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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

"O Coração da Música - Vida e Obras dos Grandes Mestres: Händel/ Mozart/ Beethoven/ Brahms/ Wagner”, de Paul Trein – Ed. BesouroBox (2018)



Quando o coração da música está dentro da gente
por Leocádia Costa


Ao chegar na Edições BesouroBox, em abril desse ano, me deparei com um catálogo que renova ao comunicar os saberes. Cheguei com diversos lançamentos previstos, entre eles, um pequeno livro (porque a edição é de formato 12x18cm) mas que traz em seu miolo uma abordagem iluminada sobre música: "O Coração da Música”.

O pianista, educador e também escritor Paul Trein, que residia há muitos anos na Alemanha, conseguiu de maneira didática abordar sinteticamente a vida e obra dos grandes mestres da música clássica: Händel, Mozart, Beethoven, Brahms e Wagner. Os textos sobre cada compositor abordam em sua estrutura o bom senso destacando detalhes biográficos de maneira pontual, elegante e explicativa, mas sem deixar que se sobreponham a genialidade contida em cada obra por eles criada.
A música clássica, que sempre foi acusada de ser inacessível a interessados por envolver não somente o aprendizado de um instrumento e a cultura musical, encontra um aliado nessa publicação. A pesquisa de Trein é, em tempos de internet e, assim, de uma maior circulação de ideias, algo que não se pode desconsiderar. Além disso, convida os mais curiosos a escutarem os principais temas de cada compositor, pois as contextualiza com primor.

Para mim, que fui criada entre audições clássicas de piano e voz em meu ambiente familiar por ter tido pais envolvidos com a música erudita, foi uma volta a escuta deles. Uma retomada a conversas que presenciei muitas vezes em saraus e reuniões com os amigos de coral em casa.

Paul Trein me proporcionou um retorno ao aconchego que a música erudita oferece, sem afetação ou barreiras a quem quiser escutá-la. Uma oportunidade de escutar outras ideias sobre a história de compositores que até hoje ressoam em nossos ouvidos universais. Um convite a pais, educadores e estudantes que queiram ler um livro escrito por quem ama a música na medida exata, mas com a devida emoção de sentir o coração quase saindo pela boca em forma de palavras.

Nesse final de ano, imagino a ausência que Paul Trein faz à sua família e amigos (ele faleceu no primeiro semestre de 2018, na Alemanha), mas também sei o quanto a música preenche esse vazio. Então se você sentiu entusiasmo em escutar mais uma vez seus compositores prediletos ou em conhecer cada um citado nesse livro, pegue sua vitrola, seu aparelho de CD, seu arquivo de mp3 ou nuvem e escute música. Se a vontade for maior ainda, vá a um concerto para escutá-la ao vivo. Com certeza toda a tristeza irá embora e somente os acordes ficarão ressonando dentro de você, como uma benção pulsante, viva e eterna.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

30 anos de construção de uma identidade cultural extintos numa única medida provisória


Sou produtora cultural desde 1998 e, em 20 anos de atividades ininterruptas, realizei projetos em todas as áreas e segmentos. Neste tempo acompanhei a criação de associações, institutos, fundos, leis e processos colaborativos. Aprendi a escrever projetos orientada por planos públicos governamentais, a encaminhar propostas e ver o dinheiro público sendo aplicado em cultura beneficiando diversas comunidades. Muitas etnias ganharam voz. Muitos grupos discriminados começaram a ser vistos, a ser reconhecidos como emissores culturais. Muitas expressões nesse imenso país ganharam forma e ampliaram-se uns aos outros na escuta. Todo o investimento cultural foi uma conquista lapidada em anos de trabalho por muitas pessoas que desenvolveram políticas culturais para todos, vencendo obstáculos, preconceitos e autoestimas até então destinadas somente a ações estrangeiras. O Brasil se deu conta que é criativo e que mantém parte da sociedade de forma econômica via cultura. A cada passo dado para avançar positivamente nesse cenário, às vezes, sedia alguns passos para trás, pois quase sempre alguma notícia de descrença nesse processo legítimo era questionado.

Precisamos entender que existir culturalmente livre não fez parte da historia da América Latina, por causa da questão bélica militar que marca a história desse continente. Então toda essa estrutura cultural é um ato de descoberta de uma identidade e de uma força de produção antes nunca desvelada. Por isso termos um Ministério da Cultura, e demais instituições estaduais e municipais exclusivamente cuidando da cultura brasileira é um bem resultante de muita luta, muita sapiência e dedicação.

Entretanto, estávamos numa fase ainda muito inicial dessa construção e por isso essa medida expedida ontem pelo atual Presidente da Republica é um ato que terá consequências históricas graves para todos nós, trabalhadores da cultura ou simplesmente consumidores.

Nestes anos de leis e planos nacionais desenvolvidos para a promoção cultural brasileira, inúmeras propostas incentivaram e patrocinaram atividades das mais diversas, envolvendo todas as áreas culturais. Boa parte dessa construção cultural faz parte da minha história de vida. Sou parte da grande massa de produtores culturais que organizaram seus projetos culturais através das leis de incentivo à cultura, entre elas a Rouanet, criada com o objetivo de incentivar e fomentar políticas culturais pelo país.

