Dois incríveis filmes! Verdadeiras obras de arte que carregam a essência da palavra CLÁSSICO, com todas as letras maiúsculas. Duas atuações que imortalizaram o maior vampiro de todos os tempos, o temível Conde Drácula. Os melhores Dráculas até hoje (com Gary Oldman, chegando perto), Bela Lugosi, em 1931, e Christopher Lee, em 1958. Ambas obras marcaram época, deram início a coisas grandiosas como o universo de monstros na Universal e da Hammer, e são referências quando o assunto é Conde Drácula para eternidade...
Mas que tal irmos então ao jogo?
A partida vai acontecer à noite, é claro e, na verdade, teremos duas partidas (por essa você, esperava não é?). O primeiro jogo na Transilvânia, estádio charmoso, arquitetura clássica, apenas a torcida que é meio morta. "Drácula" de '31 começa tímido, demora para pôr as garras de fora (literalmente) mas a brincadeira com luz e sombra ajuda o futebol desse filme. Bela Lugosi, individualmente, faz jogadas gêniais com suas caretas e isso sem duvida é gol para o time de 1931: 1 x 0 para Drácula antigão. O time de '58 já é mais direto: logo no inicio já vai com sede e o trio de armadoras, “As noivas de Drácula”, já partem para o ataque. Christopher Lee, com sangue nos olhos, não fica atrás e vai pra dentro do adversário. Ele é imponente, amedronta a defesa, joga sua capa, esconde a bola e GOOOOOL! 1 x 1, partida empatada.
O confronto na Transilvânia é resolvido nos detalhes. O Drácula de '31 tem um futebol mais vistoso, um castelo muito elegante e assustador e um cenário que faz a diferença. Eis que a bola é erguida na área, Reinfeld come mosca e, Bela, voando, como um morcego marca para o time de '31. GOOOOL!!! E é fim de papo na primeira partida: Drácula de '31 (2) x (1) Drácula de '58.
"Drácula" (1931) - trailer
Mas calma, temos o jogo da volta...
"O Vampiro da Noite" (1958) - trailer
Após uma longa viagem de barco, chegamos a Londres para o segundo confronto entre as duas equipes. Mesmo fora de casa, o time de '31 tem muito do brilho de Bela Lugosi que continua se destacando. Ele desfila pela cidade e sua chegada na Terra da Rainha é fantástica. Bela morde a bola como um lobo. Ele é jogador elegante, daquele tipo que costume-se dizer no “futebolês” que "joga de terno" e não demora a abrir o placar. Parece que o time joga por música, como se jogasse ao som de uma ópera. 1 x 0 para Drácula de '31.
Mas chega a segunda etapa do jogo de Londres e parece que o time de '58 começa a mostrar que tem mais elenco que seu adversário. E aí que outro craque resolve mostrar todo seu talento: Peter Cushing como Doctor Van Helsing começa aparecer mais, pede mais a bola, distribui o jogo (e o alho), pelo campo. Faz umas boas tabelas com Lee, mas é claro, é Lee quem empata o jogo numa fantástica entrada pela janela de Lucy. Hipnotizando a zaga o craque do horror marca o gol: 1 x 1.
Mostrando que um grande elenco faz a diferença, Peter Cushing, vai ao ataque, dá uma enfiada de estaca entre a defesa do adversário, direto no peito de Lee, que mata e, mesmo cansando, já se arrastando em campo, quase virado só em pó, marca mais uma para fechar a tampa do caixão. De virada, vitória do time de '58. Drácula '31(1) X (2) Drácula '58.
Que clássico, senhoras e senhores! Ou, melhor, que clássicos!
Bela e Lee, dois estilos de jogo diferentes,
o primeiro mais refinado e o segundo mais sanguíneo.
Como não era mata-mata (até porque é muito difícil matar um vampiro) ficamos assim mesmo, num bom e justo empate. Afinal de contas, os placares espelhados refletem bem o equilíbrio do confronto (se bem imagem de vampiro não reflete no espelho).
E não é que Christopher Lee, talvez o mais conhecido e lendário Drácula do cinema, vai gravar um disco de heavy metal? Pois é!
Também conhecido mais recentemente como o Saruman da trilogia "O Senhor dos Anéis", o ator aos 87 anos de idade, depois de emprestar sua voz soturna a alguns projetos de outros artistas resolveu fazer o seu disquinho!
O cara que se diz descendente direto de Carlos Magno, pretende realizar um projeto temático sobre o imperador saxônico numa linha metal com orquestrações que receberá o nome de "Charmelagne: By the Sword and the Cross" e você pode dar uma conferida aqui.
Particularmente não curto muito o som mas vale pela curiosidade.
Ganhei de aniversário - a meu pedido - o livro de Terror da coleção "Os Melhores Filmes de Todos os Tempos".
Meio decepcionante.
Uma breve coletânea de posters de grandes clássicos do gênero com algumas informações, observações e curiosidades. A verdade é que deveria ter me interado melhor do que se tratava a publicação antes de querer tê-la em minha biblioteca. Tem as obviedades, como "O Bebê de Rosemary", "A Noite dos Mortos-vivos", algumas boas surpresas, como o assustador "O Babadook", justiças, como o inovador "A Bruxa de Blair", e novos clássicos como o impressionante "A Bruxa".
Esperava uma vasta lista, com dicas improváveis, coisas pouco conhecidas, informações que me fizessem querer ver algum filme que nunca me interessara etc., mas o que ganhei foi apenas uma publicação bem básica para iniciantes no assunto.
Para ser justo, algumas das curiosidades são realmente muito interessantes e algumas delas eu sequer tinha conhecimento, como o fato de Jamie Lee Curtis só ter sido a escolhida para "Halloween" por ser filha de Janeth Leigh, a estrela do clássico "Psicose"; de Christopher Lee ter feito "O Homem de Palha" de graça e colocar o filme como o ponto alto de sua carreira; ou da Disney ter manifestado a intenção de comprar o roteiro de "A Hora do Pesadelo', com a intenção de suavizá-lo para crianças e adolescentes. Mas só seria bom mesmo se tivesse uns duzentos ou trezentos filmes, como no número anual especial da antiga revista Set, que trazia um guia com os melhores filmes de todos os tempos em cada gênero e uma publicação especial dedicada ao terror. Aquilo lá, sim, muito me serviu de base e orientação.
Sabe aqueles velhos que vem com aquele papo, "Bom mesmo era o futebol no meu tempo!"? Pois é... É mais ou menos a sensação que tenho em relação a "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Embora reconheça todos os méritos da refilmagem de Tim Burton, de 2005, não consigo deixar de gostar mais da versão original de 1971. Acho que por uma espécie de Síndrome da Sessão da Tarde, uma vez que este foi um dos filmes que mais assisti, e tenho certeza que não somente eu, nas tardes globais dos anos oitenta, numa época em que a sessão vespertina do mais popular canal aberto era tudo o que se tinha e não havia toda essa avalanche de canais exibindo filmes 24 horas por dia, sem falar streaming, aplicativos , plataformas e todas essas coisas que essa meninada de hoje em dia gosta.
Com uma grade de filmes muito menos ampla que as que os canais possuem hoje em dia, volta e meia repetia o filme daquele excêntrico proprietário de uma famosa fábrica de chocolate que permitia que cinco crianças que encontrassem a etiqueta dourada na embalagem nas barras do seu produto, espalhadas ao redor do mundo, visitassem sua empresa e as instalações de produção. O filme revelava, através da personalidade e cada criança e seu respectivo caráter, bem como dos pais que os acompanhavam no tour, uma crítica não somente à sociedade consumista e de aparências, como também à criação e educação que muitos pais dão a seus filhos fazendo delas criaturas mimadas, glutonas, prepotentes e alienadas. Lá, só o humilde Charlie, um garoto pobre que conseguira seu ticket dourado por pura sorte, com míseros trocados que achara na rua, fugia a essas características e por isso mesmo, aos poucos, vai ganhando a simpatia do dono da fábrica.
Mas minha preferência pelo antigo não se limita a uma mera nostalgia infanto-juvenil. O filme original é, na minha opinião, superior a seu remake em diversos pontos, a começar pela atuação sóbria e precisa no equilíbrio entre o cômico e o perturbador de Gene Wilder como Willy Wonka, em contraste com as expressões caricaturais de Johnny Depp, quase sempre exibindo um sorriso maníaco forçado e aquele olhar abobalhadamente distante. Prova dessa competência de Wilder no papel, é que um dos memes mais conhecidos da internet tem ele, em uma cena do filme, com uma cara tão cínica, tão enfadada, que o quadro passou a ser utilizado nas mais diversas situações de sarcasmo, descrença e desprezo. Outro ponto a favor do antigo é a concisão. O novo filme se alonga demais em coisas desnecessárias, tem flashbacks que não acrescentam nada, e acrescenta uma historinha da infância do chocolateiro que, ainda que remeta a família, a união, a compreensão, ok!, é, no fim das contas, de pouca contribuição para o resultado final ou para formar uma "mensagem". Pra ser justo, a origem dos Oompa-Loompas, que revela a origem dos pequenos pigmeus que trabalham na fábrica, e faz velada menção à escravidão dos povos negros, é uma dessas cenas de recuperação que é válida, interessante e é um gol a favor do filme de Tim Burton. Por outro lado, os homenzinhos do filme original, anões com seu tamanho natural, são melhores, na minha opinião, que os da refilmagem, onde um também anão é infinitamente multiplicado para representar todos os funcionários da fábrica e digitalmente reduzido ainda mais que sua estatura original, sendo que em algumas cenas o efeito não fica lá muito convincente.
Apesar do efeito discutível dos minúsculos funcionários da fábrica, a parte técnica é um dos pontos a favor do novo filme. Os efeitos especiais e sonoros são na maior parte das vezes muito bons e prestam bom serviço às pretensões do diretor. A propósito, a direção de Burton também é bastante competente, com suas tradicionais cores, ordem, profundidade e atmosferas soturnas. Os cenários e a direção de arte são bem característicos com distorções, maquinários e bizarrices que são a cara do diretor.
"Mas como assim? Se o remake é tão bom nisso, naquilo e naquilo outro, como é que o original ganha?". Eu disse que o original ganhava, eu não disse que seria fácil!
Pois bem, vamos então lance a lance, decidir esse confronto:
E a garota Violet, digo..., a bola rola na grama comestível do Wonka Stadium...
Gene Wilder em relação a Johnny Depp, pelos motivos já listados lá no início, é gol para o time de 1971; em compensação Freddie Highmore, que viria a ser o Norman Bates de "Bates Motel" e o médico de "The Good Doctor", ainda pirralho, como o garoto Charlie, é um ganho do remake: 1x1 no placar. A cena do garoto encontrando o bilhete é melhor na primeira versão: 2x1; mas a cena da entrada na fábrica com a musiquinha dos bonecos mecânicos e os mesmo derretendo nas chamas, numa cena de um estranhamento macabro tipicamente timburtiano, garante novo empate para o remake: 2x2.
Com um ganho aqui, outro ali, os passeios de visitação se equivalem, mas os "acidentes" com as crianças fazem o placar se movimentar novamente: o do gordinho Augustus, que funciona melhor no primeiro filme e causa um grande impacto no espectador por ser o primeiro acidente e o da chicleteira chata Violet, exagerado demais na nova versão, garantem mais um tento para o time de Mel Stuart. Só que do outro lado tem treinador, quero dizer, diretor e o time de Tim Burton contra-ataca com a macabra cena dos esquilos atacando a pedichona mimada Veruca Salt e a levando para o buraco das nozes ruins. Cena de filme de terror perturbadoramente fantástica. 3x3 para o original. E o remake passa à frente do placar pela primeira vez por conta do número musical do incidente com o garoto Mike Teavee que depois de ser teletransportado para dentro de um televisor, invade programas de culinária, de esportes, de música e tudo mais. 3x4. Que jogo, senhoras e senhores!
Oompa-Loompa -
número musical para Mike Teavee
Mas por falar em musical, voltando aos Oompa-Lumpa, embora o filme de 2005 tenha praticamente um videoclipe ultra-produzido para cada intervenção dos nanicos, mesmo sem todo o aparato técnico da nova produção, as performances musicais dos baixinhos do filme de 1971 são, no âmbito geral, mais marcantes e sua canção é daquelas que não sai da memória de quem já assistiu ao longa. 4x4 para os baixinhos de Gene Wilder. E a galera canta "Oompa Loompa, doompadee doo..."!
Oompa-Loompa -
número musical para Augustus Gloop
Finalzinho do jogo e a cena do elevador define a partida: a do filme original é muuuito mais impactante. A primeira vez que vi aquilo, lá pelos meus 8 ou 9 anos fiquei surpreso, fascinado e emocionado. Charlie ganhado o prêmio final, aquele elevador rompendo o teto da fábrica e sobrevoando triunfalmente a cidade. Golaço para o antigo, até porque no novo a ideia do elevador é muito mal utilizada fazendo com que a inusitada máquina apareça antes do final levando os visitantes restantes à sala de TV e, depois, torne-se praticamente um elemento ordinário, perdendo um tanto de seu caráter extraordinário por servir como uma espécie de transporte particular comum para Willy Wonka, estacionado numa esquina à sua espera para ir pra lá e pra cá.
A essas alturas o treinador Mel Stuart já está no banco gritando, "Acabou, acabou!!!", pois o filme dele acabou, mesmo ali no voo do elevador, mas o time de Tim Burton quer jogo e tenta alguma coisa nos acréscimos com aquela história toda de família é bom, é ruim, de dou a fábrica, não dou a fábrica, olha meu dentinhos, perdão papai e tudo mais. Willy Wonka ainda tentou tirar alguma coisa da cartola apostando na experiência do craque Christopher Lee nos minutos finais, mas não foi o suficiente para empatar o jogo. E o placar ficou assim mesmo: 5x4 para o filme original, para o antigo, para o filme de '71. Aquilo é que era futebol, digo..., aquilo é que era filme!
"Então você é do ramo de doces...
Conte-me então como é o sabor da derrota."
Não foi um nenhum chocolate,
mas o time de Gene Wilder e companhia pode saborear o doce gosto da vitória.
E saiu a lista dos indicados ao Oscar 2019! "A Favorita", filme de época do diretor Yorgos Lanthimos, e "Roma", do já oscarizado de Alfonso Cuarón, que concorre não somente a melhor filme como a melhor película estrangeira, são os líderes em indicações, mas "Nasce Uma Estrela" com a estrelíssima Lady Gaga, vem logo em seguida com oito e com boas chances. "Pantera Negra", de certa forma, surpreende com sete nominações, tornando-se o filme de super-heróis com maior reconhecimento neste sentido pela Academia, e o badalado “Bohemian Rhapsody”, biografia de Freddie Mercury, garantiu cinco indicações, incluindo, é claro, a de melhor ator com a ótima atuação de Rami Malek que, por sinal não terá vida fácil, especialmente contra Christian Bale, por seu papel em "Vice", e Willem Defoe, por "No Portal da Eternidade". Me surpreende um pouco a escassês de indicações para "O Retorno de Mary Poppins", que achei que fosse passar o rodo nos itens técnicos e, não tão surpreendente assim, uma vez que as qualidades de "Infiltrado na Klan" vem sendo exaltadas constantemente, mas louvável é a ascensão de Spike Lee ao time dos grandes com sua primeira indicação a melhor diretor.
Depois dessa breve passada, vamos ao que interessa. Conheça os indicados ao Oscar em 2019:
Melhor Filme
Pantera Negra Infiltrado na Klan Bohemian Rhapsody A Favorita Green Book: O Guia Roma Nasce Uma Estrela Vice
Melhor Atriz
Yalitza Aparicio (Roma) Glenn Close (A Esposa) Olivia Colman (A Favorita) Lady Gaga (Nasce Uma Estrela) Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?)
