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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Lançamento do livro "Chapa Quente" - 70ª Feira do Livro de Porto Alegre - Espaço Força & Luz (16/11/24)



O autor e a obra prontos
para uma tarde inesquecível
na Feira do Livro
Demorou, mas foi com requintes de especialidade. Meu livro “Chapa Quente”, meu primeiro individual de contos, foi selecionado no segundo semestre de 2023 na chamada de originais aberta pela editora Caravana e entrou em pré-venda em dezembro do mesmo ano. Já com exemplares em mãos, a ideia era fazer algum encontro para lançá-lo oficialmente que não só pela internet. Reunir os amigos, apresentar a obra, autografar, celebrar. Deixei passar os meses de férias, janeiro e fevereiro, inadequados para este tipo de ocasião. Março, quando o ano começa de fato, passou voando e abril tirei para adoráveis férias no Rio de Janeiro. 

Ocorre que, ao retornar ao Rio Grande do Sul, o caos se instaurou. As chuvas e as enchentes, que castigaram o estado por mais de um mês, não só impediram que este lançamento se desse no retorno das férias como alteraram toda a agenda prevista para o resto do ano. Porém, que bom que Porto Alegre, tão frágil em vários aspectos, tem uma consistente Feira do Livro. E a 70ª edição foi o ambiente perfeito para que, enfim, pudesse por “Chapa Quente” em evidência e dividir isso como amigos, familiares e leitores.

Não poderia ser diferente para um livro com esse título. Num quente sábado de novembro, foi ainda mais especial sentir o calor do afeito daqueles que presenciaram, primeiro, o bate-papo com a escritora Simone Saueressig na sala O Retrato do Espaço Força & Luz, por acaso coordenada com carinho por Leocádia. Leitora atenta (coisa dos bons escritores), Simone conduziu a conversa de forma muito inteligente e amistosa, abordando em seus comentários e perguntas direcionadas a mim aspectos de cada um dos contos, de forma que foi possível, assim, dar um 360 na obra.

Logo em seguida, corremos todos para a sessão de autógrafos em plena Praça da Alfândega, no meio do povo, ocasião em que pude, sob as lentes sempre atentas da hermana Carolina Costa, conversar melhor tanto com os que presenciaram o bate-papo quanto com os que foram para o autógrafo ou, simplesmente, confraternizar. Uma tarde quente, mas não só do sol: quente de afetos. As fotos não deixam mentir.

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E começa o bate-papo

Simone lê trecho de "Chapa Quente"

Público atento

Argumentando...

... e trocando ideia

Com Leocádia, que nos recebeu e assistiu
carinhosamente na sala O Retrato

Com o primo Leandro Leão já na sessão de autógrafos

A amiga Viviane, que também prestigiou o bate-papo

O querido casal Roberto e Júlia: biautógrafo

Batendo um papo com os sempre presetnes amigos Lisi e Rodrigo

Colega de Accirs, a querida professora Fatimarlei Lunardelli

Amigo de infância, professor Nilson Araújo e a esposa Carol

Preparando mais um autógrafo

Queridos Guilherme e Camila

Um abração na parceira de bate-papo e
das letras Simone Saueressig

Amigo Otávio Silva

Primo Luis Ventura foi de muleta e tudo

Hermanos na expectativa...

Com eles no último autógrafo da fila



texto: Daniel Rodrigues
fotos: Carolina Costa, Luis Ventura
Marjorie Machado/Câmara Riograndense do Livro

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

"Verissimo", de Angelo Defanti (2023)


por Leocádia Costa

“Tudo em Verissimo – a emoção, o lirismo, o drama e até a erudição de quem leu, viveu, ouviu e assistiu do bom e do melhor – é contido e temperado pela autoironia e por um humor generoso e irresistível”. 
Zuenir Ventura – "Conversa sobre o tempo"

