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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Clyblood #4 - "Terrifier", de Damien Leone (2016)



Voltando de uma festa de Halloween, duas garotas já um tanto 'altinhas' no álcool, resolvem comer alguma coisa antes de pegar o carro para voltar para casa na madruga. Numa pizzaria topam com um tipo bizarro fantasiado de palhaço carregando um saco plástico de lixo. Mas, ora, é noite de Halloween e o que não falta são tipos esquisitos e fantasias assustadoras, não é mesmo? Uma delas mais bêbada brinca com o esquisitão, zomba dele, tira selfie e tudo mais, enquanto a outra, amedrontada, desconfia que haja alguma coisa de errado com aquela figura.

Intuição correta, baby! Aquele palhaço monocromático estará dali a alguns instantes naquela pizzaria dando início à sua noite de terror, sangue e brutalidade. E elas, as duas, serão suas principais vítimas.
"Terrifier" (2016) marca o início oficial da saga de um dos novos ícones do terror, o brutal e sádico slasher Art, O Palhaço, possivelmente o mais selvagem, violento, cruel, desumano, bárbaro, perverso personagem do cinema de horror já visto nos últimos tempos. Art não tem limites, não tem remorso, não tem pena, brinca, se diverte com a dor, com o sofrimento da vítima, debocha e gargalha silenciosamente ao melhor estilo de um mímico enquanto pratica suas maiores atrocidades.
É sinistramente criativo, é original em suas execuções, tem uma ampla coleção de instrumentos em seu saco de lixo e os usa com liberdade e variação conforme a necessidade, a conveniência ou a intensidade da maldade pretendida.
"Terrifier" tem algumas das cenas mais chocantes que já vi na vida e, mesmo depois, já tendo assistido às outras duas sequências da franquia cujo autodesafio desafio do diretor era exatamente o de superar a violência de sua primeira obra, ele continua sendo o mais impressionante nesse sentido. A parte em que o palhaço simplesmente corta uma das garotas que está dependurada nua de cabeça para baixo e de pernas abertas, da vagina até cabeça, é ainda hoje, para mim uma das coisas mais terríveis que um filme de terror já me apresentou.
As sequências "Terrifier 2" e "Terrifier 3" têm, sem dúvida, coisas absurdas, cenas de fechar os olhos, de virar o rosto, mas, na prática, embora até tenham roteiros mais elaborados, mais elementos,  mais personagens, são meros exercícios de superação daquilo que foi tão impressionante a ponto de ser sempre lembrado quando o assunto é violência extrema e tornar-se uma referência de algo a ser batido. Podem até superar por condições técnicas, orçamento, novas ideias, mas o que fez brotar esse anseio dos fãs do splatter em ter sempre mais e mais e mais, mais sangue, mais tripas, mais brutalidade, foi o primeiro longa do perverso palhaço mímico preto e branco. É mais limitado, mais curto, tem pouca história, pouco desenvolvimento... pode ser. Mas, queira ou não, a 'semente do mal' foi semeada por Terrifier.

Que bonitinho o palhacinho, né, moça? Só que não! 
E esse será o início de uma noite aterrorizante...



Cly Reis

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"Terrifier" (ou "Aterrorizante")
título original: "Terrifier"
direção: Damien Leone
elenco: Jenny Kennel, Catherine Corcoran, Samantha Scaffidi e David Howard Thornton
gênero: gore, splatter, slasher
duração: 85min.
país: Estados Unidos
ano: 2016
onde assistir: Prime Video e YouTube
assistir: "Terrifier"







segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Clyblood #3 - "A Longa Marcha: Caminhe ou Morra", de Francis Lawrence (2025)

 

Admito que não esperava nada de interessante vindo de Francis Lawrence, diretor pelo qual tenho pouco apreço, mas que me pegou de surpresa com "A Longa Marcha: Caminhe ou Morra", essa excelente adaptação de um livro de Stephen King, da época em que ele assinava sob o pseudônimo Richard Bachman. "A Longa Marcha" quase foi adaptado anteriormente por nomes de peso como George Romero e Frank Darabont, mas os projetos acabaram no limbo das produções frustradas. 

Com roteiro adaptado por J.T. Mollner (Strange Darling), Lawrence conseguiu entregar um filme tenso, brutal e, de certa forma, de uma tristeza tocante. É como se "A Noite dos Desesperados" encontrasse "Conta Comigo". O carisma do elenco juvenil, encabeçado por Cooper Hoffman e David Johnson, é a espinha dorsal dessa trama distópica, onde num futuro militarista, um grupo de garotos se alista para uma caminhada sem linha de chegada, onde o último a ficar em pé recebe um grande prêmio, enquanto o resto do grupo é executado conforme desacelera o passo. Impossível não se envolver com o drama e o destino cruel dos personagens. 

Trailer oficial de "A Longa Marcha: 
Caminhe ou Morra"


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Cristian Verardi

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Clyblood #2 - "Thanatomorphose", de Éric Falardeau (2012)

 



Tanatomorfose é o nome dado ao processo morfológico de alterações que ocorrem nos organismos após a morte, o que se passa com órgãos, tecidos, células, ou seja, a deterioração do corpo.

É o que vemos acontecer em vida com a jovem Laura ao longo do filme que leva o nome deste processo biológico, "Thanatomorphose". No desconfortável e reflexivo longa do diretor canadense Éric Falardeau, Laura, uma artista plástica bloqueada criativamente, começa a sentir que seu corpo está se decompondo aos poucos. Tudo começa depois de uma noite de sexo intenso com o "namorado", um cara egoísta e abusivo com quem tem relações. Manchas e hematomas começam a surgir em seu corpo. Amigos chegam a achar que sejam resultado de agressões do namoradinho machão e ela mesmo tem dúvidas se a intensidade da transa teria causado os primeiros ferimentos. Mas será que fora mesmo a noitada de sexo ou aquele ponto de partida teria sido apenas simbólico quanto ao que já se passava com a garota? Laura se sente vazia, carente, desrespeitada, mal tratada em seu relacionamento, sem inspiração na sua arte, desconfortável em seu próprio lar... Sente que ela mesmo não é nada, que está morta, que está apodrecendo por dentro. E vamos acompanhando essa decomposição progressiva, primeiro uma feridinha, depois as unhas caindo, largas mechas de cabelo, dentes, orelha, pele. Em determinado momento, conformada, chega a parecer estar gostando da deterioração, sentindo mais prazer do que sentia com o namorado, talvez sentindo-se mais sexy do que se sentia antes. Antes sem criatividade para dar continuidade a uma escultura inacabada de argila, agora vai incorporando partes suas à obra, dedos, pele, como que se misturando ou se transferindo para a obra, tentando talvez se completar fora de si, criar uma outra Laura quem sabe melhor do que é.

Bem conduzido, "Thanatomorphose" não é um terror de sustos, de surpresas, é lento, estático, silencioso, mas é assustador pelo que está por vir. Chega a dar medo da próxima parte dela que vai cair e como isto vai acontecer. E nesse sentido, se você não vai virar o rosto ou fechar os olhos para não ver uma morte violenta como em tantos filmes de horror, vai fazê-lo para não ver a podridão avançando num corpo humano. Sem dúvida, um dos filmes mais repugnantes que já se fez.

A tanatomorfose da jovem Laura em pleno andamento...



por Cly Reis

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"Thanatomorphose"
Título Original: "Thanatomorphose"
Direção: Éric Falardeau
Gênero: Horror Corporal
Elenco: Kayden Rose, Rich-Denis Gagnon, Émile Beaudry
Duração: 100 min
Ano: 2012
País: Canadá
Onde assistir: YouTube






quinta-feira, 31 de julho de 2025

Clyblood #1 - "Extraído dos Arquivos Secretos da Polícia de Uma Capital Europeia" ou "Cerimônia Trágica", de Riccardo Freda (1972)

 

"Extraído dos Arquivos Secretos da Polícia de Uma Capital Europeia" (1972), também conhecido como "Cerimônia Trágica", nome alternativo que faz mais jus ao seu enredo do que o original extenso, criado para capitalizar em cima da moda dos filmes italianos com títulos longos, é um bom exemplo de pânico satânico à italiana. 

Na trama, durante uma noite de tempestade um grupo de jovens hippies bate à porta de uma mansão isolada, sem desconfiar que os proprietários são satanistas. A presença do grupo atrapalha uma missa negra, desencadeando consequências funestas.

O diretor Riccardo Freda, um pioneiro do cinema de horror italiano, se ressentiu pelo fato dos produtores terem feito modificações à revelia, principalmente no seu desfecho. Na sequência final imposta, um personagem aleatório entra em cena para explicar didaticamente a resolução da trama. Um apêndice absurdo que trata o espectador como idiota, justificando o descontentamento de Freda. Na história ainda temos a presença de Camille Keaton, anos antes de estrear o polêmico exploitation "A Vingança de Jennifer" (1978). Os bons efeitos de maquiagem ficaram à cargo de Carlo Rambaldi, que anos depois ficaria famoso por dar vida para "E.T", de Spielberg.


por C R I S T I A N   V E R A R D I


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Membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do RGS (ACCIRS), colaborador de diversas publicações especializadas em cinema, como as revistas “Teorema” e “Hatari!”, e os livros “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho” (Ed. ACCIRS), “Cinema Fantástico Brasileiro – 100 Filmes Essenciais” (Abraccine), e “O Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation” (Ed. Estronho). É apresentador do programa “Zinematógrafo”, produtor e programador da mostra “A Vingança dos Filmes B”. Como ator trabalhou em produções como “Mar Negro” (2013), “Morto Não Fala” (2018), “A Noite Amarela” (2019) e “O Cemitério das Almas Perdidas” (2020).

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Nova seção do Claquete: o Clyblood!

 

Não raro os textos do Claquete, nossa sessão sobre cinema, são voltados aos filmes de terror. O gosto por este gênero e por suas diversas subcatagorias, junto à frequência com que assistimos filmes desse tipo, acabam por fazer com que pintem pelo blog vários deles invariavelmente entre dramas, animações, ficções científicas, documentários, etc. Isso nos levou a pensarmos: por que não abrirmos um espaço mais destacado para esses filmes? 

Afora isso, calhou de passarmos a ter agora a luxuosa colaboração de Cristian Verardi, um dos maiores conhecedores (e admiradores) do cinema de terror do Rio Grande do Sul e, por que não dizer, do Brasil. Além de membro fundador da Associação de Críticos de Cinema do RS (ACCIRS), entre outras diversas atividades que desenvolve, o cara é produtor e programador da mostra A Vingança dos Filmes B, que já conta com celebráveis 11 edições. Cristian, assim, vem a somar com aquilo que a gente já naturalmente produzia sobre terror, mas não tinha ainda um nome específico.

Tudo isso nos motivou a que criássemos aqui no Clyblog, dentro da nossa já tradicional sessão Claquete, uma nova subsessão: a Clyblood. O nome fala por si. No Clyblood, será possível encontrar aquela resenha mais desenvolvida até o texto mais despretensioso, aquele que sai espontaneamente quando se assiste um filme de terror e se fica louco pra escrever alguma coisa, nem que seja uma simples comentário.

Então, acompanhe nossas postagens, que em breve teremos novidades! Seja slasher, de vampiro, gore, sobrenatural, de zumbi, found footage, terrir, de serial killer, body horror, trash ou quantos estilos a criatividade macabra imaginar: nada passará ileso às tintas do Clyblood. Tinta de cor vermelho-sangue, obviamente. 


Os editores 
Cly Reis e Daniel Rodrigues

sexta-feira, 27 de junho de 2025

"Helraiser - Renascido do Inferno", de Clive Barker (1987) vs. "Hellraiser - Renascido do Inferno", de David Bruckner (2022)

 


Tem remakes que nunca deveriam ter sido feitos porque, simplesmente, não tem nada a acrescentar em relação ao original. Mas tem alguns que, pela precariedade de produção do original, orçamento, limitações técnicas da época, etc., teriam tudo para se justificar como refeitura de um clássico. Pois não é que a maioria desses se complica? Se perde sozinho, erra no básico, tem escolhas erradas...

É o caso da refilmagem de "Hellraiser", de 2022, que tinha a faca e o queijo na mão para fazer um filme, se não melhor, tão bom quanto o primeiro de 1987. O original é um clássico, um cult, amplamente idolatrado pelos fãs de horror e invariavelmente presente em listas de melhores do gênero, mas não há como negar que tem lá suas deficiências. Era o primeiro longa do diretor Clive Barker que era um tanto inexperiente e, mesmo atingindo um resultado bastante bom, mostrava-se ainda pouco preparado para um projeto daquele porte; por mais que a história tenha sido escrita por ele mesmo, até então mais notório como escritor, a trama é incompleta e vaga em alguns pontos, carecendo um pouco de alguma orientação, um norte, em determinados momentos; embora a maquiagem seja um ponto marcante pela caracterização dos Cenobitas, especialmente o icônico Pinhead, a parte técnica era limitada e alguns efeitos visuais são bastante fracos e até constrangedores; sem falar que, com exceção de Ashley Lawrence, no papel da filha, Kirsty, e de Doug Bradley, como Pinhead, o time de atores era bem ruinzinho, especialmente o elenco de apoio.

Ou seja, com um comandante um pouco mais rodado, com mais filmes na bagagem; alguns complementos e acréscimos na trama só para enriquecer e amarrar pontas soltas; os recursos técnicos mais avançados que os tempos atuais proporcionam; um orçamento um pouco mais confortável; e alguns atores um pouco mais competentes que os do filme original, o remake de "Hellraiser - Renscido do Inferno" seria algo realmente válido e elogiável. 

Mas não...

Os caras resolveram errar em tudo e fizeram uma porcaria de filme!

Uma uma tentativa de inserir elementos dramáticos, familiares, comoventes; elementos ainda mais vagos que no anterior, alguma intenção de explicar alguma coisa mas sem muita coerência, personagens inconsistentes, outros sem propósito, e como se não bastasse, uma mudança fatal em relação ao primeiro: Pinhead mulher. 

Não, ó... tem limite essa coisa de mudar o gênero ou cor de alguns personagens clássicos do cinema só em nome da inclusão, diversidade, barreiras, etc. Alguns são o que são e foram pensados daquela maneira por um contexto, um conceito, um propósito. E é o caso do líder do cenobitas, o Pinhead, que simbolizava exatamente os 'demônios' do próprio diretor, sua manifestação das dúvidas sobre limites, prazeres e desejos sexuais. Embora, inegavelmente, qualquer mulher possa carregar essas questões, alimentar fetiches, ter prazer na dor, no caso específico, a manutenção do gênero do personagem era algo muito relevante para um melhor diálogo com a obra original e com o que era proposto a partir dela.

Dito isso, a nova versão não tem nada a acrescentar. 

"Hellraiser (2022) - trailer


Nela, uma ex-viciada em drogas, Rilley, tenta resgatar seu irmão Matt capturado pela Configuração do Lamentos, a caixa que abre portas para os infernos de dor e prazer. No esforço de encontrá-lo, Rilley chega ao nome do possível dono da caixa quebra-cabeça que ela encontrara por acaso num armazém abandonado e que possivelmente seria a causa do desaparecimento do irmão. Ela vai então com o namorado e outros dois amigos à antiga casa de Voight, o homem que possuíra o artefato há tempos atrás, e lá se vê presa em um labirinto todo projetado em função das faces da Configuração dos Lamentos, que dependendo da disposição das aberturas da casa, podem protegê-los mas também permitir a entrada dos demônios e levá-los aos portões da dor e sofrimento.

"Hellraiser" (1987) - trailer


No antigo, um homem, Larry, resolve se mudar com a noiva Julia para a antiga casa de sua família sem saber que lá, anos antes, no sótão, o irmão, Frank, um depravado, pervertido e mau-elemento, havia aberto uma caixa quebra-cabeça misteriosa e sido lacerado por demônios. No entanto, um acidente doméstico causa um ferimento em Larry e o sangue que pinga no chão fazendo com que Frank começa a voltar das trevas onde se encontrava. Ajudado por Julia, sua ex-amante, Frank absorvendo os corpos de homens que ela levara para que ele devorasse, vai recompondo aos poucos seu corpo. Representando uma ameaça para o pai, uma vez que Frank pretende cobrir-se com a pele do irmão, a filha de Larry, Kirsty que abrira a caixa acidentalmente promete aos Cenobitas entregar o tio, o homem que os enganou e voltou do inferno, em troca de que a deixem em paz. Mas... fazer acordo com seres como estes pode ser algo muito arriscado.

O renascimento de Frank - "Hellraiser (1987)


Não sabemos muito sobre a tal caixa, sua origem, a origem de seus poderes, algumas amarrações são bem deficientes, outras coisinhas são meio incoerentes, Claire Higgins como Julia é atriz fraquíssima, Sean Chapman, o Frank, não está à altura da importância de seu papel, o personagem Steve que ajuda Kirsty no final é irrelevante e caricato, os efeitos de 'raiozinhos' amarelos quando a garota aprisiona os Cenobitas é ridículo, mas mesmo assim "Hellraiser" (1987) é muito melhor que sua refilmagem e é, sim, com todos seus pequenos defeitos, um clássico absoluto do terror.

A Pinhead mulher dentro do contexto da criação do personagem é gol contra e Hellraiser '87 faz 1x0. Agora, por mérito próprio, imponente, ameaçador, amedrontador, aterrorizante, Doug Bradley, o verdadeiro Pinhead, eternizado como um dos mais marcantes personagens do terror, faz o dele: 2x0. A ambientação numa casa velha e um sótão todo vazado de madeira e não numa mansão tecnológica garante o 3x0. Mesmo com a precariedade de recursos técnicos em alguns momentos, a cena da recomposição do corpo de Frank, no chão do sótão, vale mais um. 4x0 para o time de Clive Barker. E, pra fechar, as correntes, os ganchos, pele rasgada, esticada... E pensar que o remake mal usou esse recurso... Azar é deles! O original se aproveita e lança ganchos de tudo quanto é parede, rasga a pele do remake e faz mais um: 5x0. Os novos Cenobitas até que são legais, mas os antigos também eram,aA nova Configuração dos Lamentos, a caixa mágica que abre o portal do outro lado, até tem uma movimentação mais interessante, mais natural que a antiga que era muito mecanizada, e se os efeitos especiais novos serviram para alguma coisa foi pra isso, mas nada disso é o suficiente pra dar um golzinho para o remake, e desta forma, o placar fica assim mesmo.

Dor e sofrimento merecidos para um desafiante tão medíocre.

Hellraiser '87 se deliciou de prazer.

Aqui um pouquinho de cada um:
no alto, à esquerda Kirsty do primeiro filme, e à direita, Rilley, do segundo;
na segunda linha, Pinhead e seus amiguinhos no sótão acabadão da casa,
e à direita, a Pinhead com seus companheiros no saguão central da mansão;
na terceira linha, as correntes e ganchos provocando dor e sofrimento ao traidor Frank, no original,
e o mesmo recurso subutilizado, excessivamente discreto no segundo filme, à direita;
e por último os líderes Cenobitas, Pinhead:
à esquerda o clássico Doug Bradley e à direita, a nova, Jamie Clayton. 



Uma corrente, duas correntes, três, quatro, cinco...
O time de 2022 nem viu de onde saiu tanto gancho e sentiu na pele a superioridade do adversário.
Foi sofrimento e dor até o final.
Um verdadeiro inferno!



por Cly Reis 


quinta-feira, 27 de março de 2025

"Marcas da Maldição", de Kevin Ko (2022)

 




"Hou-Ho-Xiu-Yi
Si-Sei-Yu-Ma"
(repita essas palavras
até ficar em sua mente)


Esse havia sido recomendado como um dos filmes de terror mais assustadores dos últimos tempos e, se não chega a tanto, pelo menos incomoda.

Tem umas cenas beeeem foda!

Roteiro bem construído apesar de, em alguns momentos, a filmagem dos personagens, a câmera na mão, não se justificar totalmente.

Em "Marcas da Maldição", um grupo de documentaristas amadores resolve entrar numa gruta cuja fama é de amaldiçoar aqueles que a visitem. Após encontrarem o local, profanarem imagens e violarem suas leis, o grupo passa então a estar condenado pela praga do local. Num vídeo particular caseiro, uma das invasoras, Ronan conversa com o espectador, reconta os fatos de maneira fragmentada, alternando com episódios envolvendo a filha pequena e sua luta pela guarda da menina, e aos poucos vai chegando aonde pretende: à maldição em si.

O grande barato do filme e que dá, sim, um certo arrepio é o fato da personagem, Ronan, compartilhar a maldição conosco. Com o espectador.

Cara, parece que a gente foi amaldiçoado mesmo, ainda mais pelo fato de, por uma indução óptica, continuarmos vendo aquele símbolo na tela mesmo depois dele ter saído do nosso campo de visão.

Podia ser mais assustador ainda, é verdade, se o diretor tivesse construído um found-footage mais verossímil tipo "A Bruxa de Blair". Convencido da realidade daquelas situações da filmagem o espectador certamente ficaria cagado de medo de, mesmo sem querer, só por ter assistido um filme, memorizado um mantra e gravado a imagem na mente, possivelmente estar também... AMALDIÇOADO.

Mesmo assim, é inquietante.

Olhe para o ponto vermelho por 15 segundos e depois olhe para uma superfície branca.
Pronto! Você está amaldiçoado.


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"Marcas da Maldição"
Título Original: "Incantation"
Direção: Kevin Ko
Gênero: Terror/ Found-footage
Elenco: Hsuan-Yen Tsai, Kao Ying-Hsuan, Sin-Ting Huang, Sean Lin, Wen Ching-Yu
Duração: 110 min
Ano: 2022
País: Taiwan
Onde assistir: Netflix


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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

"A Substância", de Coralie Fargeat (2024)

GANHADOR DO OSCAR DE
MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADOS


Único, mas inescapável
por Daniel Rodrigues


Uma das frases emblemáticas de "A Substância" é: "Não se esqueça que você é único". É o caso do filme da cineasta Coralie Fargeat. Só o fato de colocar o gênero terror entre os candidatos ao Oscar se Melhor Filme já o fazem uma realização histórica. Este body horror une-se a uma pequena lista de outros filmes, como "O Silencio dos Inocentes" e "Corra!", que, somados, não preencheriam duas mãos. Isso porque, historicamente, Hollywood - que vem tentando mudar seus (pré)conceitos - considera terror um gênero menor diante de dramas, filmes de guerra, romances e até ficções científicas. Isso explica porque clássicos como "O Exorcista" levaram o prêmio de Melhor Diretor para William Friedkin em 1973, mas não o de Filme, embora fosse favorito à época.

Mas "A Substância" é, com suas qualidades e defeitos, um filme inteligente, provocante e, sim, gore. A história se baseia na vida de Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma renomada apresentadora de um programa de aeróbica, que enfrenta um golpe devastador quando seu chefe a demite por considerá-la velha para os padrões da mídia. Desesperada, ela encontra um laboratório, que lhe oferece a juventude eterna por meio de uma substância, que a transforma em uma versão aprimorada e jovem (Margaret Qualley). Tudo lindo, maravilhoso - mas nem tanto. No capitalismo, há regras inarredáveis.

As referências a filmes e diretores admirados por Coralie são evidentes e muito bem dispostas na narrativa, como a Stanley Kubrick ("O Iluminado", "2001- Uma Odisseia no Espaço"), Brian de Palma ("Carrie: A Estranha", "Irmãs Diabólicas"), Dario Argento ("Phenomena") e Alfred Hitchcock ("Psicose", "Marnie"). Isso sem ser apenas uma emulação, visto que a diretora consegue imprimir uma estética muito original e bem elaborada. Ponto para "A Substância". Mas o que particularmente funciona muito bem no longa e tornar a sociedade do espetáculo e seus padrões tortos como argumento para um filme de terror. Neste sentido, "A Substância" faz parecido com o já citado "Corra!": a apropriação de um tema sociológico real, no caso do filme de Jordan Peele, o racismo e a sexualização do negro. Não é mais de monstros extraterrestres ou de experimentos científicos malévolos que se extrai o verdadeiro terror. É da vivência social.

Em atuação excepcional, Demi Moore, forte concorrente ao Oscar de Melhor Atriz (categoria na qual pode desbancar, infelizmente, a brasileira Fernanda Torres), equilibra a personalidade de uma mulher amedrontada pelo etarismo e pela perda de seu espaço simbólico no mercado com lances de humor ácido. Difícil equação a qual Demi, no entanto, num papel representativo de sua imagem no mundo do entretenimento, se sai muito bem. Outro aspecto positivo é a montagem, ágil mas também observacional, pontuada pelos letreiros gigantes que evidenciam as etapas do experimento, bem como a divisão em capítulos da narrativa. Igualmente, a atmosfera sonora (ruidosa, diria), é muito bem criada. Dinâmica, sensorial, acompanhando a estética de plasticidade "publicitária" usada por Axel Baille na fotografia. 

Porém, o filme peca é naquilo que vários filmes de terror também se complicam, que é precisamente o desfecho. Desnecessária aquela sangueira toda no teatro a la "Carrie". Mais do que desnecessário: improvável. Não se está aqui defendendo realismo numa obra claramente fantástica, nem muito menos que um filme gore se abstenha, justamente, de mostrar sangue. 

Porém, há em "A Substância", na maior parte do filme, uma condução narrativa que se constrói para justificar a dicotomia beleza X feiura, velho X novo, essência X artificial. Ou seja, a ideia crítica central do longa. Ocorre que essa construção é abandonada na sequência final em detrimento das consequências das decisões das personagens (previstas no roteiro) sem considerar a própria lógica que se vinha edificando. Fazer a versão "velha carcomida" de Elizabeth, depois de mal conseguir dar dois passos entre a poltrona e a cozinha, correr feito um zumbi enfezado e lutar com a habilidade de Chuck Norris é, além de ilógico, pobre. Ou pior: desconsiderar o deslocamento do "monstro" entre o apartamento e o estúdio de TV como se a distância entre os dois imóveis fosse de 5 metros (mesmo que fosse), bem como ninguém estranhar (ou abater) aquela coisa andando na rua. Isso é de uma inconsistência de roteiro considerável. 

O filme faz o espectador acreditar no argumento fantasioso do experimento científico com argumentos plausíveis de tempo/espaço para, no final, desdizê-los em detrimento de uma nova lógica mais do que fantasiosa: irreal. É de se perguntar, por exemplo, se não havia nenhum segurança ou policial pra dar um tiro naquela criatura como os norte-americanos tanto gostam. Isso é o lógico,

Por isso, a referida sequência derradeira, com ela/s no palco banhando de sangue a plateia, não se sustenta, o que faz prejudicar um filme na sua maior parte muito bom. Acaba por soar como um arremedo, neste caso mal copiado, do mestre do gore horror David Cronenberg. É compreensível o anseio de se lançar aquele discurso feminista ao final, mas não havia necessidade, visto que o próprio filme já o exalta de outras formas críticas. Bastava que Coralie - que mesmo assim ganhou Palma de Ouro de Roteiro e Cannes por "A Substância" - desse como solução algo menos mirabolante: esmagar a criatura sobre a sua própria placa na calçada da fama, como ocorre na última cena, logo após que esta sai de casa e sem ter chegado ao teatro. Teria sido mais simples e, substancialmente (com o perdão do trocadilho), melhor.

Se "A Substância" vai levar algum Oscar não se sabe. Dos cinco pelo qual concorre, Maquiagem e até Roteiro Original lhe sejam bem prováveis. Entre Demi e Fernanda, não desmerecendo a primeira, por atuação em si a da brasileira é mais essencial para o seu filme, "Ainda Estou Aqui". De Direção, no entanto, Coralie merece. Já em Filme, não deve ser desta vez que o terror vai quebrar o tabu diante da indústria cinematografia estadunidense. Afinal, aproveitando outra sentença do próprio filme: "você não pode escapar de si mesmo", não é?

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trailer original de "A Substância"


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Um chute nos padrões.
(de beleza e do Oscar)

por Cly Reis


Um manifesto cinematográfico sobre a ditadura da beleza, a escravidão da imagem, da crueldade dos padrões, da perfeição e sobretudo, do peso da idade. Pode se aplicar a qualquer um, uma vez que muita gente se sente desvalorizada por uma barriguinha, preocupada com o início das rugas e pressionada com a chegada de determinada faixa de idade, mas é inegável que essa pressão ocorre de um modo mais constante e cruel com as mulheres, desde sempre consagradas como modelos de apreciação estética. O filme da francesa Coralie Fargeat, dentro desse arco temático, aborda especificamente figuras públicas que por sinal, acabam sendo sistematicamente julgadas e rotuladas por nós, o público. "Está velha", "Tá ficando feia", "Olha só as rugas", "A bunda dela tá caindo". O que faz quem quer satisfazer o público? Coloca alguém mais jovem, mais vibrante, mais gostosa. É o que acontece em "A Substância". Elisabeth Sparkle, uma atriz outrora consagrada se vê nessa encruzilhada de aproveitamento público. Aos 50 está 'velha' até para um programa matinal de ginástica ao qual fora relegada, já como sinal claro de decadência profissional. Ciente da intenção dos donos da emissora em se desfazer dela, de sua queda de prestígio, do desgaste de sua imagem atual, ela é tentada a usar uma novidade experimental que chega a seu conhecimento chamada A Substância que promete uma nova versão dela mesmo melhorada em vários aspectos. Com algumas 'regrinhas' a seguir, a droga cumpre o que promete e faz surgir da própria Elizabeth, a deslumbrante Sue, jovem, vívida, voluptuosa, e a nova versão, irresistível como é, não  tarda a ocupar o lugar da antiga estrela na emissora, no programa, no gosto do público, em tudo. O problema é que a duplicata tem fome de vida, quer mais, se , e não lhe bastam os sete dias que as regras de uso lhe impõe antes de trocar novamente com sua matriz. As orientações da substância deixam claro que AS DUAS são UMA SÓ, mas mesmo assim Sue, egoísta e fascinada com o estrelato, com os holofotes, passa a burlar as regras e que quem acaba sofrendo as consequências dessa indisciplina é a matriz, Elisabeth.

A diretora com toda sua riqueza de linguagem e recursos é muito sagaz em propor esse conflito. Uma espécie de guerra interna entre ser o que é, o que tiver que ser, encarar a idade, os julgamentos, ou agradar aos outros, se transformar, mudar para manter ou atingir seus objetivos. Para tal, Coralie Fargeat é corajosa, ousada e se utiliza do grotesco, do chocante, do assustador, uma vez que possivelmente, seu recado não teria a mesma intensidade e a mesma capacidade de ser transmitida de forma tão impactante por outra linguagem senão pelo terror. E nesse universo ela desfila referências que cinéfilos reconhecem e se deliciam: KubrickDe Palma, Lynch e claro, todo o horror corporal característico de David Cronenberg.

Associado a um excelente roteiro, soluções narrativas inteligentes, , uma edição ágil, uma maquiagem impressionante, e atuações incríveis das duas partes da mesma pessoa, Margareth Qualey, a jovem Sue, e, especialmente Demi Moore, indicada ao Oscar de melhor atriz, cuja similaridade com a situação da personagem Elizabeth, afastada dos holofotes depois de deixar de ser a 'gatinha' de Hollywood, é inegável.

Bem como sua protagonista parte de um original para criar uma versão renovada, "A Substância" se vale de núcleos como "O Iluminado", "A Mosca", "Carrie, A Estranha", para trazer um terror revitalizado, fresco, abusado, replicando desses clássicos algumas de suas melhores virtudes para criar em si um novo elemento que, se não faz uma versão melhor que suas matrizes (e não chega a tanto), irrefutavelmente cria algo singular. Único!

"A Substância" é um terror de primeira e que, desde já, inscreve seu nome no panteão das grandes obras do gênero. E para os que torcem o nariz para esse tipo de filme, resta aceitar que um horror gore, sangrento, chocante, feito sem a pretensão de agradar ninguém,  tenha sido indicado a um Oscar de melhor filme. Pode não  ganhar, é acho que não vai, mas seu reconhecimento é uma vitória do cinema de horror.

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referências a filmes clássicos em "A Substância"


"A Substância"
Título Original: "The Substance"
Direção: Coralie Fargeat
Gênero: Terror
Duração: 2h20min
Ano: 2024
País: EUA
Onde encontrar: Amazon Prime Vídeo

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terça-feira, 21 de janeiro de 2025

cotidianas #853 - Possuída



Emergência, no que podemos ajudar?