Melhor Ator
Christian Bale (Vice) Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela) Willem Dafoe (No Portal da Eternidade) Rami Malek (Bohemian Rhapsody) Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)
Melhor Atriz Coadjuvante
Amy Adams (Vice) Marina De Tavira (Roma) Regina King (Se a Rua Beale Falasse) Emma Stone (A Favorita) Rachel Weisz (A Favorita)
Melhor Ator Coadjuvante
Mahershala Ali (Green Book) Adam Driver (Infiltrado na Klan) Sam Elliott (Nasce uma Estrela) Richard E. Grant (Poderia Me Perdoar?) Sam Rockwell (Vice)
Melhor Direção
Spike Lee Pawel Pawlikowski Yorgos Lanthimos Alfonso Cuarón Adam McKay
Melhor Roteiro Original
The Favourite First Reformed Green Book: O Guia Roma Vice
Melhor Roteiro Adaptado
The Ballad of Buster Scruggs BlacKkKlansman Can You Ever Forgive Me? If Beale Street Could Talk A Star is Born
Melhor Figurino
The Ballad of Buster Scruggs Pantera Negra A Favorita O Retorno de Mary Poppins Duas Rainhas
Melhor Cabelo
Border Mary Queen of Scots Vice
Melhor Direção de Arte/Design de Produção
Black Panther The Favourite First Man Mary Poppins Returns Roma
Melhor Trilha Sonora
Pantera Negra Infiltrado na Klan Se a Rua Beale Falasse Ilha de Cachorros O Retorno de Mary Poppins
Melhor Canção Original
All the Stars – Black Panther I’ll Fight – RBG The Place Where Lost Things Go – Mary Poppins Returns Shallow – A Star is Born When A Cowboy Trades His Spurs For Wings – Ballad of Buster Scruggs
Melhor Fotografia
Cold War The Favourite Never Look Away Roma A Star is Born
Melhor Edição
Infiltrado na Klan Bohemian Rhapsody A Favorita Green Book: O Guia Vice
Melhor Edição de Som
Pantera Negra Bohemian Rhapsody O Primeiro Homem Um Lugar Silencioso Roma
Melhor Mixagem de Som
Pantera Negra Bohemian Rhapsody O Primeiro Homem Roma Nasce Uma Estrela
Melhores Efeitos Visuais
Avengers: Infinity War Christopher Robin First Man Ready Player One Solo: A Star Wars Story
Melhor Documentário
Free Solo Hale County This Morning, This Evening Minding the Gap Of Fathers and Sons RBG
Melhor Animação
Os Incríveis 2 Ilha de Cachorros Mirai Wifi Ralph Homem-Aranha no Aranhaverso
Melhor Filme Estrangeiro
Capernaum Cold War Never Look Away Roma Shoplifters
Melhor Curta Metragem – Animação
Animal Behavior Bao Late Afternoon One Small Step Weekends
Melhor Curta Metragem – Documentário
Black Sheep End Game Lifeboat A Night at the Garden Period. End of Sentence.
Gosto do Steely Dan desde 1972, quando ouvi na Continental
1120, pela primeira vez “Do It Again”. Meu próximo encontro com a banda seria
dois anos depois quando “Rickie, Don't Lose That Number” fez sucesso. Mas só
fui levar a banda a sério aos 17 anos, quando ouvi “Aja”. Claro que não entendi
de imediato aquela mistura de música pop com jazz, já eu que estava me
iniciando no assunto. Só fui começar a decifrar o SD e virar fã quando saiu o
“Gaucho”, que eu comprei na Flora Viaduto o LP usado, mas inteiro, como vários
de nós fizeram naqueles tempos.
Toda esta introdução tá aí em cima pra dizer que meu disco
favorito da turma não é do Steely Dan, mas do cantor e tecladista do grupo,
Donald Fagen, metade da laranja criativa que ele formou com o guitarrista e
baixista Walter Becker, depois que demitiu todo mundo e resolveu que era muito
mais interessante usar os músicos de estúdio à disposição em Los Angeles e em
Nova Iorque.
