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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - Quartas-de-finais

Uno, due, tre, quattro

8 times

4 jogos

2 semifinais

1 só campeão.

Numbers, numbers, numbers...

Pois é, agora são apenas quatro jogos e tudo começa a se definir.

Alguns gigantes caíram pelo caminho e restaram apenas essas oito forte concorrentes.

Em álbuns, supremacia para o Trans-Europe Express, que coloca 3 participantes nessa fase, enquanto que todos os outros participantes, colocam penas um, sendo que dois grandes discos, Autobahn e Computer World, sequer classificaram representantes para essa reta final.

Será indício de que algum viajante do expresso trans-europeu levará o título, ou maioria não significa nada nesse momento da competição?

Saberemos nos próximos dias.

Enquanto isso, conheça os confrontos das quartas-de-final.





sexta-feira, 22 de junho de 2018

Copa do Mundo Madonna - Grande Final


E chegamos ao grande momento!
Ao momento tão esperado.
Teremos a decisão Copa do Mundo Madonna. Frente a frente, Vogue, canção do álbum "I'm Breathless", trilha sonora do filme Dick Tracy, de 1990; e Music, faixa que dá nome ao disco do qual faz parte, do ano de 2000.
Vogue, para chegar à decisão, tirou Miles Away, na primeira fase; Secret, na segunda; e depois três faixas do álbum "Erotica" na sequência, Fever, nas oitavas-de-finais, Erotica, nas quartas e Deeper and Deeper na semifinal.
Music, por sua vez, eliminou Get Together na primeira fase; Borderline, na segunda; True Blue nas oitavas; Justify My Love nas quartas-de-final e na semifinal, Into the Groove. 
Como pode-se perceber, o caminho para a final não foi nada fácil. Mas agora, como será o confronto das duas? Nossos técnicos-comentaristas-especialistas decidirão quem fica com a taça. 
Que comece a decisão...

***

VOGUE
X
MUSIC


Cly Reis: E as equipes estão em campo. Vai começar mais uma final. Duas equipes de respeito. Dois grandes times. E a bola está rolando. Logo de início, aquela introdução "Hey Mr. DJ, put a record on... I want dance with my baby" já garante um gol relâmpago e Music sai na frente. Mas Vogue é time grande e logo na saída de bola, com aquele seu clássico "Strike a pose", empata rapidinho. Jogada manjada mas que o adversário não soube conter. O jogo segue igual, duas equipes ofensivas, de ritmo pra frente, que jogam em busca do gol. O refrão de Vogue é fantástico, um dos mais emblemáticos da carreira da cantora, e garante o 2x1; mas o de Music não fica pra trás e empata novamente. Que jogo, senhoras e senhores!!!
Depois dos respectivos refrões, começa o segundo tempo e o andamento de Music acelera imitando Trans-Europe Express do Kraftwerk e aí é bola na rede! Music toma a frente no placar novamente. Mas por pouco tempo porque aquele andamento dançante elegante de Vogue põe tudo de novo em números iguais. 2x2. 
A listagem dos astros de Hollywood é um golaço de Vogue, 3x2; e aquela ênfase final logo em seguida, até a "lacração" com aquele "VOGUE" ecoado, garante mais um no placar. 4x2. Mesmo marcando mais um golzinho com aquela finaleira cheia de evoluções eltrônicas de seus excelentes DJ's produtores, Music não consegue empatar e o placar fica nisso mesmo: Vogue 4 x Music 3. Um confronto digno de uma final de Copa do Mundo.
VOGUE, para mim, é a Campeã da Copa do Mundo Madonna.

Eduardo Almeida: Hey, Mr. DJ. Se fosse na Copa do Mundo dos Smiths, você seria enforcado, mas nessa final você é a estrela. Dois times fortíssimos. Competentes ao extremo pra fazer a torcida dançar e festejar. As firulas das movimentações da equipe de Vogue surtem efeito logo de cara: 1 x 0. Music parte para o ataque, pressiona com uma cadência maravilhosa, muda o ritmo, mas Vogue toma a bola, gira pra cá, gira pra lá e marca o segundo.Parece um jogo de ataque contra defesa. Vogue não se abate. Leva tudo na malemolência e sacramenta o placar com mais um belo gol. Agora é só posar pra foto com a taça, que sairá nos jornais no dia seguinte. "STRIKE A POSE".
Final: Vogue 3 X O Music
VOGUE vence.

Iris Borges: Vogue ganha pq é onde Madonna se consagra agradando todos os públicos, onde toca o povo dança e se bobear faz a coreografia.
Music é música de divulgação de disco por mais que Madonna tenha tentado ser moderna, embala mas se mudar a música no meio da pista não faz diferença. Toma!
VOGUE vence.

José Júnior: E chega a grande final. VOGUE x MUSIC. O juiz apita, a bola rola em campo. Music chegou à final com sua disco music, levantando a torcida e chamando pra pista, unindo as pessoas. Vogue carrega uma personalidade ímpar, com dribles orquestrados, passes perfeitos, como em suas poses. Chega o final do jogo, por 3x1 o time vencedor para e pergunta: "What are you looking at?". A torcida vai à loucura.
VOGUE é campeã!

Daniel Rodrigues: Bola rolando para a final da Copa Madonna! Em campo, a tradicional “Vogue” com o retrospecto de eliminar as melhores músicas do melhor disco da cantora, “Erotica”. Do outro lado, “Music”, a melhor canção pós-“Bedtime Stories” e uma surpresa no campeonato. Jogo difícil no início, com oportunidades para os dois lados, haja vista que são times ofensivos. Faltou só capricho no último toque. O primeiro tempo ficou assim, sem ninguém abrir o placar. Na etapa decisiva, o favoritismo e a camisa de “Vogue” fizeram a diferença. Impondo seu bem armado, meteu um aos 10 min. Aos 18 min, o segundo. Depois, fechou a defesa e segurou o ímpeto de “Music” até o final. Com placar clássico como a própria...
VOGUE se sagra a campeã da Copa Madonna!