Sem um órgão legislador que responda por essa manutenção das políticas, parte dessa estrutura virá abaixo. E fico pensando como será nos próximos anos reorganizar a cadeia produtiva cultural de forma livre.

Nesse 3 de janeiro de 2019, lamento imensamente que esse ato tenha ocorrido tão logo a posse presidencial porque só evidencia o despreparo que esse grupo de “políticos” carrega consigo. A partir de hoje todos nós perderemos boa parte do que conquistamos de maneira coletiva, suada e dialogada exaustivamente ao longo de 30 anos. Uma das fontes que mantém a vida pulsando. Hoje uma ação somada às recentes notícias quanto a exclusão de políticas para os grupos LGTBs, da demarcação das terras indígenas e sobre a importância dos alimentos orgânicos, sei que outras tantos desmanches virão. Mas desde que houve eleições eu sabia que nada seria em prol do aprimoramento e respeito humano, porque quem assumiu esse comando precisa aprender a utilizar o poder de maneira benéfica e não destrutiva. Ao destruir políticas, segmentos, etnias e mobilizações de grupos sociais variados, se criará o quê?

2019 começou, e nós vamos continuar existindo de maneira ainda mais intensa, criativa e resistente do que antes. Apesar de você!


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

"Benzinho", de Gustavo Pizzi (2018)


Embalado pelas notícias do Festival de Cinema de Gramado, ocorrido recentemente na cidade gaúcha, e pela premiação, eu e Andrea Rita Muller fomos ver "Benzinho", de Gustavo Pizzi (2018). Durante muito tempo, me ressentia de só ver filmes de violência urbana, polícia e traficantes e comédias cariocas idiotas no cinema brasileiro. Foram incontáveis vezes que fiquei com inveja da cinematografia iraniana que, com pouquíssimo dinheiro, conseguia retratar as inúmeras realidades do país, como "O Balão Branco"; "O Caminho de Kandahar", "Gosto de Cereja", "A Maçã" e "A Separação", entre muitos outros. Pois, já está em cartaz em Porto Alegre, "Benzinho", que leva o cinema brasileiro para as discussões nem tão prosaicas sobre a vida de uma família de classe média baixa.

Em resumo, o filme conta a história de um adolescente que é convidado a jogar handebol numa equipe profissional da Alemanha e os efeitos que este convite tem em sua família, especialmente na mãe, Irene, interpretada magistralmente por Karine Teles, melhor atriz em Gramado 2018. Com este ponto de partida, "Benzinho" analisa uma série de temas importantes na realidade socioeconômica brasileira sem fazer proselitismo nem transformar tudo em melodrama. Estão ali, os desmandos econômicos que fazem com que as irmãs Irene e Sônia (Adriana Esteves, também maravilhosa em
Karine Teles: Melhor Atriz em Gramado
cena) vendam quentinhas e lençóis para completar a renda da família; os planos mirabolantes do marido de Irene (Otávio Muller) para ganhar dinheiro; a falência do casamento da irmã em função do vício em drogas do cunhado (César Troncoso, numa ponta excelente); a busca da casa própria numa construção que está pela metade; o cuidado com os filhos pequenos, quando pai e mãe estão fora trabalhando. Uma série de "pequenos problemas", que afligem os personagens e, de uma maneira geral, o povo brasileiro.

A ternura com que Pizzi enxerga e trata seus personagens é comovente, e a atuação de Karine mostra que o cinema brasileiro não é só feito de carinhas bonitas e mulheres gostosas. As crianças, filhos gêmeos de Karine e do diretor e o sobrinho dela, além do protagonista Konstantinos Sarris, dão um show de naturalidade à parte. "Benzinho" recoloca o cinema nacional na vida de sua população, não somente na Zona Sul ou nas favelas do Rio de Janeiro. Vale a pena conferir.

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Trailer de "Benzinho"


por Paulo Moreira

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Chico Buarque - Show "Caravanas" - Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS (17/08/2018)


Muito já se disse sobre os três dias de shows de Chico Buarque de Hollanda em Porto Alegre nos dias 17, 18 e 19 de agosto. Meu amigo Juarez Fonseca fez um texto com muita propriedade sobre o que ele – e eu – vimos num dos dias, mas tenho algumas impressões pessoais a registrar.  Chamou-me a atenção que Chico não se utiliza da linguagem pop da MPB em nenhum momento. Cheguei a comentar com o Raul Ellwanger no final do show que Chico é dos poucos cantores/compositores que ainda pratica os gêneros de canção brasileira anteriores à bossa-nova: bolero, fox-trot, sambas em todos os andamentos, chorinho, etc. Ao contrário de seus contemporâneos Caetano e Gil e dos representantes da geração seguinte, Djavan e os nordestinos Alceu Valença, Zé Ramalho e Lenine, Chico não se deixa seduzir pelos sons das guitarras e bloops-blips da modernidade. O baixo elétrico no seu espetáculo é discreto, assim como os timbres de teclados de Bia Paes Leme. Já o pianista João Rebouças chega a tocar um bandolim em vários momentos.