...
...
Calma, calma. Pode repetir?
...
Como é  que é? Sua amiga o que?
...
Olha... olha, isso aqui não é lugar pra brinc...
Ei, ei, calma! Para com essa gritaria!
Possuída? Como assim "possuída"?
...
Olha, menina, trote é crime. Eu poderia estar atendendo alguma chamada séria de alguém realmente precisando de ajuda e estou aqui perdendo tempo com as suas brincadeiras. Mas que diabos é  essa gritaria toda aí no fundo?
...
Eu deveria mandar uma viatura aí e prender vocês... Ah, você QUER uma viatura? Não, não vou fazer isso. Aí vocês, desocupadas, vão conseguir exatamente o que queriam que é incomodar e nos causar transtorno.
Vou desativar sua linha para nossa central de emergência.
...
Não, não. Não adianta. Não tem graça  nenhuma, garota. Boa noite.
- O que era? - quis saber a colega da central telefônica, na estação ao lado.
- Uma garota dizendo que ela e as amigas encontraram um livro, da avó eu acho, fizeram, tipo, um jogo do copo, invocaram um espírito, um demônio, algo assim, e agora uma delas estava possuída, voava, quebrava as coisas... Não deu pra entender bem, ela tava falando muito rápido, se fazendo de desesperada, e tinha uma gritaria no fundo. Devia ser as outras zoando. Essa garotada...
- Não acha que a gente deveria mandar uma viatura lá só pra garantir? - questionou a colega.
- Tá falando sério? Jogo do copo, ritual, espírito... E mesmo que fosse verdade, agente ia o que? Prender um demônio?
Possuída... Era só o que me faltava.




Cly Reis

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

"Feliz Natal", de Joe Begos (2022)

 


Papai Noel robótico implacável não vai parar até acabar com todos à sua frente.
Olha..., bem legalzinho. Fui esperando quase nada e ganhei de Natal um terror com muito sangue, boas mortes com um matador cruel e imparável.

"Feliz Natal", (no original "Christmas Blooby Christmas" - muito melhor!) traz um Papai Noel desses, tipo, de enfeite de porta de loja, desses que canta e se mexe quando o cliente entra, sabe? Só que esse "brinquedo" no caso específico, era um projeto abandonado das forças armadas e como não atendia às exigências militares, peças foram doadas, vendidas para fins comercias ou recreativos. Agora, imagine só... Quanta irresponsabilidade, não? 

Na véspera de Natal, a descolada dona de uma loja de discos de uma cidadezinha interiorana, planeja ter uma noite de sexo com um carinha do Tinder, ao passo que seu único funcionário, gamado por ela, tenta convencê-la de passar a noite com ele bebendo, falando de rock'n roll e filmes de terror e, quem sabe, alguma coisa a mais, se rolar. Em meio a isso, o Santa Claus de enfeite na porta da loja de brinquedos da tal cidadezinha, tem uma pane, se descontrola e desperta seus instintos militares para o qual fora programado originalmente, aniquilando implacavelmente todos que cruzam seu caminho. Alguns perguntar-se-ão, "Mas é só isso? Ele não tem motivos?". Isso é que é o melhor! Ele não tem motivações, não tem remorso, não sente pena, não tem o que o faça parar. Adoro os assassinos do tipo quanto mais implacáveis possível, e este é um deles. É o objetivo, e só.

Sendo ele um robô, uma máquina senti falta de uma aparência, um gestual, uma expressão corporal, um pouco mais mecânica, mas o importante é que, depois que deu tilt no sistema da máquina, o Santa dá conta do recado no que a gente espera dele, e senta o machado na garotada. SEM PERDÃO, SEM PENA, SEM DISTINÇÃO ENTRE MULHER, CRIANÇA, IDOSO, ETC.

Em muitos momentos, pela determinação assassina, pela gradual deterioração e pela sobrevivência mesmo quase reduzido a uma carenagem metálica, lembra um pouco o "Exterminador do Futuro", mas também, em muitos momentos, pela fotografia, as tomadas rasteiras, a iluminação avermelhada, luzes picantes, lembra o clássico underground "Hardware, O Destruidor do Futuro".

Como se não bastassem os méritos sanguinários, pra mim muito importantes quando se fala em terror, a dupla de protagonistas é um barato com suas discussões sobre rock e filmes de terror, cheios de referências a clássicos e desafios musicais, do tipo "qual o melhor Hellraiser?", " Cemitério Maldito 1 ou 2?", "qual a melhor canção rock de Natal?", "por que bandas de rock ficam ruins depois que os caras cortam o cabelo?", etc.

Poderiam discutir também qual o melhor terror sanguinário de Natal... "Noite do Terror", "Natal Sangrento", "Krampus"...? "Feliz Natal" talvez não chegue a tanto mas certamente entra na lista dos bons no assunto, e é uma pedida interessante para cinéfilos que curtem referências cinematográficas e fãs do horror em busca de uma boa noite natalina repleta de sangue. Para estes, um feliz Natal.

Projeto militar descartado, um Papai Noel robô promove terror em uma pequena cidade americana. Uma espécie de Exteminador do Futuro natalino e com muito mais sangue.
Aqui o "Bom Velinho" já bem avariado (mas insistente) depois dos enfrentamentos
com a brava Tori, dona da loja de discos local.


"Feliz Natal"
Título Original: "Christmas Bloody Christmas"
Direção: Joe Begos
Elenco: Riley Dandy e Sam Delich
Gênero: Terror/Ficção Científica/Slasher
Duração: 86 min.
Ano: 2022
País: EUA
Onde encontrar: Prime Vídeo


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por Cly Reis