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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

17º Santa Maria Vídeo e Cinema - Bastidores e Premiações

 

Tem sido bastante estimulante poder participar de atividades voltadas a cinema como venho conseguindo fazer desde o início do ano. Desta vez, através de um generoso convite do cineasta e produtor Luiz Alberto Cassol, pude participar pela primeira vez do Santa Maria Vídeo e Cinema, que já soma louváveis 17 edições e 22 anos de história, que o põem como um dos principais e mais longevos festivais de cinema do Rio Grande do Sul. O convite, irrecusável, foi para compor o júri da mostra principal e também o júri da crítica em nome da ACCIRS. Convite aceito, então: ‘bora pra Santa Maria!

Os agradáveis dias em que estive na cidade foram de bastante atividade. Com 24 filmes no total, ajudei a escolher 27 premiações no total, além dos dois prêmios de crítica, um para cada mostra em competição: Santa Maria e Região e Nacional. Dos prêmios de crítica, tive o prazer de dividir as definições em parceria com minha colega de profissão e de ACCIRS Bia Zasso, natural de Santa Maria e “decana” do SMVC, mas que não pode estar presencialmente desta vez. Representando a associação, fizemos a escolha dos filmes “O Amanhã de Ontem”, de Fabrício Koltermann, na Mostra Santa Maria e Região, e ”Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude, da Mostra Nacional.

Com os parceiros de júri do SMVC
Coincidentemente ou não, o júri principal do festival – o qual compus com muita alegria em conjunto com o cineasta argentino Axel Monsú; o diretor de fotografia catarinense Giovane Rocha; a cineasta e professora paraguaia Juana Miranda González; e a atriz gaúcha Manuela do Monte – também destacou os mesmos dois filmes. “Chibo” ainda levou os troféus Vento Norte de Direção e de Fotografia (Lahude). Já “O Amanhã de Ontem”, na categoria SM e Região, emplacou ainda os de Arte (Camila Marques), Roteiro (Kolterman), interpretação (Ida Celina) e Direção. O que nos demonstrou tacitamente que tivemos nesses dois títulos os melhores da edição do SMVC. 

Mas rolou muita coisa boa também, tanto na seleção local, bastante profícua e cinéfila, quanto na de curtas brasileiros, com obras de Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, São Paulo e outros estados. Interessante, no conjunto das premiações nacionais, das quatro animações, três levaram prêmios: “Lagrimar”, Melhor Animação, “O Nome da Vida”, Trilha e uma Menção Honrosa, e “Bicicleta Vermelha”, Desenho de Som.

Os filmes gaúchos, no entanto, obtiveram merecido destaque em nível nacional. Além de “Chibo”, que arrebatou as duas Mostras, “À Borda da Vida”, documentário de Camila Bauer sobre a relação da atriz Liane Venturella com sua mãe, emocionou a plateia e recebeu os merecidos Vento Norte de Melhor Documentário e Melhor Montagem (Mateus Ramos e Raoni Ceccim). Também vale evidenciar o belo drama infanto-juvenil “Flor”, que deu uma das melhores interpretações para a atriz Julia Almeida, e que também levou para casa o troféu de Melhor Direção de Arte para Gabriela Burck e Eder Ramos.

Afora as premiações, o clima da cidade, que respira cinema nos dias em que se realiza o evento, é algo muito bonito de vivenciar. Igualmente, a convivência com esse pessoal interessante do cinema e das artes, a acolhida atencioso as da equipe do SMVC e a programação cuidadosa de um festival que propôs (e conseguiu) estabelecer "diálogos", dão aquela vontade de voltar assim que possível.

Confiram, então, todos os premiados do 17º SMVC:

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MOSTRA SANTA MARIA E REGIÃO DE CURTAS-METRAGENS

Melhor Desenho de Som: Guilherme Wallau, “O Churras”

Melhor Direção de Arte: Camila Marques, “O Amanhã de Ontem”

Melhor Trilha Sonora Original: Márcio Echeverria Gomes, “Cartas de Felippe”

Melhor Montagem: Marcos Oliveira, “Para Que Eu Não Esqueça”

Melhor Direção Fotografia: Marcos Oliveira, “Para Que Eu Não Esqueça”

Melhor Roteiro: Fabrício Koltermann, “O Amanhã de Ontem”

Melhores Interpretações: Ida Celina, por “O Amanhã de Ontem” e Henrique Ávila, por “Para Que Eu Não Esqueça”

Melhor Direção: Fabrício Koltermann, “O Amanhã de Ontem”

Melhor Curta da Mostra de Santa Maria e Região: “O Amanhã de Ontem”, de Fabrício Koltermann. Além do troféu Vento Norte, o filme recebe o Troféu do Metropolitano RS – Ecossistema Audiovisual.

Menções honrosas: “Cartas de Felippe”, de Marcos Borba, “Morada”, de Neli Mombelli, e “O Churras”, de Maurício Canterle;

Cena de "O Amanhã de Ontem", grande premiado na mostra local



MOSTRA NACIONAL DE CURTAS-METRAGENS

Melhor Desenho de Som: “Bicicleta Vermelha”

Melhor Direção de Arte: Gabriela Burck e Eder Ramos, “Flor”

Melhor Trilha Sonora Original: João Castanheira e Lucas Borges, “O Nome da Vida”

Melhor Montagem: Mateus Ramos e Raoni Ceccim, “À Borda da Vida”

Melhor Direção Fotografia: Henrique Lahude, “Chibo”

Melhor Roteiro: Maylon Romes, “O Que Fica de Quem Vai”

Melhores Interpretações: Julia Almeida, pelo curta-metragem “Flor” e, Dyio Coêlho, de “O que fica de Quem Vai”

Melhor Direção: Gabriela Poester e Henrique Lahude, “Chibo”

Melhor Curta de Animação: “Lagrimar”, de Paula Vanina

Melhor Curta Documental: “À Borda da Vida”, de Camila Bauer

Melhor Curta de Ficção: “O que fica de quem vai”, André Zamith e Vinícius Cerqueira

Melhor Curta da Mostra da Mostra Nacional: “Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude. Além do troféu Vento Norte, o filme recebe o Troféu do Metropolitano RS – Ecossistema Audiovisual.

Menções honrosas: “A Última Valsa”, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet, “Cache Lavi”, de Clementino Júnior, “O Nome da Vida”, de Amanda Pomar

O arrebatador "Chibo", vencedor nas principais categorias



Daniel Rodrigues

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

53º Festival de Cinema de Gramado - Bastidores e Premiações


Júri de Longas Gaúchos:
ao lado das colegas
Gabi e Keyti
Minha proximidade e intimidade com o Festival de Cinema de Gramado vem numa crescente desde que passei a, ainda na pandemia, a participar mais ativamente daquele que é o maior festival de cinema do Brasil. Se em outros anos compus Júri da Crítica, comissão de seleção de curtas-metragens brasileiros e, nas duas últimas edições, o júri do Prêmio Accirs, que revela o prêmio da crítica para a Mostra Gaúcha de Curtas-Metragens no Prêmio Assembleia Legislativa, ocorrido durante o evento, desta vez a experiência foi ainda mais completa. Segunda edição à frente da Accirs e primeira em tempo integral, desta vez minha participação foi para a composição do júri de longas gaúchos.

Juntamente com minhas queridas colegas, a gaúcha Gabrielle Fleck, atriz e produtora gaúcha baseada em Los Angeles, Estados Unidos, e Keyti Souza, produtora executiva baiana, formamos um júri coeso e harmonioso. E principal: saímos os três satisfeitos com o resultado de nossa deliberação, que distribuiu de forma meritocrática Kikitos para todos os cinco filmes da mostra. 

Afora essa incumbência, claro, também integrei, assim como no ano passado, o nosso querido júri do Prêmio Accirs na 22º Prêmio Assembleia Legislativa – Mostra Gaúcha de Curtas no primeiro final de semana. Ao lado dos colegas Mônica Kanitz, Paulo Casanova, Roger Lerina, Cristian Verardi e Ivana Almeida da Silva, premiamos com certificado o filme “Gambá”, dirigido por Maciel Fischer, o qual tive novamente a alegria de entregar no palco do Palácio dos Festivais. Outro orgulho também foi a presença preta nos júris do festival, uma vez Keyti e eu estivemos acompanhados das ilustres Fernanda Lomba, Dríade Aguiar, Isabel Fillardis e Polly Marinho. O registro, pode-se dizer, resultou numa foto histórica para o festival de Gramado.

Entregando o Prêmio Accirs para o curta gaúcho "Gambá"

Mas o bom mesmo de festival de filmes é ver... filmes! Ao todo, assisti 45 deles, entre documentários, curtas e longas, dentre estes, “O Último Azul”, vencedor do Urso de Prata em Berlim que fez sua pré-estreia em Gramado. Da programação geral, o destaque realmente fica por conta dos longas brasileiros, praticamente 100% de acerto, a não ser o fraco “Querido Mundo” (RJ), de Miguel Falabella, um “Sai de Baixo” cinematográfico esquizofrênico e indeciso entre a linguagem do cinema e do teatro. 

Afora este, só filmes de alto nível, como os ótimos “Cinco Tipos de Medo” (MT), grande vencedor do 53º Festival de Cinema de Gramado (levou para casa quatro Kikitos: Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Montagem para Bini, além do prêmio de Melhor Ator Coadjuvante para Xamã), “Nó” (PR) e “A Natureza das Coisas Invisíveis” (DF), meu preferido da mostra. Já as outras mostras foram bastante mais inconstantes. A de documentários brasileiros, por exemplo, continha filmes mais fracos que alguns da mostra de longas metragens gaúchos, tal “Uma em Mil” ou o grande vencedor, “Quando a Gente Menina Cresce”, melhores que qualquer um dos candidatos nacionais.

Momento histórico dos jurados pretos em Gramado: eu com 
Fernanda Lomba, Dríade Aguiar, Keyti, Isabel Fillardis
e Polly Marinho
Na mostra de curtas nacionais, idem. A seleção trouxe um conjunto mais fraco em relação ao do ano passado, o mesmo para com os curtas gaúchos. O que talvez explique seja a enxurrada de inscrições justificada este ano por conta das produções realizadas a partir das leis de incentivo, como a Paulo Gustavo, que faz aumentar o número de filmes, mas não necessariamente de filmes bons, uma vez que dá espaço para realizadores ainda imaturos cinematograficamente falando. Melhor assim do que os recentes anos de falta de incentivo e negacionismo.

Chamou atenção, por fim, os vários filmes de criança nas diferentes categorias, tipo de temática não tão corrente no cinema brasileiro. Dos curtas gaúchos, os ótimos “Gambá”, laureado por nós da Accirs, e “Trapo”, grande vencedor da Mostra Gaúcha, são quase filmes irmãos, tamanha semelhança narrativa e temática. Ambos tratam do universo infantil e trazem, ludicamente, questões como amadurecimento, medos e anseios. Entre os longas gaúchos, outro filme nesta linha: o já mencionado “Quando...”, que trata sobre a passagem da infância para a adolescência de meninas na fase da primeira menstruação.  

Nos curtas e longas brasileiros, idem. O curta paranaense “Quando Eu For Grande”, sobre um menino que volta para casa com sua mãe após uma visita ao pai e ao irmão na prisão, carregando dúvidas e incertezas sobre o futuro, e o longa candango “A Natureza...”, que trata da relação de duas meninas na faixa dos 10 anos, são exemplares.

A clássica foto final com os premiados

Ademais, confiram, então, os premiados da edição de 2025. Ano que vem tem mais.

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LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor Filme: "Cinco Tipos de Medo", de Bruno Bini

Melhor Direção: Laís Melo, por “Nó”

Melhor Ator: Gero Camilo, por “Papagaios”, de Douglas Soares

Melhor Atriz:  Malu Galli, por "Querido Mundo", de Miguel Falabella

Melhor Roteiro: Bruno Bini, por "Cinco Tipos de Medo" 

Melhor Fotografia: Renata Corrêa, por "Nó", de Laís Melo 

Melhor Montagem: Bruno Bini, por "Cinco Tipos de Medo" 

Melhor Trilha Musical: Alekos Vuskovic, por "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo

Melhor Direção de Arte: Elsa Romero, por "Papagaios", de Douglas Soares

Melhor Atriz Coadjuvante: Aline Marta Maria, por "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo 

Melhor Ator Coadjuvante: Xamã, por "Cinco Tipos de Medo", de Bruno Bini

Melhor Desenho de Som: Bernardo Uzeda, Thiago Sobral e Damião Lopes, por "Papagaios", de Douglas Soares

Prêmio Especial do Júri: "A Natureza das Coisas Invisíveis", de Rafaela Camelo

Menção Honrosa: "Sonhar com Leões", de Paolo Marinou-Blanco

Melhor Filme pelo Júri Popular: "Papagaios", de Douglas Soares 

Melhor Filme pelo Júri da Crítica: "Nó", de Laís Melo


Xamã, premiado como Melhor Ator Coadjuvante por seu papel e "Cinco..."


CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS

Melhor Filme: “FrutaFizz”, de Kauan Okuma Bueno

Direção: Adriana de Faria, por “Boiuna”

Ator: Pedro Sol Victorino, por “Jacaré”

Atriz: Jhanyffer Santos e Naieme, por “Boiuna”

Roteiro: Ítalo Rocha, por “Réquiem para Moïse”

Fotografia: Thiago Pelaes, por “Boiuna”

Montagem: Lobo Mauro, por “Samba Infinito”

Trilha Musical: As Musas, por "As Musas"

Direção de arte: Ananias de Caldas e Brian Thurler, por “Samba Infinito”

Desenho de som: Marcelo Freire, por “Jeguatá Xirê”

Prêmio Especial do Júri: "Aconteceu a Luz da Lua", de Crystom Afronário

Menção Honrosa: "Quando Eu For Grande", de Mano Cappu

Prêmio Júri da Crítica: “O Mapa em que Estão Meus Pés”, de Luciano Pedro Jr.

Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Na Volta Eu Te Encontro”, de Urânia Munzanzu

Melhor Filme Júri Popular: “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli

"Frutafrizz", melhor curta brasileiro no 53º Festival de Gramado


LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS

Melhor Longa-metragem Documentário: “Lendo o Mundo", de Catherine Murphy e Iris de Oliveira

Menção Honrosa Documentário: "Para Vigo Me Voy!", de Lírio Ferreira e Karen Harley

O doc sobre Paulo Freire e seu método de ensino levou o principal Kikito na categoria


LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS - MOSTRA SEDAC/IECINE

Melhor Filme: “Quando a Gente Menina Cresce”, de Neli Mombelli

Direção: Jonatas e Tiago Rubert, por “Uma em Mil”

Ator: Stephane Brodt, por “Passaporte Memória”

Atriz: Lara Tremouroux, por “Passaporte Memória”

Roteiro: Jonatas e Tiago Rubert, por “Uma em Mil”

Fotografia: Bruno Polidoro, por “Bicho Monstro”

Direção de arte: Gabriela Burck, por “Bicho Monstro”

Montagem: Joana Bernardes e Thais Fernandes, por “Uma em Mil”

Desenho de som: Rodrigo Ferrante e André Tadeu, por “Rua do Pescador n° 6”

Trilha musical: Renato Borghetti, por “Rua do Pescador n° 6”

Menção Honrosa: para o elenco feminino de "Quando a Gente Menina Cresce"

Melhor Filme pelo Júri Popular: “Quando a Gente Menina Cresce”, de Neli Mombelli

Prêmio Iecine Destaque: “Um é Pouco Dois é Bom”, de Odilon Lopez (recebido por Vanessa Lopez)

Prêmio Iecine Inovação: Victor Di Marco e Marcio Picoli 

Prêmio Leonardo Machado: Araci Esteves

Prêmio Iecine Legado: Gustavo Spolidoro

Prêmio Sirmar Antunes: Glória Andrades 

O belo "Quando...": merecia estar na mostra nacional

MOSTRA GAÚCHA DE CURTAS - PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Melhor filme: ‘Trapo’

Melhor direção: Viviane Jag Fej Farias e Amalia Brandolff (‘Fuá – O Sonho’)

Melhor atriz: Mikaela Amaral, por‘Bom Dia, Maika!'

Melhor ator: Igor Costa, por ‘O Pintor’

Melhor roteiro: Cássio Tolpolar, por ‘Imigrante/Habitante’

Melhor fotografia: Takeo Ito, por ‘Gambá’

Melhor direção de arte: Clara Trevisan, por ‘Mãe da Manhã’

Melhor trilha sonora/música: Zero, por ‘Bom Dia, Maika!’

Melhor montagem: Alfredo Barros, por ‘Imigrante/Habitante’

Melhor figurino: Samy Silva, por ‘A Sinaleira Amarela’

Melhor edição de som/desenho de som: Vini Albernaz, por ‘Mãe da Manhã’

Melhor produção/produção executiva: Renata Wotter, por ‘O Jogo’

Melhor filme - Prêmio Accirs - Júri da Crítica: ‘Gambá’

"Trapo", um dos filmes de criança do festival, levou o troféu de Curta Gaúcho


HOMENAGENS ESPECIAIS

Troféu Kikito de Cristal: Rodrigo Santoro

Troféu Eduardo Abelin: Mariza Leão

Troféu Oscarito: Marcélia Cartaxo



Daniel Rodrigues

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Clyblood #1 - "Extraído dos Arquivos Secretos da Polícia de Uma Capital Europeia" ou "Cerimônia Trágica", de Riccardo Freda (1972)

 

"Extraído dos Arquivos Secretos da Polícia de Uma Capital Europeia" (1972), também conhecido como "Cerimônia Trágica", nome alternativo que faz mais jus ao seu enredo do que o original extenso, criado para capitalizar em cima da moda dos filmes italianos com títulos longos, é um bom exemplo de pânico satânico à italiana. 

Na trama, durante uma noite de tempestade um grupo de jovens hippies bate à porta de uma mansão isolada, sem desconfiar que os proprietários são satanistas. A presença do grupo atrapalha uma missa negra, desencadeando consequências funestas.

O diretor Riccardo Freda, um pioneiro do cinema de horror italiano, se ressentiu pelo fato dos produtores terem feito modificações à revelia, principalmente no seu desfecho. Na sequência final imposta, um personagem aleatório entra em cena para explicar didaticamente a resolução da trama. Um apêndice absurdo que trata o espectador como idiota, justificando o descontentamento de Freda. Na história ainda temos a presença de Camille Keaton, anos antes de estrear o polêmico exploitation "A Vingança de Jennifer" (1978). Os bons efeitos de maquiagem ficaram à cargo de Carlo Rambaldi, que anos depois ficaria famoso por dar vida para "E.T", de Spielberg.


por C R I S T I A N   V E R A R D I


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Membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do RGS (ACCIRS), colaborador de diversas publicações especializadas em cinema, como as revistas “Teorema” e “Hatari!”, e os livros “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho” (Ed. ACCIRS), “Cinema Fantástico Brasileiro – 100 Filmes Essenciais” (Abraccine), e “O Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation” (Ed. Estronho). É apresentador do programa “Zinematógrafo”, produtor e programador da mostra “A Vingança dos Filmes B”. Como ator trabalhou em produções como “Mar Negro” (2013), “Morto Não Fala” (2018), “A Noite Amarela” (2019) e “O Cemitério das Almas Perdidas” (2020).

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Nova seção do Claquete: o Clyblood!

 

Não raro os textos do Claquete, nossa sessão sobre cinema, são voltados aos filmes de terror. O gosto por este gênero e por suas diversas subcatagorias, junto à frequência com que assistimos filmes desse tipo, acabam por fazer com que pintem pelo blog vários deles invariavelmente entre dramas, animações, ficções científicas, documentários, etc. Isso nos levou a pensarmos: por que não abrirmos um espaço mais destacado para esses filmes? 

Afora isso, calhou de passarmos a ter agora a luxuosa colaboração de Cristian Verardi, um dos maiores conhecedores (e admiradores) do cinema de terror do Rio Grande do Sul e, por que não dizer, do Brasil. Além de membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do RS (ACCIRS), entre outras diversas atividades que desenvolve, o cara é produtor e programador da mostra A Vingança dos Filmes B, que já conta com celebráveis 11 edições. Cristian, assim, vem a somar com aquilo que a gente já naturalmente produzia sobre terror, mas não tinha ainda um nome específico.

Tudo isso nos motivou a que criássemos aqui no Clyblog, dentro da nossa já tradicional sessão Claquete, uma nova subsessão: a Clyblood. O nome fala por si. No Clyblood, será possível encontrar aquela resenha mais desenvolvida até o texto mais despretensioso, aquele que sai espontaneamente quando se assiste um filme de terror e se fica louco pra escrever alguma coisa, nem que seja uma simples comentário.

Então, acompanhe nossas postagens, que em breve teremos novidades! Seja slasher, de vampiro, gore, sobrenatural, de zumbi, found footage, terrir, de serial killer, body horror, trash ou quantos estilos a criatividade macabra imaginar: nada passará ileso às tintas do Clyblood. Tinta de cor vermelho-sangue, obviamente. 


Os editores 
Cly Reis e Daniel Rodrigues

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Exposição "Baixa Colateral Distópica”, de Rondinelli Linhares - Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho - Caxias do Sul/RS (29/01/2025)

 

Numa rápida viagem a Caxias do Sul por conta de uma atividade da Accirs, pude conferir uma exposição da qual já havia ouvido falar - e bota ouvir falar nisso! Trata-se da exposição "Baixa Colateral Distópica”, do artista visual goiano Rondinelli Linhares, que esteve em exibição no belo prédio histórico do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás até o último dia 2.

