Diminutivo, aumentativo
Falar de
Paulo Moreira requer o exercício de se contemplar coisas
grandes e pequenas. Ao menos, aparentemente pequenas. Desde que nos conhecemos
e naturalmente nos amigamos, ouso chamá-lo de Paulinho, assim, no diminutivo. Taí
a aparente coisa pequena, mas diminutivo este que, travestido de carinho, só
faz representar o gigante espaço que esta querida figura ocupa em minha vida.
Jornalista admirável, amigo generoso.
Desde antes de conhecê-lo pessoalmente, ainda adolescente, fui,
assim como muito porto-alegrense que conheço, ouvinte assíduo do Cultura Jazz, apresentado
por ele anos 90 e 2000 adentro. Nem sei quantas vezes me peguei embasbacado por
tamanhos conhecimento e paixão de Paulinho a tudo que nos apresentava. E sempre
com muita generosidade. Jovem admirador do gênero, foi no Cultura Jazz que meu gosto
se expandiu. Não fosse, o coração abarcador do professor Paulinho, jamais haveria mais
este fã de jazz que aqui vos fala.
Mas não só isso. O jazz e a música, por maior que seja, é
uma fração de tudo isso que ele representa. Os trânsitos entre nós pelo cinema,
literatura e futebol vieram em decorrência. Lembro da alegria dele ao encontrar
a minha esposa Leocádia, a meu irmão Cly Reis e a mim no Vivo Rio para o show
de Wayne Shorter e Herbie Hancock, em 2016, a qual ele, em razão de outros conterrâneos também presentes, de "caravana jazzística gaúcha". Ou quando, ano passado, na última
vez que o vi pessoalmente, mesmo sem ter participado da edição como autor, foi (generosamente)
prestigiar a mim e aos outros colegas de ACCIRS no lançamento do livro “50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho”. O comentário elogioso dele para minha mãe, que também prestigiava, referindo-se a mim e a meu irmão denota essa nobreza pauliniana.
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Paulinho entre eu irmão e eu: generosidade e amizade |
E tudo isso invariavelmente sob
este olhar atencioso, principalmente o dele, que afetuosamente
me apelidou, em virtude das
“esquisitices” ouvidas por mim e compartilhadas nas
redes sociais, de
“cabeção”. Assumi relativamente o título, que virou inclusive
nome de um quadro do meu programa Música da Cabeça, na Rádio Elétrica,
justamente com esta ideia (e obviamente, dedicado a ele). Por outro lado, a
alcunha, dita neste escancarado aumentativo, é grande demais para eu comportar.
Afinal, como sempre lhe retruquei, o
“cabeção” é ele. Ora: quem me apresentou a rebuscamentos como Toshiko Akiyoshi, a Anthony Braxton, a Carla Bley, a John Zorn ou a Sun Ra é,
este sim, o verdadeiro
“cabeção”!
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Comigo no lançamento do livro da ACCIRS |
Chegou a hora, então, de retribuir ao menos um pouco todas
estas camadas de generosidade de Paulinho para comigo e para com a combalida cultura
de Porto Alegre. De quinta a domingo (2, 3, 4 e 5 de março), a cidade será
agitada pelo
I Festival Paulo Moreira, evento coletivo totalmente dedicado a ele,
que está precisando de recursos para tratamento de saúde. A primeira edição vai
reunir mais de 15 grupos de música instrumental do Rio Grande do Sul, com apresentações
no Café Fon Fon, Espaço 373, Gravador Pub e Sala Jazz Geraldo Flach. Toda a
renda será revertida ao tratamento de saúde do jornalista. Criado por um grupo
de amigos, o projeto foi prontamente abraçado por espaços culturais e artistas
da cena gaúcha e contará também com o apoio do cartunista Fraga, que doará
obras para venda; dos fotógrafos Daisson Flach, Douglas Fischer e
NiltonSantolin, da Atmosfera Produtora; de Texo Cabral e da Reverber Produtora, que
farão as captações de áudio e vídeo das apresentações no Gravador, e do Person
Piano.
Tentaremos Leocádia e eu estarmos presentes, mas tanto nós
quanto qualquer um pode fazer doações de qualquer valor mesmo que não compareça aos shows. Independentemente, é muito bom ter a oportunidade de ajudar este amigo e de poder falar dele desta forma, em vida. Tudo o que em aniversários a gente fica meio intimidado de dizer para não soar demasiado cerimonioso, esta oportunidade abre espaço para extravasar. Afinal, o gigante Paulinho merece tudo, das grandes às pequenas coisas. E aumenta o som aí!
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I Festival Paulo Moreira
Os ingressos por noite custam o preço único de R$ 35,00. Confira os links para comprar no link da bio.
Quem não for aos shows e quiser doar qualquer valor, o PIX é 01510705040 (CPF/ Roberta Brezezinski Moreira).
PROGRAMAÇÃO
2 de março | Quinta-feira | ESGOTADO!
Café Fon Fon (Rua Vieira de Castro, 22 – Bairro Farroupilha)
21h – Thiago Colombo
21h30 – Paulo Dorfman
22h – Júlio "Chumbinho" Herrlein
22h30 – El Trio
23h30 – Quarteto Fon Fon
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3 de março | Sexta-feira | ESGOTADO!
Espaço 373 (Rua Comendador Coruja, 373 – Bairro Floresta)
19h40 – Nico Bueno Café Trio com participação de Bernardo Zubaran
20h30 – Marmota com participação de Nicola Spolidoro e Ronaldo Pereira
22h10 – James Liberato
22h20 – Pedro Tagliani Quarteto
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4 de março | Sábado
Gravador PUB (Rua Conde de Porto Alegre, 22 – Bairro São Geraldo)
Abertura da casa: 14h
Grupos musicais:
15h00 - Paulinho Fagundes, Miguel Tejera e Rafa Marques
15h45 - Instrumental Picumã + Pirisca Grecco
16h45 - Corujazz
17h30 - Rodrigo Nassif Trio
18h15 - Quartchêto
19h00 - Marcelo Corsetti Trio
19h45 - Funkalister
20h30 - Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense
21h00 - Hard Blues Trio
21h45 Antonio Flores
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5 de março | Domingo | ESGOTADO!
Sala Jazz Geraldo Flach
18h00 – João Maldonado Trio, com a participação especial de Ayres Potthoff
19h00 – Nicola Spolidoro, Caio Maurente e Luke Faro
20h00 – Luciano Leães, Cristian Sperandir, Paulinho Cardoso, Fernando do Ó e Ronie Martinez
texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa