
1. Marilyn Monroe

2. Marlon Brando

3. Brigitte Bardot

4. Rudolph Valentino

5. Angelina Jolie

6. James Dean

7. Sean Connery

8. Raquel Welch

9. Brad Pitt

10. Halle Berry


Confira o resto da lista no site da Première no link aí embaixo:


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Oscar 2020 - Os Vencedores



Bong Joon-Ho, diretor de "Parasita",
o grande vencedor do Oscar 2020.
E ao contrário do que ia se desenhando, de que teríamos uma conciliatória partilha de prêmios entre os principais concorrentes, para que todo mundo saísse bem, sem nenhum destaque acima dos outros, eis que no último prêmio tudo mudou... Esse era bom naquilo, outro era bom em outra coisa, aquele outro era melhor em outra, e as estatuetas foram se pulverizando entre os indicados premiando os principais méritos de cada um, sem maiores contestações: "1917" levando fotografia; "Coringa", levando ator; "Ford vs. Ferrari" faturando os prêmios técnicos de impacto visual e sonoro, tudo no seu devido lugar a não ser, talvez, pela frustração do tricampeonato de roteiro original para Tarantino que era bem cotado na categoria, mas mesmo assim, nenhum absurdo. Mesmo se "1917" ganhasse, ao final a estatueta de melhor filme e se isolasse numericamente à frente, se "Coringa" ou "Era Uma Vez Em... Hollywood" tivessem levado seu terceiro prêmio e causado um tríplice empate, as hierarquias dos prêmios até então distribuídos, não teriam feito de nenhum deles o vencedor absoluto, mesmo com o carimbo de MELHOR FILME. Mas a decisão da categoria principal em favor de "Parasita" deu um significado diferente a tudo isso. Não é a questão de ter ganho quatro e o outro ganho três... Vencendo o Oscar de melhor filme, "Parasita" não deixou margem de dúvidas de que era, dentre aqueles, o melhor em tudo. Se a sua direção é a melhor, se o seu roteiro é o melhor, se já é reconhecido como melhor filme internacional, a aclamação na categoria principal faz do filme um dos vencedores mais incontestáveis dos últimos tempos no Oscar. Ganhar Palma de Ouro e Oscar de filme estrangeiro alguns já conseguiram, ganhar Palma de Ouro e Oscar de melhor filme, só um havia conseguido até hoje, "Marty", de 1955, mas ganhar o prêmio principal de Cannes, o Oscar de filme estrangeiro e a categoria principal da Academia, sem falar em direção e roteiro, é absolutamente inédito e só demonstra o quanto "Parasita" tem méritos que nem a habitual politicagem de Hollywood foi capaz de ignorar.
No mais, a cerimônia teve dois belíssimos números musicais, um com Janelle Monàe, na abertura e outro com Sir. Elton John executando a canção pela qual ganhou o Oscar pelo sua própria cinebiografia, "Rocketman", um discurso forte e inspirado de Joaquin Phoenix ao receber seu prêmio pela atuação em "Coringa", e o belíssimo e humilde reconhecimento do vencedor da categoria de direção, o sul-coreano Bong Joon-Ho, a Martin Scorsese, que pelo menos serviu como consolo pelo fato de  seu filme candidato  em dez categorias "O Irlandês" ter saído de mãos vazias.
Se houve um certa chiadeira pelo fato de mulheres e negros não terem merecido a devida atenção nas indicações, a Academia, ao que parece tentou compensar em premiações como as de "Hair Love", sobre cabelos afro, como curta de animação, e "Learning to sobreviver in a warzone (If you're a girl)", sobre garotas superando barreiras e preconceitos para praticar seu esporte, na categoria documentário em curta-metragem, e, a propósito de documentário, como era esperado, não foi dessa vez que o Brasil, levou um Oscar com o importante porém fraco "Democracia em Vertigem"
"Parasita" fez história! Se em vários anos anteriores a Academia via filmes estrangeiros superiores aos hollywoodianos e não tinha a coragem de dar os dois prêmios para o convidado de fora da festa, fazendo aquela mediazinha, dividindo irmanamente os louros da glória entre "nós" e "vocês", desta vez parece que foi impossível não se render ao que veio de fora. 
Parece que finalmente um corpo estranho que vinha se desenvolvendo invadiu definitivamente o sistema imunológico de Hollywood. Os estrangeiros chagaram e se alojaram por lá. Mas ao contrário de um parasita, não estão ali para tirar. Pelo contrário, tem muito a dar ao cinema americano.


Confira abaixo a lista dos vencedores em todas as categorias:



  • Melhor roteiro original: Parasita
  • Melhor roteiro adaptado: Jojo Rabbit
  • Melhor longa de animação: Toy Story 4
  • Melhor curta-metragem de animação: Hair Love
  • Melhor curta-metragem: The Neighbor's Window
  • Melhor direção de arte: Era Uma Vez em... Hollywood
  • Melhor figurino: Adoráveis Mulheres
  • Melhor documentário: American Factory
  • Melhor documentário em curta-metragem: Learning to sobreviver in a warzone (If you're a girl)
  • Melhor edição de som: Ford vs. Ferrari
  • Melhor mixagem de som: 1917
  • Melhor fotografia: 1917
  • Melhor montagem: Ford vs. Ferrari
  • Melhores efeitos visuais: 1917
  • Melhor maquiagem e penteado: O Escândalo
  • Melhor filme estrangeiro: Parasita
  • Melhor trilha sonora original: Coringa
  • Melhor canção original: (I'm gonne) Leave me again - Rocketman
  • Melhor direção: Bong Joon Ho - Parasita
  • Melhor ator caodjuvante: Brad Pitt (Era Uma Vez em... Hollywood)
  • Melhor ator: Joaquin Phoenix (Coringa)
  • Melhor atriz coadjuvante: Laura Dern (História de um Casamento)
  • Melhor atriz: Renée Zellwegger (Judy)
  • Melhor filme: Parasita

C.R.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Cinema e Esporte - As Modalidades Esportivas na Telona - II


Embora algumas modalidades já tenham iniciado suas competições, os Jogos Olímpicos de Tóquio estão abertos, oficialmente mesmo, a partir de hoje e, desta forma, também está aberta a temporada de publicações referentes a esporte e ao país sede, o Japão, aqui no ClyBlog.
Pra começar, assim como fizemos na última Olimpíada, preparamos uma listinha destacando alguns filmes relacionados com esportes olímpicos. Alguns filmes são especificamente sobre determinada modalidade, em outros há uma cena ou um momento marcante, em outros o esporte é um elemento contextual, em outros é decisivo para a trama... Tem para todos os gostos! O importante é que os esportes estão ali. É lógico que um evento desse porte tem tantas modalidades esportivas que não dá para destacar todas e, sinceramente, eu duvido que tenhamos filmes de algumas delas, mas aqui no Claquete destacamos dez e achamos que  ficou uma lista bem diversificada quanto a gêneros cinematográficos, estilos, abordagens, nacionalidades e com esportes bem interessantes que renderam bons filmes. Então, chega de papo-furado, e vamos à lista:

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"O Campeão", de Franco Zefirelli, (1979)
  - Quando se fala em filmes com esporte, é impossível não pensar nos filmes de boxe, e quando o boxe é assunto na telona, alguns filmes imediatamente vêm à mente como a saga "Rocky" e o cultuado 
"Touro Indomável". Mas outro que é referência quando se fala na Nobre Arte é o dramático "O Campeão". Dirigido por Franco Zefirelli, o filme trata da história de um boxeador aposentado, com problemas com álcool e um filho pequeno para criar, depois que a mãe os abandonara. Com problemas de dinheiro, tentando garantir a guarda do filho diante da mãe (Faye Dannaway), que retornara cheia de grana e arrependimento, e ainda querendo justificar a idolatria do filho, que o vê como um herói, Billy Flynn, vivido por John Voight, resolve voltar aos ringues. Mas já sem as melhores condições físicas e contrariando recomendações  médicas, uma nova luta, àquelas alturas, pode não ser uma boa ideia... Embora muita gente já tenha visto, não vou dar spoiler e contar o final,  mas, só para dar uma ideia, o filme é considerado um dos mais tristes de todos os tempos. Já da pra imaginar, né?

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"Caçadores de Emoção", de Kathryn Bigelow (1991) - O surfe, que estreia em Olimpíadas este ano, em Tóquio, aparece em "Caçadores de Emoção", uma aventura policial em que um agente se infiltra em um grupo de surfistas que, ao que parece, vem realizando roubos a bancos fantasiados com máscaras de presidentes americanos. Johnny Utah (Keanu Reeves), se aproxima, aprende a surfar e, para ganhar a confiança do líder do grupo, Bhodi, interpretado por Patrick Swayze, até pega umas ondas com os carinhas. Dirigido por Kathryn Bigelow, que anos depois seria a primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor direção por "Guerra ao Terror", e com Patrick Swayze no auge de sua popularidade e em sua melhor forma física, para delírio do público feminino, "Caçadores de Emoção", se não é um grande filme, ao menos mantém o espectador grudado na trama e na aventura. O surfe está presente em muitos momentos do filme em boas cenas cheias de adrenalina, mas a cena final, numa espécie de "hora da verdade", é a mais marcante e uma das mais icônicas dos filmes de ação dos anos 90.

"Caçadores de Emoção - cena final"


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A galerinha de "Kids", com o skate presente,
dando um daqueles rolezinhos.
"Kids", de Larry Clark (1995)
- Não é um filme sobre skate e, na verdade, o esporte também debutante em Jogos Olímpicos, este ano, nem tem tanto destaque assim. O fato é que a turminha que protagoniza os eventos e envolvimentos do longa é um grupo de jovens skatistas, uma galerinha da pesada que não tá nem aí  pra nada e só quer saber de trepar, ficar doidão e barbarizar por aí. Filme pesado, duro, com algumas situações angustiantes, revoltantes e até degradantes. Produzido no auge da situação da AIDS, o filme que era para ser uma espécie de alerta para a irresponsabilidade, especialmente entre os jovens, em suas relações, parece não ter conseguido sequer controlar o próprio set de filmagem que, pelo que se sabe foi um caos com sexo e drogas para todo lado. Consta que alguns atores, muitos deles amadores, ficaram traumatizados com a experiência e outros sequer conseguiram voltar a atuar. Daquele time, no entanto sobreviveram à  experiência e vingaram na carreira as boas Rosario Dawson e Chloë Sevigny.

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"Troca de Talentos", de John Witesell (2012)
 - Mesma pegada do consagrado "Space Jam" mas sem os desenhos e sem a mesma qualidade. Brian, um garoto impopular, fracote, zoado, fãzaço de basquete mas sem nenhum talento para a prática do jogo, vai assistir a um jogo de seu time, o Oklahoma City Thunders, onde jogava Kevin Durant na época, e, por uma rara sorte em sua azarada vida, naqueles entretenimentos do intervalo de jogo, ganha de Durant uma bola de basquete, mas por uma circunstância toda especial e mágica, acabam trocando de talentos no momento da entrega da bola para o garoto. Aí o que acontece é que o garoto, que era um pereba na escola, passa a arrasar, entra pro time principal, vence todos os jogos contra outras escolas e, de quebra, conquista a gatinha que tanto cobiçava. Na outra ponta da história, o craque da NBA, passa a jogar nada, decepciona na liga, é responsável por derrotas, vai para a reserva e até  mesmo pensa em encerrar a carreira. Seu empresário, desesperado, passa a procurar as razões para aquela queda tamanha e repentina de qualidade e, juntando os pontos, elementos, fatos, chega até  o garoto e a noite da entrega da bola. Aí, só resta descobrir como fazer para devolver os respectivos talentos a cada um.
Filme fraquinho, previsível, cheio de clichês mas, no fim das contas, se o espectador for pela mera diversão, sem muita exigência, até pode achar uma comediazinha bem divertida.