Até aí, tudo normal. Só que a tal exposição foi motivo de uma enorme polêmica em razão de seu conteúdo, digamos, contestatório. E numa cidade conservadora, direitista (tendendo à linha da extrema) e bolsonarista em sua maioria, contestação é sinônimo de ameaça. O que comunidade e vereadores fizeram? Tentaram censurar a exposição sob o descabido pretexto de que suas mensagens não estavam de acordo com a moral da sociedade caxiense, principalmente às crianças.

O belo prédio do Centro Municipal
de Cultura  de Caxias
Acontece que, além de, como mencionado, integrar um edital totalmente lícito e condizente, a desculpa é absurda. Devidamente sinalizada com classificação indicativa(ou seja, não oferece nenhum perigo para as pobre criancinhas da família brasileira), o trabalho de Linhares traz, sim, signos desafiadores para criticar temas como o culto ao sagrado, gênero, sexualidade e a exploração do corpo. Nisso, conjugam-se imagens cristãs, como crucifixos e terços, a outras mundanas, como giletes, búzios e consolos. Provocações que a arte pode e deve promover, seja com o tema ou ambiente que for, em uma sociedade democrática. A arte tem esse pressuposto desafiado pelas mentes autoritárias que se dizem, ironicamente, bastiões da democracia.

Mas a queda de braço liberdade X fascismo foi vencida, ao menos desta vez, pela primeira. Mais uma batalha na guerra contra a intolerância, e como já acontecerá noutras vezes - como na polêmica exposição Queermuseu, em Porto Alegre, em 2017 -, envolvendo a arte.

O principal, que é a liberdade de expressão e de apreciação do trabalho em si, foi preservada. Embora rápida e dividindo a atenção com minha outra atividade, deu para dar aquela conferida na tão falada "Baixa Colateral Distópica”. Interessante, mas, mais que isso, o suficiente para "desafinar o coro dos contentes", como diz a velha canção combativa.

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"Veadinhos" se unem a símbolos católicos e do candomblé


Série de fotos altamente provocaticas e evocativas


Detalhes da série: vários símbolos dialogando e convidando o visitante à reflexão


Uma das imagens: reza com terço e guias


O veado novamente, aqui acorrentando pelo dogma católico do crucifixo


Público conferindo os últimos dias da polêmica exposição


De TikTok à pornografia: as religiões dos tempos atuais


Mais uma das obras de Rondinelli expostas


Lembram da tal "mamadeira de piroca" que a extrema-direita espalhou
fake news Brasil afora? Rondinelli lembrou e transformou numa das peças mais interessantes da mostra


Dá pra entender porque os seguidores do "mito" se incomodaram com "Baixa Colateral Distópica”... 



Daniel Rodrigues

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Melhores do Ano Accirs 2024

O ano de 2024 foi desafiador para todo gaúcho por conta dos desastres climáticos de maio. A área do cinema, claro, foi bastante afetada, seja pela interrupção das atividades, seja pelo prejuízo material a espaços e salas de cinema, seja pela natural inserção no cenário local enquanto atividade cultural e econômica, Claro que, indireta e até diretamente em alguns casos, a Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), em seu 16º ano de atividade, também foi afetada. Atividades que ocorreriam em junho não se realizaram e outras nem se pode cogitar isso. Porém, uma delas, foi mantida: a já tradicional eleição dos Melhores do Ano, que tem por base produções lançadas em mostras e festivais, no circuito comercial e também em plataformas de streaming, no caso, de 2024.

Dividida em dois turnos, a votação selecionou os melhores longas-metragens estrangeiro, brasileiro e gaúcho, além do melhor curta gaúcho do ano. Ainda, os membros da associação entregam, desde a primeira edição dos Melhores do Ano, o Prêmio Luís César Cozzatti, que reconhece filmes, projetos, instituições ou pessoas de destaque no cenário audiovisual gaúcho. Os vencedores foram revelados em primeira mão durante evento sobre crítica online e atuação internacional com o historiador e crítico de cinema Waldemar Dalenogare, realizado no dia 14 de janeiro, na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana, o qual tive o privilégio de mediar. Sala lotada, público interessado, muitas interações e selfies.

