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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Gol da Medalha de Ouro do Futebol do Brasil - Olimpíadas Rio 2016

 




Gol de Neymar - Final do Futebol - Olimpíadas 2016 - Rio de Janeiro
REIS, Cly - ilustração digital




Gol de Neymar
na final olímpica 
do futebol, em 2016,
no Rio de Janeiro
Cly Reis

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Musica da Cabeça - Programa #224

 

Semana de começo de Olimpíadas, e você se dá conta de que não pode estar lá. Aliás, nem quem é japonês pode estar nos jogos! Para preencher essa lacuna e aproximar você de Tóquio, o MDC vem com muita música legal, inclusive do Japão. E também tem a Karnak, a Living Colour, a Maria Bethânia, a Sonic Youth, a Rita Lee e mais. No "Cabeça dos Outros", também um pouco de Esporte e um músico japonês, o Cornelius, no quadro "Cabeção". Faz assim: escuta o programa hoje, que você não vai nem precisar acordar de madrugada pra isso, pois é às 21h, na olímpica Rádio Elétrica. Produção, apresentação e tocha acesa: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

terça-feira, 13 de julho de 2021

Grinders - "Grinders" ou "Skatepunkmusic" * (1987)









"E algum tempo depois,
Um skate eu montei
Ando todos os dias
E feriados também."
trecho de "Minha Vida"

"Ande de skate ou  morra!"
trecho de "Ande de Skate Ou Morra"



Meu primo Lucio Agacê, tradicional colaborador aqui do blog, na época das nossas formações musicais e descobertas sonoras, volta e meia nos apresentava, a mim e ao meu irmão Daniel, alguma novidade dos sons que acabara de conhecer. Recém iniciado no punk e hardcore, empolgado, chegava para nós com aqueles discos esquisitos, barulhentos, com sonoridades agressivas, rascantes, acabamento pobre, não só sonoro mas também gráfico, com artes feitas de colagens muito primárias ou com ilustrações de qualidade bastante deficiente. Eu, na época, ainda muito absorvido pelo rock que tocava nas rádios, na época da explosão do rock nacional, com bandas como Legião Urbana, Ultraje a Rigor, RPM, nem sempre valorizava muito àquelas coisas que meu entusiasmado primo trazia a meu conhecimento e apreciação. Com exceção um que outro que tinha alguma produção um pouco mais caprichada como Inocentes, Cólera, em alguns momentos, e um pouco mais adiante, Ratos de Porão, aquele som do punk nacional me soava excessivamente tosco e mal acabado. No entanto, em meio a esse universo pouco convidativo para meu 'paladar' sonoro, algo me chamou atenção. Uma banda chamada Grinders parecia ter um pouco mais de técnica, seu som era mais limpo, não se limitava aquela chiadeira que mais parecia um vespeiro em polvorosa e, claramente, havia um pouco mais de cuidado, de trato na produção.

Curiosamente, a primeira impressão não foi exatamente positiva pelos motivos certos. Meu primeiro contato com Grinders se deu quando o próprio Lucio me mostrou a coletânea "Ataque Sonoro", na qual a banda tinha duas músicas. Uma delas, "Skate Gralha", para mim estava mais para engraçada do que propriamente para boa, uma vez que, o vocalista, com uma interpretação acelerada, quase indecifrável, depois de esculachar, na letra, um suposto skatista muito ruim, que só atrapalhava na pista, culminava a execração do coitado dando-lhe, no refrão, a sentença definitiva de "animal" ("Pega o skate desse gralha /Sai da pista, animal /Se você quer tesourar /Vai pra casa animal /ANIMAL, ANIMAL, ANIMAL!"). Era engraçado, era divertido, brincávamos imitando aquele refrão mas, para mim, passava longe de ser algo que me agradasse musicalmente e, embora não fosse exclusivamente o que pesasse na minha antipatia, efetivamente, não havia como negar que aquela versão, presente na legendária compilação punk, era bastante precária.

Algum tempo depois, já mais aberto e tolerante, tive a oportunidade de ouvir o disco de estreia dos Grinders e lá estava "Skate Gralha", que, embora ainda totalmente "animal", claramente estava bem mais limpa e mais bem acabada.

Trato mais cuidadoso que, por sinal, todo o disco tinha, até mesmo nas mais ruidosas e selvagens como "Destrua Um Monstro Nazista", "Ande de Skate ou Morra" e "Explorados". Mas não era só a questão do trabalho de estúdio, os Grinders sabiam tocar, tinham bala na agulha, as músicas tinham bons riffs e podia-se até mesmo notar uma pegada meio surf-music e do punk californiano. As duas peças instrumentais, a que leva o nome da banda e abre o disco, "Grinders", e a cover do tema do Homem-Aranha, são exemplares indesmentíveis dessas influências.

Chama atenção também como os gritos da galera punk daquela época, incrivelmente, continuam tão válidos e procedentes ainda hoje, e talvez até mais pertinentes agora do que naquele momento pós-abertura, quando parecia haver uma série de conscientizações em relação a diversos temas e problemas do país por parte da sociedade. "Amém", denunciando os falsos religiosos que se utilizam da ignorância do povo para lucrar, a irônica "Serviço Militar", contra o militarismo, "Destrua Um Monstro Nazista", bem a calhar diante das inúmeras manifestações de extrema-direita que surgem por todo canto, e "Como É Que Pode", que chama atenção para a desigualdade social e a fome, infelizmente, mostram-se extremamente atuais e urgentes. "Ruas de Soweto", uma das melhores, com seu riff vigoroso e sua letra mínima porém sintética ("Os dias são negros pelas Ruas de Soweto"), se hoje não é mais tão atual em relação ao Apartheid sul-africano, não perde a validade, dadas as mostras escancaradas de racismo pelo mundo, e em especial no Brasil, cujo procedimento é apoiado pelo discurso discriminatório do próprio presidente da República.

Mas, em meio a tantos assuntos sérios, há  espaço para o skate, prática muito comum entre o pessoal do punk e hardcore, na época, e que é tema de destaque no disco, não somente com a já destacada, "Skate Gralha", mas também com a ótima "Minha Vida", que relata a satisfação de ter um skate e poder usufruir dele, e a marcante "Ande de Skate ou Morra", lema do pessoal das rodinhas, elevado à condição de hino skatista hardcore pelos Grinders.

O disco ainda tem a pérola, que o finaliza, "Puta Vomitada", que relata o day after de uma noitada, aquela ressaca e os efeitos da bebedeira, numa manhã de domingo em que, tudo que se encontra numa tentativa de assistir TV, é Programa Sílvio Santos, Menudo, RPM , numa crítica à massificação do entretenimento promovido pelas mídias, naqueles idos dos anos 80. Apesar de gostar de RPM, na época e ainda hoje, é um encerramento de disco espetacular que ainda fica melhor com o som de uma descarga de banheiro que joga para o esgoto toda aquela porcaria.

Edições posteriores, em CD, tem alguns extras bem interessantes como uma cover instrumental, ao vivo, de "California Über Alles", dos Dead Kennedy's, que só confirma ainda mais aquela impressão da influência do punk californiano; "Amém" com uma introdução de "oração"; e algumas inéditas, em versão demo, como "Trem Lotado", "Danceteria" e a preconceituosa, porém divertida "Eu Não sou Break".

Ainda que um pouco mais bem produzido que seus contemporâneos, "Grinders" mantém aquela pureza característica punk nacional, na sonoridade, nas composições e nas letras. Aquela crueza, aquela "barulheira" que de início era exatamente o que me incomodava, no fim das contas é o diferencial do punk raiz, do punk proletário, do punk suburbano, e que atesta, sobremaneira, a autenticidade de sua atitude e de seu discurso. 

Dia do Rock e época de Olimpíadas, nada melhor do que trazer toda a força do rock, sua essência, sua atitude, seu caráter contestador, e misturar com esporte, nas mais radicais manobras sobre as quatro rodinhas. E, cá entre nós, poucos esportes têm tanta atitude como o skate.

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FAIXAS:
1. Grinders
2. Skate Gralha
3. Amém
4. Homem-Aranha
5. Minha Vida
6. Destrua Um Monstro Nazista
7. Explorados
8. Serviço Militar
9. Ande De Skate Ou Morra
10. Ruas De Soweto
11 Como É Que Pode
12. Puta Vomitada

Ao Vivo no Woodstock Music Hall(1987)
13. Grinders
14. Skate Gralha
15. Homem-Aranha
16. Amém
17. Como É Que Pode
18. Minha Vida
19. Califórnia (cover instrumental de "California Über Alles", dos Dead Kennedy's)