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"O Casamento de Muriel", de P.J. Hogan (1994)
- Muriel é uma gordinha simpática, doce, sonhadora, fã de ABBA, mas, infelizmente, não muito popular e sem nenhum amigo. Ela tem o sonho de mudar de vida, sair da pequena Porpoise Split, conhecer gente, afastar-se de sua sufocante família, em especial de seu desprezível pai, e, acima de tudo, se casar. Mas casar da forma mais bela e tradicional: com cerimônia, bolo, vestido branco e tudo.
Mas que diabo esse filme tem a ver com esportes e com Olimpíadas? Tem que, depois de sair de Porpoise Split, encontrar uma boa amiga, finalmente se sentir viva por um momento na vida, mudar o nome para Mariel, voltar à cidadezinha, ser descoberta no golpe que aplicou na própria mãe, fugir de casa, ir morar com a amiga, nossa protagonista, decidida em casar, decide procurar, em anúncios especializados de jornais, um homem à procura de uma jovem para matrimônio. Ela conhece David Van Arkle, um nadador sul-africano que busca de uma esposa local a fim de obter cidadania australiana e e poder participar dos jogos olímpicos. Assim, Muriel consegue realizar seu sonho, embora, salvo raros momentos, o casamento não tenha sido exatamente o paraíso que ela poderia imaginar. Boa comédia com elementos dramáticos, com destaque para Tony Colette, no papal que, de certa forma, impulsionou sua carreira.

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"O Homem Que Mudou o Jogo", de Bebnet Miller (2012)
- Se o futebol americano já ganhou uma certa força e popularidade no Brasil, o beisebol, que tem uma quantidade considerável de produções cinematográficas por parte da indústria norte-americana, ainda nem tanto. Desta forma, salvo algum argumento mais emotivo ou atraente, os filmes sobre o tema acabam não caindo totalmente nas graças do público brasileiro. E entre tantas histórias de ex-jogadores com algum tipo de crise, dramas de superação, times infantis de bairro, paizões treinadores, animações, um dos que merece destaque dentro desse universo, muitas vezes tão pobre de qualidade, é o bom "O Homem Que Mudou o Jogo", de Bennet Miller, história real de um cara que, com muita observação, perspicácia, coragem, em 2002, impulsionou um time nada mais que mediano, o Oklahoma Atlhetics, e o tornou um dos destaques da MLB, tendo seu modelo de gestão, imitado depois, até mesmo, por times maiores e tradicionais.
É um filme de beisebol mas outras questões como os métodos do manager Billy Beane, sua determinação, os objetivos, as dificuldades, se salientam tanto que a estranheza do esporte yankee, de nossa parte, acaba sendo superada pelo bom roteiro e pela ótima atuação de 
Brad Pitt no papel do protagonista. Filme de beisebol que vale a pena, apesar do beisebol.

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"Uma Razão Para Vencer", de Sean McNamara (2018)
- Filmes com voleibol são bem raros e até por isso, mesmo não sendo grande coisa, vale a pena mencionar na nossa lista de filmes com esporte, o longa norte-americano "Uma Razão Para Viver". Baseado em fatos reais, o longa trata sobre um time de vôlei cuja capitã e melhor jogadora, Caroline, uma jovem alegre, positiva e vibrante, morre num acidente trágico de motocicleta, e sua melhor amiga, completamente desestruturada a partir do acidente, passa a tentar recuperar o estímulo e o prazer pelas coisas. Para isso, contará com a liderança e persistência da treinadora do time que vai fazer com que a decisão de voltarem a jogar e disputarem o torneio, se torne uma espécie  de missão  e tributo à  jovem que não está mais entre elas.
"Uma Razão Para Vencer" é um típico drama de superação, de motivação, meio irregular no ritmo, meio cansativo em alguns momentos, mas que não é um lixo e conta com um bom elenco, com nomes como a boa Erin Moriarty e os oscarizados 
William Hurt, como pai da garota falecida, e Helen Hunt, no papel da determinada treinadora.