Chamou também a atenção que as famosas músicas de “dor-de-cotovelo” ("Trocando em Miúdos" e "Olhos nos Olhos", por exemplo) não estivessem presentes no roteiro. Uma das poucas canções que entram neste rol e que estava no show é a lírica "Todo o Sentimento", parceria com o pianista Cristóvão Bastos. Como bem disse o Juarez, o discurso é outro e não está nos intervalos entre as músicas. Está nas letras das canções. Artista maduro, Chico não atendeu os anseios dos seus detratores, que desejavam um discurso defendendo suas posições políticas para se refestelar nos gritos de "comunista", "vermelho" e outras sandices. Isso tem hora e lugar, como fez ao visitar Lula em Curitiba.

Chico com sua banda: fiel à música
brasileira em suas diversas vertentes
No palco, a história é outra e os "comentários" vem embalados em belas melodias com o auxílio luxuoso de sua banda. Destaque especial para o percussionista Chico Batera, que tocou marimba e vibrafone, instrumentos não usuais em espetáculos de MPB. Vi o show ao lado do empresário musical João Mário Linhares, que confirmou que o roteiro foi totalmente criado e montado pelo compositor. Ao contrário do que queria um colunista da praça, que acha que o artista não deve evoluir, a base do espetáculo foi o disco "Caravanas" com incursões pontuais ao passado ("Homenagem ao Malandro", "Partido Alto", Sabiá", "Geni e o Zeppelin", "Retrato em Branco e Preto" e "Gota D'Água"). Em mais de duas horas e 30 músicas, Chico Buarque calou a boca de seus "inimigos de Facebook" com a cabal demonstração de que continua sendo o maior compositor brasileiro vivo.




Texto: Paulo Moreira
Fotos: Guilherme Ricacheski

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

"Você Nunca Esteve Realmente Aqui", de Lynne Ramsay (2017), e "A Festa", de Sally Potter (2017)


Depois do almoço de Dia dos Pais, eu e Andrea encaramos dois filmes dirigidos por mulheres lá no Itaú Cinemas, em Porto Alegre: "Você Nunca Esteve Realmente Aqui" da diretora escocesa Lynne Ramsay, e "A Festa", da inglesa Sally Potter. O interessante é que, mesmo sendo dirigidos por mulheres, os filmes são absolutamente diferentes entre si. O primeiro conta a história de Joe, um veterano de guerra com tendências suicidas, interpretado por Joaquin Phoenix, que sustenta a si e à sua mãe como assassino de aluguel que também resgata meninas fugitivas ou sequestradas. Seu mais recente trabalho é trazer a filha de um senador de volta pra casa. Com um roteiro da diretora e de Jonathan Ames, o escritor do livro no qual o filme foi baseado, "Você Nunca Esteve...", avança e recua nos flashbacks para nos dar pequenos vislumbres da vida de Joe, que vão montando o quebra-cabeça de sua existência e de suas motivações.

A cineasta faz um filme extremamente violento sem explicitar. A própria figura de Phoenix, gordo, barbudo e seboso, contribui para a construção do personagem. Realizado basicamente em cima das expressões e olhares dos personagens, o filme tem pouquíssimos diálogos, todos eles essenciais na resolução da trama. Mas o espelho da alma de Joe é o rosto de Joaquin Phoenix, um ator realmente espetacular. A música de Jonny Greenwood, do grupo Radiohead, é fundamental na criação dos climas mostrados na tela. Responsável pelo excelente "Precisamos Falar Sobre o Kevin", Lynne Ramsay faz um filme surpreendente, onde a violência cotidiana está presente antes de acontecer e depois do fato consumado, nunca durante. Tudo isso contado em menos de uma hora e meia de projeção. Muitos diretores deveriam ver este filme antes de fazer seus "épicos" de 3 horas de duração.

trailer de "Você Nunca Esteve Realmente Aqui" 



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O segundo filme que vimos foi "A Festa", da diretora inglesa Sally Potter, de "Orlando, A Mulher Imortal" e "Uma Lição de Tango". Com uma cinematografia totalmente oposta à película de Lynne Ramsay, Potter apostou na estética do "teatro filmado", usando e abusando da qualidade de seu elenco estelar: Kristin Scott Thomas, Patricia Clarkson, Bruno Ganz, Cillian Murphy, Timothy Spall (irreconhecível), Emily Mortimer e Cherry Jones. O básico da trama é um jantar de comemoração à indicação de Janet (Scott Thomas) ao Ministério da Saúde. Os convidados são o casal de amigos, April (Clarkson) e Gottfried (Ganz), ela uma cética e ele um pós-hippie que acredita em terapias alternativas; o casal formado pela professora Martha (Jones) e sua partner Jinny (Mortimer), o enigmático e descontrolado Tom (Murphy) mais o marido de Janet e também professor (Spall), que vai revelar um segredo durante o encontro.