***

VOGUE
CAMPEÃ DA COPA DO MUNDO
MADONNA



terça-feira, 29 de novembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - segunda fase

 Só foi liberar os 'clássicos locais' que já pintaram os primeiros confrontos entre músicas de um mesmo álbum!
Sim, acabou a restrição de enfrentamentos que havia nas fases anteriores e agora ninguém  está  seguro: num clássico do Expresso Europeu, Trans-Europe Express encontra Franz Schubert; no dérby Technopop, Electric Café  encara Boing Boom Tschak; e no clássico da Auto-estrada, Kometenmelodie 1 pega a poderosa Autobahn. Mas não fica nisso e o sorteio nos reservou outros grandes jogos: Showroom Dummies  contra The Man Machine; Numbers contra Hall of Mirrors; Ruckzuck contra Music Non Stop, além de outras batalhas que prometem ser memoráveis.
Bem, os jogos já foram entregues aos nossos analistas que encararão a difícil tarefa de escolher a vencedora de cada confronto.
Conheça então todos os jogos dessa segunda fase:




sábado, 3 de dezembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - Oitavas-de-finais

Eu tava vendo a hora que isso ia acontecer...

Kommetenmelodie 1 contra Kommetenmelodie 2, Computer World contra Computer World 2, Trans-Europe Express contra Metal On Metal...? Nenhuma delas! Deu Tour de France contra Tour de France Étape 2. 

É! As oitavas já começam com o clássico da Merselhesa. Mas não é o único jogaço que o sorteio reservou para essa fase: tem Radioacitvity contra Model, Robots contra Autobahn e outros confrontos quentes.

Então confere, aí abaixo, como ficaram as oitavas-de-final da Copa do Mundo Kraftwerk:



domingo, 27 de novembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - classificadas da primeira fase

 Nosso time de especialistas teve seu primeiro desafio: escolher as primeiras classificadas na Copa Kraftwerk. Sim, pois na fase pré, apenas os editores do blog fizeram a triagem e colocaram oito das antigonas na disputa. Nessa fase, ingressaram todas as músicas, a partir de 1974, e todos os nossos experts em Kraftwerk entraram em ação.

E pra quem achava que as músicas velhinhas, lá dos primeiros álbuns só fariam figuração, se dariam por satisfeitas em ter participado, elas fizeram bonito e classificaram duas para a segunda fase. Mesmo número, curiosamente, que o lendário álbum Radio-Activity colocou na próxima fase. Deram azar nos confrontos. Já o dançante Electric Café (ou Techno Pop), de 1986, por sua vez, não classificou apenas uma, a ótima Telephone Call, eliminada exatamente por uma dessas vindas da preliminar,  Ruckzuck, time que promete incomodar. No entanto, o disco que colocou mais representantes na etapa que se seguirá foi Tour De France, muito pelo fato de ser o álbum com mais músicas do grupo, no entanto, proporcionalmente, Autobahn, de suas cinco faixas, colocou três delas na próxima fase. De resto, tudo muito equilibrado...

Bem, é melhor que vocês mesmo confiram o que rolou nessa fase. Dêem uma olhada, aí, abaixo nos confrontos da primeira fase e seus classificados, pois em breve, já rola o sorteio dos embates da fase seguinte. 



CLASSIFICADAS:

Tour de France
Tour de France Étape 2
Aéro Dynamik
Chrono
Vitamin
Elektro Kardiogramm
La Forme
Radioactivity
Airwaves
Stratovarius
Ruckzuck
Planet of Visions
Autobahn
Kommetenmelodie 1
Kommetenmelodie 2
Techno Pop
Boing Boom Tschak
Music Non Stop
Sex Object
Electric Café
The Hall of Mirrors
Trans-Europe Express
Metal on Metal
Franz Schubert
Showroom Dummies
The Man Machine
The Robots
The Model
Computer Love
Computer World 1
Pocket Calculator
Numbers


quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - classificados para as oitavas-de-finais

 Saíram os classificados às oitavas da Copa do Mundo Kraftwerk.

Tivemos confrontos pesados nessa segunda fase e, em alguns casos, uma grande teve que ficar pelo caminho. É o caso de Music Non Stop que pegou pela frente a encardida Ruckzuck, que por sinal, é última pré-Kraftwerk que resiste; Pocket Calculator e Numbers, ambas do álbum Computer World, foram outras que deram adeus cedo à competição, mas, também, né..., pegaram pela frente, respectivamente The Model e Hall of Mirrors; e em outro confronto pesado, The Man Machine despachou Showrrom Dummies. 

Nos clássicos locais, Boing Boom Tshack bateu Electric Café, uma das favoritas Trans-Europe Express passou como uma locomotiva por cima de Franz Schubert, e deu a lógica, também, no confronto da auto-estrada, Autobahn atropelando Kommetenmelodie e mandando a adversária para o espaço. 

Confira abaixo todos os demais resultados. Em breve teremos os confrontos das oitavas, hein!





segunda-feira, 23 de março de 2009

Kraftwerk - Festival Just A Fest - Praça da Apoteose - RJ (20/03/09)




Há algum tempo atrás fui assistir a uma apresentação "despretensiosa" em um domingo de manhã no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, de Paulinho da Viola e surpreendentemente, pra mim que já tinha visto U2, Madonna, Cure ao vivo, aquele pequeno show superou em qualidade estes de monstros do pop rock, os quais aprecio muitíssimo. O show do sambista brasiliero só veio a ser superado na minha avaliação, pelo do Pearl Jam em Porto Alegre em 2005. Nem gostava tanto dos caras na época mas fui ver só porque há tempos não havia um show grande em POA e aquela era uma oportunidade, e, NOSSA!, o Pearl Jam destruiu! Quase pôs a baixo o Gigantinho. Um repertório consagrado e de tirar o fôlego, com uma intensidade, vibração e garra que foram de arrepiar, incrementado pela participação de Marky Ramone tocando bateria em "I believe in miracle" dos próprios Ramones. Aquilo foi quase inacreditável.

E eis que na última sexta-feira o Peral Jam perdeu o seu trono!

