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sábado, 15 de agosto de 2015

Crianças da Guerra




Uma de minhas catequeses em cinema foi a finada sessão CineClube Banco do Brasil, que, nos anos 90, passava aos sábados à noite na TV Band (com apresentação luxuosa de Fernanda Torres, inclusive). Dentro os vários cult-movies e clássicos que tive o privilégio de assistir ali, de produções asiáticas a mexicanas, os filmes europeus dos anos 80 protagonizados por crianças durante ou pós-Segunda Guerra me marcaram fortemente, sendo fundamentais para o meu entendimento da profundidade da arte cinematográfica hoje. A maturidade histórico-social da Europa naqueles idos parece ter motivado alguns cineastas a produzissem obras com características em comum: casamento de realismo e poesia, um sabor lúdico, narrativas sensíveis, desfechos não necessariamente finitos e, principalmente, uma abordagem crítica, por vezes sutil, mas contundente, na visão das crianças, fugindo dos estereótipos fantasiosos de filmes sobre a infância. Registro aqui alguns desses títulos tão especiais a mim.

Adeus, Meninos (França, 1987)
Do mestre Louis Malle, “Adeus, Meninos” é um conto sobre amizade, intolerância, valores e descobrimento. Durante a Segunda Guerra, na França ocupada pelos nazistas, uma escola católica esconde alunos judeus. O garoto Julien vê com desconfiança a chegada do novo colega Jean, mas logo se torna seu amigo. O absurdo da guerra lhes põem em conflito entre o ser e o estar, abrindo um paradigma de reflexão e autoconhecimento.
Multipremiado, “Adeus, Meninos” recebeu Leão de Ouro em Veneza e sete César, incluindo Melhor Filme, Roteiro e Direção, além de indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Roteiro Original. A história, baseada em lembranças de infância de Malle, traz um tom narrativo simples mas sensível e minucioso, deixando de lado a visão romantizada da infância típica de obras autobiográficas ao criar uma parábola sobre o fim da inocência. Com referências claras a "Os Incompreendidos" (Truffaut, 1959) e “Zero de Conduta” (Vigo, 1933), o filme, também escrito e produzido por Malle, marca uma “volta às origens” na cinematografia deste cineasta que foi um dos precursores do cinema moderno francês, uma vez que ele vinha de realizações norte-americanas tanto ousadas quanto questionáveis. Disponível em DVD pela Silver Screen.

Minha Vida de Cachorro (Suécia, 1987)
De um lirismo encantador, estilo próprio do diretor Lasse Hallström, é considerado um dos filmes mais marcantes da década de 80 e o meu preferido dentre os títulos que destaco. De sucesso comercial à época e vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, além de indicações ao Oscar, este cult foi responsável por impulsionar a carreira internacional de Hallström, que posteriormente seguiu carreira nos Estados Unidos, dirigindo o aclamado “Chocolate” (2000).
O filme mostra a pré-adolescência do garoto Ingemar, que mora num vilarejo sueco no final dos anos 50 com o irmão mais velho e a mãe tuberculosa, uma mulher perturbada que vive em constante conflito com os filhos. Um pouco Charlie Brown, ele reflete sobre o porquê das coisas, sem compreender muito bem para onde sua vida o está conduzindo. Mas vai levando! Sua melhor amiga, a cadela Sickan, sofre, como ele, de um forçado exílio: é enviada para o canil ao mesmo tempo em que seu dono vai passar a temporada de verão com os tios, Lá, o garoto conhece novas pessoas e faz amizades. A solidão existencial do “cachorrinho” Ingemar, resultante da incerteza de ter um lar e da distância física e emocional para com sua família (incluindo a cadela), não é motivo, no entanto, para tristeza. À parte de tudo isso, Ingemar é querido pelos tios e pelos amigos, e a percepção feliz de criança prevalece, o que dá cores especiais ao filme.
Sob o enfoque do garoto, que narra a história através de sua visão pura e imaginativa, o filme transporta o espectador para a realidade do protagonista, por vezes engraçada, por vezes dura, mas nunca triste. Sensível, aborda aspectos cotidianos com naturalidade e beleza, como a amizade com a menina que gosta de se vestir como menino para poder jogar futebol, a conquista dele para com o tio, resistente de início àquela nova pessoa em sua casa, ou sua descoberta da sexualidade, ainda cheia de interrogações mas intuitivamente saborosa. Esta aparente simplicidade do filme, porém, acaba suscitando aspectos profundos e ricos de significado. Um filme adorável. Disponível em DVD pela Versátil.



Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios (Iugoslávia, 1985)
Segundo longa-metragem de Emir Kusturica, recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes – feito que o diretor repetiria 10 anos depois com “Underground”, entrando para uma seleta lista de cineastas que levaram duas vezes a distinção. O filme se passa nos tempestuosos anos pós-Segunda Guerra na Iugoslávia stalinista, revelando a visão de Miki, um garoto de 6 anos cujo pai, funcionário do Ministério do Trabalho, é preso pelo sistema político repressor da época.  A família, por verem-no preocupado com o sumiço do pai, conta-lhe que este viajou a negócios. Acreditando na história, a criança passa a viver sempre à espera do retorno, mas o tempo vai lhe ensinando outros desafios.
Como fuga daquela realidade tão terrena, o sonho do menino é uma viagem ao espaço. Neste sentido, “Quando Papai…”, assim como “Minha Vida de Cachorro“, aborda de maneira inteligente e bem-humorada o descobrimento de valores e o questionamento das razões da existência. A dicotomia proximidade/distância e sentir/estar se repete, inclusive no aspecto da “viagem espacial”, uma vez que no longa sueco a mente imaginativa do protagonista constantemente relacionava a cadela Sickan à outra cachorrinha, a Laika, conhecida mundialmente por ter viajado ao espaço e lá morrido. Nos dois filmes, a significação simbólica do elemento “espaço” está fortemente relacionada à construção da identidade dos dois personagens, que buscam conceber sentidos, como o de usar como defesa para seus medos a irrealidade, e o de tentarem, dentro de suas limitações e pureza, compreender o mundo que lhes rodeia. Profundo e belo. Disponível em DVD pela Lume Filmes.

Filhos da Guerra (Alemanha/França/Polônia, 1990)
Obra-prima da talentosa Agnieszka Holland sobre aspectos muito profundos da condição humana e da barbárie promovida pela guerra, é certamente o mais intenso dos filmes aqui destacados. Assim como os filmes de Hallström e Kusturica, “Filhos da Guerra” também foi o alavancador ao cinema norte-americano para a diretora polonesa por conta de seu sucesso (recebeu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro), que, em 1993, rodou nos Estados Unidos o belo “O Jardim Secreto”.
Baseado em fatos verídicos, conta a incrível história de Solomon Perel, um jovem que sobrevive ao Holocausto escondendo sua identidade judaica e, paradoxalmente, encontra refúgio junto à Juventude Hitlerista. Sua trajetória começa quando sua família alemã de origem judaica é perseguida pelos nazistas e se refugia na Polônia. Com a invasão, o que parecia ser o começo de uma vida tranquila, rapidamente se transforma em um grande pesadelo. Perel consegue fugir levando seu irmão, mas acaba se perdendo dele e busca refúgio entre os bolcheviques. Depois de viver em um orfanato, acaba sendo capturado pelos nazistas. Sua única alternativa é se alinhar ao exército de Hitler e, para isso, tem que esconder sua verdadeira identidade. Disponível em DVD pela Spectra Nova.





quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Debate 17ª Mostra Unisinos de Cinema - Cinemateca Capitólio - Porto Alegre/RS (19/12/2022)

 

Nada como terminar o ano de diversas atividades de crítica cinematográficas junto àqueles que estão iniciando a caminhada no meio do cinema: os alunos. 2022 foi novamente de bastante envolvimento meu para com o cinema e a crítica, o que pude exercitar em diferentes frentes. Depois de largar com o lançamento do livro da Accirs, “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho”, em março; de integrar a comissão curatorial da Mostra gaúcha do CineSesc, de março a maio; de presenciar pela primeira vez o Festival de Cinema de Gramado na histórica edição de n° 50, em agosto; de mediar um bate-papo sobre Sirmar Antunes numa live para o Museu do Festival de Cinema de Gramado, em novembro; e de estrear com artigo na igualmente histórica edição de 20 anos da revista Teorema, no último mês do ano; participei como convidado pelo professor da Unisinos, o cineasta Milton do Prado, a debater criticamente a 17ª Mostra Unisinos de Cinema, que apresenta os trabalhos de alunos feitos durante o ano.

Esta aproximação, aliás, já vinha sendo alentada desde o ano passado, quando Milton havia me convidado para uma sessão comentada sobre o clássico filme gaúcho “Um É Pouco, Dois É Bom” (1970), primeiro longa-metragem dirigido por um cineasta negro no Rio Grande do Sul, Odilon Lopez. Na ocasião, um conflito de agendas me impossibilitou de participar, mas desta vez não titubeei. Numa Cinemateca Capitólio lotada e com mediação da professora Jessica do Vale Luz, assistimos a cinco curtas, todos produzidos por alunos de Milton e do também professor e cineasta Vicente Moreno, coordenadores do curso de Realização Audiovisual da universidade.