Filmado em p&b, "A Festa" se justifica nesta escolha pelo peso que Potter dá às palavras, aos diálogos e às atitudes de seus personagens. É como se filmar em cores distraísse os espectadores do que está sendo dito. Com um ensemble deste calibre, "A Festa" faz uso de cenas com dois e três personagens por vez, sendo que uma única ocasião os protagonistas estão todos juntos na mesma sala. Com uma duração de 71 minutos, Potter coloca questões interessantes na boca de seus atores: a situação política da Inglaterra; o homossexualismo feminino e a necessidade da formação de uma família; o adultério; o contraponto entre medicina tradicional e alternativa; a ganância, as drogas, o sucesso imperativo e o avanço da tecnologia na vida das pessoas.

Interessante é que a música do filme é toda retirada de discos que o personagem de Timothy Spall vai alternando em seu toca-discos de vinil, demonstrando seu gosto eclético (o roqueiro Bo Diddley, os jazzistas Sidney Bechet e Albert Ayler, os cubanos Rubén Gonzalez e Ibrahim Ferrer; o reggaeiro Ernest Ranglin, o fadista Carlos Paredes e os clássicos Henry Purcell e Grigoras Dinicu). Com diálogos deliciosos e irônicos, "A Festa" nos reserva uma surpresa final hilariante e que define a existência de todas aquelas figuras.

trailer de "A Festa"


por Paulo Moreira


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Joan Armatrading - “To the Limit” (1978)



"O que distingue seu trabalho é a autenticidade 
única de cada uma de suas músicas. 
Percorrendo o jazz, o blues, o reggae e o rock, 
ela nunca parece repetir o material anterior." 
Stephen Demorestdec,
em matéria de dezembro de 1978 
do jornal The New York Times


Um disco que pouca gente conhece, mas que é um dos meus discos da vida: “To the Limit”, da cantora e compositora britânica Joan Armatrading. Este disco me foi apresentado pelo colega de faculdade e grande figura Cláudio Almeida. Eu já havia lido uma crítica de um show da Armatrading no Jornal de Música, escrita pelo Mauricio Valladares, e tinha ficado curioso.

Nas minhas madrugadas ouvindo a Rádio El Mundo de Buenos Aires, curti pela primeira vez "Love and Affection", a principal canção do terceiro disco da moça. Mas nada me preparou para o impacto ao ouvir o “To the Limit”. Já de cara, "Barefoot and Pregnant" te derruba com o groove maravilhoso do baterista Henry Spinetti e os teclados de Red Young. Na sequência, "Your Letter" é uma daquelas baladas que te deixa na lona com o sax tenor de Quitman Dennis. "Am I Blue for You" começa com o talk box do guitarrista Dave Palmer e "You Rope You Tie Me" tem três mudanças de tempo e clima.

"Baby I" é outra balada de cortar os pulsos. "Bottom to the Top", de onde foi tirado o título do disco, é um reggae com o órgão de Dick Sims mandando no pedaço. "Taking my Baby Up Town" é um roquinho onde Aramatrading conta a história de um passeio com sua namorada. "What Do You Want" tem Joan cantando num tom baixo e a flauta de Dennis pontuando a canção. "Wishing", segundo ela própria, é a primeira tentativa de fazer poesia com uma melodia poderosa. Pra fechar, "Let It Last" tem um clima gospel e o sax soprano de Quitman Dennis fazendo mais uma aparição.

Tremendo disco com letras fortes e cantadas com maestria pela compositora. O disco é tão bom que consegui arrebanhar mais uns fãs pra Armatrading: Mauro Magalhães, Marcelo Jardim e Mauro Drummond. Ah, tu não conheces? Ouve aqui, meu!
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FAIXAS:
1. "Barefoot and Pregnant" - 3:40
2. "Your Letter” - 3:40
3. "Am I Blue For You" - 4:24
4. "You Rope You Tie Me" - 4:08
5. "Baby I" - 4:52
6. "Bottom to the Top" - 3:34
7. "Taking My Baby Up Town" - 3:25
8. "What Do You Want" - 3:44
9. "Wishing"- 4:48
10. "Let it Last" - 4:57
Todas as composições de Joan Armatrading

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OUÇA O DISCO:
Joan Armatrading - “To the Limit”


por Paulo Moreira

segunda-feira, 12 de março de 2018

John Pizzarelli - Porto Alegre Jazz Festival - Centro de Eventos BarraShoppingSul - Porto Alegre/RS (08/03/2018)



Meu amigo Roger Lerina acertou em cheio em sua resenha do show de John Pizzarelli no último dia 8 de março no Centro de Eventos do BarraShoppingSul, dentro da programação especial do Porto Alegre Jazz Festival: Ele "é diversão na certa”. Tocando para um público de meia idade – mesclado salutarmente com alguns jovens mais atentados –, o guitarrista inovou desta vez. Misturando aquele feijão-com-arroz gostoso de standards clássicos como “They Can’t Take That Away From Me” e “I Got Rhythm”, dos irmãos George & Ira Gershwin, com músicas de Nat King Cole e dos Beatles, o músico provou que sabe cativar uma plateia com sua simpatia, com arranjos bem escolhidos e de fácil assimilação pelo público. Seu grupo, apesar de não ter nenhum virtuoso, mostrou ser correto e direto ao ponto, sem firulas. O pianista Konrad Paszkudzki, o baixista Mike Karn e o baterista Andy Watson cumpriram muito bem seu papel de coadjuvantes da grande estrela.