O disco se chama “Kamakiriad” e foi lançado em 1993, onze
anos depois do Fagen colocar nas lojas – e fazer muito sucesso – com seu
primeiro trabalho solo, “The Nightfly” e a canção I.G.Y. (International
Geophysical Year). Desde 1981, ele e Walter não se falavam. O guitarrista tinha
produzido um monte de gente, especialmente a cantora e compositora Rickie Lee
Jones em seu CD “Flying Cowboys”. Mas, em 1993, resolveram deixar de lado as
diferenças e partiram para a produção do segundo disco solo de Fagen. E deu
muito certo.
“Kamakiriad” é uma viagem conceitual beirando a science-fiction. Fagen inventou um
carro, o tal Kamakiriad, que é autossustentável, tem até uma horta hidropônica
dentro. E as faixas do disco contam os passeios malucos que Fagen faz dentro
deste veículo maluco. Parece disco de bandas de prog rock mas não é. Tem um balanço e um swing digno dos melhores
trabalhos do Steely Dan. Confesso que minha escolha por este disco é puramente
sentimental. Comprei ele em 93 e nunca consegui parar de ouvir nestes 20 anos.
As viagens de Fagen em seu “Kamakiriad” começam com
“Trans-Island Skyway”, onde Becker e o outro guitarrista Georg Wadenius criam
uma teia de sons, enquanto o baixo (também tocado por Becker) segura o ritmo
com o baterista Leroy Clouden. E estamos ouvindo um disco do Steely Dan. Já em
“Countermoon”, Donald Fagen faz uso extensivo das possibilidades dos backing
vocais, especialmente no final da canção onde Katherine Russell se estrebucha
cantando “All Beware!!” sob o sax tenor do havaiano Illinois Elohainu. Como
sempre fez. “Springtime” inicia com o baixo e uma percussão que parece ser
programada mas não é. Assim como a bateria. Neste disco, fica mais claro o
fascínio de Fagen & Becker por um ritmo mais estático, ao contrário dos
discos do SD, onde nomes como os dos bateristas Steve Gadd, Jim Gordon, Ed
Greene, Bernard Purdie e Jeff Porcaro brilhavam sobre as harmonias intrincadas
e jazzísticas da dupla. E como em todo o disco, os sopros estão em contraponto
com as guitarras e os teclados.
Esta predileção por steady
rhythms - se vocês me permitem o inglês - fica bem marcada em “Snowbound”.
Chris Parker mantém a batida, enquanto o órgão Hammond B-3 de Fagen vai
pontuando ao lado das guitarras e do naipe de sopros. O fender rhodes tece
aquelas harmonias steelydanescas. E a
gente vai batendo o pezinho, se o Arthur de Faria me permitir usar esta “figura
de linguagem”. “Tomorrow's Girls” é o que de mais aproximado temos no disco de
um “hit”. Virou inclusive clip da MTV. Como todas as letras do Steely Dan são
quase indecifráveis, devido ao intrincado jogo de palavras e referências que os
rapazes criam, o clip também ficou “difícil”. Mas a canção é irresistível.
Daquelas que a gente ouve e sai cantando pela rua, mesmo que ela tenha TRÊS
refrãos diferentes, dentro da mesma métrica, é claro. Também aqui os produtores
dão todo espaço a uma bateria de backing
vocais que vão de Amy Helm (filha da mulher de Fagen, Libby Titus com o
baterista do The Band, o falecido Levon Helm) aos irmãos Brenda & Curtis
King. No final, Becker sola enlouquecidamente sobre uma cama de sopros.