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A tensa cena da corrida em que 
Ali tem que dar tudo de si (mas nem tanto assim).
"Filhos do Paraíso", de Majid Majidi (1999)
-  Não é um filme de atletismo mas a cena da corrida é uma das mais emocionantes do filme e... se encaminha para ser decisiva para a resolução do problema. E qual é  o problema? A questão toda é que um garoto, Ali, de uma família humilde de Teerã, perde o único sapato da irmã menor ao levá-lo para consertar, no sapateiro. Constrangido e culpado, e sem outra opção, dadas as condições da família e o temor de contar para os pais, ele empresta os seus próprios tênis, rasgados e velhos, para a irmã ir a escola pela manhã, aguardando que ela volte para que ele possa ir à sua aula, à tarde. Mas a combinação tem seus problemas, seus imprevistos, seus atrasos, suas correrias e a situação passa a ficar insustentável. Quando tudo só parece ficar cada vez pior, uma corrida promovida pela escola parece ser a grande oportunidade de resolver o problema, pois o prêmio para o terceiro colocado é,  nada mais nada menos que um tênis. Mesmo com uma certa indisposição dos professores em relação por conta dos muitos atrasos ocasionados pelo revezamento do tênis, Ali dá um jeito de ser inscrito na prova e terá que, ao mesmo tempo ser competente e rápido o suficiente para estar no grupo da frente, entre os primeiros, mas cuidadoso o bastante para não chegar em primeiro nem em segundo.
Como eu já disse, a cena toda é algo absolutamente tensa e agoniante, ainda mais quando, um dos concorrentes trapaceia e derruba Ali, que tem que se recuperar na prova e dá uma arrancada decisiva para que fará com que consiga (ou não) o tão almejado prêmio.
Mais um dos ótimos filmes da safra iraniana dos anos 90, com toda aquela competência que os cineastas de lá têm, de nos apresentar, dentro de uma trama aparentemente simples, todo um aspecto humano sempre relevante e significativo, além de uma contextualização de realidade social e cultural com sensibilidade e beleza.

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O tiro certeiro de Merida que lhe garantiu
a solteirice (e a indignação da mãe).
"Valente", de Branda Chapman (2012)
- Merida passa longe de ser a princesa ideal. É  largadona, dasaforada, rebelde e, por isso tudo, em constante conflito com a mãe, a rainha autoritária e intransigente Elinor. Ela quer que a filha siga os padrões de comportamento de acordo com sua posição e mantenha as tradições do reino, tornando-se sua sucessora, casando-se com o pretendente de outro clã que vencer um torneio de arco e flecha que ela pretende promover. Merida não quer que seu destino seja decidido numa competição, num jogo, mas, já que é  assim, ela dá um jeito, reinterpreta as regras e se habilita a competir contra os próprios pretendentes. Autoconfiante e certeira, ela, praticante desde pequena do esporte, não dá a menor chance para os competidores, acabando com essa história de casamento e causando revolta nos líderes dos outros clãs mas, especialmente na mãe, que fica uma fera. Elas discutem, brigam e Merida foge para a floresta onde é guiada por chamas mágicas à cabana de uma bruxa, a quem pede para que a mãe deixe de ser como é. A bruxa atende mas... a ideia não era bem a que Merida tinha em mente. A mãe que estava uma fera com ela, se transforma, literalmente numa fera, mesmo. A rainha é metamorfoseada num enorme urso negro e, agora, Merida tem que lidar com a criatura transfigurada da mãe e impedir um conflito que se aproxima entre seu povo e o reino vizinho, por conta do descumprimento da promessa do casamento que representaria a paz entre eles.
Muita aventura, confusão, boas risadas e algumas boas quebras de paradigmas como só a Pixar sabe fazer quando negócio é animação. "Valente" é a 
Pixar apostando num filme de princesa pouco convencional, numa fábula diferente, numa heroína incomum e acertando no alvo. 

