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sábado, 27 de setembro de 2008

"O Anjo Exterminador" de Luis Buñuel (1963)


Depois de assistir ao ótimo "Ensaio sobre a cegueira", lembrei de outro filme que, assim como ele também traz situações limite de convivência humana por conta de uma circunstância, igualmente, extraordinária. É O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel, de 1962. Não estou dizendo que os filmes sejam iguais, que tem tudo a ver e coisa e tal, é só porque em algum ponto um lembra o outro, e neste caso, já, no cinema mesmo, assistindo ao "Blindness", quando os internos começam a ficar irascíveis, quando o respeito pelos outros começa a ir por água abaixo e uma das alas começa a botar as "manguinhas de fora", já me veio à mente o clássico do Buñuel.

Em O Anjo Exterminador o que acontece é que ao final de uma festa da alta-sociedade os convidados, por conta alguma força desconhecida, não conseguem deixar o local para ir embora. Algo os impede de cruzar uma porta que está aberta. Em um primeiro instante parece natural, quem chega à porta pronto para ir, acaba desistindo e voltando, mas logo notam que não estão conseguindo mesmo sair.
Aí com o decorrer da situação, que se extende por dias os dias, o cansaço, a fome e outras necessidades fisiológicas começam a ficar maiores do que o espaço que os confina e toda a pompa e amabilidades de gente de sociedade desaparecem. A tolerância humana vai pro ralo e situações de egoísmo, falsidade, vaidade, se impõe em um ambiente pesadíssimo.

É um clássico! Este, sim, posso dizer que é um filme maravilhoso que certamente vale a conferida pra quem não viu, e vale assistir novamente pra quem já teve o privilégio.

Como curiosidade, o filme concorreu com o incrível 8 1/2 do Fellini e com o Pagador de Promessas no Festival de Cannes de 1963, onde pela primeira e única vez, um filem brasileiro venceu o prêmio principal.
É mole? O Pagador... ganhou de 8 1/2 e O Anjo Exterminador!!!

Mas sobre o Pagador de Promessas eu falo outro dia.


Cly Reis

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

"A Nuvem", de Just Philippot (2021)

 


O cinema francês de terror cada vez  vem me surpreendendo mais e, por sinal, muito positivamente. Aliás, depois de joias como o incômodo "Grave", da atual vencedora de Cannes Julia Ducournau, o chocante "Martyrs", proibido em vários países, o inquietante "Casa do Medo", do apocalítico mas charmoso "A Noite Devorou o Mundo", só para ficar em alguns, já não deveria ser mais novidade que os franceses sabem aterrorizar, chocar e meter medo sem dever nada para ninguém. O último que me impressionou foi o intenso "A Nuvem", trabalho do diretor Just Philippot que consegue reunir elementos dos filmes de pragas dos anos 70, como "Abelhas Assassinas (1972)", "A Invasão das Rãs (1972)", "Tarântulas (1977)", "Calafrio (1971)", com o horror corporal típico de Cronenberg, obtendo de uma proposta não muito promissora um clima de tensão crescente e uma constante expetativa. O que se consegue tirar de tão assustador de uma mãe viúva que encontrou na criação de gafanhotos uma alternativa para obter seu sustento e criar os filhos, e vê que o negócio não vai indo muito bem? Hum... Pareceria um mero drama familiar sobre as dificuldades financeiras do nosso tempo se não fosse pelo fato da criadora descobrir, por acaso, que seus insetos têm uma predileção toda especial por sangue e o consumindo, se desenvolvem assustadoramente. Mal de vida, percebendo que sua produção aumenta de forma considerável com a nova "ração" e que assim pode atender a filha adolescente cada vez mais exigente e insatisfeita com a atividade alternativa da mãe, Virginie, a cultivadora, não hesita em dar aos bichinhos o que eles querem, alimentando-os da maneira que lhe for possível, com o sangue de um animal pequeno, de um animal maiorzinho, ou, se for preciso, com o próprio sangue. Aliás, a cena é que ela é flagrada pela filha dentro do viveiro, sentada, coberta por gafanhotos, sendo sugada, é  de arrepiar!

"A Nuvem" - trailer"

 Essa figura talvez seja um dos elementos mais emblemáticos do filme que propõe, de certa forma, uma reflexão sobre as relações de trabalhos dos tempos atuais em que o empreendedor, aquele que É o próprio negócio, cuja imagem muitas vezes é romantizada, na maioria das vezes é praticamente consumido, sugado, devorado pelo seu trabalho, por sua atividade, tudo em nome do sucesso e do dinheiro. Além desse enfoque social, "A Nuvem" também  carrega um recado ecológico que, de certa forma vai ao encontro da questão econômica, nos lembrando que o homem, na maior parte das vezes, quando vê na natureza a possibilidade de aumentar seus cifrões, não hesita em mexer no meio-ambiente, em modificar o ecossistema, em maltratar a natureza, e que as consequências disso, normalmente não costumam ser das melhores.