“Florida Room” é uma das preferidas do disco. Tem um clima
caribenho. E o refrão fala disso: “Quando
o verão se vai / eu me apronto / para fazer aquela corrida pro Caribe / Tenho
de ter /algum tempo sob o sol / Quando o vento frio chega / Eu sei onde as
dálias florescem / Acabo voltando / pro seu quarto na Flórida”. O naipe de
saxofones, trompetes e trombones está presente toda a música, sobre aquele ritmo
“latino versão americana”. Mas o destaque absoluto é pro solo de sax tenor do
grande e falecido Cornelius Bumpus. Um mestre em colocar as notas certas num
espaço exíguo dos compassos que a dupla lhe dava.
Já em “On the Dunes” o clima não é tão ensolarado, pra não
dizer sombrio mesmo. Fagen e Bekcer viram tudo do avesso. Começam com teclados
e guitarras fazendo esta harmonia durante toda a canção. Na letra, o Kamakiriad
para na praia e acontece um homicídio nas dunas, enquanto “barcos bonitos passeiam pela orla/ nas luz que escasseia/ mulheres
bonitas com seu amantes a seu lado/ é como se fosse um sonho terrível/ que eu
tenho toda a noite”. Mais uma vez, Bumpus manda ver no seu tenor.
Entretanto, a estrela total desta canção está nos quase 4 minutos de solo de
bateria de Christopher Parker sobre a harmonia final que vai se mantendo, como
se fosse um ostinato. E não é um solo comum. Parker vai pontuando dentro dos
espaços arquitetados por piano acústico, baixo, guitarras e sintetizadores.
Genial.
“Teahouse on the Tracks” é o destino final do “Kamakiriad”,
o local onde o narrador desta viagem se encontra com sua garota e diz que ela
tem uma última chance de “aprender a
dançar no Teahouse on the Tracks”. Aqui de novo, a bateria parece ser
programada. Muita guitarra rítmica e teclados fazem a cama onde o trombone de
Birch Johnson se esbalda.
Como em todos os discos do Steely Dan, Donald Fagen &
Walter Becker trabalham com estruturas reconhecidas pelos ouvidos acostumados
com a música pop, mas radicalizam nos detalhes, nas harmonias diferenciadas e
na utilização do potencial de cada músico para cada canção. Eles sabem escolher
quem vai tocar em seus discos. “Kamakiriad”, por isso, pode ser ouvido despretensiosamente.
Mas se você prestar a atenção, tenho certeza que será fisgado.
Rola hoje à noite em Los Angeles a cerimônia do Oscar. Fora alguma grande zebra, "Avatar" leva os prêmios principais e também os técnicos. Na verdade não vi o filme mas sabemos que a academia gosta desse tipo de suprprodução, grande apelo, grandes bilheterias e tal. O que impulsiona a indústria, mesmo.
De resto torço pelo máximo possível de estatuetas para Tarantino e sua turma, com o bom "Bastardos Inglórios", indicado em 8 catergorias, incluindo filme e diretor. Particularmente, como já havia dito, acharei merecidíssimo se Christoph Waltz levar o prêmio de coadjuvante pelo seu papel de Cel. Landa.
Também gostei demais da atuação de Carey Mulligham em "Educação" apesar de saber do brilhante papel que faz Gabourey Sidiba em "Preciosa", que pode ser surpresa também em outras categorias.
Queria ter visto antes da premiação "O Segredo de Seus Olhos",mas da categoria Filme Estrangeiro, só vi mesmo "A Fita Branca" que me deixou ótima impressão, mas que acho que não leva a de filme, mas seria justíssimo se ganahasse fotografia.
Novidade também este ano é o fato de termos 10 indicados na categoria melhor filme. Acho que desqualifica um pouco - tem anos que mal se arranja 5 pra competir -, mas vá lá.