Mas as semelhanças com os shows anteriores terminaram aí. Escorado um scat singing junto com sua guitarra, Pizzarelli usou a técnica aperfeiçoada por George Benson a seu favor. Usando este expediente em quase todos os solos, o guitarrista mostrou ter amplo conhecimento da história de seu instrumento no jazz, circulando pelos estilos dos sóbrios, Jim Hall, Barney Kessel e Herb Ellis num momento e na exuberância do já citado Benson e de Wes Montgomery no outro. Após começar o espetáculo suavemente com as composições dos Gershwin e de seu ídolo King Cole, Pizzarelli apresentou suas novidades. Primeiro, uma versão de “Honey Pie” dos Beatles quase irreconhecível. Na sequência, talvez o grande momento musical da noite, a versão de “I Feel Fine”, de Lennon & McCartney, utilizando-se do tema clássico do funky soul da gravadora Blue Note, “The Sidewinder”, do trompetista Lee Morgan como base do arranjo.

O virtuoso Pizzarelli e sua competente banda
Em compensação, pra mim soou estranha a versão “bossanovística” de “Silly Love Songs”, dos Wings de Macca. Talvez porque a composição esteja tão entranhada no universo pop que “abrasileirá-la” tenha parecido forçado. Outra novidade foi a apresentação de “Oscar Night”, composta pelo falecido pianista de Pizzarelli, Ray Kennedy, em homenagem a Oscar Peterson. Totalmente instrumental, a música faz um passeio/homenagem pelo estilo do grande pianista canadense, abrindo espaço para todos os músicos mostrarem sua destreza.

A partir daí, o guitarrista chama ao palco o neto de Tom Jobim, Daniel – cada vez mais parecido com o avô – para emular o encontro de Frank Sinatra com Jobim há 50 anos atrás. E se saem bem. Como no disco, as clássicas “Dindi” e “Água de Beber” dividem espaço com “Baubles, Bangles and Beads” e “I Concentrate on You, de Cole Porter, mas Pizzarelli tem o cuidado de acrescentar outras pérolas jobinianas no repertório, como “Bonita”, “Two Kites” e “Wave”. Daniel, pouco à vontade somente ao microfone, deslanchou ao piano e voz. No final, a indefectível “The Girl From Ipanema”, que suscitou mais um dos engraçados comentários do guitarrista sobre a onipresença desta canção no mundo inteiro.

Pra finalizar, o número que Pizzarelli sempre apresenta em sues shows: a homenagem ao seu estado natal, New Jersey, com “I Like Jersey Best”, onde brinca com “as versões” de Bruce Springsteen, Bob Dylan, Paul Simon, Lou Reed, Lou Rawls, Billie Holiday, James Taylor, Bee Gees e, até mesmo, João Gilberto e João Bosco. Um final divertido para um show muito musical. Tudo isso começou com o duo da voz de Dudu Sperb com o piano de Luiz Mauro Filho. Como se esperava, dados os talentos do cantor e do pianista, a noite iniciou maravilhosa com clássicos como "Ilusão à Taa", de Johnny Alf; "Stardust", de Hoagy Carmichael, e da linda "Mistérios", de Joyce. Primeiro, a sobriedade gaúcha armando a plateia para a animação de John Pizzarelli. “Volte logo, Pizza”, como disse meu querido amigo Sepeh de los Santos.

Porto Alegre já está aguardando o retorno de Pizza

por: Paulo Moreira
fotos: Opus Promoções

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Marmota Jazz - Theatro São Pedro.- Porto Alegre (5/12/2017)



Há uma crescente renovação nas hostes do jazz e da música instrumental não só no Rio Grande do Sul como no Brasil. Mas aqui esta renovação traz ventos de criatividade e densa criação musical. Foi o que vimos, no Theatro São Pedro, no show de lançamento do disco "A Margem", do Marmota Jazz, grupo formado por Leonardo Bittencourt aos pianos acústico e elétrico; Pedro Niederauer Moser, na guitarra; André Mendonça, no baixo acústico; e Bruno Braga, na bateria.

Notabilizada pela qualidade de seus integrantes e pela fineza nas composições e arranjos, a banda resolveu dar um passo à frente, incorporando elementos eletrônicos e distorções, especialmente na guitarra de Moser. A platéia lotada de jovens vibrou com as invenções do quarteto e aplaudiu de pé a performance. O novo repertório é complexo com os meninos viajando nos temas que se transmutam, seja nos tempos das composições, seja em suas harmonias. Para meu gosto pessoal e intransferível, preferiria que o guitarrista Pedro Moser não abusasse tanto dos efeitos. Como ele próprio me disse depois do espetáculo, "foi um show roqueiro”. Eu não diria isso, pois as novas tendências do jazz e da música instrumental fazem uso de todos os recursos, acústicos e/ou eletrônicos, em suas apresentações. Vide o caso do saxofonista do momento, Kamasi Washington, que se apresenta com teclados e DJ. Mas acredito que a experiência com os efeitos ainda será mais e melhor explorada no som do grupo.

Como eu estava num camarote central, no terceiro piso do TSP,, onde o som chegava embolado, não consegui entender o que disse o ator Marcos Contreiras em sua intervenção recitada durante uma das músicas novas. O Marmota também me lembrou as atuações das bandas fusion dos anos 70, como Return to Forever, Pat Metheny Group e Mahavishnu Orchestra, pela intensidade do trabalho e pela constante mudança de climas durante a mesma composição. Todos os integrantes tem seus momentos de brilho mas, além da guitarra "billfriseriana" de Moser, Leonardo Bittencourt mostrou toda a sua destreza ao piano acústico, Bruno Braga mesclou sutileza com intensidade na sua bateria e o baixista André Mendonça é a âncora do grupo. Enquanto os outros viajam, ele segura as pontas com um approach às vezes lírico, às vezes funcional. A inventividade do grupo conseguiu vencer as dificuldades e apresentou um espetáculo que lavou a alma dos que foram ver o lançamento do segundo disco.

texto: Paulo Moreira
foto: Marilene Bittencourt

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Os 10 melhores filmes de Robert Altman


O cinéfilo e meu querido colega José Fernando Cardoso veio novamente me provocar com sua lista de 5 filmes preferidos do gigantesco diretor americano Robert Altman, um titã da cinematografia mundial e, concordando com o Zé, o único a rivalizar com o Scorsese em termos de qualidade e quantidade nos últimos 50 anos. Vou incrementar a lista dele e colocar 10 filmes do Altman (de quem recentemente lembrou-se da data de morte, 20 de novembro, em 2006), que fizeram a minha cabeça na adolescência naquelas sessões do cinema Bristol, em Porto Alegre, onde iniciei minha educação cinematográfica, “in the nineteen-seventies”, como diria o Neil Young

Por favor, os filmes não estão em ordem de preferência, senão teria de botar os 10 filmes no primeiro lugar, de tanto que eu gosto deles.


1 - NASHVILLE (1976)

No ano do bicentenário americano, Altman destrói o sentimento patriótico do universo da country music, jogando na tela uns 20 personagens, todos colidindo uns com os outros e fazendo um painel do que era a América naquele período pós-Nixon e Watergate. Impossível destacar alguém do elenco, mas Keith Carradine fez muito sucesso com sua música "I'm Easy".

Keith Carradine cantando "I'm Easy"


2 - CERIMÔNIA DE CASAMENTO (“A Wedding”, 1978)

O que fez com a música country em "Nashville", Altman faz aqui com uma das instituições mais cultuadas no mundo ocidental: o casamento. A demolição acontece a cada fotograma, especialmente com a irmã da noiva, interpretada pela Mia Farrow, marcando território com o noivo numa rapidinha atrás da cortina. O entra-e-sai de figuras patéticas só ajuda a demolir a aura de felicidade de um casamento.


3 - ONDE OS HOMENS SÃO HOMENS (“McCabe and Mrs. Miller”, 1971) 

Um faroeste existencial no meio da neve com fotografia belíssima de Vilmos Zsigmond e música de Leonard Cohen. Julie Christie esplendorosa e Warren Beatty brigando com Altman o tempo inteiro mais aquela turma do Altman que sempre estava de coadjuvante: René Aberjounois, Michael Murphy, Bert Remsey e Shelley Duvall.


4 - VOAR É COM OS PÁSSAROS (“Brewster McCloud”, 1970)

A história de um guri recluso que sonha em voar e constrói um par de asas artificiais com a ajuda de sua madrinha. Bud Cort, saindo do sucesso de "Ensina-me a Viver" encarnando o "menino maluquinho” e a deliciosa Sally Kellerman fazendo o papel da dinda. Um detalhe interessante: enquanto as aventuras de Brewster McCloud são mostradas, há uma aula de ornitologia ministrada pelo professor René Auberjonois, que vai se transformando em pássaro à medida em que o filme avança. No final, o veterano ator William Windom apresenta o elenco num picadeiro. Maluquice total, porém muita divertida!



5 - M.A.S.H. (1970) 

No auge da Guerra do Vietnam, Robert Altman usa a sátira sexual para demolir o exército e suas idiossincrasias durante o conflito na Coreia. A dupla Elliot Gould e Donald Sutherland fez tanto sucesso que acabou fazendo uma série de outros filmes. A cena mais emblemática é a da gostosa porém maluca Lábios Quentes (Sally Kellerman) tomando banho e a catrefa toda abrindo a cortina e dando nota para seus "atributos", por assim dizer. O primeiro grande momento da carreira do diretor. Virou série de sucesso.




6 - BUFALLO BILL E OS ÍNDIOS (“Buffalo Bill and the Indians” ou “Sitting Bull's History Lesson” 1976)

Depois de “Nashville”, Altman continuou na sua busca de escrachar os símbolos americanos. Com o herói Búfalo Bill, não foi diferente. Seus cabelos longos são uma peruca, suas atitudes são inventadas e as batalhas com índios e bandidos são ensaiadas para que ele ganhe. Paul Newman mandando brasa no papel-título. Na época, não foi bem recebido, mas merece uma revisão.


7 - O PERIGOSO ADEUS (“The Long Goodbye”, 1973)

Baseado em Raymond Chandler, mas Altman desloca a ação dos anos 40 para a década de 70, no porre pós-Watergate, Woodstock e do movimento hippie. O detetive Phillip Marlowe tem de localizar seu amigo Terry Lennox acusado de matar a esposa. A trama de Chandler está intacta, mas o diretor imprime um clima de fim de festa à investigação, que é difícil não torcer pelo private investigator. Durante a busca, os personagens mais incríveis se sucedem. Elliot Gould arrasando como o Marlowe existencial.


A turma do jaazz reunida interpretando os mestres
8 – KANSAS CITY (1996)

Pode dizer que estou puxando a brasa pro meu assado, porque é isso mesmo. O filme nem é tão bom assim, mas com toda aquela turma do jazz dos anos 80 e 90 (David Murray, Joshua Redman, James Carter, Craig Handy e Geri Allen) tocando e interpretando os mestres da década de 30, a gente nem presta muita atenção à história, um filme de gangsters em Kansas City. Jennifer Jason Leigh e Miranda Richardson são as femmes fatales e Michael Murphy e Harry Belafonte são os principais atores masculinos. Médio, porém bom. Dá pra entender?


9 – O JOGADOR (“The Player”, 1992)

Hollywood estava querendo fazer um mea culpa por ter vilipendiado o independente Altman a vida inteira e adotou “O Jogador” como veículo desta “valorização”. O filme ganhou 3 indicações ao Oscar mas não ganhou nenhuma (aí ia ser demais, não é Academia?). Tim Robbins faz o executivo de Hollywood que mata um aspirante a roteirista que acredita estar mandando ameaças de morte. “O Jogador” é um who’s who de quem era alguma coisa na cidade dos sonhos naquele momento. São 65 aparições de gente como o diretor Sidney Pollack, os atores Dean Stockwell e Whoopi Goldberg e o cantor country Lyle Lovett. O plano-sequência de 7 minutos e 47 segundos já te ganha no começo do filme. E tem até a Joyce Moreno na trilha!

Plano-sequência inicial de "O Jogador"


10 – SHORT CUTS - CENAS DA VIDA ("Short Cuts", 1993)

Os contos do minimalista Raymond Carver são a base para as histórias contadas neste filme, que tem dois artistas da música em papéis principais: a cantora de jazz Annie Ross e o cantor e compositor Tom Waits. As angústias da classe média americana misturadas com a possibilidade da sorte e/ou do azar mudar sua vida. Mais um filme de Robert Altman onde a força do grupo de atores é mais importante do que as performances individuais.


por Paulo Moreira

sábado, 18 de novembro de 2017

Os 10 melhores filmes de Martin Scorsese



Um dos maiores realizadores vivos do cinema mundial chega aos 75 anos. Não seria necessariamente motivo de comemoração, afinal, não são poucos cineastas que, longevos, atingiram idades semelhantes nos últimos tempos. Porém, está se falando de Martin Scorsese, o mestre do cinema norte-americano, ao mesmo tempo um de seus principais renovadores e um autor de estilo muito próprio e cativante, que une a cultura pop, visíveis influências escolas de grandes diretores do cinema (Kazan, Kurosawa, Kubrick, Ford, Leone) e apuro técnico muitas vezes inigualável.

Pra comemorar os 75 anos de Scorsese, completos no último dia 17, nosso blogger Paulo Moreira escolheu seus 10 filmes preferidos do mestre, cada um com com pequenos comentários:


por Paulo Moreira

1 – OS BONS COMPANHEIROS ("Goodfellas", 1990)

The fucking best!! Perfeição a cada fotograma. TUDO é bom até a mini-participação do Michael Imperoli dos Sopranos como o cara que servia os drinks dos mafiosos e é morto pelo Joe Pesci na mesa de jogo. Trilha-sonora de luxo!

Scorsese com o elenco de 'Goodfellas'

Como ator em 'Taxi Driver'
2 – TAXI DRIVER (1976)


A paranoia americana e novaiorquina em seu apogeu. Jodie Foster nunca foi melhor do que aqui, assim como De Niro.


3 – CAMINHOS PERIGOSOS ("Mean Streets", 1973)

Onde o cinema do Scorsese começa a se mostrar. Outra trilha maravilhosa.

4 – DEPOIS DE HORAS ("After Hours", 1985)

Kafka em NYC. Precisa dizer mais?? E ainda tem uma cena que tira sarro da minha ídola suprema, Joni Mitchell. Griffin Dunne no maior papel de sua diminuta carreira.

5 – TOURO INDOMÁVEL ("Raging Bull, 1980)

Fotografia em P&B pra não chocar com tanto sangue - mal sabia ele que os Sexta-Feiras 13 iriam dar um banho de sangue sem pudor no público. De Niro engorda, emagrece, engorda, emagrece e dá um show. Cathy Moriarty fazendo seu próprio papel de loura platinada entediada. Gostossíssima!!

Com De Niro no ringue-cenário

Outra ponta como ator
6 - O REI DA COMÉDIA ("The King Comedy", 1983)


Rupert Pupkin é o fã maluco do Jerry Lewis. De Niro sensacional e a Sandra Bernhardt incrível. Porque esta mulher não deu certo?

7 – CASSINO ("Casino", 1995)

"Goodfellas" parte DOIS com a atuação estelar da Sharon Stone fazendo a mais louca das mulheres loucas. De Niro & Pesci se amando e se odiando.


Com DiCaprio e Margot no set
8 – O LOBO DE WALL STREET ("The Wolf of Wall Street", 2013)


Uma das cenas mais engraçadas e trágicas do cinema ao mesmo tempo: Leonardo DiCaprio chapadaço tentando chegar em seu carro e não consegue descer a escada.

9 – OS INFILTRADOS ("The Departed", 2006)

Duelo de titãs: DiCaprio & Nicholson mais Martin Sheen, Matt Damon e Mark Wahlberg de troco.

10 – CABO DO MEDO ("Cape Fear", 1991)

Lembro quando saiu este filme o Pedro Ernesto - ele mesmo, o "Demóis" - dizia que tinha de trocar o nome pra ME CAGO DE MEDO!! HAHAHAHAH O casting é outra obra: o loucaço Nick Nolte fazendo o papel de bundão; a grande Jessica Lange da esposa mala, a chatinha Juliette Lewis da adolescente putinha e o De Niro, aqui sim como o Diabo, muito melhor do que no chatérrimo "Coração Satânico".


Conversando com De Niro nos bastidores de 'Cabo do Medo'

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Madeleine Peyroux - Teatro Bourbon Country - Porto Alegre/RS (09/11/2017)



Pra começar, um aviso: se você é fã da cantora Madeleine Peyroux, não siga em frente. Você vai ficar muito irritado e vai me xingar, me destratar e até vai ter vontade de me dar uns tapas. Por quê? Porque nunca gostei de sua voz (aquele timbre "billieholidayesco" só funciona com a própria) e acho que o resultado final de sua música é mediano. Não tem brilho.

Com seus músicos no palco
Posto isso, depois de ignorar os shows anteriores dela, resolvi dar uma chance de ser surpreendido. Afinal, a formação é jazzística - violão e ukulele mais guitarra e baixo acústico – para o show no Teatro Bourbon Country, em Porto Alegre. E o guitarrista era o grande Jon Herrington, que toca com o Steely Dan há muito tempo.

O show começou morno, demorando pra deslanchar. Diga-se a favor de Peyroux, que ela foi muito simpática ao se comunicar com a plateia em português. Musicalmente, os altos momentos foram "A Good Man is Hard to Find", dedicada às mulheres; "Everything I Do Gonna be Funky", do mestre de New Orleans, Allen Toussaint; e até mesmo "um cantchinho e um violaaaao", "Corcovado". Em compensação, o pior veio logo depois: uma versão horrorosa de "Água de Beber", também de Tom Jobim, interpretada ao ukulele, como se o maestro tivesse vivido em Maui, ao invés do Rio.

Para salvar o show, Peyroux e seus rapazes puxaram da cartola "Dance me to the End of Love", de Leonard Cohen, no encerramento. Ainda não foi desta vez que Madeleine Peyroux me convenceu. Não sei se terá outra chance.

texto: Paulo Moreira
fotos: Cris Moreira/Divulgação

sábado, 11 de novembro de 2017

1ª ExpoArte Feirão das HQ´s – Le Cód Coffee Beer – Porto Alegre/RS


Está acontecendo, até dia 19 de novembro, a 1ª ExpoArte Feirão das HQ´s, no Le Cód Coffee Beer, no Centro Histórico de Porto Alegre. Encabeçada pelo meu amigo e colaborador deste blog, o historiador Christian Ordoque, um fã de quadrinhos, a pequena mas rica mostra faz parte de um projeto já maduro, o Feirão das HQ’s, que está indo para sua 27ª edição, a qual ocorre dia 25, na Disco Bar, do também amigo (e xará!) Daniel Santos (R. Lopo Gonçalves, 204, Cidade Baixa).

A exposição, entretanto, reúne artes originais e prints para venda dos talentosos artistas Mariana Couto, José Weingartner Jr., Paulo Daniel Santos e Guilherme Tesch, este último, a quem entrevistei no meu programa Música da Cabeça, pela Rádio Elétreica, do dia 8 de novembro. Tanto o trabalho de Tesch quanto dos outros artistas valem muito a pena de serem conferidos. Vejam aí algumas fotos do dia da inauguração, quando estive lá:


Christian com os quatro artistas da mostra

Trabalhos de Guilherme e Mariana expostos
Paulo fala sobre suas obras aos presentes
Guilherme observando suas obras expostas
Trabalhos de Pedro: inspirados na sua própria vida
Mitologia e cores nas obras de José Weingartner Jr.


Uma das artes de Mariana Couto: ares orientais
Referência a cinema na obra de Guilherme Tesch
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serviço
1ª ExpoArte Feirão das HQ´s
onde: Le Cód Coffee Beer (R. Caldas Júnior, 24 - Centro Histórico, Porto Alegre/RS)
quando: até 19 de novembro
entrada: gratuita
horário: das 8h às 18h30

Daniel Rodrigues