Sempre tivera grande expectativa para ver ao vivo o Kraftwerk, mas às vezes, a própria expectativa exagerada frustra. Que nada!!! Kraftwerk ao vivo foi tudo o que eu imaginava, queria ver e ouvir ( e + um pouco ainda!).
Pra quem acha que um show do Kraftwerk não passa de quatro caras parados mexendo nos seus laptops com programações pré-gravadas e com um monte imagens passando num telão ao fundo, não nota, com certeza, a profundidade, a penetração, o trabalho de composições que são preciosas e elaboradas, e que são executadas AO VIVO (sim) com a precisão de um relógio, de uma máquina, que é exatamente o conceito com o qual o grupo trabalha, e que é lógico, traz bases pré-gavadas também, mas até mesmo o próprio Radiohead que viria depois apresentava este recurso também. As imagens projetadas, por sua vez, são parte componente do espetáculo, uma vez que estão sincronizadas às letras, a ruidos, às batidas de forma ativa e integrada e se por uma lado, não se vê uma performance ativa e vibrante dos membros da banda, o contexto visual o faz por eles. E é essa a idéia!
"The Man Machine" na abertura já sai dando esse recado: nós somos "homens-máquina", e daí pra frente são só clássicos e composições geniais. "Radioactivity" destruidora com seu conceito RADIO-RADIOATIVIDADE-ENERGIA perfeitamente integrado em som, imagem e performance, "Trans-Europe Express" emenda "Metal on Metal" em outra seqüência de arrepiar, "Aerodynamic" como parte de "Tour de France" trouxe fotos antigas e trechos de filmes antigos da volta ciclística da França, que interagiam admiravelmente com a música. "Showroom Dummies" cantada em francês virou "Les Manequins" e completou o passeio musical de moda e estilo da banda com "The Model".
Depois de um intervalinho em que a banda sai do palco, eles retornam em roupas com detalhes fosfluorescentes lembrando o visual do disco "Electric Café" e, acabam o show exatamente com uma música deste álbum, "Music Non Stop", como sempre toda misturada com "Boing Boom Tschak" e Technopop".
A propósito deste intervalo, todo mundo está careca de saber que em algum momento os robôs vão ser colocados no palco e vão se mover naquela espécie de balé mecânico, mas é sempre uma expectativa vê-los e é um barato quando eles substituem a banda no palco durante "Robots", pelo tempo suficiente para aquela pausinha para a água. Afinal de contas, eles também são gente. (?)

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OUTROS TOQUES:

1. Nem com o Cure que é minha banda do coração fiquei tão REPLETO quanto, agora, assistindo ao show do Kraftwerk.

2. Felizmente cheguei ao Sambódromo já ao final do show do Los Hermanos e só tive que agüentar duas músicas. Nossa! Eles me impressionaram! São muito PIORES do que pareciam.
É muito ruim!

3. Minha intenção antes de ver o show dos alemães era a de ficar mais um pouco no show do Radiohead, pelo menos pra ver os caras tocando "Creep", mas acabando o show dos "robôs", me pergunta se eu, com a alma cheia, vou ficar vendo Radiohead? Quem vê Kraftwerk não fica pra ver Radiohead.

4. Não fui o único a ir embora. É lógico que não esvaziou o local, não ficou às moscas, mas notei pelos menos umas 50, 60 pessoas indo embora. Outros que, como eu, não precisavam de mais nada.

5. Todo mundo sabe da influência do Kraftwerk para a música eletrônica em geral, mas por esses dias, vendo as publicações que faziam referência ao show, li algumas manifestações impressionantes, mas que não ficam muito longe da verdade, como por exemplo que o Kraftwerk seria possivelmente a banda mais influentes do século passado ao lado apenas dos Beatles e também li que figuraria entre as cinco maiores bandas de pop/rock de todos os tempos. Exagero? Provavelmente não.

6. Complemento dizendo que na minha opinião a música do Kraftwerk é a continuidade da tradição alemã de música clássica representada por nomes como Händel, Bach, Orff entre outros, tendo dado o passo adiante em modernidade que é necessário em todas as épocas, para todas as artes, em todas as culturas, fazendo a interação de linguagens como a arquitetura, as artes-plásticas, o design e a tecnologia alemãs, traduzindo todos estes elementos em MÚSICA.


Cly Reis

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"Unknown Pleasures: A Celebration of Joy Division" - Peter Hook & The Light - Circo Voador - Rio de Janeiro (18/06/2011)



 Não tive a oportunidade de conhecer o Joy Division na época de sua curta existência, até porque tinha apenas 5 aninhos quando lançaram seu primeiro álbum e só fui conhecê-los mesmo no início de minha adolescência, ali pelos 13 anos de idade; mas então Ian Curtis, seu vocalista, já estava 'do outro lado' e a banda, disposta a seguir a vida após a tragédia, já se tornara o New Order e botava o mundo pra dançar com sua eletrônica "Blue Monday". Assim que, tirando alguma eventual 'canja' do New Order não haveria como ouvir as míticas canções do Joy Division executadas por seus integrantes originais. Mas, de todo modo, já perdi de ver o N.O. duas vezes e ao que parece não vou ver mais porque (pela milésima vez) eles dizem ter-se separado.
Mas eis que Peter Hook, baixista original, juntou uma meninada, ensaiou bem as músicas e caiu na estrada para homenagear o primeiro disco da banda, o lendário "Unknown Pleasures" . Aterrisou por aqui e neste último sábado apresentou no Circo Voador, aqui no Rio, o show "Unknown Pleasures: A Celebration of Joy Division", tocando na íntegra as músicas do álbum. Ora!!! Não haveria como perder uma chance destas! Não seria o Joy Division inteiro, é verdade, Ian está morto e nada vai mudar isso, mas presenciar um integrante original tocando um álbum como este não deixaria de ter um grande valor físico, musical e emocional. E a apresentação foi realmente emocionante. Uma alegria enorme para qualquer fã. Um dos poucos shows que passei praticamente todo o tempo com os olhos marejados. Empolgante nos momentos certos, visceral quando tinha que ser, sombrio na medida certa, e especalmente mágico o tempo todo.
Pra começar a loucura, os caras entraram no palco ao som de "Trans-Europe Express" do Kraftwerk, o que já foi de arrepiar; aí abriram a sessão com a instrumental "Incubation", que eu adoro e que minha banda tocava de vez em quando no estúdio; seguiram numa linha bem Warsaw com "No Love Lost" e "Leaders for Men", me surpreendendo porque, ao contrário do que eu imaginava, Peter Hook, que eu achei que fosse ficar só no baixo e fosse trazer um vocalista com um timbre parecido com o de Ian, assume à frente dos vocais e manda bem. Aí vem "Digital" e o lugar quase vai abaixo com a galera cantando o "day in, day out" do refrão num coro alucinado, na última antes da execução das músicas do disco clássico.
O "Unknown Pleasures" começa e "Disorder", um punk-rock embalado e gostoso de poguear, provoca uma catarse coletiva. Segue a belíssima "Day of Lords" com seu andamento lento e pesado, bem executada pelos The Light, mas que, por mais esforçado que Hook estivesse nos vocais, acabou perdendo a dramaticidade conferida pela voz e pela interpretação de Curtis.
Até então Peter Hook cantava, gesticulava, posava com seu instrumento musical, jogava-o pras costas mas a verdade era que, depois da primeira música do show, na qual teve algum desempenho, não tirara mais uma nota sequer de seu reluzente contrabaixo vermelho deixando tudo à cargo dos seus competentes comandados. Só que isto àquelas alturas era um pouco decepcionante haja visto que sua forma de tocar baixo como quem toca guitarra (não só performaticamente mas sonoramente também) era um dos elementos aguardados por mim com expectativa. Mas aí o cara parou de fazer posição e jogar o baixo pra trás e tratou de esmerilhar as cordas. "Insight", se perdeu alguma coisa no que dissesse respeito à ausência dos efeitos da versão do disco, ganhou em peso e intensidade com dois contrabaixos e com a afinação muito peculiar de Peter Hook; em "New Dawn Fades", uma das melhores não só dos álbum em questão como da banda, Hook voltava a destruir tudo, desta vez com aquela levada mais grave, numa canção densa, sombria e espetacular.
Abre-se o lado B com outro clássico, "She's Lost Control", que, igualmente, mesmo sem o trabalho de estúdio para a bateria, manteve a força, a pegada e a magnitude. É quase redundância destacar, mas o baixo de Hook, bem agudo e agressivo nesta música, soava de maneira simplesmente arrasadora.
"Shadowplay" seguiu com aquela espécie de força surpreendente; "Wilderness" trouxe outro show das quatro cordas de Hook; "Interzone" foi selvagem; e "I Remember Nothing", talvez tenha sido a que mais perdeu em relação à sua gravação original, sem os efeitos de vidros quebrados, sem conseguir reproduzir bem aquela sensação de vácuo e sofrendo pela inevitável falta do seu intérprete de origem que nesta canção faz muita diferença. Mas mesmo assim muito boa. Ganhou em energia, força, ruídos, agressividade.
Estava encerrado o álbum. Eu havia visto e ouvido um membro do Joy Division tocar um dos meus álbuns favoritos.
Mas como não nos déssemos por satisfeitos com aquela dádiva, eu e todos os outros fanáticos ali, ficamos ali a exigir mais e mais... E felizmente tivemos mais:
Hook e seus parceiros voltam para uma "Atmosphere" que, na verdade, a mim, não agradou muito; mas por outro lado para uma "Ceremony" que, essa sim, me deixou com lágrimas nos olhos. Saíram do palco de novo e voltaram, agora com Hook vestindo uma camisa número 10 da seleção brasileira com seu nome, para um bis final. Aí veio a boa "These Days", outra pré-Joy, "Novelty"; a vibrante "Transmission" e aquele "dance, dance, dance to the radio" sendo entoado pela plateia inteira com as mãos para o alto; e fechando com, provavelmente o clássico maior da banda, "Love Will Tear Us Apart" para delírio geral.
Estávamos todos repletos, contemplados. Nenhum nome teria sido mais justo para aquele show, para aquela festa do que o que foi dado: "A Celebration of Joy Division". Foi isso. Aquilo ali havia sido uma grande celebração. Uma celebração que revelava agora, prazeres até então desconhecidos.

SET LIST:

1.Incubation
2.No Love Lost
3.Leaders Of Men
4.Digital
5.Disorder
6.Day Of The Lords
7.Candidate
8.Insight
9.New Dawn Fades
10.She's Lost Control
11.Shadowplay
12.Wilderness
13.Interzone
14.I Remember Nothing

Bis:
15.Atmosphere
16.Ceremony

Bis 2:
17.These Days
18.Novelty
19.Transmission
20.Love Will Tear Us Apart




Cly Reis

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

"Kraftwerk: Publikation - A Biografia", de David Buckley - ed. Seoman (2015)




"Nós falávamos a mesma língua (...)
Éramos Sr. Kling e Sr. Klang."
Ralf Hütter,
sobre quando conheceu Florian Schneider


"As ideias refletidas no nosso trabalho são internacionalistas e também
uma mistura de diferentes formas de arte (...)
a ideia de não separar
a dança aqui, a arquitetura ali e a pintura lá.
Nós fazemos tudo e a união da rte com a tecnologia
constituía o Kraftwerk..."
Ralf Hütter
sobre o trabalho da banda, em 2006