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"Match Point", de Woody Allen (2006)
 - 
Woody Allen teve uma sequência de trabalhos geniais, quase ininterruptamente, ali, do início dos anos '70 até a metade dos '80. Praticamente só obras-primas! Ali, a partir dos anos '90, a qualidade já passou a oscilar um pouco e, se às vezes éramos brindados com mais um filmaço que poderia se juntar, tranquilamente, à galeria dos seus melhores, outras tantas tínhamos algo bem enfadonho e dispensável. Mas nessa época de altos e baixos, um dos que, certamente, pode ir para a categoria dos grandes é "Match Point - Ponto Final", um suspense policial que, literalmente, deixa o espectador com o coração na mão até o último momento, até o último ponto.
Chris Wilton é um ambicioso ex-jogador de tênis que se torna instrutor em um requintado clube inglês e que ganha a confiança de Tom Hewitt, um ricaço filho de um grande empresário, passando a ser seu treinador somente para se aproximar de sua irmã e, quem sabe entrar para a família. O golpe está  dando certo até  que ele conhece a noiva de Tom, a belíssima Nola, o que é o começo de sua ruína. Chris casa com a filha do milionário, garante um lugar como executivo em sua empresa, dá o golpe do baú, mas o envolvimento paralelo com Nola , uma inesperada gravidez (será???) e a ameaça da revelação do affair, que colocaria todo seu esforço a perder, faz com que tome atitudes drásticas e resolva se livrar da amante.
Fora alguns contratempos, alguns imprevistos de um assassino de primeira viagem, superados com uma certa dose de sorte, seu plano corre bem, seus álibis são convincentes e não há nada que a polícia possa suspeitar. Um crime perfeito! Bom, quase... Pois uma certa intuição de que alguma coisa não fecha, não bate, faz com que um dos investigadores refaça os passos e chegue se aproxime do assassino.
Exatamente para eliminar qualquer suspeita, Chris pretende se livrar dos pertences que levara do apartamento vizinho, de modo a fazer tudo parecer mero um roubo que terminara em assassinato. Ele joga as coisas da senhoria de Nola no rio, mas ao jogar o último item que percebera em seu bolso, o anel da idosa, o objeto, 
na cena mais marcante do filme e uma das grandes da filmografia do diretor, caprichosamente, bate no parapeito, sobe e.... Allen desacelera a cena num slow-motion angustiante, com o anel no ar, e remete à própria cena inicial do filme, quando uma bola de tênis bate na rede e, num quadro parado, fica no ar, podendo decidir o jogo. Para um lado, cai na água, e a prova do crime é eliminada; para o outro, cai no chão e o policial, que se está em seu encalço, poderá ter a prova que falta de que Chris estivera no prédio no dia dos crimes.
Não vou dar spoiler aqui. Aliás já falei demais, mas posso garantir que a cena faz a gente torcer como se fosse uma partida de tênis de verdade. Filme que começa leve, parece uma comédia, parece um romance, vira um drama, passa a ser um um policial, até tornar-se um suspense eletrizante, "Match Point" é Woody Allen na melhor forma, voltando ao gênero do thriller policial, ao melhor estilo de "O Misterioso Assassinato em Manhattan", um dos  seus bons dos anos 90, só que aqui sem a comédia e com muito mais tensão.
"Match Point", em sua brilhante construção e desenvolvimento, além de todas suas qualidades e virtudes cinematográficas, tem o mérito de fazer  refletir sobre a impotência humana diante do todo, de que não temos domínio sobre tudo. Que, no fim das contas, muitas das vezes, na vida, por mais que façamos tudo "certo" ou tudo errado, as coisas se resumem, na verdade, em para qual lado a bola vai cair.

"Match Point" - cena inicial 





por Cly Reis