Confira, então, os vencedores do Prêmio Accirs 2024:

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Melhor curta-metragem gaúcho:
"Pastrana", de Melissa Brogni e Gabriel Motta

É hat-trick que se fala quando no esporte alguém atinge a marca de repetir três vezes o mesmo feito, né? Podemos dizer que "Pastrana", dos jovens cineastas Melissa e Gabriel, marcou esse triplete. Primeiro, no 52º Festival de Gramado, em agosto, quando nosso júri do "Gauchão", o Prêmio Accirs para curtas-metragens gaúchos dentro da Mostra Assembleia Legislativa, votou nesta produção para o filme. Mais adiante, em novembro, igual: nosso júri de crítica formado para o 2º Festival de Cinema de Canoas o escolheu. Agora, para ratificar, o grupo de membros consagra este belo documentário de montagem ágil, imagens impactantes e narrativa tocante que presta, por meio de um enfoque muito pessoal, homenagem ao skatista de downhill Allysson Pastrana, falecido trágica e precocemente em 2018 durante uma competição.



Melhor longa-metragem gaúcho:
"Até Que a Música Pare", de Cristiane Oliveira

A Accirs ainda não havia premiado Cristiane nem com o belo "A Primeira Morte de Joana", de 2023,  como também ao brilhante "Mulher do Pai", de 2017, um dos mais importantes filmes da nova cinematografia gaúcha. Agora, enfim, veio o reconhecimento ao seu terceiro longa, que conta a história de Chiara, matriarca de uma família de descendência italiana, e seu marido, Alfredo, que decide acompanhá-lo em uma de suas viagens a trabalho para não ficar só em casa depois que o último de seus filhos sai do lar para morar sozinho. A sensível história, contada com ainda mais sensibilidade pela cineasta, põe o casal diante do maior desafio de suas vidas com o casamento de 50 anos à prova. 



Longa-metragem nacional:
"Ainda Estou Aqui", de Walter Salles

O filme que arrebatou crítica e, incrivelmente, público fora e dentro do Brasil. Mas o fenômeno "Ainda Estou Aqui", embora raro para o cinema brasileiro, tendo em vista o tema e a abordagem competentes mas nada pop como as comédias da Globo Filmes, é totalmente merecido. O filme que levou Fernanda Torres ao Globo de Ouro e o Brasil ao Oscar é uma sensível e comprometida reconstrução da história real da família Paiva, que viu o pai de cinco filhos e marido da resistente Eunice Paiva ser levado pelos militares para nunca mais voltar. Obra forte e necessária - principalmente, no atual momento em que as manifestações fascistas volta a ameaçar as democracias e os direitos humanos.



Longa-metragem Internacional:
"Anatomia de uma Queda", de Justine Triet

O que os olhos enxergam? Que olhos são esses, o do espectador? O da diretora? O de um personagem cego? Os de um cão de olhos sadios, mas irracional? O olhar da Justiça? O brilhante e incomum thriller de Justine é um misto muito bem argumentado de drama familiar, filme de tribunal e análise sociocomportamental da sociedade francesa. Todas as interrogações que o filme levanta e convida o espectador a acompanhar o desenrolar da trama, ora desvendando, ora impondo novos questionamentos. Com isso, outros pontos também surgem: o cinema não seria exatamente isso, a dúvida do que se vê ou se escuta? Mesmo com outros ótimos filmes internacionais em 2024, como "Dias Perfeitos", "Os Colonos" e "Pobres Criaturas", a Accirs teve a lucidez de premiar "Anatomia de uma Queda", outra obra de cineasta mulher assim como os brasileiros "Pastrana" e "Até que...". 



Prêmio Luís César Cozzatti (destaque gaúcho):
Hélio Nascimento

Um dos mais respeitados críticos de cinema em atividade no Brasil, Hélio Nascimento assina há 64 anos uma coluna semanal sobre cinema no Jornal do Comércio, de Porto Alegre. Atualmente com 88 anos de idade, foi agraciado, em 2022, com o Prêmio Gramado 50 Anos no Festival de Cinema de Gramado, honraria destinada a pessoas cujas trajetórias em cinema se destacaram ao longo das décadas. Hélio tem dois livros lançados: "Cinema Brasileiro", de 1981, e "O Reino da Imagem", de 2002, e integra o livro "50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho", publicado em 2021 pela Accirs e da qual é sócio-honorário.


Daniel Rodrigues