Se as caixas "The Catalogue" e, mais recentemente, a ao vivo "The Catalogue 3D" repassam musicalmente a carreira e  obra do grupo Kraftwerk, um dos mais importantes de todos os tempos pelo seu pioneirismo e definição de uma linguagem, a biografia "Kraftwerk: Publikation - A Biografia" de 2015, faz o mesmo em forma de palavras, indo ainda mais fundo do que as compilações, mergulhando nas origens do projeto chegando desde seus primeiros formatos e configurações.
O livro do autor britânico David Buckley faz uma retrospectiva cronológica desde o momento em que os então jovens Ralf Hütter e Florian Schneider decidem unir suas ideias e pretensões artísticas, até os dias de hoje quando já encontra o atual projeto 3D que baseou o último lançamento.
Fato é que a não ser que Ralf ou Florian resolvam em algum momento lançar suas próprias biografias, nenhum material será melhor e mais completo que "Kraftwerk: Publikation", uma vez que este traz colaboração substancial de uma das vozes de dentro do grupo, da formação clássica e idolatrada, nada mais nada menos do que Karl Bartos, percussionista e integrante desde 1975, que concordou em ser entrevistado e dar seus relatos e versões sobre fatos duvidosos e matérias até então obscuras da história da banda que permaneciam ainda sem esclarecimento exatamente pela característica tão arredia e reservada que seus integrantes sempre mantiveram com a imprensa.
Mas além de Bartos, o grande trunfo jornalístico do biógrafo, o livro ainda conta com depoimentos de pessoas ligadas à banda como o amigo Ralf Dörper e a artista gráfica Rebecca Allen; de contemporâneos como o pessoal do Can e do Tangerine Dream que transitaram na mesma incipiente cena vanguardista alemã; e ainda ex-integrantes como Wolfgang Flur, também da formação clássica; Michael Rother, ex- Neu! e integrante da primeira fase, e ainda Ebenhardt Kranemann, membro do breve período do Kraftwerk, pasmem!, sem Ralf Hütter.
O excelente trabalho de Buckley examina cada um dos discos (mesmo os mais antigos, pouco considerados pela banda) com nomes de capítulos criativos que remetem a cada um dando detalhes técnicos dos mesmos e contextualizando-os ao momento de seus lançamentos, revelando motivações, ideias e peculiaridades que levaram às suas respectivas concepção. A surpresa geral causada por "Autobahn"; o minimalismo de 'Radio-Activity"; o pioneirismo inigualável de Trans-Europe Expressl; a antecipação da disco com "The Man-Machine"; a antevisão da internet de 'Computer World"; o refugo em "Techno Pop" que viria a tornar-se "Electric Café" e a materializar-se conforme o pretendido apenas em "The Mix"; e a finalização de um projeto em "Tour de France Soundtracks", tudo é abordado em "Publikation" com muita pesquisa, informação e seriedade. E mais: curiosidades como os "dois Kraftwerks", a procura de Michael Jackson para uma parceria; os detalhes de seu acidente ciclístico de Hütter, sua personalidade centralizadora; e a demissão do músico português Fernando Abrantes por, supostamente, fazer uma mixagem muito original de "Music Non Stop" e dançar muito entusiasticamente fugindo do padrão caracteristicamente robótico da banda, são apenas alguns dos lances interessantes e marcantes da obra.
Com um volume caprichado, a edição nacional, além dos prefácios do próprio autor, e do ex-kraftwerk Karl Bartos, conta ainda com um prólogo do jornalista Camilo Rocha, ex-Bizz, e um muito legal do DJ Paulo Beto do projeto eletrônico Anvil FX. "Kraftwerk: Publikation" é uma viagem obrigatória pela longa autoestrada da carreira deste extraordinário grupo que, sem dúvida alguma, tem seu nome gravado com honras na história da música.


Cly Reis

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Kraftwerk - "The Man-Machine" (1978)





“É uma relação bem mais sofisticada.
Existe uma interação.
Uma interação de ambas as partes.
A máquina ajuda o homem
e o homem admira a máquina.
Este aparelho é uma
extensão de seu cérebro.
[apontando para o gravador]
Ele ajuda você a se lembrar.
É o terceiro homem
sentado a esta mesa.
Quanto a nós,
nós amamos nossas máquinas.
Temos uma relação erótica com elas.”
Florian Schneider,
sobre a relação homem/máquina