Embora mantenha o interesse e o suspense o tempo todo, a partir do momento em que os insetos começam a demonstrar seu paladar atípico, o final do filme decepciona um pouco, com um certo vazio em relação ao todo, uma vez que o entorno é prática abandonado, e por uma solução-desfecho um tanto "fácil" e eficaz demais. Mas, diante de um trabalho tão bem conduzido e bem trabalhado o tempo todo, quero crer que essas deficiências se dêem muito mais pelo fato de ter me escapado alguma coisa, por alguma desatenção de minha parte ou falta de assimilação de algum elemento sutilmente sugerido.

Um terror! Um terror de respeito mas também um filme sobre alternativas, escolhas e decisões. Opções que levam ao inevitável questionamento sobre até que ponto vale a pena sacrificar a própria vida, a própria saúde física e mental, em nome de atingir objetivos materiais. O mundo cobra, o mercado cobra, a sociedade cobra, mas a natureza também. E aí, vale a pena?

Virginie, a produtora alternativa, permitindo que
o trabalho, literalmente, a consuma.




Cly Reis


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

"Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (2019)



Sei que praticamente tudo já foi dito sobre "Bacurau", mas queria registrar aqui, como amante do cinema, uma enorme satisfação em ver, de novo, um filme brasileiro figurando com destaque, sendo reconhecido e premiado em festivais internacionais, especialmente em Cannes onde o Brasil já brilhara em outras oportunidades com obras de arte como "O Cangaceiro", que em 1953 levava o  prêmio de melhor filme de aventura, com "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", que rendeu o prêmio de direção a Glauber Rocha, em 1969, e "O Pagador de Promessas" que desbancou, entre outros, "O Anjo Exterminador", de Buñuel, para ficar com a Palma de Ouro em 1962, voltando à evidência agora com um filme tão oportuno e relevante, e que resgata com dignidade diversos elementos da tradição cinematográfica brasileira.
"Bacurau" é uma resposta em forma de arte aos ataques, restrições, limitações, cortes que a cultura brasileira  vem sofrendo desde a vigência do atual governo e, como se não  bastasse o "desaforo", a afronta, para não cair no vazio ou na desimportância, ainda ganha os holofotes do mundo e não passa despercebida. Meio faroeste, meio drama, meio suspense, meio policial, e até meio terror, o filme dos pernambucanos Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho é construído pacientemente inserindo aos poucos elementos que vão nos elucidando a verdadeira trama, contando para isso com uma excelente  fotografia, uma trilha sonora precisa e atuações impecáveis, com destaque para o atemorizante Lunga, vivido por Silvero Pereira e para a brilhante Sônia Braga, como a médica alcoólatra Domingas.
"Bacurau" é um posicionamento diante da postura entreguista e lambe cu do atual governo brasileiro perante os norte-americanos, um grito de resistência, um brado retumbante. Uma declaração: nós não vamos nos entregar facilmente.
Em "Bacurau", a população do minúsculo povoado que dá nome ao filme e que, assim, do nada, some do mapa, se vê ameaçada diante da atuação de estrangeiros que vão à região com a intenção de caçar os cidadãos do lugar, por mero esporte, entretenimento, com a anuência do prefeito local, simplesmente porque quem vive ali, para eles não faz a menor diferença no mundo e sequer é gente. Mas no fundo a coisa não é tão simples assim, pois, como podemos observar no filme, a região que já fora um rico pólo aquífero, inclusive sediando uma barragem,  naqueles dias vive uma deplorável crise de abastecimento de água. Triste "semelhança" com um país que se submete a capacho, entregando suas riquezas de mão  beijada para os gringos por sua eterna síndrome de vira-lata e também, na verdade, por outros tantos interesses escusos.
"Bacurau" é Glauber, é Lima Barreto, é Nelson Pereira, Anselmo Duarte, Guimarães Rosa, é Portinari, é Lampião, é Canudos... "Bacurau" resgata o que o brasileiro realmente tem de melhor em arte e o que tem de mais forte em atitude. Se seu final sombrio, diante da revelação de que aquilo tudo é só o começo, nos faz vislumbrar tempos penosos, por outro lado nos estimula a buscar lá no fundo o espírito de luta e coragem que sempre guiou essa gente e, de certa forma, nos encorajam a afirmar, diante da ameaça do inimigo: "Podem vir. Estaremos prontos".
A comunidade reage. "Aqui, não!"
(muito Glauber essa cena)





por Cly Reis

terça-feira, 5 de novembro de 2013

ClyBlog 5+ Cineastas


introdução por Daniel Rodrigues


Jean-Claude Carrière disse certa vez que “quem faz cinema é herdeiro dos grandes contadores de histórias do passado”. Pois é isso: cineastas são contadores de histórias. Afinal, quase invariavelmente, quanto mais original a obra cinematográfica, mais se sente a “mão” do seu realizador. Um filme, na essência, vem da cabeça de seu diretor. Fato. Tendo em vista a importância inequívoca do cineasta, convidamos 5 apaixonados por cinema que, cada um à sua maneira – seja atrás ou na frente das câmeras –, admiram aqueles que dominam a arte de nos contar histórias em audiovisual e em tela grande.
Então, dando sequência às listas dos 5 preferidos nos 5 anos do clyblog5+ cineastas:



1. Gustavo Spolidoro
cineasta e
professor
(Porto Alegre/RS)

"Se Deus existe, ele se chama Woody Allen"



O pequeno gênio,
Woody Allen

1 - Woody Allen
2 - Stanley Kubrick
3 - Rogário Sganzerla
4 - François Truffaut
5 - Agnes Varda






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2. Patrícia Dantas
designer de moda
(Caxias do Sul/RS)


"Gosto destes"


1 - Quentin Tarantino
2 - Stanley Kubrick



3 - Sofia Coppola
4 - Woody Allen
5 - Steven Spielberg

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3. Camilo Cassoli
"Felizes Juntos" rendeu ao chinês
o prêmio de melhor direção
em Cannes
jornalista e
documentarista
(São Paulo/SP)


"Não sei se exatamente nessa ordem,
mas esses são os cinco com quem me identifico."


1 - Wong Kar-Wai
2 - Federico Fellini
3 - Wim Wenders
4 - Eroll morris
5 - Werner Herzog






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4 . Jorge Damasceno
biblioteconomista
(Porto Alegre/RS)


"Fiquei louco para incluir o Robert Altman e o Buñuel na lista."


1 - Stanley Kubrick
2 - Francis Ford Coppola
3 - Werner Herzog
4 - Ingmar Bergman
5 - Fritz Lang
Um dos clássicos de Lang,
"M- O Vampiro de Dusseldorf''












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5. Alessa Flores
empresária
(Porto Alegre/RS)


"Greenway mudou a minha vida com "O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante".
Um filme que resume o que é arte pelo roteiro, fotografia, figurinos, trilha e direção impecáveis.
Não consegui achar mais nada que fosse tão bom quanto."


Cena marcante do impressionante
"O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante"












1 - Peter Greenway
2 - Pedro Almodóvar
3 - Sofia Coppola
4 - Roman Polanski
5 - David Cronenberg






sábado, 8 de setembro de 2018

10+1 Grandes Planos-Sequência do Cinema




De repente o cara está, ali, assistindo a um filme, numa boa, e percebe que uma cena não foi interrompida desde que começou. E ela vai, muda direção, volta no mesmo ponto, entram outros personagens, e se alonga e se alonga e o cara que está ali vendo aquilo vai ficando cada vez mais sem fôlego com aquilo que vê. Assim são os planos-sequência, cenas mágicas, um balé cimatográfico minuciosamente coreografado em que diretores usam de todo seu recurso técnico para imitar a realidade de uma maneira ainda mais fiel do que o fazem usualmente, praticamente nos levando para dentro do filme.
Selecionamos aqui, sem ordem de preferência, alguns planos-sequência que, seja por sua técnica, duração, dinâmica, significado, são marcantes e tem lugar de destaque na história da sétima arte:



1. "O Jogador", de Robert Altman (1991) - Este é um dos planos-sequência de que mais gosto. A entrada e o passeio pelo pátio dos estúdios de uma produtora de cinema, passando por diversas situações curtas envolvendo atores, produtores, entregadores, roteiristas, culminando na chegada à sala onde o produtor, Tim Robbins, que, na trama principal, virá a ser ameaçado por um roteirista rejeitado, conversa com Brian de Palma (interpretando ele mesmo) sobre mais um roteiro esdrúxulo de Hollywood. Cena absolutamente fantástica que deixa o espectador nada menos que fascinado. A mim, pelo menos, sempre deixa.






2. "O Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella (2009) - Este é um caso interessante pois fui assistir ao filme por causa do plano-sequência. É verdade que ele já vinha sendo bastante elogiado, era cogitado para disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro (o que não só acabou se confirmando, como venceu o prêmio) mas a informação de que o filme  tinha uma cena sem cortes de mais de sete minutos num estádio de futebol foi decisiva para que eu fosse ao cinema. O plano, que tem alguma trucagem, é verdade, começa no alto, no céu, descendo direto para dentro do campo no estádio do Huracán, deslocando-se para as arquibancadas e à descoberta, em meio à multidão de torcedores, do homem procurado pelo protagonista, Benjamin Espósito (Ricardo Darín), passa a uma frenética perseguição com direito a gol, correria pelos corredores do estádio, pulo de um muro alto e até invasão de campo . Ótimo filme que mistura policial, romance e drama histórico da ditadura argentina.





3. "Nostalgia", de Andrei Tarkovski (1984) - Eis aqui um plano-sequência bem pouco convencional, sem maiores complexidades, aparentemente muito simples mas que é muito bem executado emocionalmente, como aliás é característico de Andrei Tarkovski. O poeta exilado Andrei Gorchakov, sabendo da morte, do autoflagelo em Roma do "louco" Domenico, a quem conhecera na pequena cidadezinha de Bagno Vignoni, antes de deixar o lugarejo, finalmente tendo entendido as atitudes daquele homem mal compreendido por todos e o que queria lhe dizer em suas complexas conversas, resolve cumprir uma tarefa que Domenico deixara inacabada e que percebia agora ser de extrema importância simbólica para não só para o amigo com para ele mesmo também: atravessar terma natural da cidade de um lado a outro com uma vela acesa. A fonte termal está temporariamente vazia, é verdade, o vento apaga a vela, ele volta acende de novo, cobre com a outra mão, cobre com o casaco mas não abandona o intento num ato de fé, respeito, humildade e generosidade. Nove minutos de silêncio com a câmera apenas acompanhando lentamente o protagonista de um lado a outro do tanque com algum mínimo movimento ao fundo dos moradores do lugar alvoroçados por verem o forasteiro repetindo o gesto do maluco da cidade. Poucos diretores fariam de uma cena tão simples algo tão emocionante.





4. "Filhos da Esperança", de Alfonso Cuarón (2006) - Que cena, senhoras e senhores! Praticamente filmada toda dentro de um carro, alternando ora entre o ângulo de visão do assento do carona, ora a dos passageiros do banco traseiro, e entre a visão do motorista, a cena, depois de um pequeno momento inicial de descontração, mantém a tensão o tempo inteiro. É carro incendiado bloqueando a estrada, é coquetel-molotov, é perseguição com o carro andando de ré, é tiro, é batida policial, tudo na maior perfeição técnica numa cena incrível de alto grau de dificuldade para ser realizada, dirigida por Alfonso Cuarón, que é bem chegado num plano-sequência, mas com grandes méritos para Emmanuel Lubezki, o premiadíssimo diretor de fotografia, que sempre propicia essa dinâmica aos diretores com quem trabalha.






5. "Gravidade", de Alfonso Cuarón (2013) - Eu não disse que ele gosta de um plano-sequência? Alfonso Cuarón novamente com a contribuição fundamental da cinematografia de Emmanuel Lubezki, está à frente de mais este grande filme que, por sinal, lhe rendeu o Oscar de direção e nos traz, entre algumas tantas sequências mais curtas, uma incrível cena ininterrupta de quase treze minutos. Tem montagens, trucagens técnicas, é verdade, mas inegavelmente é uma cena contínua de mais de oito minutos na qual, assim como em "Filhos da Esperança", o ângulo de visão se modifica continuamente, passando pelo rosto de um personagem, pelas costas de outro, por baixo da nave, pelo reflexo do capacete, tudo tendo como pano de fundo o planeta Terra sempre mudando para o espectador entre dia e noite, oceano e continente, alvorada e poente, enquanto gira em sua rotação infinita e enquanto a nave orbita em torno dela. Da tranquilidade da visão da Terra observada do espaço, a situação de um grupo de astronautas que faz manutenção externa no telescópio de sua nave se complica quando destroços de um satélite que explodira são lançados em direção a eles em alta velocidade. A cena é impressionante, angustiante, continuamente tensa e realizada com primor por Cuarón.
* Como não encontramos a cena toda, do início ao fim, vai ela aqui em dois segmentos, sendo o segundo, mais especificamente, o do momento da colisão.

"Gravidade" - 1
"Gravidade" - 2



6. "Os Bons Companheiros", de Martin Scorsese (1990) - Cena emblemática do grande filme de Martin Scorsese. A sequência, apresentada como tal, sem interrupção, serve para nos introduzir ao universo dos mafiosos que protagonizam a ação. Ao partir do exterior de uma casa de espetáculos, circular entre os clientes que esperam na fila para entrar no lugar, adentrar clandestinamente pela cozinha, expôr toda a intimidade venal do protagonista, Ray Liotta, com manobristas, porteiros, seguranças, cozinheiros, garçons, até vê-lo conseguir um lugar com visão privilegiada de frente para o palco, o diretor nos oferece uma certa cumplicidade deixando nos "participar" daquele ambiente contaminado por trocas, favores, dinheiro e interesses. 






7. "Boogie Nights - Prazer Sem Limites", de Paul Thomas Anderson (1998) - Este ótimo filme tem, na verdade, dois belos planos-sequência. Um deles bem parecido com o mencionado acima, de "os Bons Companheiros", de Martin Scorsese, por quem, é inegável que o diretor Paul Thomas Anderson fora bastante influenciado, em especial no filme em questão, uma espécie de "Touro Indomável" pornô. "Boogie Nights" acompanha a trajetória da revelação Dirk Diggler dentro da indústria do cinema pornográfico paralelamente às de outros elementos que fazem parte daquele mundo  como diretores, atrizes, empresários, etc. Uma destas pessoas é Little Bill (William H. Macy), um assistente de direção, marido de uma estrela pornô que, constantemente traído por ela (veja a ironia da coisa!), na festa de ano novo, na casa do diretor, depois de se deparar com a esposa mais uma vez na cama com outro e, como de costume, ser humilhado por ela, resolve dar fim a seus dias de corno manso protagonizando o outro grande plano sem cortes do filme ao qual me referiA cena que inicialmente parece alegre pela comemoração do reveillón, transita pelo cômico ao vermos mais uma vez aquele personagem sonso sendo chifrado, ganha ares de expectativa quando ele sai do quarto onde estava a esposa, de curiosidade quando ele vai até o carro, por um momento parece nos fazer relaxar quando achamos que ele resignado simplesmente vai ligar o carro e ir embora da festa, surpreende-nos quando percebemos que na verdade fora pegar uma arma no porta-luvas, torna-se tensa quando ele retorna ao local da traição, e ganha cores finais de tragédia com o insperado desfecho. Grande cena em que Paul Thomas Anderson dirige magistralmente não somente sua cena e como também as emoções do espectador.





8. "Oldboy", de Park Chan-wook (2003) - Este drama policial de vingança coreano inspirado em um mangá japonês tem um das cenas de luta mais incríveis de todos os tempos no cinema e o que é mais legal é que ela é feita de uma tacada só. Quando o protagonista Dae-su descobre onde fora aprisionado por quinze anos, volta ao lugar para obter pistas de quem fizera aquilo com ele. Embora consiga informações com uma certa "facilidade" (a custo de uma certa persuasão violenta), é lógico que o pessoalzinho de lá não ia facilitar em nada a saída do nosso herói daquele prédio. Aí é que a coisa fica feia! Uma porrada de capangas do dono do lugar armados de tacos de beisebol, paus e barras de ferro se amontoam à frente de Dae-su num estreito corredor para impedir sua passagem. Impedir a não ser que... A não ser que Dae-su enfrente aquele monte de gente. E é o que ele faz. Armado inicialmente apenas com um martelo, nosso herói parte pra porrada e, apesar de solitário com a vantagem dos anos ociosos que teve no cativeiro quando, sem nada melhor para fazer e já planejando uma vingança, tratou de treinar e aprender lutas na TV. Como se fosse num desenho animado, a câmera se coloca paralelamente à luta como se estivesse dentro da parede, acompanhando o ir e vir da horda que ataca covarde e atabalhoadamente aquele único homem. É pancadaria pura!!! Além do fato de não ter interrupções, a cena ganha em realismo pela intensidade, pelo desgaste físico dos lutadores que cansam, descansam, caem, levantam, se ferem, mancam, numa espécie de espontaneidade ensaiada que apesar do exagero, quase convence e arrebata em cheio quem assiste à cena.
Um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos, admirado por Quentin Tarantino e, não por acaso, vencedor do prêmio do júri em Cannes em 2004 no ano em que este presidiu a mesa do festival.






9. "Breaking News - Uma cidade em alerta", de Johnie To (2004) - E permanecemos no oriente, mais especificamente em Hong Kong com essa preciosidade que é o plano-sequência de abertura do policial "Breaking News" do diretor Johnnie To. Devo admitir que não assisti a este filme, só topei com essa sequência por aí, pela internet e fiquei simplesmente fascinado. Meu Deus, que cena incrível! Cuidada nos mínimos detalhes. Cada posição de câmera, cada deslocamento, cada movimento dos personagens, de figurantes... É um reflexo num espelho, é um rosto num retrovisor, é um jornal caindo num para-brisa, detalhes que fazem do PS de "Breaking News" algo digno de verdadeira admiração. 






10. "A Marca da Maldade", de Orson Welles (1958) - Uma das cenas desta técnica mais famosas e emblemáticas do cinema. Cena que é uma verdadeira bomba-relógio. A ação começa com uma bomba sendo acionada e colocada debaixo de um carro que parte e ao qual passamos a acompanhar enquanto ao seu redor desenrolam-se situações corriqueiras como a de um casal conversando, que no caso é o do detetive Vargas (Charlton Heston) e sua esposa (Janeth Leigh), prestes a cruzarem a fronteira do México para os Estados Unidos. Numa coreografia mágica de elementos em cena e um magistral jogo de luz e sombras, embalados pela precisa trilha sonora de Henry Mancini, depois de estabelecida a tensão pela existência de uma bomba e a expectativa pelo momento de sua explosão pelo entra e sai do carro no enquadramento, a cena só é interrompida pela explosão que desencadeia então toda a ação do filme. Obra prima do genial Orson Welles. considerado por muitos um os melhores filmes de todos os tempos e seu plano-sequência, como não poderia deixar de ser, um dos mais lembrados e cultuados entre os cinéfilos.






10+1. "Festim Diabólico", de Alfred Hitchcock (1948) - Se já é bom um plano-sequência de três, de cinco, de dez minutos, o que dizer então de um de uma hora e vinte? Sim, um filme inteiro sem cortar. Poderia mencionar aqui o bom e eletrizante "Victoria", o oscarizado 'Birdman" mas prefiro ficar com o pai de todos quando o assunto é cena contínua. Hoje em dia com os recursos técnicos é "moleza" fazer um PS tão longo, queria ver fazer quando ninguém tinha feito. "Festim Diabólico", de Alfred Hitchcock, praticamente inaugurou a prática, e isso lá em 1948, sem as condições técnicas mais adequadas para o intento uma vez que os rolos de filme da época não permitiam que se rodasse todo o filme de uma vez só. Se, infelizmente, a tecnologia não acompanhava a cabeça de um gênio, o que fazer? Hitchcock, sempre que necessário, aproximava então a câmara de algum fundo escuro, como as costas de algum personagem, é trocava o rolo. "Ah, mas então não é um filme inteiro sem cortes!". Tá bom. Pode não ser, mas então são dez planos sequência orquestrados de maneira não menos brilhante com os atores por vezes servindo de cinegrafistas, com a câmera passando de mão em mão para se reposicionar; com o fundo da cena, na janela, de um fim de tarde para o anoitecer; com as paredes do cenário se movendo sobre rodas para dar espaço para as câmeras retornarem às suas posições, e tudo isso sem falar na capacidade de fazer de um assassinato quase banal, por motivo fútil, algo extremamente instigante e envolvente. Amém, Hitchcock, amém!
O baú, com o cadáver, que serve ao mesmo tempo de mesa para a pequena festa e de caixão.
Ao fundo, no cenário mutável da janela, a tarde vai caindo.

"Festim Diabólico" - filme completo


Poderia citar aqui mais um monte de planos-sequência incríveis, cada um admirável por suas próprias razões, seja pela complexidade, pela emotividade, pela duração, pela técnica, pelo ritmo, pela estética, ou qualquer outro motivo, mas acredito que os 11 citados acima além de comporem uma boa síntese do uso desta técnica, contém elementos que, particularmente, me fizeram um apreciador deste recurso no filmes.  Em todo caso, aí vão mais alguns que poderiam estar na lista e que merecem menção: a cena que o policial, Sam Rockwell, ganhador do Oscar pelo papel, invade a agência de publicidade no recente "Três anúncios para um crime", de Martin McDonagh; a abertura do fraco "A Fogueira das Vaidades", de Brian de Palma; a sequência "mágica" da morte do personagem de Jack Nicholson na cama do hotel em "O Passageiro - Profissão: Repórter" de Michelangelo Antonioni; a surpreendentemente boa cena de fuga e luta com zumbis no fraco mas eletrizante "Dead Rising: Watchtower", de Zach Lipovski, baseado no game de mesmo nome; a curta mas não menos linda e bem executada cena do incêndio de "O Espelho", de Andrei Tarkovski; a abertura e os créditos do premiado filme brasileiro "Durval Discos", de Ana Muylaert; a cena do carro rodeando Norma Bengel na praia, no clássico nacional "Os Cafajestes", de Ruy Guerra; e a cultuada cena do filme tailandês 'O Protetor", de Prachya Pinkaew, que demorou quatro dias para ser filmada.
Tem muito mais, é claro. Se o seu preferido não estiver aqui ou sentir falta de algum outro que mereça ser mencionado, não fique constrangido e indique nos comentários.




por Cly Reis

sábado, 2 de março de 2024

"Anatomia de Uma Queda", de Justine Triet (2023)

 


INDICADO A
MELHOR FILME
MELHOR DIREÇÃO (JUSTINE TRIET)
MELHOR ATRIZ (SANDRA HÜLLER)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
MELHOR MONTAGEM


Uma queda...

Pouco menos de oito minutos são o suficiente para que sejamos empurrados para o mistério. A queda foi acidental, foi provocada, foi suicídio...? Depois de uma breve tentativa de entrevista com uma renomada escritora, interrompida, inconvenientemente, pelo barulho proposital do marido no andar de cima, no retorno do filho do casal, após um passeio pelo bosque, próximo à casa, com seu cão, o corpo do pai, Samuel, é encontrado pelo garoto, na neve, com evidentes sinais de queda dos andares superiores da casa. A polícia especula acidente, uma vez que Samuel fazia reformas no andar de cima, especula que outra pessoa pudesse ter entrado na casa, especula suicídio, mas diante de uma série de contradições, omissões e pequenos indícios, passa a suspeitar da esposa, Sandra, e tratar o caso como possível homicídio.

Mais do que apenas um filme de mistério tradicional, no qual há todo um quebra-cabeças para encontrar o culpado, "Anatomia de Uma Queda", utiliza-se do ocorrido para remontar situações externas que teriam sido determinantes para aquele destino e todos os aspectos emocionais que levaram até ele. A relação desgastada do casal, a frustração profissional de Samuel e seu estado emocional instável, sua incapacidade de reagir aos problemas, a personalidade manipuladora de Sandra, a suposta apropriação da produção literária do marido, o problema de visão do filho e a versão de cada um para a dedicação dada a ele, tudo vai sendo destrinchado, vai aparecendo aos poucos, em evidências da polícia, em depoimentos no tribunal, nas contradições de Sandra, e em novas provas que surgem e são apresentadas.

Durante boa parte de sua duração, "Anatomia de Uma Queda" é um filme de tribunal, "gênero" que muita gente têm uma certa resistência, mas neste caso específico, o longa é de uma riqueza retórica e argumentativa, que passa longe de ser "chato". As coisas todas vão se encaixando e se desencaixando de acordo com cada nova testemunha, cada dia do julgamento, cada novidade... A anatomia da queda vai sendo montada pedacinho por pedacinho mas a diretora Justine Triet, com uma condução brilhante, faz questão que não tenhamos certeza alguma durante o tempo todo, de modo que levemos em consideração todas as possibilidades e, bem como o júri, façamos nossos juízos a respeito do caso. 

Um dos melhores filmes da temporada! Não à toa vencedor da última Palma de Ouro em Cannes e candidato ao Oscar de Melhor Filme, podendo repetir o arrebatador "Parasita", em 2020, com as conquistas dos dois prêmios mais significativos da indústria do cinema. Na minha opinião, não seria nenhum absurdo.

Quatro momentos do filme: em cima, Daniel, o filho, encontrando o corpo; e Sandra em conversa com seu advogado.
Em baixo, o promotor incisivo e implacável contra Sandra; e, à direita, a ré, diante do júri.



Cly Reis

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Quadrinhos no Cinema #10 - "Oldboy", de Park Chan-wook (2003)



Hipnotizante, uma historia que foge da realidade, para falar a verdade bem maluca, com personagens bem estereotipados mas que funcionam muito bem. Não posso falar muito do filme por que ele merece ser visto. "Oldboy" um roteiro inteligente e cheio de reviravoltas que irão fazer você ficar de boca aberta.
Sem saber por quem e nem porquê, Oh Dae-su (Min-sik Cho) fica preso em um quarto durante 15 anos. Ao sair daquele lugar procura entender o que se passou em sua vida. Mesmo afastado de tudo, Oh Dae-su foi acusado de matar sua mulher e agora quer vingança, custe o que custar.
O inicio do filme pode parecer meio confuso e pode ser bem difícil absorver os primeiros 15 minutos mas passado o susto inicial, (não o da violência, porque essa só aumenta) você já consegue entender o filme, e se identificar com Oh Dae-su.  Aliás, este é um aspecto bem interessante do filme (para alguns), estilo violento exagerado com cenas tão fortes que fazem por vezes você virar o rosto para outro lado, ao melhor estilo Tarantino (detalhe: este filme ganhou o prêmio do júri em Cannes no seu ano de lançamento. Sabem que era o presidente do júri? Ele mesmo, Tarantino).
Dae-su (Min-sik Choi), nem preciso falar nada.
Min-sik Choi no papel de Oh Dae-su, tem uma atuação formidável conseguindo transmitir toda loucura de um homem que fica preso por muitos anos. Tudo funciona no personagem para o torná-lo carismático. Oh Dae-su, não agrada apenas pelas ótimas cenas de luta, como na MARAVILHOSA sequência da luta com o martelo (assim que ele pegar o martelo, você só para de olhar para a tela depois que ele largar o martelo, ok?), mas também pelos dramas que passa. Enquanto você esta distraído com a ação frenética e sangue jorrando, o filme tenta mostrar a influência da televisão na vida das pessoas. Oh Dae-su, passa praticamente 24 horas por dia, enquanto esta preso, assistindo à TV, e através dela aprende a lutar. É a sua janela para mundo como para muitos também é a internet .
Oh Dae-su e Mido: que casal! ops...que dupla.
É um filme de formação. Oh Dae-su, tem apenas uma certeza: a vingança. O resto são dúvidas, o que aconteceu com sua filha? Por que ele estava preso? O que mudou no mundo? E vamos acompanhando essa formação do personagem, psicológica e física. Falando assim por cima, Oh Dae-su parece um personagem unidimensional que só pensa em vingança, mas não é, neste processo de descobrir o homem que lhe tirou a liberdade, muitas coisas acontecem que eu não vou revelar. Kang Hye Jung está ótima como Mi-do, de aparência frágil e delicada mas de personagem muito forte, acaba se tornando uma grande aliada de Oh Dae-su. Não tem tanta evolução como o personagem principal, mas é igualmente importante no desenrolar da trama. O vilão é ótimo, mas não vou falar muito dele porque se você não viu filme vai estragar sua experiência (Ei, psiu! Se viu, chega aqui pertinho. Que FDP esse Lee Woo-jin, não é?)
Park Chan-wook tem uma direção competente a excelente narrativa. Nada no filme é por acaso, tudo que esta em cena tem algum sentido, uma importância, como as asinhas no começo do filme, por exemplo. Prepare-se para ficar hipnotizado por "Oldboy", só não saia por aí dando spoilers. Cuide muito bem da sua língua.
Que sequência espetacular!


segunda-feira, 3 de junho de 2019

Coluna dEle #53


E aí, fakes?
Beleza?
Bom,... na verdade Eu sei que a coisa não tá muito boa.
É que..., Eu tenho que revelar uma coisa pra vocês: é que deu vírus aqui no Meu PC e o programa BR XIX deu pau total e por isso que o país de vocês tá completamente fora de controle.
A técnica, aqui tá dando duro pra resolver o problema. Pode demorar um pouco. Espero que não demore 21 anos como da última vez.

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Pelo menos o pessoal já identificou o principal vírus: chama-se Myth17.
É terrível! 
Pode causar danos irreparáveis ao sistema.

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A coisa tá tão fora de controle que tem imbecil dizendo que essa aberração que tá governando o país de vocês aí (se é que se pode chamar isso de governar), foi enviada por Mim.
Que mania que esse pessoal tem de meter Meu Santo Nome em tudo!
Comigo não, violão!
Me inclua fora dessa.
Se Eu enviei essa besta pra algum lugar foi lá pro andar de baixo e o nem o Coisa-Ruim aceitou.

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A propósito de recusas, outro idiota desses, um pastor, um desses que se dizem Meus homens, andou dizendo que Eu devia "remover" quem é contra o Estrupício. Ele pensa que o mundo é uma rede social que Eu saio removendo quem Eu bem entendo? Bom..., na verdade não é muito diferente disso. O pessoal aqui desenvolveu um aplicativo muito afudê que Me permite controlar tudo pelo Céu-lular. É o Lifebook. Esse programinha faz milagres! Pra nascer alguém, é só clicar "incluir", pra eliminar da rede mundial, eu clico "remover". Boa ideia, bispo. Tô com o dedo coçando pra remover alguém...

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Se Eu tivesse esse App na época da criação do mundo Eu não teria precisado de uma semana pra fazer tudo.

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Por falar em criação, avisa o Burrinho, filho do Burro-Sênior, que o Adão e a Eva não permitem que cortem as árvores da época que eles estavam aí. Kkkkkkkk!!!
(Meu Eu do céu! É cada um que Me aparece nesse país de vocês!)

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É bom não falar muito em aparecer que a Anta-Mor, o presidente de vocês, é capaz de bater aqui em casa de surpresa. Pelo que Eu andei sabendo ele gosta de pintar na casa dos outros sem ser convidado. Não é isso?
Se bem que, pra vocês, não seria má ideia ele pintar por aqui.
(Ah, vocês acham que ele quase veio pra cá naquele lance da facada?)
Ih, aquilo não valeu. Eu posso garantir. Eu vi tudo daqui. 
Eu sou testemunha de que era fria.

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Mas é muito idiota nesse país!
Eu não sei como é que Eu fui colocar tanto imbecil junto ao mesmo tempo no mesmo lugar.

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Mas, brasileiros, nem tudo é motivo pra lamentar.
O cantor aquele do "Deus lhe Pague" ganhou o prêmio Camões, o cinema de vocês fez bonito em Cannes...
Beleza!!!
Parabéns!
A cultura salva o país de vocês.
Pena que o Idiota-Master quer acabar com a cultura.
Pode???
É... Foi quem vocês escolheram pra presidente...

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E falando em presidente, o Chiquito, aquele lá do Vaticano, Me disse que enviou uma carta pro carinha aquele dos nove dedos. O que tá preso.
Na tal da carta diz que o "bem vencerá o mal"...
Vou dar uma olhada aqui no Lifebook, ver qual a verdade e se a justiça daí estiver fazendo merda, podexá que a Minha tarda mas não falha. 

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Ao contrário do que Eu tinha falado antes sobre os que vocês gostariam que viessem Me visitar e ficassem por aqui, tem aqueles que vocês não queriam que subissem nunca. Chegou por aqui, há pouco a Beth. Sei que vai fazer falta pra vocês mas todo mundo acaba tendo que vir uma hora. 
A mulher é só alegria! Chegou e já encontrou o Cartola, o Cavaquinho, o Jamelão, a Dona Ivone e a roda de samba tava feita. 
Não fiquem tristes por ela. Ela tá bem aqui.

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Bom. agora Eu tenho que ir que Eu ainda tenho que aprender a mexer melhor nesse aplicativo que tá me deixando louco.

Sem desespero, brasileirada!
Estamos consertando o software do Brasil e assim que estiver pronto Eu dou um toque.
Talkei?

Orações, pedidos, súplicas, manutenção de softwares, orientação para aplicativos, pedidos de amizade, devolução de encomendas, cartas de solidariedade, tudo para...
god@voxdei.gov


Fiquem Comigo e vamos juntos e shallow now!
Que Eu lhes abençoe.




Ele