“A vida privada do brasileiro, contudo, é o seu forte – ou as comédias da vida privada, para dizer melhor. Os rituais do namoro e do casamento, o sexo, as infidelidades, o choque de gerações, tudo isso é um prato cheio para o escritor. Quanto ao humor de Verissimo, ele é de um tipo muito especial. Por mais incisivas que sejam, suas piadas nunca destilam raiva. Ele não procura o fígado do leitor nem professa um humor amargo, desiludido com a humanidade. Verissimo afirma que, à medida que envelhece, talvez esteja caminhando para um ceticismo terminal, daqueles que não dão desconto. Mas ainda não chegou lá.”
Revista Veja, em reportagem de capa sobre Luis Fernando Verissimo

“Superlativo já no nome, Verissimo possui dois instrumentos de audição, dois de visão, um, bifurcado, de olfato, um gustativo (exemplarmente cultivado) mas, homem cheio de dedos, é bom mesmo no tato. Humorismo nunca ninguém lhe ensinou. Ele se riu por si mesmo.” 
Millôr Fernandes - "Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos"


Assistir ao filme do multiartista Luis Fernando Verissimo é vivenciar a passagem do tempo e a chegada da maturidade de um homem perto de completar os seus 80 anos de vida. 

O filme começa de uma forma muito bonita, revelando o dia a dia, a rotina desse escritor, a sua escuta permanente de todos os sons ao redor, a sua relação íntima com a família (com a esposa Lúcia, com os filhos Pedro, Mariana e Fernanda, com os netos Lucinda e Davi), a sua predileção apaixonada pelo time do coração, Internacional. Aliás, essa é uma das paixões, além da literatura, que temos em comum, pois também me tornei igualmente torcedora, de forma irreversível, após sucessivas experiências traumáticas: vestir uma camiseta pinicante do Grêmio quando criança, uma apreensiva ida ao estádio clássico da Medianeira e passar 90 minutos na iminência de receber um saco de urina na cabeça, e por fim, namorar um gremista... disso tudo  se salva somente a entrada do almoço do restaurante Mosqueteiro, que era “mara” e onde fui com meus pais algumas vezes ainda na primeira infância. 

Voltando ao filme: o documentário mostra uma série de relações que foram se estabelecendo no decorrer do tempo entre a sua produção literária, a sua produção jornalística e a sua forma de estar no mundo. É um filme que encanta a gente! Deixa-nos ver de forma tão íntima a rotina dele e nos permite encontrar um escritor com o corpo idoso, mas com uma mente superligada em tudo que está acontecendo. Verissimo tem uma incrível curiosidade, um senso de humor permanente, né? E de uma forma muito imediata, embarcarmos naquilo que a gente poderia dizer que é o imaginário dele, sabe? 

Momento de intimidade com os netos
No filme me chamou atenção a relação dele com a neta Lucinda, a mais velha entre os netos e muito parecida com ele. Os dois se entendem no olhar, se entendem nas pausas e se entendem nessa “maluquice do bem” que é vivenciar mundos paralelos diversos, enquanto inventam personagens, estórias e situações, só para se divertir, só por ser prazeroso, só por haver essa troca entre os dois. Avô e neta, escrevendo os dias – é tocante. 

O filme me fez lembrar também da primeira vez que eu entrei na casa dos Verissimo. Porque essa casa tem uma identidade muito forte: é uma casa que estrutura parte da história de uma família, desde a existência dos pais do cronista, o renomado Érico Verissimo e a Dona Mafalda. Interessante perceber que pai e filho souberam costurar o tempo em suas existências. Foi ali que o valioso núcleo familiar vivenciou e construiu suas vidas em Porto Alegre. Ver Luis Fernando ali, nesse ambiente tão fértil, e ao mesmo tempo, tão sólido, onde tudo continua existindo é, sim, parte dessa história. 

Lembrei-me da primeira e única vez que eu entrei, lá em 1997, quando eu fui entrevistá-lo para o meu Trabalho de Conclusão de Curso da PUCRS, em Comunicação Social – Publicidade intitulado: “Comédias da Vida Privada – uma produção ficcional na televisão brasileira”. Quem conseguiu o contato foi a minha queridona Gagá (Maria da Graça Dhuá Celente), que era amiga da família, coordenava o Departamento de Publicidade da FAMECOS/PUCRS, onde eu, estudante quase me formando, era sua monitora e na mesma instituição que eu havia sido sua aluna. Ela, com toda a gentileza, colocou-me em contato com a agente literária e com a esposa do Verissimo. Eles se conheciam acredito que dos tempos da publicidade em que Verissimo foi redator no Rio de Janeiro, mesma cidade em que conheceu sua esposa, Lúcia. Uma ponte muito amorosa se ergueu naquele momento, reverberando posteriormente na minha entrada em outros mundos literários. Gagá me ingressou na Publicidade e, de certa forma, me fixou na Literatura.

Em 09 de junho de 1997, foi apresentado o TCC para uma banca potente, com a cineasta Flávia Seligman, a Gagá e o professor Bob Ramos, além da minha orientadora, Ana Carolina Escosteguy. Falar nessa produção do “Comédias da Vida Privada”, que era muito contemporânea, ainda fresca e presente na televisão e que me deixava totalmente arrebatada, foi algo ousado, mas somente hoje, depois de 27 anos, é que percebo isso. Naquela ocasião, tinha o dever de concluir, em meio a tantos compromissos, uma faculdade. Percebi, muito jovem, esse trâmite entre a Literatura e o Audiovisual, e as entrevistas que se sucederam com Jorge Furtado e Carlos Gerbase me deram essa certeza de que estava com uma percepção fina da realidade.

Como leitora do Verissimo, eu vi verter das páginas que ele tinha escrito, diálogos para televisão com atores e atrizes de uma geração supertalentosa e muito bem dirigidos. Ao entrar naquela casa fui bem recebida pela Dona Lúcia e por ele, que chegou silenciosamente e timidamente sentou-se numa cadeira thonart em frente à minha. Ficamos os dois em cadeiras por alguns minutos ali. Um pouco tímida, fui fazendo perguntas para ele e ele me respondendo, algumas de forma mais breve e outras com o maior profundidade, com a maior atenção.

 O som da rua e o som do relógio estavam presentes naquele meu encontro com Verissimo, como se um estivesse conectado ao mundo externo e o outro marcasse o tempo interno. E no filme esse quase personagem constante se mostra pelo som, o que me trouxe a mesma sensação de quando entrei na casa.

O reservado Verissimo em seus momentos de retiro

Eu estava na frente de uma pessoa que eu admirava muito e simpática a mim, mas totalmente reservada. Ele escutava muito, e isso para mim, que sou super tagarela, foi me dando um senso maior de responsabilidade do que dizer sem ser óbvia ou burra. Mas o fato é que a entrevista foi muito boa, me rendeu algumas informações direto do autor daquela produção toda, que eu rapidamente adicionei no meu trabalho. Um tempo depois enviei uma cópia do TCC para ele ter/ler e fiquei muito surpresa quando soube que ele havia adicionado ao site que ele mantinha com indicações de obras, entre outros itens e indicações de trabalhos sobre a sua produção. Então, acabei concluindo que ele leu e gostou! 

No filme aparece uma cena poética desse respeito que ele tem com as pessoas que se dirigem a ele, como leitoras ou como referência, na espera de uma leitura daquilo que escrevem. O retorno que ele proporciona para quem abre esse diálogo sincero com ele é muito bonito! Um misto de gentileza com escuta, algo cada vez mais raro na sociedade em que se vive. Enquanto eu assistia ao filme tudo isso emergiu, revelando, inclusive, algumas pessoas importantes da minha biografia, além do próprio Verissimo e da Gagá. Relembrei que havia conhecido a Lúcia Riff (agente literária dele e de boa parte dos escritores brasileiros) não num trabalho da Casa de Cultura Mario Quintana, através do Sergio Napp e, sim, nesse momento aí, do TCC, sendo que a Lúcia até hoje é uma pessoa importantíssima em minha vida. Ela foi quem sempre me apoiou e me deu aval para que eu pudesse desenvolver vários trabalhos com a obra do Mario Quintana e foi muito bonito rever a nossa história a partir deste filme. Além dela, outras personagens importantes aqui da nossa cidade aparecem e se relacionam com a momentos da vida de Verissimo e da minha: o inventivo Cláudio Levitan, o poeta Mario Pirata e a pesquisadora Maria da Glória Bordini, pessoas que fazem parte da história de Porto Alegre. 