Era a hora de, finalmente, o Kraftwerk deitar na cama que ele havia preparado tão generosamente para um monte de gente. No final dos anos 70, a tecnologia musical havia avançado bastante, os sintetizadores já eram relativamente populares, a música eletrônica não era mais um alienígena, a disco music, em alta naquele momento, a utilizava de maneira bastante efetiva, e até correntes do punk ousavam inseri-la em suas sonoridades. Ou seja, o eletrônico já era usado com sucesso, gerando dinheiro, sem toda aquela resistência inicial, e só o Kraftwerk, logo o Kraftwerk, que pacientemente construíra aquela linguagem, ainda era visto sob o preconceituoso olhar da esquisitice e do experimentalismo.
Em 1978, então, pela primeira vez, o Kraftwerk fazia um disco que se aproximava do que costumamos chamar de pop. "Autobhan" já era (e continua sendo) a base de toda a música eletrônica, "Trans-Europe Express" já era reverenciada e extremamente influente, mas ambos faziam parte de projetos musicais mais complexos e por isso de menor potencial comercial. "The Man-Machine", no entanto, sem apelar para o pop óbvio, cheio de vícios e clichês, trazia formatos musicais mais convencionais e estruturas um pouco mais familiares ao ouvinte comum, sem abrir mão de princípios artísticos e de ambições conceituais. O álbum, de marcante capa escarlate, na qual o design inspirado no construtivismo russo interage brilhantemente com o expressionismo alemão da foto da banda, antecipava a relação homem-máquina, hoje algo tão corriqueiro para nós com inteligências artificiais, perfis robôs, próteses médicas, drones e funções humanas automatizadas, transitando por outros assuntos como a corrida espacial, as grandes metrópoles e a moda, fazendo com que o tema central funcionasse como uma espécie de fio-condutor que estabelecia relações e conexões com os demais.
"The Robots" abre o disco reforçando aquilo que, no fundo, todos desconfiamos: que aqueles caras só podem ser robôs! Mas a afirmação que se repete como verso principal da vigorosa peça musical de abertura, não se resume a essa ambígua "confissão", ela é provocativa, na sua aparente simplicidade, sugerindo uma reflexão sobre a rotina, o cotidiano, sobre o automatismo que muitas vezes toma conta de nossas vidas, mas também sobre as relações humanas de trabalho e sobre como muitas vezes nós somos os robôs de um sistema que só visa produção. "Ja tvoi sluga/ Ja tvoi Rabotnik" ("Eu sou seus escravo/ Eu sou seu trabalhador"), afirma, em russo, uma voz robótica na música.
A reflexão se estende a "Metropolis", que ao mesmo tempo que é uma constatação do crescimento  das grandes cidades e de suas novas possibilidades naquele momento, é uma evidente ode à grandiosa obra de Fritz Lang de mesmo nome, marco da ficção-científica, que muito antes do Kraftwerk já antevia a era da robótica, a relação homem-máquina, e levantava questões, entre outras coisas, sobre trabalho abusivo e exploração humana. Um filme que retratava homens que, como desejavam os poderosos daquela cidade futurista, deviam trabalhar como máquinas.
O elemento metrópole é a chave para outra conexão dentro dos disco. Desta vez a ligação dá-se com "Neon Lights", a faixa mais longa de um disco em que as durações são mais comedidas para os padrões Kraftwerk. A canção é uma belíssima e elegante declaração de amor à cidade no que talvez seja o momento mais humano do álbum. Mas a amarração não se esgota por aí, uma vez que a alusão às luzes de neon também dialoga, de certa forma, com a era dos robôs proposta pelo disco. Hoje, às voltas com telas HD, lasers e painéis de LED, talvez não tenhamos exata noção de que, ali pelos anos 70, o neon com seus letreiros luminosos e coloridos, de certa forma, transmitia uma certa sensação de futurismo, o que fica evidente até mesmo pela sua presença em diversos filmes que, na época, e ainda hoje, pretendem ilustrar uma imagem de futuro.
Os manequins idênticos frequentemente 
presentes no palco, na época.
Outra que, por um momento, até nos faz pensar que o quarteto Hütter, Schneider, Bartos e Flür talvez fosse formado por humanos é "The Model", um pop perfeito, lição de casa pro pessoal do synthpop dos anos 80, uma melodia elegantemente simples e de uma levada comedidamente contagiante, que descreve em sua letra uma fascinação quase platônica por uma modelo, deixando transparecer em si uma série de "pequenas emoções" como desejo, frustração, recalque, desprezo... "Ela é uma modelo e ela está bonita/ Eu gostaria de levá-la para casa, isso é certo/ Ela se faz de difícil, sorri de vez em quando/ Basta uma câmera pra fazê-la mudar de ideia". Mas o olhar sobre essas musas da beleza vai um pouco além de uma mera e rara manifestação de emoções dos nossos robôs de Düsseldorf. Com "The Model", o Kraftwerk, de certa forma, também antecipa a sociedade de consumo, superficialidade e aparências na qual vivemos hoje, onde tudo tem seu preço, inclusive o prazer e a beleza. Se pode adquirir, por exemplo, bonecas em tamanho natural que imitam quase que perfeitamente formas e feições humanas e que satisfazem desejos e fantasias sexuais. Prazer. Beleza. Robôs.
A opção de Ralph Hütter, o letrista e líder da banda, em simbolizar esse aparente rasgo de emoção diante da beleza física feminina, na figura da modelo, não é por acaso, uma vez que essas "mestras da sedução calculada", como definiu certa vez Fausto Fawcett, na passarela ou diante de câmeras, são, se definidas de maneira bem objetiva, seres de semblantes impassíveis com movimentos padronizados e poses programáveis que utilizam seu equipamento físico, talhado especificamente para aquele fim, para apresentar variedades de indumentárias humanas para consumo e provocar sensações das mais diversas. Quase robôs. Completando o conceito e a ironia, na época do lançamento do álbum, a banda utilizava-se com frequência de um conjunto de manequins, feitos à imagem e semelhança dos quatro integrantes, deixando-os no palco, nas posições dos verdadeiros, dos humanos, causando no público um misto de curiosidade, espanto, dúvida e inquietação. Definitivamente "The Model" era muito mais que uma recaída emocional.
"The Model " era uma aula de música pop que só comprovava a capacidade do Kraftwerk, já demonstrada em músicas como "Showroon Dummies" e "Airwaves", de álbuns anteriores, de simplificar sua linguagem e compor canções mais adaptadas a um padrão mais convencional. E não que isso fosse uma concessão em nome de aceitação ou "sucesso", era simplesmente o ponto onde sua trajetória havia levado, tendo, muitas vezes para chegar até ali, que extrair sons sons de onde não havia, inventar equipamentos e inovar em métodos de gravação. No entanto, naquele momento, diante das tendências musicais vigentes, repletas de sintetizadores e repetições eletrônicas, era o Kraftwerk que soava como oportunista. "Metropolis" e "Spacelab", ambas de ritmo repetido e pulsante, eram frequentemente comparadas a trabalhos de Giorgio Moroder, compositor e produtor de grande sucesso no universo disco-music daquela metade para o final dos anos 70, em especial a "I Feel Love", música gravada por Donna Summer e que havia sido lançada no ano antes. Semelhanças existem mas o "usurpador", no caso era o produtor italiano que encontrara pronto um modelo que os alemães vinham lapidando há muito tempo, o que pode ser observado, por exemplo, na música "Kristallo", do disco "Ralph und Florian", ainda da era pré-Kraftwerk que já continha o embrião daquela ideia. A mencionada "Spacelab", no que diz respeito à temática, por sua vez, mantém a linha de coerência e amarração do álbum uma vez que o espaço, as pesquisas, as descobertas, os desbravamentos, sempre tiveram no nosso imaginário, alimentadas pela ficção-científica, ligação com os robôs e humanoides.
Mas toda a questão homem-máquina converge para a faixa que encerra o disco e com ele divide o nome. "The Man-Machine", consegue com seus parcos e sucintos versos sintetizar toda a ideia do álbum, deixando em aberto questões como quem domina quem e quem, na verdade, é o robô: "Man-machine, pseudo human being/ Man-machine, super human being..." ("Homem-máquina, semi ser humano/ Homem-máquina, super ser humano...). Uma composição magistral que habilmente inverte a hierarquia melódica, fazendo com que, sobre uma percussão eletrônica bem marcada e uma base praticamente fixa, um vocal sintético guie ritmicamente a música até culminar numa repetição da palavra "machine", subindo em escala, até concluir com um último MACHINE prolongado, pronunciado como algo entre o agonizante e o ameaçador.
Apesar da flexibilização do Kraftwerk em "The Man-Machine" e da identificação com a sonoridade do momento, o disco não foi muito bem comercialmente, com exceção de "The Model", que acabou frequentando as paradas, mas mesmo assim, apenas em uma segunda investida, num relançamento três anos depois, como lado-B do single "Computer Love" do álbum sucessor, "Computer World", que daria continuidade ao conceito de "The Man-Machine" e confirmaria sua importância como consolidador da linguagem da banda dali em frente.
Um trabalho impressionante e assombrosamente profético. Em seis faixas o Kraftwerk antecipava elementos tecnológicos, urbanos, sociológicos e comportamentais do mundo atual como se tivesse visto tudo isso antes... Ei! Peraí...
Não, não pode ser...
...
Será?