Impossível não notar algumas inconsistências nos filmes, compreensíveis a trabalhos acadêmicos, pois geralmente os primeiros exercícios no audiovisual de seus realizadores. Os filmes, no entanto, guardam todos qualidades em narrativa e nos aspectos técnicos, como edição de som, fotografia e edição. Os roteiros, alguns menos trabalhados do que outros, foram os grandes responsáveis por balizar o maior ou menos sucesso das obras. O simpático “Confluência”, que narra os encontros e desencontros de uma juventude porto-alegrense, é um exemplo disso. O frescor das histórias de amor juvenis, tão presentes no cinema da Nouvelle Vague ou mesmo no moderno cinema gaúcho dos anos 80, funciona até o momento em que, por escolha da diretora, Valentina Ritter Hickmann, recentemente premiada em Gramado com o emocionante "Somente para Registro", doc subjetivo e pessoal, não consegue repetir a mesma coesão nesta nova realização. Muito por delegar (palavras da própria autora) a fruição da história aos atores e menos ao roteiro, base de toda obra audiovisual. Enfim, erros e acertos inerentes ao caminho. 

Interessante filme, mas que também requer maior trato de roteirização, é “Sufoco”. Dirigido pelo jovem negro Maicon F. Silva, aborda aspectos sociais importantes como preconceito, bullying, ancestralidade e identidade. Porém, as amarrações narrativas parecem um tanto soltas, fazendo com que elementos interessantes – como o colar capaz de encorajar o aflito protagonista – ressinta-se de maior coerência.

“Sem Cabeça”, de Beatriz Potenza, é daqueles casos em que tudo funciona de forma bastante eficiente. Contando a história de um casal de jovens em que a moça experimenta pela primeira vez maconha na casa do namorado, a diretora extrai de uma história pequena nuances bastante profundas. Olhares, diálogos bem alocados, tempo de ações e uma eficiente fotografia revelam uma questão social nem tão abordada como deveria, que é a relação heteroafetiva abusiva.

Também feliz a realização de "Fim de Festa", inclusive por tratar de outro tema tabu, mas igualmente essencial de ser exposto assim como racismo e a violência doméstica, que é a questão LGBTQIA+. Afora alguma inconsistência cênica, o curta de Luísa Zarth Carvalho traça, num engenhoso diálogo entre duas jovens que vai se de desenrolando pouco a pouco, perfis bem estruturados das personagens, a quem se descobre ter havido num passado algo velado entre ambas.

Dessa leva, no entanto, “Enquanto Irmãos”, de Leonardo Kotz, se destaca pela inteireza da realização. Filme que funciona do início ao fim, traz a história de dois pequenos amigos que se encontram na casa de um deles no dia em que o irmão do outro está nascendo. As delicadas falas, as sutilezas da relação de irmandade entre os amigos, bem como as preocupações existenciais das crianças, são conduzidas com absoluta assertividade. Tecnicamente também. Para quem formou sua cinefilia assistindo filmes protagonizados por crianças como “Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios”, “Minha Vida de Cachorro” e “Pelle, O Conquistador”, este curta foi uma grata surpresa.

Enfim, filmes que, mesmo desiguais, mostram que a difícil arte de se fazer cinema é objeto de paixão das novas gerações. Uma ótima maneira de terminar um 2022 repleto de cinema, mas desta vez, num encontro com a raiz. Como diz o policial Malone vivido por Sean Connery a Elliot Ness (Kevin Costner) em “Os Intocáveis”: “se você não quer pegar uma maçã podre, não vá ao cesto: tire-a da árvore”.

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Panorâmica do palco com os realizadores e a professora Jessica


Começando o bate-papo

Falando aos alunos e público

Jessica fazendo minha apresentação


Dando as minhas primeiras considerações na noite de debates



texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa e Vicente Moreno

domingo, 27 de março de 2022

"Licorice Pizza", de Paul Thomas Anderson (2021)


“Licorice Pizza”
não irá ganhar o Oscar se Melhor Filme em 2022. Isso é certo. O mais cotado é, de fato, “Ataque dos Cães”, de Jane Campion, mesmo que “O Beco.do Pesadelo”, do já ganhador desta estatueta Guillermo Del Toro, em 2018, com “A Forma da Água”, pareça o mais talhado entre os 10 títulos concorrentes – e embora “Amor Sublime Amor” e “O Ritmo do Coração” corram por fora. O filme de Paul Thomas Anderson, portanto, não figura entre os favoritos. Aliás – e isso não é um demérito – o cineasta norte-americano talvez nunca venha a obter este êxito, visto que o seu cinema, definitivamente, não confere em conceito com a badalada premiação da indústria cinematográfica, e o seu novo longa é mais uma prova disso.

Mas não se enganem: “Licorice...” é, por mais que pareça uma contradição, quiçá o melhor entre os candidatos nesta categoria junto com “Drive my Car” (outro que também não deve levar o Oscar de Melhor Filme, uma vez que, ao que tudo indica, o de Melhor Filme Internacional esteja lhe esperando). O filme de Anderson (cujo estranho título faz uma referência a uma loja de discos que realmente existiu, mas que não aparece em nenhum momento), conta a história de Alana Kane (Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman), dois jovens que, embora a diferença de 10 anos dela para ele, vivem a adolescência no Vale de San Fernando, no Sul da Califórnia do início dos anos 70, engendrando vários negócios juntos e flertando um com outro, mas também se desencontrando.

Comédia romântica com ares de nouvelle vague e realismo poético, “Licorice...”, que também é escrito por PT Anderson, diferencia-se, por isso, muito do que a Academia costuma prestigiar. Desde seu primeiro longa, “Jogada de Risco", de 1996, passando pelo genial “Boogie Nights” (1997) e pelo retumbante “Magnolia”, Melhor Filme em 1999 (só que em Berlim...), fica claro que o estilo de seu "cinema de autor" carrega singularidades que lhe aproximam bastantemente da escola europeia. Neste sentido, ele é muito mais peculiar do que seus contemporâneos Tarantino, Rodriguez e Nolan, todos também autorais mas com um pé muito mais firme em Hollywood do que ele. Com o forte “Sangue Negro”, de 2007 – para muitos, sua melhor realização –, pode-se dizer que Anderson tenha se esforçado para arrebatar o prêmio máximo do cinema, mas sua mão “pesada” o fez dar tons muito mais trágicos à história que os jurados da Academia estão acostumados. 

trailer de "Licorice Pizza"de Paul Thomas Anderson


A última tentativa de Anderson de levar esse bendito Oscar de Melhor Filme parece ter sido há quatro anos com “Trama Fantasma”, seu até então último longa e no qual repete a parceria com o excelente ator irlandês Daniel Day-Lewis. Porém, mesmo recebendo seis indicações (inclusive a de Filme), novamente sem sucesso. “Licorice...”, assim, dá a impressão de ser saudavelmente aquele filme em que o diretor disse a si mesmo: “Quer saber? Foda-se! Aceitem-me como eu sou!”. E deu muito certo. Descompromissado, o cineasta fez uma obra carregada de sentimentos, daquelas que ao mesmo tempo fazem emocionar terna e alegremente. É de encher o peito em uma gargalhada, mas também de soltar risos surpresos durante o decorrer por conta de seus diálogos e roteiro inteligentes. 

Gary e Alana: feitos um para o outro (mas será que
eles próprios sabem disso?)
Estão preservados elementos clássicos do estilo de Anderson: trilha sonora escolhida com esmero e paixão; ritmo de montagem que intercala agilidade com planos bem demorados, tributo a um de seus mestres, Martin Scorsese; planos-sequência realizados com bastante habilidade; o olhar especial para as musas, as quais invariavelmente dedica belos enquadramentos como faz desta vez com Alana; direção de atores bem encontrada entre o drama e a comédia; aparição de tipos exóticos impagáveis (Bradley Cooper, em uma ponta, arrasa fazendo o tresloucado playboy Jon Peters); mas principalmente, personagens que fascinam o espectador. Por que isso? Porque são, como sensivelmente fizeram Renoir, Carné ou Clair, pais do realismo poético francês ao qual o cinema de Anderson faz tributo, são capazes de construir personagens que refletem o interior humano equilibrando beleza e naturalidade. Os medos, as angústias, as aflições, os desejos, os amores. Alana e Gary, protagonistas a quem se torce para que fiquem juntos e parem com a infantilidade de se brigarem para fugirem do medo de não serem aceitos, são a tradução disso: gentes. Mas, claro: com o “filtro” mágico do cinema: não só o filtro da câmera, mas o do olhar.

Se não é o melhor entre todos da safra 2021/22, “Licorice...”, ao menos, é o que melhor cumpre um dos requisitos dos grandes filmes: o encerramento marcante. O cineasta conduz o espectador até o último segundo para, com sutileza, deixá-lo suspirando na poltrona com um sorriso no rosto – ou uma lágrima. Sabe aquele sabor de terminar de assistir “Nós que nos Amávamos Tanto”, “Pierrot le Fou” ou “Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios”? É este o sentimento que fica com "Licorice...". Tudo bem: “Ataque...”, “O Beco...” e “Drive...” também terminam muito bem. Mas é tão mais impactante sentir uma ponta de "cinema de arte", assim, tão espontaneamente numa produção norte-americana, que o valor se duplica. Neste caso, o melhor que PT Anderson pode fazer é não ganhar prêmio nenhum mesmo. Será sinal de que continuará fazendo seu cinema tão original quanto encantador.


Daniel Rodrigues