Foi muito emocionante para mim assistir Verissimo completar 80 anos através deste filme, pela TV após ter sido impedida de ver no cinema, em maio deste ano, em função das enchentes que atingiram não somente a programação da estreia mas a sala de cinema onde aconteceria a exibição. Verissimo sempre esteve muito presente na minha casa, era lido por meus pais, muito antes de eu ser sua leitora. Nestes mais de 40 anos que eu convivo com seus pensamentos e senso de humor muito lúcidos e geniais, volto a dizer que os artistas não deveriam se afastar dos seus ofícios. Sendo eternos mesmo quando se tornam um dia invisíveis à nossa percepção, a obra, o olhar e o recorte do tempo permanecerão imortais para quem os leu profundamente. O tempo é uma realidade com a qual precisamos saber lidar. Afinal, somos nós quem passamos por ele e, Verissimo faz isso de maneira suave, constante e inspiradora. 

Obrigada, Verissimo, por tanto! E agradeço também por esse encontro às sensíveis e generosas mulheres Gagá e as “Lúcias” Verissimo e Riff.

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tralier oficial de "Verissimo"


"Verissimo"
Direção: Angelo Defanti
Gênero: Documentário
Duração: 90 min.
Ano: 2023
País: Brasil
Onde encontrar: NET/Claro - Now


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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Exposição "Tomie Ohtake: seis décadas de pintura" - Instituto Ling - Porto Alegre/RS

 

Assim como filmes que merecem ser vistos no cinema enquanto estiverem em cartaz, há exposições que não podem ser perdidas, ainda mais quando passam pela tua cidade. Caso da exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”, da artista visual nipo-brasileira Tomie Ohtake (1913-2015). Trata-se de panorama que percorre momentos bem pontuados da carreira de Tomie, que visitei com Leocádia e Carolina numa escaldante tarde porto-alegrense.

Fazendo um apanhado dos 60 anos de produção da artista, a mostra é enxuta em volume de obras, apenas 12 óleos e tinta acrílica sobre tela (todos sem título). Porém, a vontade de apreciar mais artes de Tomie é relativamente sanada com a excelente curadoria de Cézar Prestes, que conseguiu reunir quadros muito representativos das diferentes épocas de sua produção. Nas palavras de Prestes, a apreciação da exposição “leva o espectador a desfrutar de um mundo de imensa força pictórica e sensorial – mesmo que não tenha conhecido as fases anteriores da artista, atende ao chamado de sua arte”.

Já havia tido a oportunidade de ver obras de Tomie em outras exposições coletivas, tanto no Rio de Janeiro quanto em Curitiba mas, principalmente, no maravilhoso Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, onde estive em 2010 com minha mãe. Porém, uma seleção individual e focada em sua trajetória é, mais do que um presente à cidade em que moro, um sublinhado da excelência da arte brasileira moderna das últimas seis décadas.

Há quem valorize Tomie mais do que ao celebrado artista visual norte-americano Mark Rothko, a quem atribuem ser menos inovador (e nem pioneiro) no estilo de arte expressionista abstrata. A obra de 1967 da mostra de Tomie, a mais antiga entre todas expostas, talvez seja uma prova disso: a disposição cromática, que divide o quadro em blocos, como que fundando mundos distintos mas dialogáveis. Por falar em mundo, interessante perceber a noção espacial de Tomie - muito oriental, aliás - inclusive no que se refere a elementos pictóricos, seja das superfícies ou da natureza. O quadro de 1968, onde se percebe associada ao verde escuro a forma e a textura de uma lua, ou a impressionante tela de 2013, de cujo amarelo intenso se observa à distância genes encadeados, carregam esta ligação orgânica entre abstração e realidade.

Ideias estas que subentendem movimento, como o sutil deslocamento de luz por detrás de camadas escuras na obra de 1985, a qual se mostra mais evidente (como que ampliada) na de um ano antes. Impressiona igualmente a habilidade cromática de Tomie. Como se faz para extrair cores tão vívidas e pessoais? A junção destes elementos – cores próprias, imagem astral e organicidade – está evidente em duas das obras da exposição: o grande óleo sobre tela de 2002, que ocupa sozinho a parede ao fundo do espaço e o qual invoca um universo em ebulição, e, um pouco menor, a de 2013, das obras da última safra da artista antes de sua morte. Olhando-se de longe, parece até uma foto de uma floresta escura vista de cima tamanha a vivacidade da luz. Porém, quando se aproxima, nota-se um traço abstrato esvanecido em que a luz é trabalhada em núcleos distintos, que formam o todo.

Completam ainda a exposição telas dos anos 70 (1970, 1974 e 1976), que, embora também tenham deixado a sensação de que poderia haver mais, principalmente considerando o gigantesco acervo de Tomie Ohtake, foram suficientes para encantar nossa tarde. Confiram abaixo algumas fotos e vídeo daquilo que pode ser visitando até dia 25 deste mês de fevereiro:

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Obra dos anos 60. Melhor que Rothko?


Noção espacial e texturas de superfícies


O sutil movimento expresso em obras de anos sequentes, 83 e 84


A impressionante tela azul que remete a um universo em movimento


Carol e Léo atentas à exposição


Minha vez de apreciar a arte de Tomie



Trabalho de luz incrível de Tomie: visto de longe, uma selva. de perto, borrões esverdeados


O intenso amarelo que descortina um caráter genético


O minimalismo oriental de Tomie


Visão geral do salão


Uma panorâmica da exposição "Tomie Ohtake: seis décadas de pintura"

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Exposição Tomie Ohtake: seis décadas de pintura
localInstituto Ling
endereço: R. João Caetano, 440 - Três Figueiras, Porto Alegre - RS
quando: até 25 de fevereiro
horário: de segunda-feira a sábado, das 10h30 às 20h
ingresso; gratuito 
Mais informações:
 
institutoling.org.br


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues e Leocádia Costa


sexta-feira, 25 de março de 2022

“50 Olhares da Crítica sobre o Cinema Gaúcho” – Manhã de autógrafos com os autores – Sala Radamés Gnatalli - Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS (20/03/2022)

 

Emoldurado por um dos cartões
postais da cidade, o Araújo Vianna,
 local onde foi lançado o livro
“Mas não é só o filme que carrega em seu corpo sinais. Sociedades e cidades também as têm, mesmo que por baixo das vestes. 'O Caso do Homem Errado', na linha do que outras realizações vêm evidenciando há aproximadamente 20 anos na produção audiovisual negra no Brasil e noutros polos cinematográficos, denuncia verdades fadadas até então ao apagamento da história, ao escurecimento – sem o perdão da redundância.”
Trecho do artigo "A Pele da Cidade", sobre o filme “O Caso do Homem Errado”

Antes de pisar sobre o chão da sala Radamés Gnatalli, no Auditório Araújo Vianna, na manhã do domingo, dia 20 de março, já tinha ideia que viveria um momento especial. A presença de my love Leocádia e de minha hermana Carolina, somadas à coincidentemente bem-vinda presença de minha mãe, Iara, chegada do Rio de Janeiro horas antes por outros motivos, mas que a deu condições de também comparecer ao evento, já garantiam a especialidade. O retorno, depois de 2 anos e alguns meses de total ausência de eventos presenciais por conta da covid-19, ao mesmo tempo em que excitava pela novidade, também assustava pela descostume. Havia também como elemento adicional as comemorações pelos 250 anos de Porto Alegre, do qual o livro faz parte através do projeto Cine Rock, momento raro na história de qualquer cidade. Tudo fazia aumentar a espera.