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FAIXAS:
01 The Robots - 6:15
02 Spacelab - 5:57
03 Metropolis - 6:05
04 Model - 3:44
05 Neon Lights - 8:57
06 Man Machine - 5:30


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Ouça:
Kratwerk - The Man-Machine

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Cyndi Lauper - "She's So Unusual" (1983)




"Uma mistura de auto-confiança,
sentimentalismo descarado
e humor inteligente"
Stephen Thomas Earlewine,
da Allmusic sobre 
"She's So Unusual"





Se me perguntassem, lá naquele início de anos 80, entre as cantoras pop que estavam em evidência, Madonna ou Cyndi Lauper, qual seria minha preferida, eu, não teria dúvida em escolher a segunda. Se preferia Cyndi naquele momento, mesmo sem muito discernimento naqueles meus 9 ou 10 anos de idade, hoje com critério o suficiente (eu acho...) consigo avaliar os porquês. Madonna já estourava em sucesso, é verdade, com seu primeiro álbum já prenunciando seu reinado no mundo pop, no entanto, aquilo me soava um popzinho frágil, artificial e pueril. Musiquinhas como "Everybody", "Borderline", "Burning Up", "Crazy For You" não me despertavam, e não despertam até hoje, nenhum entusiasmo, nenhum brilho nos olhos. Eram cançõezinhas bobas que qualquer outra daquelas, qualquer cantora medíocre metida a gatinha apelando pra lingeries e sensualidade gratuita podia fazer.
No mesmo ano, 1983, "rivalizava" com ela nas paradas uma outra norte-americana. Uma magricela de voz estridente e cabelo extravagante que apesar do igual sucesso comercial naquele momento, parecia ter seu lugar irremediavelmente reservado à margem da outra.
"She's So Unusual", álbum de estreia de Cyndi Lauper era muito melhor do que o debut de Madonna com o disco que levava seu nome. Mais bem trabalhado, bem acabado e coeso, o trabalho de Cyndi alcançava um resultado mais consistente, isso sem falar no talento vocal nem sempre devidamente reconhecido da cantora, muito superior ao da Material Girl.
"Money Changes Everything", cover dos The Brains, uma banda americana pouco conhecida, é um pop vigoroso que ganha uma atmosfera meio escocesa por conta de um agradável solo de melódica; "Time After Time", que possivelmente tenha inspirado a canção "Como Eu Quero" do Kid Abelha é uma balada graciosa, delicada e apaixonante; e "When You Were Mine" é uma boa versão da música do primeiro álbum de Prince. "Witness" é interessante pela pegada reggae; "She Bop", uma new wave embalada, com seu refrão malicioso e picante (sugerindo masturbação), parece reeditar as velhas chamadas rock'n roll ("Be bop--be bop--a--lu--she bop/ Oo--oo--she--do--she bop--she bop); e a encantadora "All Through The Night" tem interpretação marcante da cantora e um trabalho de estúdio impecável dos produtores lhe garantindo um status de qualidade superior.
Mas o ponto fulgurante do disco não poderia ser outro que não o megahit "Girls Just Wanna Have Fun", canção vibrante e descontraída conduzida por uma base eletrônica repetida que, se prestar-se bastante atenção, lembra a "locomotiva" de "Trans-Europe Express" do Kraftwerk. A música, aparentemente boba e juvenil, é quase um manifesto bem-humorado pela liberdade de escolha das mulheres, o que a torna extremamente relevante nos dias atuais com a presente reconscientização feminina e levante em busca de condições igualitárias. "Sim, eu sou mulher e só quero me divertir. E daí?", este era o recado.
O tempo viria a mostrar que a aparente "apelação" de Madonna era na verdade um inteligente e necessária provocação tão valorosa quanto uma "Girls Just Wanna Have Fun", e que, apesar de seu talento vocal inferior a Cyndi, é uma artista mais completa. Hoje gosto muito mais de Madonna. Da obra de Madonna, da influencia de Madonna, do comportamento de Madonna. Talvez a dimensão do que Madonna se tornou, e mais uma legião de madonnetes que vieram na cola dela exibindo seus decotes e lingeries e cantando refrões sussurrados tenha abafado as Cyndis por aí afora. Mas o fato é que Cyndi Lauper prosseguiu sua carreira com competência e qualidade, reapareceu na metade dos anos 90 com uma coletânea que trazia uma releitura de "Girls Just Wanna Have Fun", mas nunca igualou o sucesso de seu ótimo disco de estreia de 1983 quando, sim, Cyndi Lauper era melhor que Madonna.
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FAIXAS:
1. Money Changes Everything (5:02)
2. Girls Just Want To Have Fun (3:55)
3. When You Were Mine (5:07)
4. Time After Time3:59

5. She Bop (3:43)
6. All Through The Night (4:29)
7. Witness (3:38)
8. I'll Kiss You (4:05)
9. He's So Unusual (0:45)
10. Yeah Yeah (3:17)

*"She's So Unusual" teve um relançamento comemorativo pelos 30 anos de seu lançamento em 2013 com uma série de extras, demos, remixes e versões inéditas.
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Ouça o Disco:


Cly Reis

sábado, 19 de novembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - fase preliminar

 E está dado o pontapé inicial. Começa a Copa do Mundo Kraftwerk.

Nesta fase, ainda, apenas com as músicas da era pré-Autobahn, dos discos Kraftwerk, Kraftwerk 2 e Ralph & Florian.

"Ah, mas não tem Trans-Europe Express...", "Ah, mas ainda não tem The Model...", "...mas sem as clássicas não tem graça!". Não tem? Vai vendo.

Só tem jogão nessa fase preliminar: Elektrishes Roulette contra Ruckzuck, Kristallo contra Klingklang, Megaherz contra Harmonika...  E pra quem conhece esse período do grupo, sabe que todas essas são concorrentes em condições de encarar qualquer Computerlove, Radioactivity ou quem vier pela frente.

Aliás, os 'times grandes', tipo Hall of Mirrors, Music Non Stop, The Man Machine, que se preparem porque vão pegar os classificados daqui já na próxima fase.

Nessa prévia, apenas as cabeças do Clyblog, Cly Reis e Daniel Rodrigues, definirão quem passa. Uma espécie de filtro. Mas na próxima etapa, outros julgadores se juntarão a nós para a difícil tarefa das eliminações.

Confira, aí, abaixo todos os jogos da fase preliminar da Copa do Mundo Kraftwerk: 




terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Copa do Mundo Kraftwerk - Semifinais

Restaram quatro.

Argentina, França, Marrocos e Croácia. 

Ops... Não!

Eu tô falando da nossa Copa do Mundo.

Se lá no Catar temos dois europeus, um sul-americano e um africano, no nosso certame futebolístico-musical temos duas do álbum Trans-Europe Express, uma do Tour de France Soundtracks e uma do Radio-Activity. 

Será que a França vai para afinal no Catar e Tour de France vai para a final aqui? Será que teremos uma final dos ferroviários? Ou será que os radiativos chegarão à grande decisão pra causar uma explosão atômica?