Veja abaixo as listas dos incdicados em todas as categorias:
Melhor Filme
Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9 Educação
Guerra ao Terror Bastardos Inglórios
Preciosa - Uma História de Esperança
Um Homem Sério
Up - Altas Aventuras
Amor Sem Escalas
Melhor Diretor
James Cameron - Avatar
Kathryn Bigelow - Guerra ao Terror Quentin Tarantino - Bastardos Inglórios
Lee Daniels - Preciosa - Uma História de Esperança
Jason Reitman - Amor Sem Escalas
Melhor Ator
Jeff Bridges - Coração Louco
George Clooney - Amor Sem Escalas
Colin Firth - Direito de Amar
Morgan Freeman - Invictus
Jeremy Renner - Guerra ao Terror
Ator Coadjuvante
Matt Damon - Invictus
Woody Harrelson - O Mensageiro
Christopher Plummer - The Last Station
Stanley Tucci - Um Olhar do Paraíso Christoph Waltz - Bastardos Inglórios
Melhor Atriz
Sandra Bullock - Um Sonho Possível
Helen Mirren - The Last Station
Carey Mulligan - Educação
Gabourey Sidibe - Preciosa - Uma História de Esperança
Meryl Streep - Julie e Julia
Melhor Atriz Coadjuvante
Penelope Cruz - Nine
Vera Farmiga - Amor Sem Escalas
Maggie Gyllenhaal - Coração Louco
Anna Kendrick - Amor Sem Escalas
Mo'Nique - Preciosa - Uma História de Esperança
Melhor Roteiro Adaptado
Distrito 9 Educação
In The Loop
Preciosa - Uma História de Esperança
Amor Sem Escalas
Melhor Roteiro Original
Guerra ao Terror Bastardos Inglórios
O Mensageiro
Um Homem Sério
Up - Altas Aventuras
Melhor Animação Longa-Metragem
Coraline
O Fantástico Sr. Raposo
A Princesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up - Altas Aventuras
Melhor Animação Curta-Metragem
French Roast
Granny O´Grimn´s Sleeping Beauty
The Lady and the Reaper (La Dama e la Muerte)
Logorama
A Matter of Loaf and Death
Melhor Filme Estrangeiro
Ajami (Israel)
O Segredo dos Seus Olhos (Argentina )
O Leite da Amargura (Peru )
O Profeta (França ) A Fita Branca (Alemanha )
Melhor Documentário Longa-Metragem
Burma Vj
The Cove
Food Inc.
The Most Dangerous Man In America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers
Which Way Home
Melhor Documentário Curta-Metragem
Province
The Last Campaign of Governos Booth Gardner
The Last Truck: Closing of a GM Plant
Music by Prudence
Rabbit à la Berlin
Melhor Curta-Metragem
The Door
Instead of Abracadabra
Kavi
Miracle Fish
The New Tenants
Melhor Direção de Arte
Avatar
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
Nine
Sherlock Holmes
The Young Victoria
Brilho de Uma Paixão
Coco Antes de Chanel
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
Nine
The Young Victoria
Melhor Montagem
Avatar
Distrito 9
Guerra ao Terror Bastardos Inglórios
Preciosa - Uma História de Esperança
Melhor Trilha Sonora Original
Avatar
O Fantástico Sr. Raposo
Guerra ao Terror
Sherlock Holmes
Up - Altas Aventuras
Melhor Canção Original
"Almost There" - A Princesa e o Sapo
"Down in New Orleans" - A Princesa e o Sapo
"Loin De Paname" - Paris 36
"Take it All" - Nine
"The Weary Kind" - Coração Louco
Melhor Edição de Som
Avatar
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Star Trek
Up - Altas Aventuras
Melhor Mixagem de Som
Avatar
Guerra ao Terror Bastardos Inglórios
Star Trek
Transformers: A Vingança dos Derrotados
Melhores Efeitos Especiais
Avatar
Distrito 9
Star Trek
Melhor Maquiagem
Il Divo
Star Trek
The Young Victoria
A cerimônia comandada por Steve Martin e Alec Baldwin, começa às 22h (horário de Brasília).
Globo e TNT transmitem para o Brasil.
E esta noite acontece a cerimônia de entrega do Oscar, um dos prêmios mais importantes e, sem dúvida, o mais badalado da indústria cinematográfica. O musical "La La Land - Cantando Estações", com 14 indicações surge como inevitável grande favorito mas é bom abrir o olho com os bons "Manchester à beira mar", "A Chegada" e "Moonlight" que correm por fora também com boas possibilidades.
Confira a lista com todos os indicados: