Pode-se dizer que este Clylive é, na verdade, um Claquete. A possível confusão entre as sessões do Clyblog se justifica, pois a exibição ao vivo a que me refiro foi de cinema. E para uma ocasião muito especial em pleno Largo dos Açorianos, um dos pontos mais emblemáticos de Porto Alegre. Ou melhor: duas ocasiões. O que pude conferir com Leocádia, Carolina, Cláudio e a ilustre e comportada presença de nossa cachorrinha Bolota, foi uma sessão a céu aberto do clássico da cópia restaurada do filme gaúcho “Um é Pouco, Dois é Bom”, do pioneiro do cinema negro no Rio Grande do Sul Odilon Lopez e o terceiro cineasta negro a dirigir um longa-metragem no Brasil. A programação ocorreu dentro projeto RodaCine, parceria da Coordenação de Cinema e Audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre e Fundacine RS.
Pois esta exibição, antecedida do excelente curta-metragem “Chibo”, de Henrique Lahude e Gabriela Poester (sobre o qual já falamos aqui no blog quando do último Festival de Cinema de Gramado, onde foi vencedor como melhor curta gaúcho na Mostra Assembleia Legislativa) marcou tanto a semana do aniversário de 253 Porto Alegre quanto, principalmente, encerrou a semana de aniversário de 10 anos da resiliente e celebrável Cinemateca Capitólio, este patrimônio do audiovisual e da cultura gaúchas retrazido ao público há uma década.
O divertido “Um é Pouco, Dois é Bom”, de 1970, é produzido, roteirizado, protagonizado e dirigido por Odilon Lopez (1941-2002) e tem diálogos assinados por um jovem escritor então em início de carreira chamado Luís Fernando Verissimo. Afora isso, a ótima trilha é composta pelo pianista e compositor Flávio Oliveira, amigo do pai de Leo e Carol e a quem elas devotam muito carinho. Veja as coincidências!... O filme, com momentos muito interessantes e até experimentais em termos de direção e edição, o filme é dividido em duas partes, que dialogam de forma bastante sutil, mas não deixam de ter complementariedade. No entanto, o segundo e derradeiro episódio, “Vida Nova ... Por Acaso” é, sem dúvida, o mais apreciável. Com o próprio Odilon no papel do “pickpocket” Crioulo, que junto com seu inseparável parceiro de furtos Magrão (vivido por Francisco Silva), tem bem a veia cômica e crítica que marca a escrita de Verissimo que se passou a conhecer melhor depois e a qual ele desenvolveria largamente a partir de então.
Afora o prazer de ver um filme histórico, a ocasião em si foi muito especial. Além das parcerias, ver o Largo dos Açorianos lotado de gente de “cuca legal” é um sopro de esperança em tempos de tamanho terror bolsonarista, fascista, trumpista ou o que quer que seja ligado à excremente extrema-direita. Uma Porto Alegre que respira!
Nisso, uma coisa boa e outra nem tanto na programação. A boa, é que, além de celebrar o restauro e exibi-lo a um público mais amplo do que nas salas de cinema, o próprio longa, que se passa em vários endereços da cidade, como o Parque da Redenção, a frente do prédio do Daer, a rodoviária, as ruas do Centro, entre outros, configurou-se em si uma celebração pelo aniversário da capital gaúcha. O erro, contudo, foi escolher o denso “Chibo” para abrir a sessão, uma vez que sua exibição ficou prejudicada tendo em vista que o filme depende em vários aspectos da concentração da sala escura. A sonoridade ruidosa, os poucos e propositadamente confusos diálogos mas, principalmente, a fotografia escura, quase invisível, visivelmente não funcionaram ao ar livre – ainda mais porque a produção esqueceu de apagar os refletores da praça logo de início, o que deixou só depois o ambiente bem mais “escurinho” e adequado para os espectadores. Fora isso, tudo muito joia. Afinal, a grande estrela da noite de calor um ventinho de chuva que nos assustou um pouco foi “Um é Pouco...”, novinho em folha em seus 55 anos de existência e resistência.
Confira ou pouco de como estava o clima nesta noite festiva de Porto Alegre:
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Muita gente pra ver a sessão ao ar livro de "Um é Pouco..."
O ano de 2024 foi desafiador para todo gaúcho por conta dos desastres climáticos de maio. A área do cinema, claro, foi bastante afetada, seja pela interrupção das atividades, seja pelo prejuízo material a espaços e salas de cinema, seja pela natural inserção no cenário local enquanto atividade cultural e econômica, Claro que, indireta e até diretamente em alguns casos, a Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), em seu 16º ano de atividade, também foi afetada. Atividades que ocorreriam em junho não se realizaram e outras nem se pode cogitar isso. Porém, uma delas, foi mantida: a já tradicional eleição dos Melhores do Ano, que tem por base produções lançadas em mostras e festivais, no circuito comercial e também em plataformas de streaming, no caso, de 2024.
Dividida em dois turnos, a votação selecionou os melhores longas-metragens estrangeiro, brasileiro e gaúcho, além do melhor curta gaúcho do ano. Ainda, os membros da associação entregam, desde a primeira edição dos Melhores do Ano, o Prêmio Luís César Cozzatti, que reconhece filmes, projetos, instituições ou pessoas de destaque no cenário audiovisual gaúcho. Os vencedores foram revelados em primeira mão durante evento sobre crítica online e atuação internacional com o historiador e crítico de cinema Waldemar Dalenogare, realizado no dia 14 de janeiro, na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana, o qual tive o privilégio de mediar. Sala lotada, público interessado, muitas interações e selfies.
Confira, então, os vencedores do Prêmio Accirs 2024:
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Melhor curta-metragem gaúcho: "Pastrana", de Melissa Brogni e Gabriel Motta
É hat-trick que se fala quando no esporte alguém atinge a marca de repetir três vezes o mesmo feito, né? Podemos dizer que "Pastrana", dos jovens cineastas Melissa e Gabriel, marcou esse triplete. Primeiro, no 52º Festival de Gramado, em agosto, quando nosso júri do "Gauchão", o Prêmio Accirs para curtas-metragens gaúchos dentro da Mostra Assembleia Legislativa, votou nesta produção para o filme. Mais adiante, em novembro, igual: nosso júri de crítica formado para o 2º Festival de Cinema de Canoas o escolheu. Agora, para ratificar, o grupo de membros consagra este belo documentário de montagem ágil, imagens impactantes e narrativa tocante que presta, por meio de um enfoque muito pessoal, homenagem ao skatista de downhill Allysson Pastrana, falecido trágica e precocemente em 2018 durante uma competição.
Melhor longa-metragem gaúcho:
"Até Que a Música Pare", de Cristiane Oliveira
A Accirs ainda não havia premiado Cristiane nem com o belo "A Primeira Morte de Joana", de 2023, como também ao brilhante "Mulher do Pai", de 2017, um dos mais importantes filmes da nova cinematografia gaúcha. Agora, enfim, veio o reconhecimento ao seu terceiro longa, que conta a história de Chiara, matriarca de uma família de descendência italiana, e seu marido, Alfredo, que decide acompanhá-lo em uma de suas viagens a trabalho para não ficar só em casa depois que o último de seus filhos sai do lar para morar sozinho. A sensível história, contada com ainda mais sensibilidade pela cineasta, põe o casal diante do maior desafio de suas vidas com o casamento de 50 anos à prova.
Longa-metragem nacional:
"Ainda Estou Aqui", de Walter Salles
O filme que arrebatou crítica e, incrivelmente, público fora e dentro do Brasil. Mas o fenômeno "Ainda Estou Aqui", embora raro para o cinema brasileiro, tendo em vista o tema e a abordagem competentes mas nada pop como as comédias da Globo Filmes, é totalmente merecido. O filme que levou Fernanda Torres ao Globo de Ouro e o Brasil ao Oscar é uma sensível e comprometida reconstrução da história real da família Paiva, que viu o pai de cinco filhos e marido da resistente Eunice Paiva ser levado pelos militares para nunca mais voltar. Obra forte e necessária - principalmente, no atual momento em que as manifestações fascistas volta a ameaçar as democracias e os direitos humanos.
Longa-metragem Internacional:
"Anatomia de uma Queda", de Justine Triet
O que os olhos enxergam? Que olhos são esses, o do espectador? O da diretora? O de um personagem cego? Os de um cão de olhos sadios, mas irracional? O olhar da Justiça? O brilhante e incomum thriller de Justine é um misto muito bem argumentado de drama familiar, filme de tribunal e análise sociocomportamental da sociedade francesa. Todas as interrogações que o filme levanta e convida o espectador a acompanhar o desenrolar da trama, ora desvendando, ora impondo novos questionamentos. Com isso, outros pontos também surgem: o cinema não seria exatamente isso, a dúvida do que se vê ou se escuta? Mesmo com outros ótimos filmes internacionais em 2024, como "Dias Perfeitos", "Os Colonos" e "Pobres Criaturas", a Accirs teve a lucidez de premiar "Anatomia de uma Queda", outra obra de cineasta mulher assim como os brasileiros "Pastrana" e "Até que...".
Prêmio Luís César Cozzatti (destaque gaúcho):
Hélio Nascimento
Um dos mais respeitados críticos de cinema em atividade no Brasil, Hélio Nascimento assina há 64 anos uma coluna semanal sobre cinema no Jornal do Comércio, de Porto Alegre. Atualmente com 88 anos de idade, foi agraciado, em 2022, com o Prêmio Gramado 50 Anos no Festival de Cinema de Gramado, honraria destinada a pessoas cujas trajetórias em cinema se destacaram ao longo das décadas. Hélio tem dois livros lançados: "Cinema Brasileiro", de 1981, e "O Reino da Imagem", de 2002, e integra o livro "50 Olhares da Crítica Sobre o Cinema Gaúcho", publicado em 2021 pela Accirs e da qual é sócio-honorário.
Dois curtas-metragens produzidos no Rio Grande do Sul em especial saltaram aos olhos na última edição do Festival de Gramado. O primeiro deles foi, obviamente, a grande revelação “Pastrana”. Vencedor do prêmio de Melhor Curta-Metragem na competição nacional, feito que não ocorria há anos no cinema gaúcho, o filme dos jovens diretores Melissa Brogni e Gabriel Motta ganhou, com total merecimento, ainda os Kikitos de Melhor Fotografia e Montagem, além de arrebatar a crítica na Mostra Gaúcha – Prêmio Assembleia Legislativa, levando o Prêmio ACCIRS, e mais o de Melhor Produção Executiva.
Porém, outro filme dessa recente leva gaúcha um pouco menos laureado, mas nem por isso, menor em relevância e qualidade, é, “Chibo”. Eleito melhor curta-metragem gaúcho no Prêmio Assembleia Legislativa, o filme dos também jovens realizadores Gabriela Poester e Henrique Lahude tem a potência inquietante do filmes de arte. Se “Pastrana” conquista o público em poucos minutos por sua montagem ágil, imagens impactantes e narrativa tocante ao prestar, num documentário muito pessoal, uma homenagem ao skatista de downhill Allysson Pastrana, falecido trágica e precocemente em 2018 durante uma competição, “Chibo”, por sua vez, vale-se de outras ferramentas para se erguer enquanto obra. O que faz com bastante originalidade.
O filme traz a história de uma família, que vive na fronteira entre Brasil e Argentina, às margens do rio Uruguai, e que trabalha com chibo - travessia clandestina de mercadorias para subsistência, comércio e pessoas. Dani, a filha mais velha, está prestes a concluir o ensino médio e enfrenta as decisões dessa fase da vida. Num realismo cru, fotografia que oscila entre o sujo e o poético e uma proposta de “dificultação” do olhar, “Chibo” capta tanto a questão identitária e socioeconômica do gaúcho quanto a feminina e a da juventude em busca de perspectivas.
Em perspectiva de uma onda de produções gaúchas que vêm questionando valores arraigados (e, no mais das vezes, desgastados) do povo Rio Grande do Sul, como os longas “Casa Vazia” (Giovani Borba, 2021), “Rifle” (Davi Pretto, 2017) e os recentes “Além de Nós” e “Sobreviventes do Pampa”, ambos de Rogério Rodrigues, “Chibo” traz à tona uma outra perspectiva para essa saudável discussão. Num estado que recentemente viveu a maior catástrofe natural de sua história e tenta, a murros em ponta de faca, reconstruir-se, por que não, então, diante do presente sentimento de crise, voltar-se para dentro e repensar a si próprio? Afinal, o que é esse ser gaúcho? Filmes como “Chibo” trazem à tona um dos pontos essenciais dessa discussão, que é a questão do trabalho e sua precarização. Enquanto o agro monocultural e tecnológico (leia-se soja e pecuária) avança, para onde vão pessoas como Dani e seus familiares, à margem deste processo? Não à toa, simbólica e praticamente eles margeiam um rio que divide dois países vizinhos permanentemente em dificuldade econômica.
Cena de "Chibo": é preciso repensar o gaúcho
Além disso, “Chibo” também guarda um olhar muito apurado para a questão feminina. Que perspectiva de vida uma adolescente tem naquele fim de mundo pobre e sujeito a piorar? Causa uma desacomodarão ao espectador ver os momentos da protagonista em casa ou na lida com os bichos na pequena propriedade, ao passo que também é encantador vê-la nas interações com a irmãzinha imersas na paisagem bonita daquele local longe do mundo.
Seja a emoção genuína que “Pastrana” causa no espectador, seja o desconforto propiciado por “Chibo”, o Rio Grande do Sul ganhou dois excelentes representantes do novo cinema este ano. E como curtas-metragens são a porta para realizações mais audaciosas futuras, que venham os desafios. Gabriela e Lahude, por sinal, já estão em desenvolvimento do longa-metragem "Caça". A se ver pelas mostras iniciais, o caminho foi muito bem aberto.
Com a realização ainda em curso do 52º Festival de Cinema de Gramado, onde estive dias antes de descer a Serra de volta para Porto Alegre, participei de outra atividade envolvendo a crítica de cinema, esta na Sala Redenção, na Reitoria da UFRGS. Foi um debate sobre o belo documentário “As Canções”, de 2011, do mestre Eduardo Coutinho, um de seus últimos filmes. A ocasião foi em virtude de um afetuoso convite do colega de Accirs Paulo Casa Nova, presidente do Clube de Cinema de Porto Alegre, o mais antigo clube do tipo no Brasil, fundado em 1948 pelo célebre cinéfilo gaúcho P. F. Gastal e que teve como membros em sua longa história nomes como Mario Quintana, Erico Veríssimo, Ítala Nandi, Carlos Reverbel, Carlos Scliar, Vasco Prado, Fernando Corona, entre outros. O mote: uma homenagem a Coutinho, a quem perdemos tragicamente há 10 anos vitimado pelo próprio filho. Ou seja: um convite irrecusável.
Com mediação da também colega de associação de críticos Kelly Demo Christ, Diretora de Comunicação do CCPA, pude, além de rever esta preciosa obra de Coutinho, debatê-la com o público presente, bastante interessado e, assim como eu, impressionado com a riqueza poética e artística do filme. O enredo é simples: 18 pessoas comuns selecionadas aleatoriamente através de anúncios em jornais relatam de frente para a câmera, num cenário com apenas uma cadeira para sentarem e cortinas escuras atrás, casos particulares relacionados a determinada música que lhes marcara a vida. Simples, contudo, é modo de dizer, pois é justamente dessa aparente simplicidade que Coutinho, hábil entrevistador e perscrutador da alma humana, extrai histórias quando não marcantes, ainda mais do que isso: impactantes e emocionantes.
Entre os aspectos que pude dividir com os presentes, um deles foi a visão de mundo de Coutinho, um marxista convicto que pautou sua obra - principalmente a documental, a qual passou a se dedicar exclusivamente partir dos anos 70 e pela qual ficou identificado - por um humanismo atravessado pela perspectiva da dialética como motor para o entendimento das relações de classe e, por isso, humanas. Esta característica, que surgiu com total potência em sua obra-prima, “Cabra Marcado para Morrer”, de 1983, ainda sob a égide da Ditadura Militar, se materializou em várias de suas realizações posteriores, principalmente a partir dos anos 90, quando se consolida de vez no documentário. Filmes como “Santo Forte”, “Moscou”, “Edifício Master” e “O Fim e o Princípio” carregam invariavelmente esta forma dual de enxergar o ser humano em sociedade, desvelando com uma sensibilidade ímpar sentimentos muito profundos por meio de uma investigação quase antropológica.
Em “As Canções”, valendo-se da máxima de que somente uma música é capaz de ter potência suficiente para guardar na memória sentimentos sublimes, este aprofundamento emocional se dá em vários momentos, seja nos tocantes depoimentos, seja nas interpretações das músicas (sim, cada pessoa canta pelo menos um pedaço da canção, mesmo não sendo cantores profissionais), seja no sensível trabalho de edição. A forma jornalística como o cineasta conduz as abordagens ganha, na montagem, traços “ficcionais”, que vão trazendo correlações, espelhamentos, divisões, coincidências.
trailer de "As Canções", de Eduardo Coutinho
O sentimento de abandono marital da platônica Sonia é o mesmo da inglesa Isabell e da sofrida Lídia, mas não que suas aparições se deem necessariamente numa sequência. Igual, viuvez, como nos relatos de Gilmar e de Ózio. Isso quando não se suscitam correlações ainda mais sutis: não seria tão fatal quanto pensar que, da forma como o militar João Barbosa confessa ter tratado a esposa ou a conturbação do relacionamento de Sílvia (mulher de olhar triste que encerra o filme noutra tocante fala) uma forma de morte também?
Diversos elementos que a obra de Coutinho nos leva a refletir, como o que pudemos fazer por algumas horas na sessão do Clube de Cinema. Um privilégio e um prazer.
A participação de um filme em um festival não significa necessariamente ser esse seu apogeu. Afora o feito de figurar entre os selecionados, o que muitas vezes já e quase uma premiação, principalmente a realizadores estreantes e ainda em processo inicial de carreira, não quer dizer que o festival irá enxergar a obra na hora de julgar. Pode-se dizer que algo próximo disso ocorreu na Mostra de Curtas-Metragens Brasileiros do 52º Festival de Cinema de Gramado, encerrado no último dia 17. Dos 12 títulos concorrentes, 11 deles levaram para casa algum tipo de premiação, menos um: o baiano “Movimentos Migratórios”, de Rogério Cathalá. Justamente, o que talvez seja o melhor de toda a seleção.
O fato de “Movimentos...” ter saído de mãos vazias de Gramado não quer dizer, portanto, que não guarde qualidades. Muitas. Num preto e branco limpo, quase esmaecido pelo sol calcinante de Salvador, o curta traz a história de Pedro, um imigrante sul-americano que se esforça para se adaptar ao novo país. Numa manhã, antes de sair de casa, um andorinha cai na sua sacada, e ele, bom coração, divide-se entre a rotina de busca por emprego e a tentativa de salvar o pássaro, enfrentando obstáculos que refletem a sua própria condição.
A história é contada a partir do ponto de vista de Pedro, o qual se reflete simbolicamente na visão da ave presa à caixa de sapatos onde achou para acomodá-la. A prisão da diáspora social, a prisão de quem perde a identidade, de quem está machucado e não pode usar as próprias asas. Artista, além da caixa, Pedro também levava debaixo do braço um inseparável violão, cujos acordes, quando tocados por ele na rua em troca de algumas moedas, perfaz a única trilha sonora do filme forçosamente incidental. Um artista e um pássaro sem ninho (um artista-pássaro sem ninho).
O imigrante Pedro vivido por Arturo Campos Begazo, falecido antes do filme estrear
A concepção fotográfica (Rafael MacCulloch) e artística (Eva Freire) concorda com a abordagem crítica desta pequena obra, visto que, ao mostrar a geralmente vibrante capital baiana seca e sem cores, corrobora com uma visão antropológica também pouco convencional quando se fala no povo nordestino: a de uma gente receptiva e calorosa. Na sua caminhada, Pedro é tratado como uma pessoa menor e mal quista pela sociedade brasileira preconceituosa e xenofóbica. Não há cor no sol de Salvador.
Capaz de tornar possível ainda mais simbologias em um filme tão breve, o movimento de migração ao qual o título alude ganha ainda dois contornos possíveis e que se complementam. O primeiro deles é o de transformação pessoal, uma vez que, feliz em sua empreitada, o protagonista consegue um paradeiro seguro ao amigo alado, o que é sensivelmente transmitido na inversão (única) do ponto de vista dele para o do pássaro, que agora o olha com gratidão de dentro da caixa-abrigo. Já o segundo senso que “Movimentos...” traz só se descortina nos créditos finais. É quando se descobre que o ator principal, Arturo Campos Begazo, havia morrido, e que o filme lhe é dedicado. Tocante. É como se Pedro houvesse se materializado para, em seguida, ajeitar as asas e alçar o voo derradeiro. Virar pássaro.
A despeito dos bem premiados "Pastrana", "Fenda" e "Ponto e Vírgula", que conquistaram mais de um Kikito,“Movimentos...”, curiosamente, não levou nenhum, Nem considerando a política distributiva que festivais como Gramado adota ao contemplar o máximo possível que concorre. Mas tudo isso não faz diferença. A sensível produção de Cathalá (que está em desenvolvimento de seu primeiro longa, “Sombra no Espelho”) se credencia tranquilamente a outros festivais em algum desses aspectos fílmicos aos quais tão bem responde, a começar pela direção. Contudo, prêmio não é o que determina a qualidade de um filme, definitivamente, a se recordar na história do cinema de tantos outros diversos casos, como ano após ano se vê em premiações mundiais como o Oscar. Um salve aos filmes sem prêmio!
Assisti de casa a cerimônia de premiação do 52º Festival deCinema de Gramado, o qual pude, ao menos por alguns dias, participar
presencialmente de novo ao lado de Leocádia, assim como havíamos feito pela
primeira vez em 2022. E desta, além do prazer de estar no maior e mais longevo
festival de cinema do Brasil e de encontrar amigos e colegas, teve um sabor especial: foi o meu primeiro à frente
da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), entidade a
qual assumi a presidência há cerca de 2 meses. Isso fez com que, presentemente,
pudesse integrar, também ineditamente, o júri do Prêmio Accirs aos
curtas-metragens gaúchos, o chamado “Gauchão”, na Mostra Assembleia Legislativa
ocorrida no primeiro final de semana do evento.
Juntamente com meus colegas de associação, Adriana
Androvandi, André Bozzetti, Carol Zatt, Cristiano Aquino, Mônica Kanitz e Paulo
Casa Nova, deliberamos este prêmio da crítica ao agora, uma semana depois,
multipremiado “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta, tendo em vista que
o filme levou também Kikitos na Mostra de Curtas-Metragens Nacionais, incluindo
o principal, o de Melhor Filme. O quase solitário destaque que demos a “Pastrana”
na mostra gaúcha (recebeu apenas mais o singelo troféu de Melhor Produção
Executiva), quando subi ao palco para entregar-lhes o certificado e nosso livro, foi, de certa forma, chancelado na mostra nacional, que, além do
grande prêmio, conferiu ainda o reconhecimento por Fotografia e Montagem a esta homenagem para Allysson Pastrana, skatista de downhill, que faleceu em 2018 durante uma competição.
vídeo da cerimônia de entrega da Mostra de Curtas Gaúchos - Prêmio Accirs
Mas existe ainda mais um fator de especialidade a esta nova participação
minha em Gramado. Havia composto o júri da crítica na 49º edição, em 2021, alto da pandemia da
Covid-19, o que obrigou a que todo o festival fosse virtual, inclusive a
contribuição do grupo do qual estive. Desta feita, no entanto, outra felicidade
me aproximou diretamente dos filmes, que foi integrar a comissão de seleção dos
curtas-metragens nacionais, empreitada que encarei entre junho e julho ao lado
de três competentes mulheres: a atriz e diretora Fernanda Rocha, do Rio de
Janeiro; a professora da UFMS Daniele Siqueira, do Mato Grosso, e a cineasta, professora
e minha colega de Accirs Daniela Strack.
Cartaz do excelente "Pastrana", conquistas nas mostras gaúcha e nacional
Da difícil seleção dos mais de 300 filmes que assistimos e
discutimos, dentre os quais muita coisa de alta qualidade, restaram os 12
títulos concorrentes, seleção esta que, aliás, foi mais de uma vez elogiada no
palco durante a cerimônia de premiação, o que me deixa bastante orgulhoso. E mais
ainda por ver o gaúcho “Pastrana”, um de nossos escolhidos para esta seleção, sair
vencedor como há 9 anos não ocorria – principalmente em um ano em que o Rio Grande do Sul foi tão afetado
pelas enchentes ocorridas em maio. Somando-se à escolha do público pelo ótimo e
tocante “Ana Cecília”, a outra produção gaúcha da mostra de curtas nacionais pareando
com filmes do Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul do país, pode-se considerar uma
vitória do cinema gaúcho e do Rio Grande do Sul.
Ainda sobre os pagos daqui, do Prêmio Sedac/Iecine de Longas-Metragens
Gaúchos – que celebrou a produção indígena “A Transformação de Canuto”, de
Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, com o prêmio de Melhor Filme –, não
assisti a nenhum deles por não estar mais em Gramado quando de suas exibições,
o que desejo fazer em breve assim que estes começarem a rodar nas salas de
Porto Alegre. Já em relação aos documentários, que foram exibidos apenas no
Canal Brasil e não no Palácio dos Festivais, dois deles perdi, mas vi o
vencedor, “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal, embora
um doc de estrutura convencional, pareceu-me merecedor num primeiro momento.
Por fim, os longas brasileiros. Foi-me possível conferir
apenas dois concorrentes quando em Gramado: “O Clube das Mulheres de Negócios”,
de Ana Muylaert, que levou somente Prêmio Especial do Júri pelo conjunto do
elenco, mas que, a meu ver, se credenciava a, quem sabe, Trilha Sonora ou Atriz
(Cristina Pereira); e “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge, uma
coprodução Brasil-Itália totalmente equivocada capaz de deturpar e diminuir o
excelente filme original, de 2007, um cult do cinema nacional. Roteiro confuso,
inconsistente e banal, que compromete todo o filme, desde seu ritmo narrativo
até as atuações, a ponto de apagar aquele que deveria ser o personagem
principal, o chef de cozinha agora presidiário Raimundo Nonato, vivido pelo
ator João Miguel.
Cena de "Oeste Outra Vez", grande vencedor do ano
Para grande surpresa minha e de muita gente da crítica, “Estômago
2” foi o maior premiado da edição, com 5 Kikitos, dentre os quais – pasmem! – o
de Melhor Roteiro. Sinceramente, equivocada a escolha, visto que injustificável
para uma história que não se concatena. Até sondei a possibilidade de se estar
privilegiando um filme com potencial de bilheteria (deve estrear nos cinemas em
29 de agosto), mas a hipótese se esvaiu rapidamente, tendo em vista que um júri
deve valorizar, em respeito ao espectador e ao cinema, um mínimo de qualidade –
o que o roteiro de “Estômago 2” deixa muito a desejar. Ainda mais estranho foi,
mesmo com uma atuação que não lhe favorece, visto que a história ofusca o
próprio protagonista, é Miguel ter dividido o prêmio de Melhor Ator junto com Nicola
Siri! O filme ainda, para completar, abocanhou Trilha Sonora, que nada mais é
do que a emulação da, esta sim, ótima trilha do primeiro filme. Tudo muito
estranho.
Os outros longas não tive, assim como os gaúchos dessa
metragem, a oportunidade de assistir, mas ao que parece, pela reação geral, a
redenção dos erros de avaliação foram os prêmios da crítica, para “Cidade;
Campo”, de Juliana Rojas, e a escolha do grande filme do ano de Gramado: o goiano "Oeste
Outra Vez", de Erico Rassi, que realmente se destaca diante dos outros nas
poucas cenas que vi. O faroeste à brasileira, que traz uma narrativa centrada
em um universo masculino rural, conquistou também os prêmios para Melhor
Fotografia e Melhor Ator Coadjuvante, para Rodger Rogério.
Enfim, uma premiação com altos e baixos (como são na
maioria), mas que, independentemente disso, não tira de mim a alegria de ter
participado de forma tão mais consistente do Festival de Gramado.
A clássica foto final com os premiados
Confira, então, os premiados da edição de 2024:
LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor filme:‘Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi
Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”
Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor atriz: Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”
Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O
Poderoso Chef”
Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”
Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”
Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”
Melhor atriz coadjuvante:Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”
Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso
Chef”
Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”
Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert
Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge
Júri da Crítica:“Cidade; Campo”, de Juliana Rojas
CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS
Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta
Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”
Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”
Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”
Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”
Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”
Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”
Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”
Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”
Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”
Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher
Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis
Prêmio Canal Brasil de Curtas: “Maputo”, de Lucas Abrahão
Menção honrosa
“Ressaca”, de Pedro Estrada
“Via Sacra”, de João Campos
“Navio”, de Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real
"Maputo”, de Lucas Abrahão
Júri da crítica:“Fenda”, de Lis Paim
LONGAS-METRAGENS DOCUMENTAIS
"Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal
LONGAS-METRAGENS GAÚCHOS
Melhor filme: "A Transformação de Canuto", de Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho
Melhor Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernseto de Carvalho, por "A Transformação de
Canuto"
Melhor Ator: Fabrício Benitez, por "A Transformação de Canuto"
Melhor Atriz: Cibele Tedesco, por "Até que a Música Pare"
Melhor Roteiro: Thais Fernandes, Rafael Corrêa e Ma Villa Real, por "Memórias de um Esclerosado"
Melhor Fotografia: Camila Freitas, por "A Transformação de Canuto"
Melhor Direção de Arte: Adriana do Nascimento Borba, por "Até que a Música Pare"
Melhor Montagem: Jonatas Rubert e Thais Fernandes, por "Memórias de um Esclerosado"
Melhor Desenho de Som: Kiko Ferraz, por "Memórias de um Esclerosado"
Melhor Trilha Musical: André Paz, por "Memórias de um Esclerosado"
Júri Popular: "Infinimundo", de Bruno Martins e Diego Müller
CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS - PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE CINEMA
Melhor filme; "Chibo", de Gabriela Poester e Henrique Lahude
Melhor direção: Rodrigo Herzog, por "Está Tudo Bem"
Melhor atriz: Jéssica Teixeira, por "Noz Pecã"
Melhor ator: Victor Di Marco, por "Zagêro"
Melhor roteiro: Victória Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin, por "Posso Contar nos Dedos"
Melhor fotografia: Eloísa Soares, por "Cassino"
Melhor direção de arte: Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel, por "Posso Contar
nos Dedos"
Melhor trilha sonora: Edneia Brasão e Pedro Erler, por "Não Tem Mar Nessa Cidade"
Melhor montagem: Marcio Picoli e Victor Di Marco, por "Zagêro"
Melhor desenho de som: Fábio Baltar, por "Flor"
Melhor produção executiva: Graziella Ferst e Marlise Aúde, por "Pastrana"
FILMES UNIVERSITÁRIOS - PRÊMIO EDINA FUJII – CIA RIO
“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da
Universidade de Santa Cruz do Sul
texto: Daniel Rodrigues
fotos: Daniel Rodrigues, Leocádia Costa e Edison Vara/Festival de Gramado
Como ocorre tradicionalmente, a Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), da qual faço parte, elegeu os Melhores do Ano, destacados entre produções lançadas em mostras e festivais, no circuito comercial e também em plataformas de streaming. A votação é referente ao ano de 2023, quando a Associação atingiu um grande marco ao celebrar seu 15º aniversário consolidada como uma instituição cada vez mais atuante e importante no ambiente cinematográfico do Rio Grande do Sul e do país.
Dividida em dois turnos, a eleição traz os melhores longas-metragens estrangeiro, brasileiro e gaúcho, além do melhor curta gaúcho do ano. A maioria destes filmes, aliás, fomos reportando aqui no blog ao longo do ano na seção Claquete. Fora desta seleção, a premiação da Accirs entrega, desde sua primeira edição, o Prêmio Luís César Cozzatti, que reconhece filmes, projetos, instituições ou pessoas de destaque no cenário audiovisual gaúcho.
Confira os vencedores do Prêmio Accirs 2023:
Melhor curta-metragem gaúcho:
"Centenário de Minha Bisa", deCristyelen Ambrozio
Tocante documentário poético da realizadora indígena Cristyelen Ambrozio, confirmando a escolha da nossa associação que, em agosto, no Festival de Cinema de Gramado, concedemos-lhe o prêmio de Melhor Curta Gaúcho pelo Júri da Crítica. O filme tece diversas camadas simbólicas, desde a visão feminina, a dos povos originários, a necropolítica, a herança cultural. Uma joia de Cristyelen, de quem se espera que rendam novos frutos.
Melhor longa-metragem gaúcho:
"Casa Vazia", deGiovani Borba
O excelente filme de Giovani Borba, do qual tive a felicidade de participar de um debate em setembro, na Cinemateca Paulo Amorim, ao lado deste jovem realizador e da minha colega de Accirs e coordenadora da cinemateca Mônica Kanitz, era também meu preferido entre os longas gaúchos. Afinal, este thiller gaudério, misto de western e drama fantástico, pode ser visto com um marco do novo cinema no Rio Grande do Sul com obras como "Castanha" e "Mulher do Pai".
Melhor longa-metragem nacional:
"Retratos Fantasmas", de Kleber Mendonça Filho
Outro documentário entre nossos premiados, e outro documentário de um olhar muito pessoal. Mas aqui, no caso, do grande nome do cinema nacional dos últimos anos, o pernambucano Kléber Mendonça Filho. Para quem acompanha sua obra tão marcante, ver o caminho afetivo percorrido por ele para a composição de seus curtas e, principalmente, os longas urbanos "O Som ao Redor" e "Aquarius", é emocionante e revelador. Foi o filme (mal) indicado a representar o Brasil no Oscar mas, mais uma vez, não ficou entre os selecionados. Não tem mesmo o perfil, pois trata-se de uma obra muito poética para o gosto da Academia.
Melhor longa-metragem estrangeiro:
"Assassinos da Lua das Flores", de Martin Scorsese
Ah, o velho Scorsese, hein? Já discorri mais amplamente sobre este novo filme do mestre do cinema norte-americano e mundial, mas não custa repetir, que "Assassinos..." é um dos grandes filmes de sua extensa filmografia. A visão revisionista da história "yankee" é não só mais um capítulo em seu importante papel para a reconfiguração dos mitos imperialistas como pertinente para o momento de valorização dos povos originários. Mestre.
Poster do curta "Glênio", de Luiz Alberto Cassol e exibido em Gramado
Prêmio Luís César Cozzatti (destaque gaúcho):
Glênio Póvoas
Glênio Nicola Póvoas é pesquisador, professor, diretor e roteirista, Mestre em Ciências da Comunicação pela USP e Doutor em Comunicação Social pela PUC-RS. Com uma longeva carreira profissional dedicada ao cinema, em especial ao gaúcho, foi um dos principais responsáveis pelo lançamento do Portal do Cinema Gaúcho e assina a coordenação geral do projeto – um grandioso banco de dados sobre nosso cinema, apresentado em 2023. Tive o prazer de ser seu aluno na cadeira de Cinema na faculdade de Jornalismo.