Saberemos...

Agora tudo é semifinal!


Sorteio feito, confira aí, abaixo, como ficaram os confrontos da Copa do Mundo Kraftwerk:




segunda-feira, 16 de maio de 2011

My Bloody Valentine - "Loveless" (1991)


O Disco Que Eu Levaria Para Uma Ilha Deserta

"Muitos dos samples eram de feedbacks. Nós aprendemos que do feedback da guitarra, com muita distorção, que você pode fazer qualquer instrumento, qualquer um que você possa imaginar."
Kevin Shields



- Não interessa, só pode escolher um.
- Só um? Uns dez que seja. Pra ter mais variedade, mais opções...
- Só um.
- Então...então..., vai o "Loveless" do My Bloody Valentine.
Este hipotético diálogo não seria muito diferente do real se, algum dia por alguma circunstância qualquer, um incêndio, uma enchente, um terremoto, um roubo, uma divisão de bens, um exílio, fosse obrigado ter que apenas escolher UM álbum na minha discoteca para levar comigo para qualquer lugar, para uma ilha deserta, por exemplo. Não que seja o melhor CD que tenho, se fosse por isso o por exemplo "Let It Bleed" estaria à frente; não que seja a banda que mais gosto, se prevalecesse este critério provavelmente Cure e Smiths teriam prioridade, mas o "Loveless" é um daqueles discos que poderia-se chamar um xodó. Mas não um xodó injustificável, daqueles que a gente sabe que é ruim, não contraria o fato, mas morre abraçado com ele, por qualquer motivo que... só Deus sabe. Não, é um álbum absolutamente prazeroso de se ouvir, com seu harmonioso e cativante ruído que constrói a todo tempo inusitadas sinfonias. Além do mais, este disco do My Bloody Valentine é um dos melhores, mais significativos e influentes das últimas décadas e a banda é uma das mais cultuadas e respeitadas no universo underground mesmo com uma discografia rigorosamente pequena.
Com inegáveis influências do noise-rock, caracteristico de bandas como Sonic Youth, por exemplo, do gótico dos '80 e de bandas como Jesus and Mary Chain , o MBV conseguiu em apenas dois álbuns incorporar novas características a estes estilos, praticamente reinventando-os, conferindo-lhe então uma assinatura própria de tal forma original que tornam o som da banda absolutamente peculiar e inconfundível.
"Loveless" o segundo álbum da banda é avanço em relação ao bom "Isn't Anything", seu trabalho de estreia, agregando às distorções, aos efeitos, aos ruídos e à criatividade do cérebro da banda, Kevin Shields, mais vocais femininos de Belinda Butcher, arranjos mais melodiosos e muito mais ousadia nas experimentações.
"Only Shalow", a primeira do disco, é daquelas coisas que a gente mal acredita que esteja ouvindo algo daquele tipo: depois de uma introdução com uma tempestade de guitarras e distorções, que poderia fazer supor algo enérgico, violento, inaudível; tudo desemboca numa canção cantada suave e melodiosamente por uma doce voz feminina, até voltar, a cada 'refrão', a maravilhosas e improváveis explosões sonoras .
"Loomer", que a segue é cheia, concentrada e suavemente barulhenta; "Touched", a terceira, é uma pequena sinfonia 'desafinada' com a rotação alterada que provoca algum descons(c)erto de sentidos no ouvinte. Uma mistura de sensações de belo e bizarro, de harmônico e desrítmico, de clássico e contemporâneo.
A segue a fantástica "To Here Knows When", lindíssima a seu modo; uma cortina sonora que vai se dissipando aos poucos até ficar praticamente dissolvida, restando ao final apenas uma tênue conexão que ainda possa identificá-la em meio à névoa sonora que se transforma.
"When You Sleep" é outra grandiosa, com outro inusitado e indefinível riff conseguido por Kevin Shields em suas muitas experimentações de estúdio.
 A lindíssima "I Only Said" já introduz com uma emocionante 'explosão estrelar' que conduz a uma base fantástica que de certa forma, cheia de guitarras, efeitos, samples e tudo mais, lembra uma orquestra de violinos, e os violinos de Kevin Shields são suas guitarras, suas distorções, seus efeitos.
"Come in Alone" é forte, completa e funciona como um catalisador de elementos; "Sometimes" é doce e agradável; "Blown a Wish" apenas compõe bem; "What You Want" é acelerada, empolgante e numa passagem mágica, quase que vacilante, introduz às baterias sampleadas da fantástica "Soon", uma joia cheia de efeitos de marcação, ruídos de fundo e incríveis guitarras que sobrevoam uma base ritmada e carregada de peso e beleza, tudo isso sob a maviosa voz de Belinda Butcher que quase desaparece em meio ao barulho. Num final absolutamente emocionante e épico, "Soon" atinge um clímax sonoro, um êxtase instrumental até praticamente se apagar, se desvanecer, com uma guitarra ao fundo ainda tentando sobreviver  ao final inevitável. Um encerramento digno de um disco como este!
Um dos meus preferidos da discoteca, um dos meus xodós da coleção, um dos discos mais cultuados, um dos melhores discos dos anos 90 e um dos grandes da história do rock. Por todas estas razões, pelas sensações que causa, por toda essa estranha beleza, "Loveless" passaria à frente de discos mais completos, mais perfeitos, mais clássicos, mais geniais talvez e seria o disco que eu, se por uma inevitável e cruel escolha tivesse que optar, levaria para uma ilha deserta.
Mas aí penso no meu "Trans-Europe Express", no meu "Gil e Jorge", no meu "Aftermath" e lembro que felizmente, trata-se apenas de um exemplo, de uma hipótese absurda e totalmente improvável, e posso ir curtindo todos os outros também.
Ufa!

FAIXAS:
1."Only Shallow" (Butcher, Shields) - 4:17
2."Loomer" (Butcher, Shields) - 2:38
3."Touched" ( Colm Ó Cíosóig ) – 0:56
4."To Here Knows When" (Butcher, Shields) - 5:31
5."When You Sleep" - 4:11
6."I Only Said" – 5:34
7."Come in Alone" – 3:58
8."Sometimes" – 5:19
9."Blown a Wish" (Butcher, Shields) - 3:36
10."What You Want" - 5:33
11."Soon" – 6:58



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Baixe e ouça:
My Bloody Valentine Loveless