Mas todos os receios e expectativas foram totalmente superados ao que adentramos a sala onde “50 Olhares da Crítica sobre o Cinema Gaúcho” teve seu histórico lançamento. A felicidade de todos era visível, fosse pelo feito da materialização do primeiro livro da ACCIRS em 24 anos de associação, fosse pela alegria de poder rever as pessoas depois de tanto tempo, fosse pela satisfação de, simplesmente, dividir aquele momento com os colegas, amigos, familiares e realizadores. O livro da ACCIRS é feito em correalização com a Opinião Produtora por meio do projeto Cine Rock, aprovado pelo Pró-Cultura RS e pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do RS e patrocínio da JBS.

De minha parte, mesmo sem convidar a ninguém especialmente, fui agraciado com, além destas as quais mencionei no início, ricas presenças que me fizeram ainda mais completo. Estiveram lá, representando a família Leão, meu primo Henrique, filho de Cléber, competente professor e historiador que tão essencialmente contribuiu para o artigo de minha autoria no livro. Fizeram meu coração sorrir também os amados amigos Rodrigo, Lisi, Malu e Elis, e Valéria Luna com a sua filha Dora, bem como dividir - e trocar - autógrafos com Conrado Oliveira, colega de trabalho e de cinefilia. Completou-se ainda com a satisfação de rever (e abraçar) os colegas jornalistas Paulo Moreira, membro da ACCIRS mas que não participou da edição, e Ana Mota, outra que coincidentemente, assim como minha mãe, aterrissou em Porto Alegre e também não quis perder a oportunidade de prestigiar.

Do livro em si, adianto que ainda não será possível me estender. Mal consegui folheá-lo do dia do lançamento até hoje e, para modo de não dar luz ao que mereça, prefiro deixar para uma outra postagem aqui no blog mais adiante – talvez até nem por mim mesmo. Entretanto, agora já posso comentar brevemente sobre o artigo que escrevi e o filme o qual escolhi: “O Caso do Homem Errado”, o essencial documentário da cineasta Camila de Moraes, de 2017, primeiro longa dirigido por uma mulher em então mais de 60 anos de produção cinematográfica no Rio Grande do Sul. Histórico por si só. Mas não somente isso: “O Caso...” trata-se de um grande filme, absurdamente atual diante da uma realidade social gaúcha e brasileira.

Em meu artigo, o qual considero grave por necessidade temática, discorro sobre questões que ligam o ontem e o hoje nas relações de preconceito racial e urbanicidade. Como disse anteriormente, a colaboração de meu primo Cleber é de suma importância para a abordagem proposta, uma vez que sua visão do brancocentrismo na sociedade é chave para fazer ligar essas pontas que enlaçam passado e presente. 

Fico aqui, porém, em palavras, mas os deixo com alguns dos felizes registros feitos neste dia marcante para a história da crítica de cinema no Rio Grande do Sul, para o cinema do Rio Grande do Sul, para quem faz e curte cinema no Rio Grande do Sul. Para mim, que nasci e moro no Rio Grande do Sul. Uma coisa posso lhes dizer: que momento feliz vivemos neste dia! 

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Um brinde com a mãe e o primo

Love, love, love: cinema, cinema, cinema

Conrado e eu: quando é que vem o próximo em conjunto?

Com hermana, que fez a manhã de autógrafos ser ainda mais iluminada


Os amigos da "visões periféricas" e da vida

Val, Dora e eu: Guaíba e Capibaribe

Autógrafos para a filha e ex-esposa de Luis Carlos Merten,
referência pra qualquer crítico de cinema

A amada presença de Henrique representando os Leão

O professor Paulinho Moreira foi prestigiar!

O exemplar autografado de d. Iara não podia faltar...

... E ela logo pegou pra ler!

Com as queridas colegas de ACCIRS
Mônica Kanitz e Fatimarlei Lunardelli

Posando para a foto conjunta com todos os autores presentes...

... E outra com a minha galera, claro!


texto: Daniel Rodrigues
fotos: Leocádia Costa e Carol Rios