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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Live "Hertha Spier - A Sobrevivente A21646", com Tailor Diniz, Mário Spier, Lúcio Spier, Luiz Gustavo Guilhermano e Cíntia Moscovitch - Ed. BesouroBox - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre

Anne, Olga e Hertha


Anne Frank 
(Assassinada em fevereiro de 1945 em Bergen Belsen/Al)

Olga Benário 
(Assassinada em 23 de abril de 1942 no Campo de extermínio de Bernburg/Al)

Hertha Spier
(Faleceu em 09 de fevereiro de 2020, aos 101 anos, em Porto Alegre-RS) 

A história da 2ª Guerra Mundial chegou a minha vida, muito cedo. Minha mãe Anita nasceu em 1941 e cresceu escutando a história de Olga Benário e sua filha Anita Leocádia. Sempre me contou que muito pequena folheava as revistas da época, onde fotos da pequena Anita Leocadia ilustravam reportagens sobre a tragédia que ela, sua mãe e Luiz Carlos Prestes vivenciaram. Contemporânea de Anita Leocadia, minha mãe solidária a história dela, dizia que quando tivesse uma filha colocaria o nome de Leocadia, e assim eu nasci e recebi meu nome. Além do nome, tenho uma descendência judaica nunca muito bem esclarecida, mas que veio da França e foi acolhida em Satolep na geração dos bisavós maternos, Lhullier. Na escola, quando pré-adolescente tive a oportunidade de ler "O Diário de Anne Frank" e, anos mais tarde, "Olga", que ampliaram meu conhecimento em relação ao cenário dos campos de concentração e as atrocidades ocorridas na 2ª Guerra, dirigidas ao extermínio principalmente da comunidade judaica. 

Recentemente quando iniciou a pandemia no Brasil senti uma atmosfera que me lembrou muito os relatos das Guerras, dos exílios e dos cárceres onde sempre a bestialidade, a violência, o medo, a vulnerabilidade física e mental, o genocídio estão presentes. Lembrei de Anne e Olga mas no verão de 2020 me deparei com Hertha Spier, uma sobrevivente do Holocausto recém-falecida, aos 101 anos de idade. 

A história de Dona Hertha passa pelo Gueto de Cracóvia no campo de Plaszow, que é o cenário do filme "A Lista de Schindler", para o qual concedeu uma entrevista à equipe de Steven Spielberg, depoimento inclusive que integra o Acervo da Fundação Survivors of the Shoah: “A sua entrevista será preservada cuidadosamente como parte importante da mais completa videoteca de testemunhos até hoje coletada. Em um futuro longínquo, as pessoas terão a possibilidade de ver o seu rosto, ouvir sua voz e conhecer sua vida, a fim de aprender para sempre lembrar”. No dia 15 de abril de 1945, as tropas de libertação encontraram Dona Hertha inconsciente e muito enfraquecida no campo de Bergen Belsen, na Alemanha, mesmo campo onde poucos dias antes morrera a holandesa Anne Frank.

Convidado a transformar essa história em livro, o escritor e biógrafo Tailor Diniz entrevistou ela por inúmeras vezes e nos traz as lembranças e o aprendizado profundo de quem emergiu em meio a tanta dor, adversidade e conflito. Para mim a história de Dona Hertha poderia ser uma história sobre irmãs onde a presença e o espelhamento entre Gisi e Hertha foi um fator determinante de vida, de continuidade. Além disso, há inúmeras particularidades que nos fazem acolher com muita admiração Dona Hertha: a forma inteligente em adaptar-se e o amor que carregava consigo, todas resultantes da personalidade de uma mulher que sobreviveu à perda de toda a família e, sem casa e sem futuro numa Europa devastada, veio para o Brasil. Aqui, numa pátria diferente da sua de origem, sem nenhum familiar lida com todos esses traumas, abrindo espaço para a arte e a dedicação à família, sendo uma administradora dos negócios, em função da sua precoce viuvez. 

Ao ler a biografia de Tailor Diniz, com prefácio de Moacyr Scliar sobre a diferença entre memória e história e posfácio com o ensaio sobre a resiliência pelo psiquiatra Dr. Luiz Gustavo Guilhermano, posso dizer que Dona Hertha une-se a Anne e a Olga, fechando a trilogia de histórias sobre mulheres que estiveram frente a frente com a morte, sobreviveram cada qual da sua forma, mas permanecem em meu  coração por serem um exemplo do quanto o amor pode vencer e ressignificar tudo o que existe, principalmente o mal.

A LIVE com Tailor Diniz receberá os convidados, a escritora e Patrona da 62ª FLPOA Cintia Moscovich; os filhos de Hertha, Dr. Mario Spier e Lucio Spier, o médico psiquiatra, Dr. Luiz Gustavo Guilhermano e a mediação dessa que aqui escreve para vocês. 

Agenda aí: dia 13 de novembro (sexta), às 19h30, no canal do YouTube: BesouroBox Editora Oficial.

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o que: Live "Hertha Spier - A Sobrevivente A21646"
quando: 13 de novembro, 19h30
apresentação: Leocádia Costa
mediação e participação: Tailor Diniz, Mário Spier, Lúcio Spier, Luiz Gustavo Guilhermano e Cíntia Moscovitch
evento: Feira do Livro de Porto Alegre

Leocádia Costa

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Live “Na Antessala do Fim do Mundo", com Boca Migotto, Tabajara Ruas e Roger Lerina - Ed. BesouroBox - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre

 Qual o seu lugar no mundo?


O autor Boca Migotto: do cinema para a literatura

"À direita do carro, bem ao lado de Diego, que estava sentado no banco do carona, a Cordilheira dos Andes e suas neves eternas seguem presentes, acompanhando a viagem dos aventureiros que por ali passam. É fim de tarde, o pôr do sol avermelhado reflete sobre o cume das montanhas e pinta de dourado a neve. Esse primeiro trecho da viagem ainda é feito sobre uma Ruta 40 asfaltada, que corre por entre montanhas verdejantes, contorna lagos e, por vezes, acompanha o fluxo natural de rios e córregos originários do degelo dos Andes. 'Engraçado como a água sempre encontra o caminho mais fácil para seguir seu destino'", pensou Diego."
Trecho de “Na Antessala do fim do Mundo” 

Diego é um homem bonito, lembra pela descrição um típico latino, com a virilidade e a força do homem americano. Ele nos faz acreditar que o final do mundo deve ser no Ushuaia, um lugar construído para prisioneiros perigosos dada a sua distância, intempéries e maior dificuldade de uma convivência humana mais cotidiana como as dos grandes centros urbanos. Mas ao viajar na RUTA 40 que avança na companhia silenciosa da Cordilheira dos Andes, entre montanhas e águas, ele descobre algo muito especial. A viagem tem motivação após a morte da sua mãe. Ele que é a personagem principal e, portanto, está proibido de morrer busca por seu irmão que ganhou o mundo, para lhe contar sobre o desaparecimento da mãe, pois esse seria a única pessoa a entender o seu sofrimento. Será? 

Diego nos mostra o que a morte provoca num núcleo familiar restrito, onde mãe, pai e irmão somem lentamente. Numa rota em sentido único que o levará ao Ushuaia, ele encontra pessoas que lhe trazem reflexões sobre a forma de estarmos no mundo, aprende com eles sobre si mesmo e inicia inúmeras reflexões. Música, política, história, sexo, morte, cinema, conflitos e vida estão na história de Diego que carrega um pouco do escritor Boca Migotto e um pouco de Léo, o ator Leonardo Machado que faleceu em 2018 de câncer. Esse livro era um filme onde Léo seria Diego, num road movie pela RUTA 40 realizado entre os dois amigos. Porém a morte interrompeu a ideia, mas não o propósito de contar a história. 

Algum tempo depois, Boca que está totalmente mergulhado no cinema e realizou alguns filmes, tais como: "Pra Ficar na História", "O sal e o Açúcar", "Já Vimos esse Filme" e "Filme sobre o Bom Fim", lança seu primeiro livro a partir do argumento do filme que não aconteceu “Na Antessala do fim do Mundo”. Ele traz de uma forma sensível e com uma atmosfera muito autoral esse homem em estado de conflito que carrega fragmentos da sua vida, das suas ideias e o que ele valoriza como ser humano para dentro de uma narrativa agora literária. Diego é um pouco do Boca, um pouco do Léo e um pouco de todos nós, leitores que buscamos compreender o que a vida nos oferece. No cinema, Boca tem impresso essa questão autoral faz uns anos é só observar os temas que ele elege para transformar para as telas, todos tem ressonância nele mesmo e depois vazam para o coletivo porque encontros e desencontros fazem parte da viagem, né? 

Chegando ao final desse livro entendi porque numa entrevista recente na Rádio da UFRGS ele comentou sorrindo que teve alta da terapeuta após ela ler o livro. Boca encontrou o seu lugar no mundo. E o melhor é que cada um de nós tem o seu lugar. Mas não pense que estou falando de algum lugar externo, de uma paisagem dessas que ele visitou na viagem de Diego, do lado de fora. Falo de algo muito mais sutil e que está na contramão da morte e olha que não me refiro a vida, portanto não fique inquieto ou curioso demais. Estou falando de uma descoberta que explica toda uma existência e que é revolucionária em todos os sentidos. Ela está contida dentro de um processo maior que só você saberá identificar. Se você está buscando o seu lugar no mundo, já encontrou um livro que vai te levar até o final dele, num espaço onde tudo recomeçará pra valer! Aproveita a companhia e te lança nessa viagem, com certeza valerá muito a pena. 

A live com Boca Migotto recebe os convidados, o escritor e cineasta Tabajara Ruas, e o jornalista Roger Lerina que fará a mediação. A apresentação da LIVE é dessa que aqui escreve para vocês. Agenda aí: dia 11 de novembro (quarta) às 19h30, no canal do YouTube da BesouroBox Editora Oficial.

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o que: Live "Na Antessala do Fim do Mundo"
quando: 11 de novembro, 19h30
apresentação: Leocádia Costa
mediação e participação: Roger Lerina e Tabajara Ruas
evento: Feira do Livro de Porto Alegre

Leocádia Costa

sábado, 7 de novembro de 2020

Live "Estrela Guia – O Povo do Oriente na Umbanda", com Norberto Peixoto - Ed. BesouroBox - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre

 



"Os homens não se dão conta do poder divino dentro deles. Esse poder controla todas as funções dos corpos espirituais que envolvem o Espírito e permitem a adequada manifestação inteligente da consciência em diversos planos de existência. Vós sois deuses”, só ainda não compreendem isso."
Pai Tomé



"Estrela Guia – o Povo do Oriente na Umbanda" é o 16º livro publicado no selo Legião Publicações de Norberto Peixoto. Esse é um livro psicografado e, em linhas bem gerais, a primeira parte é mais filosófica e a segunda parte fala do trabalho de cura do agrupamento do Oriente nos terreiros de Umbanda. Pai Norberto Peixoto é de família umbandista, quando criança já vivia experiências mediúnicas, foi iniciado na cachoeira de Itacuruçá. É um grande estudioso das questões transcendentais, teve formação na Doutrina Espírita é maçom e teosofista. Dirige o Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade desde junho de 1992 com uma proposta de espiritualismo universalista crístico, eclético e convergente.
Para compreender a manifestação de Pai Tomé precisamos entender que ele é um swani que em sânscrito significa “aquele que sabe e domina a si mesmo” liberado de reencarnações devido ao seu grau evolutivo. Amoroso Espírito, sábio e prudente, reside no Plano Astral num “ashram”, uma casa branca encravada no alto de uma montanha, que tem a sua contrapartida terrena na Chapada dos Veadeiros, na região Centro-Oeste de nosso país. Esse local recebe entidades provindas do Oriente que vão reencarnar no Brasil, assim como ocidentais – sendo em sua maioria brasileiros – que reencarnarão no Oriente. Ele é um devoto de Cristo e de Krisna.
Como explica, Norberto “A Estrela do Oriente”, simboliza o olho espiritual aberto na testa, o pequeno sol iluminando o microcosmo do homem, o portal que abre o acesso para o macrocósmico Reino de Deus, existente no interior de cada cidadão. Os ensinamentos dos sábios do Oriente são universais, não se prendem a uma religião específica, assim como os ensinamentos transcendentais de Jesus.
A universalização da Umbanda, aproximando-a da Religião Eterna da tradição do Oriente, prevista com intensidade para os próximos 30 anos, resgatará o sentido profundo da Umbanda enquanto ciência de autorrealização divina, fazendo que haja um grande deslocamento da mediunidade terapêutica, socorrista e fenomenal para a mediunidade preventiva, uma parceria pró ativa com os Guias para a expansão da consciência e liberação do homem de seus equívocos internos que o atam nas reencarnações sucessivas.
Hoje acontecerá a 3ª LIVE da editora
BesouroBox Ltda
e será com Norberto Peixoto que falará sobre o livro, psicografia, mediunidade e literatura umbandista, às 19h30 no canal oficial do Youtube da editora.
Te esperamos!

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o que: Live "Estrela Guia – o Povo do Oriente na Umbanda"
quando: 7 de novembro, 19h30
evento: Feira do Livro de Porto Alegre



texto: Leocadia Costa
Pérolas de Ramatís


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Live sobre “Eu te Benzo” e "Diário de uma Benzedeira", com Jacqueline Naylah - Ed. BesouroBox - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre

 

Abençoados!

Recordo que minha mãe benzia a mim e a minha irmã para tirar quebranto, não sei o que ela entoava porque falava baixinho. Então passava seus lábios e dedos em minha testa por três vezes seguidas. Quando eu perguntava o que ela estava dizendo fazia um gesto para ficar em silêncio, mas após a benção eu sempre me sentia muito melhor. A avó paterna do Daniel, Dona Edith, era conhecida da vizinhança porque benzia quem lhe procurava. Às vezes, batia-lhe a irritação em atender, mas mesmo contrariada fazia o atendimento em sua casa. Noutras vezes, as pessoas que tinham melhora ou até se curavam, voltavam com presentes em agradecimento, daí ela ficava muito brava, contam os netos que viam suas benzeduras. Ela não esperava nada em troca, benzia só com o coração. Quando conheci a benzedeira e escritora Jacqueline Naylah, autora da BesouroBox, ela me trouxe essas memórias e lembranças que tem muito a ver com a ancestralidade e o feminino. 

O benzimento é uma ciência ancestral de cura. Existem no mundo quatro grandes nações benzedeiras: a indígena, a africana, a cigana e a católica. No Brasil, temos todas elas graças a diversidade de povos que aqui chegaram. Entretanto, está presente em quase todas as culturas da humanidade onde pessoas reforçaram essa tradição ancestral. O benzimento se utiliza basicamente do instinto, da fé e de elementos da natureza. No benzimento compreende-se que não há separação do corpo com o pensamento ou com qualquer coisa no universo. Jacque, numa das entrevistas concedidas à Revista Bons Fluídos, comenta que o benzimento é “a tradição de abençoar". Ela diz que "a benzedeira conecta as pessoas à força da Criação. Auxilia e acolhe aqueles com males físicos e dores da alma, do coração e da mente”. Ainda acrescenta que o benzimento “é feito em rituais com elementos típicos (tecidos, brasa, velas, ervas, faca, tesoura) sempre entoando rezos, mantras ou orações particulares de cada benzedeira”.

A missão que Jacque tem é a de perpetuar esse legado. “Quero garantir que, no futuro, as pessoas tenham casas de benzedeiras para bater quando estiverem em situação de dor e reafirmar a sua fé”, diz. Nos últimos dois anos percebi uma abertura maior para relatos de benzedeiras de todas as partes do país, hoje totalmente conectadas com as tecnologias, fazendo atendimentos à distância, ministrando cursos e seminários para orientar benzedeiros. Dentre tantas formas de abençoar, ressaltadas por Jacqueline uma é bem inusitada. Ela conheceu uma benzedeira que em todos os atendimentos contava a história do nascimento de Jesus, “tão lindo, tão único, tão dela”, comenta Jacqueline.

Com formação em Biologia e especialidade em biopatologia, Jacqueline aliou conhecimentos científicos aos conhecimentos das medicinas milenares e promove encontros, cursos e palestras, observando o ser humano em sua totalidade. Essa prática resultou em dois livros publicados pelo selo BesouroLux: “Eu te Benzo - o legado de minhas ancestrais”, em 2019, e “Diário de uma Benzedeira – Rezos, Alquimias, Receitas, Benzimentos e Simpatias”, lançado em março de 2020. Idealizou e ministra o Curso de Benzimento transmitindo o legado das suas ancestrais peregrinando praticamente por todo o território brasileiro. Mora em Porto Alegre/RS, é casada com Gilberto e mãe de dois meninos, Nicolas e Pietro. Amanhã, a 2ª LIVE da editora BesouroBox será com ela, que dará dicas bem legais. Esperamos vocês, “abençoados” (dessa forma que Jacque se refere carinhosamente às pessoas nas redes sociais), às 19h30, no canal oficial do Youtube da editora.


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o que: Live com Jacqueline Naylah sobre "Eu te Benzo - o legado de minhas ancestrais” e "Diário de uma Benzedeira - Rezos, Alquimias, Receitas, Benzimentos e Simpatias"
quando: 6 de novembro, 19h30
mediação: Leocádia Costa
evento: Feira do Livro de Porto Alegre

Leocádia Costa

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Live "Seu Sete da Lira", com Cristian Siqueira - Ed. BesouroBox - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre

Laroyê Mojubá, Exu! Abre alas que Seu Sete Rei da Lira é para quem te fé!


A Umbanda é uma das religiões mais brasileiras que existe, pois reúne conhecimentos dos indígenas, africanos e cristãos em seus cultos. Quando li sobre Umbanda já estava mergulhada no selo Legião da editora BesouroBox e ali comecei a conhecer mais sobre o assunto. Desmistifiquei muitas crenças, entre elas a de que os praticantes de Umbanda não estudam. Hoje em dia, a maioria dos dirigentes que se propõem a ingressar na missão de serem condutores de corações e mentes, estudam, escrevem, lidam bem com as redes sociais e ministram cursos e são pesquisadores ativos. Tudo isso faz parte do reconhecimento que a Umbanda vem angariando através dos 112 anos de existência e de muita resistência. 

Numa pesquisa realizada a poucos anos, ficamos sabendo que boa parte das pessoas que se dizem umbandistas hoje são brancos e jovens é a conhecida "Umbanda de Allstar". Isso aponta para uma mudança profunda na relação com as nossas raízes mais genuínas. Outro aspecto que temos percebido é a grande diversidade de altares, não somente com imagens sincretizadas vindas dos tempos de que o culto por crenças afro era algo ameaçador aos senhores de engenho, mas mesclados com imagens e crenças vindas também do Oriente, ou seja, é uma religião em evolução, em uma fase de mudança e abrangência de saberes. 

Desse grupo de estudiosos e divulgadores da Umbanda, surge o jovem Cristian Siqueira, que aos 18 anos funda o Acervo Histórico Sete da Lira na cidade de Cuiabá, Mato Grosso. A partir desse fato, ele não somente acolhe e organiza esse acervo, como recebe a missão espiritual e o aval da família de Mãe Cacilda para escrever um livro sobre a médium que parou o país. “O Fenômeno Seu Sete da Lira – a médium que parou o Brasil” foi gestado por alguns anos por Cristian e a família de Mãe Cacilda, que depositou nele toda a confiança da missão oferecida e cumprida com êxito. Em 2019, uma campanha de divulgação para o lançamento em março de 2020 deixou claro o legado de Mãe Cacilda. Em plena pandemia desse ano, Seu Sete foi lançado, como uma âncora de esperança e cura, pois em Santíssimo, no Rio de Janeiro, ele curou milhares de pessoas com o seu marafo e o seu axé.  

Mãe Cacilda esteve em dois programas de maior audiência da década de 70/80: os programas do Chacrinha e Flávio Cavalcanti, ambos ligados a Seu Sete. Ela também sofreu ataques da imprensa, pois de certa forma expôs publicamente uma crença que não tinha espaço numa sociedade fechada e católica. A trajetória da médium Cacilda e da entidade curativa e magnetizadora de multidões de Seu Sete desaguaram num livro instigante, com uma narrativa jornalística e cheia de fatos históricos. Como diz Cristian, Seu Sete é um "divisor de águas" na história da Umbanda. Que ele seja igualmente um bom motivo para praticantes conhecerem melhor tudo aquilo que envolve a Umbanda no Brasil e se apossem desse conhecimento para continuar estudando e registrando seu legado a novas gerações. Diferente do que muitas pessoas dizem e pensam, há excelentes estudos sobre a Umbanda, basta querer aprender com quem sabe ensinar, e que antes de tudo conhece a sua própria história. 

Hoje, o selo Legião da Editora BesouroBox realiza das 19h30 às 20h30 a LIVE com o autor Cristian Siqueira e mediação minha, no canal de Youtube da editora. Será com certeza uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre o Rei da Lira e Mãe Cacilda. Saravá!

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o que: Live com Cristian Siqueira sobre "Seu Sete da Lira"
quando: 4 de novembro, 19h30
mediação: Leocádia Costa
evento: Feira do Livro de Porto Alegre


Leocádia Costa

domingo, 1 de novembro de 2020

Live "Um universo de semelhanças, diferenças e tolerância", com Monja Coen e Norberto Peixoto - 66ª Feira do Livro de Porto Alegre



Monja Coen me foi apresentada duas vezes nesta encarnação. Primeiro a conheci através do Waldemar Falcão. A história é a seguinte: o astrólogo chegou à nossa família através da minha irmã, que numa viagem ao Rio de Janeiro fez com ele um mapa astral. Waldemar, que além de ter esse oficio ligado ao Cosmos é também jornalista e havia escrito dois livros superconectados com a Espiritualidade: “Encontros com Médiuns Notáveis”, em que relata suas vivências no campo espiritual ao lado de diversos sensitivos, inclusive daquela que Chico Xavier denominou “a maior médium do mundo”, publicado pela Editora Nova Era, em 2006. E depois, dois anos mais tarde, o genial “O Deus de cada Um” em que reúne Frei Betto e Marcelo Gleiser, com o subtítulo “Conversa sobre a ciência e a fé” em que esse trio dialoga, num período de reclusão na serra carioca, sobre diversos assuntos ligados a esse tema, publicado pela Editora Agir, em 2008. Eu só fui ler sobre a Monja Coen em 2008, quando li o primeiro livro de Waldemar e num texto sobre ela fiz a minha sintonia imediata. Eu já estava lendo muito sobre Budismo, mas não havia chegado com mais foco ao zen-budismo. 

A partir dali, fui me aproximando do zen, devagar. Na mesma época, eu fazia terapia com a Maria da Paz (falecida recentemente, em 2018), que sempre esteve ligada ao zen, e inclusive fez parte da formação de algumas sangas bem conhecidas no RS. Ela então me apresentou mais a Monja Coen, de quem era uma admiradora e parceira da mesma geração da contracultura e de todas as revoluções realizadas coletivamente. Monja Coen é uma mulher com uma trajetória espiritual que chegou a essa condição por sua construção moral. Sua mente é arejada, suas falas muito lúcidas e divertidas, conseguem mesclar os profundos ensinamentos de Buda entre as cenas do cotidiano vivido por todos nós mundanos. Estar no mundo e se relacionando uns com os outros é a única forma de aprender a amar. Dar um passo à frente no autoconhecimento. Ser Monja é estar em constante evolução, por ser alguém melhor, firmar o exemplo, assim a entendo. 

Na 63ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2017, pude ter um momento único em que troquei algumas palavras com a Monja Coen, no palco do Teatro Carlos Urbim, antes da sua palestra lotadíssima. Iris Borges, que estava lá fotografando para a nossa equipe da Feira, me chamou no palco minutos antes da Monja iniciar a sua fala e eu tive a oportunidade de agradecer por suas palestras virtuais que tanto me ajudaram a refletir sobre meu processo de saúde. Neste domingo, a 66ª Feira do Livro de Porto Alegre abre espaço para mais um encontro ecumênico, em que a Monja Coen e o médium-sacerdote umbandista Norberto Peixoto (Pérolas de Ramatís), estarão presentes virtualmente. Com Norberto tive a oportunidade de mediar dois encontros, em duas edições da Feira do Livro, pois ele é um dos autores que mais escreve para o selo Legião, da editora em que trabalho, BesouroBox. Monja Coen e Norberto Peixoto irão conversar sobre tolerância, diferenças e semelhanças, algo tão relevante num momento polarizado como este que estamos atravessando, em que a empatia e o diálogo são imprescindíveis. 

Não perca: dia 1º de novembro de 2020, às 19h30, no canal de Youtube da Feira do Livro!


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o que: Live com Monja Coen e Norberto Peixoto
tema: Um universo de semelhanças, diferenças e tolerância
quando: 1º de novembro, 19h30
como: Feira do Livro de Porto Alegre, plataforma on-line
realização: Câmara Rio-Grandense do Livro


texto: Leocádia Costa
foto: Íris Borges

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

"O Coração da Música - Vida e Obras dos Grandes Mestres: Händel/ Mozart/ Beethoven/ Brahms/ Wagner”, de Paul Trein – Ed. BesouroBox (2018)



Quando o coração da música está dentro da gente
por Leocádia Costa


Ao chegar na Edições BesouroBox, em abril desse ano, me deparei com um catálogo que renova ao comunicar os saberes. Cheguei com diversos lançamentos previstos, entre eles, um pequeno livro (porque a edição é de formato 12x18cm) mas que traz em seu miolo uma abordagem iluminada sobre música: "O Coração da Música”.

O pianista, educador e também escritor Paul Trein, que residia há muitos anos na Alemanha, conseguiu de maneira didática abordar sinteticamente a vida e obra dos grandes mestres da música clássica: Händel, Mozart, Beethoven, Brahms e Wagner. Os textos sobre cada compositor abordam em sua estrutura o bom senso destacando detalhes biográficos de maneira pontual, elegante e explicativa, mas sem deixar que se sobreponham a genialidade contida em cada obra por eles criada.
A música clássica, que sempre foi acusada de ser inacessível a interessados por envolver não somente o aprendizado de um instrumento e a cultura musical, encontra um aliado nessa publicação. A pesquisa de Trein é, em tempos de internet e, assim, de uma maior circulação de ideias, algo que não se pode desconsiderar. Além disso, convida os mais curiosos a escutarem os principais temas de cada compositor, pois as contextualiza com primor.

Para mim, que fui criada entre audições clássicas de piano e voz em meu ambiente familiar por ter tido pais envolvidos com a música erudita, foi uma volta a escuta deles. Uma retomada a conversas que presenciei muitas vezes em saraus e reuniões com os amigos de coral em casa.

Paul Trein me proporcionou um retorno ao aconchego que a música erudita oferece, sem afetação ou barreiras a quem quiser escutá-la. Uma oportunidade de escutar outras ideias sobre a história de compositores que até hoje ressoam em nossos ouvidos universais. Um convite a pais, educadores e estudantes que queiram ler um livro escrito por quem ama a música na medida exata, mas com a devida emoção de sentir o coração quase saindo pela boca em forma de palavras.

Nesse final de ano, imagino a ausência que Paul Trein faz à sua família e amigos (ele faleceu no primeiro semestre de 2018, na Alemanha), mas também sei o quanto a música preenche esse vazio. Então se você sentiu entusiasmo em escutar mais uma vez seus compositores prediletos ou em conhecer cada um citado nesse livro, pegue sua vitrola, seu aparelho de CD, seu arquivo de mp3 ou nuvem e escute música. Se a vontade for maior ainda, vá a um concerto para escutá-la ao vivo. Com certeza toda a tristeza irá embora e somente os acordes ficarão ressonando dentro de você, como uma benção pulsante, viva e eterna.

domingo, 9 de dezembro de 2018

"Katia Suman e os Diários Secretos da Ipanema FM", de Katia Suman - ed. BesouroBox (2018)



Fui surpreendido, há poucos dias, com um presente do co-editor deste blog e, por acaso, meu irmão, Daniel Rodrigues, em uma passagem relâmpago dele aqui pelo Rio. Ganhei dele e de minha cunhada Leocádia, também colaboradora do ClyBlog, o livro "Katia Suman e os Diários Secretos da Ipanema FM", da própria Katia, publicação que já havia me despertado interesse desde que tomara conhecimento de sua publicação numa enquete na internet para a escolha da capa, e que, posteriormente, acompanhara o lançamento na Feira do Livro de Porto Alegre, na qual os dois estiveram e prestigiaram a concorrida tarde de autógrafos da autora.
O meu exemplar é autografado.
Katia Suman, jornalista icônica na radiocomunicação do sul do país por seu estilo inconfundível e programação musical sempre qualificada e diversificada, foi responsável, juntamente com o time da 94,9 da década de 80 de Mauro Borba, Mary Mezzari, Nilton Fernando e outros, por grande parte da minha formação musical apresentando para aquele pirralho curioso de doze, treze anos um universo sonoro até então desconhecido e fascinante, e também, por que não dizer, pela formação humana, intelectual e moral estimulando um jovem a pensar e discutir assuntos relevantes em programas como o provocativo e retumbante "Talk Radio", conduzido por ela.
Por toda essa importância indissociável à minha pessoa , além da  memória afetiva daquela época e da rádio que mudou minhas percepções, pela admiração pelo trabalho da autora e pelas curiosidades e particularidades que o livro certamente terá para me revelar, é que o lerei com imenso entusiasmo, interesse e prazer. Obrigado, Daniel e Leocádia pelo regalo e parabéns, Katia pelo trabalho e pelo livro.







Cly Reis