Demo Tape(1985)
20. É Domingo
21. Grinders
22. Skate Or Die
23. Como É Que Pode?
24. Trem Lotado(TL)
25. Eu Não Sou Break
26. Danceteria

Ao Vivo na Broadway(1985)
27. É Domingo
28. Eu Não Sou Break

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Ouça:

* nome dado à reedição em CD de 2001

por Cly Reis


domingo, 11 de julho de 2021

"Pacto Sinistro", de Alfred Hitchcock (1951)







Dois estranhos num trem, um contato de pés ao cruzarem as pernas, uma personalidade do esporte em viajem e o começo de um grande problema. O inoportuno Bruno  Anthony reconhece, no assento à sua frente, o famoso tenista Guy Haynes, especula com ele sobre as fofocas que a imprensa vem divulgando sobre uma suposta amante, sobre um desejo do esportista de deixar a esposa, sobre um eventual dificuldade que ela viria impondo para uma separação... Haynes, deixa no ar, mas, meio que a contragosto, de certa forma confirma os boatos. O vizinho de cabine, então, revela que também tem alguém indesejável em sua vida, seu pai, e propõe um acordo que seria bom para os dois: um eliminar o estorvo do outro. Um crime perfeito, segundo Bruno, pois, sem nenhum motivo aparente, jamais ligariam um ao crime do outro. O tenista não leva a sério, ignora o desvario, mas não imagina que o sujeito seja muito mais desequilibrado do que imaginava. O maluco põe o plano em prática: mata, sem dificuldade, a volúvel esposa do tenista, e aparece para cobrar a outra metade do plano, que Haynes mate seu pai. Evidentemente, surpreso, assustado, acuado, o tenista rechaça a possibilidade, passando a ser perseguido e atormentado pelo psicopata que, reconhecendo a indisposição do outro em participar do pacto sinistro, resolve então culpá-lo pelo assassinato da esposa, plantando, no local onde ele mesmo cometera o crime, o isqueiro personalizado e inconfundível do tenista, que ficara em seu poder ainda no primeiro encontro, no trem.
Um contato de pés.
Apenas o começo de muitos problemas
"Pacto Sinistro" é uma trama envolvente, tensa e de tirar o fôlego conduzida de forma brilhante pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock. Ele dá o ritmo, ele desacelera a trama, ele nos alivia em relação ao protagonista para logo em seguida nos fazer ficar com o coração na mão, ele quase nos faz simpatizar com o vilão para depois nos fazer odiá-lo com toda a força do coração... E as cenas!!! Meu Deus! A cena do assassinato no parque de diversões com o estrangulamento refletido na lente dos óculos da vítima; a que Haynes entra na casa do pai de Bruno sob o pretexto de matá-lo, mas com a intenção de avisá-lo do desequilíbrio do próprio filho, e acaba encontrando, exatamente, o próprio maluco à sua espera, prevendo a traição. A cena em que, numa festa, notando a semelhança de uma convidada com a mulher que matara, num exercício de simulação de estrangulamento, quase mata verdadeiramente uma outra convidada; a cena do velho funcionário do parque de diversões que para o carrossel descontrolado; e, é claro, uma das mais marcantes da filmografia do diretor e uma das melhores cenas de esporte no cinema, a da partida de tênis em que Haynes tem que jogar para evitar suspeitas e, assim que terminar, correr para o parque de diversões para evitar que o assassino deixe lá a prova falsa que o incriminaria. O problema é que o jogo que parecia fácil no início, começa  a complicar e o tempo vai se esgotando enquanto Bruno se dirige para o local onde cometera o crime. O espectador torce no jogo, torce pelo ponto, joga junto, quer que Guy Haynes feche logo cada game, cada set para poder sair correndo dali e se livrar da indesejável e injusta incriminação.
"Pacto Sinistro", além de um grande filme, está aí para lembrar de, seja no metrô, no ônibus, no avião, no trem, não ficar dando trela para estranhos. Mas, se for conversar, se for bater aquele papo, de preferência não dê detalhes da sua vida pessoal, não faça nenhum acordo e, sobremaneira, não subestime quem estiver no assento perto do seu. A gente nunca sabe o maluco que pode encontrar.

"Pacto Sinistro" -
 cena do jogo de tênis e do isqueiro
Parte da cena do jogo de tênis, 
enquanto o verdadeiro assassino, Anthony, tenta recuperar o isqueiro
 para plantá-lo no parque de diversões.




por Cly Reis