segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Hermeto hermenêutico
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Lançamento do livro "Chapa Quente" - 70ª Feira do Livro de Porto Alegre - Espaço Força & Luz (16/11/24)
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| O autor e a obra prontos para uma tarde inesquecível na Feira do Livro |
Ocorre que, ao retornar ao Rio Grande do Sul, o caos se instaurou. As chuvas e as enchentes, que castigaram o estado por mais de um mês, não só impediram que este lançamento se desse no retorno das férias como alteraram toda a agenda prevista para o resto do ano. Porém, que bom que Porto Alegre, tão frágil em vários aspectos, tem uma consistente Feira do Livro. E a 70ª edição foi o ambiente perfeito para que, enfim, pudesse por “Chapa Quente” em evidência e dividir isso como amigos, familiares e leitores.
Não poderia ser diferente para um livro com esse título. Num quente sábado de novembro, foi ainda mais especial sentir o calor do afeito daqueles que presenciaram, primeiro, o bate-papo com a escritora Simone Saueressig na sala O Retrato do Espaço Força & Luz, por acaso coordenada com carinho por Leocádia. Leitora atenta (coisa dos bons escritores), Simone conduziu a conversa de forma muito inteligente e amistosa, abordando em seus comentários e perguntas direcionadas a mim aspectos de cada um dos contos, de forma que foi possível, assim, dar um 360 na obra.
Logo em seguida, corremos todos para a sessão de autógrafos em plena Praça da Alfândega, no meio do povo, ocasião em que pude, sob as lentes sempre atentas da hermana Carolina Costa, conversar melhor tanto com os que presenciaram o bate-papo quanto com os que foram para o autógrafo ou, simplesmente, confraternizar. Uma tarde quente, mas não só do sol: quente de afetos. As fotos não deixam mentir.
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| E começa o bate-papo |
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| Simone lê trecho de "Chapa Quente" |
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| Público atento |
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| Argumentando... |
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| ... e trocando ideia |
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| Com Leocádia, que nos recebeu e assistiu carinhosamente na sala O Retrato |
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| Com o primo Leandro Leão já na sessão de autógrafos |
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| A amiga Viviane, que também prestigiou o bate-papo |
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| O querido casal Roberto e Júlia: biautógrafo |
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| Batendo um papo com os sempre presetnes amigos Lisi e Rodrigo |
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| Colega de Accirs, a querida professora Fatimarlei Lunardelli |
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| Amigo de infância, professor Nilson Araújo e a esposa Carol |
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| Preparando mais um autógrafo |
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| Queridos Guilherme e Camila |
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| Um abração na parceira de bate-papo e das letras Simone Saueressig |
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| Amigo Otávio Silva |
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| Primo Luis Ventura foi de muleta e tudo |
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| Hermanos na expectativa... |
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| Com eles no último autógrafo da fila |
sábado, 2 de novembro de 2024
Drops lançamento livro "Chapa Quente" - 70ª Feira do Livro de Porto Alegre - Espaço Força & Luz
Já tem data o lançamento oficial do novo livro do coeditor do nosso blog, o escritor e jornalista Daniel Rodrigues, “Chapa Quente” (ed. Caravana Editorial). Será durante a celebrada Feira do Livro de Porto Alegre, que abriu no dia de ontem para sua gloriosa 70ª edição, no dia 16 de novembro, e contará com duas programações. Primeiro, às 15h, na sala O Retrato do Espaço Força e Luz, ocorre um bate-papo do autor com a escritora convidada e amiga Simone Saueressig. Logo em seguida, às 16h, é a vez de Daniel autografar a obra na Praça de Autógrafos da Feira do Livro, na Praça da Alfândega.
Primeiro individual de contos de Daniel, “Chapa Quente” é composto por uma reunião de cinco histórias e foi selecionado em concurso realizado pela editora Caravana Editorial em 2023, resultando resultado da experiência de mais de 10 anos de Daniel Rodrigues como contista, o qual já participou de diversas antologias coletivas. Além destas obras, também é autor de “Anarquia na Passarela – A influência do movimento punk nas coleções de moda”, livro pelo qual venceu o Prêmio Açorianos de Literatura 2013, na categoria Ensaio e Humanidades. Pela Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, também assina artigo no livro “50 Olhares daCrítica Sobre o Cinema Gaúcho”, editado pela ACCIRS em 2022.
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Ian Ramil - Show "Tetein" - Teatro Sicredi - Pelotas/RS (15/03/24)
A deriva de uma viagem talvez seja a melhor parte dela. Essa coisa de andar pelas ruas com os olhos atentos. Quando encarada com ânimo e receptividade, a deriva é capaz de trazer gratas surpresas. Foi assim quando, numa viagem a Curitiba, em 2014, durante um passeio de ônibus pela manhã, nos deparamos Leocádia e eu com o anúncio de um ótimo show na noite daquele mesmo dia. Em pleno Teatro Guairinha, assistirmos a uma homenagem a“O Grande Circo Místico”, a inesquecível obra de Edu Lobo e Chico Buarque. Foi quase sem querer que soubemos da programação. Só que não.
Desta feita, a quase coincidência foi em Pelotas, que por si
só já traz sentimentos bons a nós dois visto a ligação que temos com a cidade. Numa
despretensiosa visita ao Mercado Público, observamos colado em uma pilastra o
cartaz de um show. Olhando com atenção, vimos que se tratava de um show de Ian
Ramil, músico consagrado e que carrega nas veias o sangue de um dos clãs mais
talentosos da música do Rio Grande do Sul. Seria a apresentação de lançamento
de seu novo álbum, “Tetein”, e ainda por cima contaria com a participação de
seu pai, o célebre Vitor Ramil. E vendo com ainda mais atenção: o show era na
noite daquele mesmo dia – igual aconteceu conosco em Curitiba anos atrás.
Providenciamos os ingressos no Sesc de Pelotas, promotor do
show, ali mesmo no Centro, e fomos. Além de conhecer o belo e moderno Teatro
Sicredi, novo na cidade, o que mais nos interessava era, de fato, a música. Há
aí um porém: mesmo com todas as coincidências boas da fluidez das coisas, não
era necessariamente uma certeza para nós que fôssemos gostar. Explico, mas para
isso preciso voltar a 2018, quando, em Porto Alegre, assistimos a uma breve – e
desastrosa – apresentação do mesmo Ian. Fosse por inexperiência, má fase ou vaidade, o
fato é que aquilo que vimos foi um artista desleixado, tocando mal e sem sintonia
nenhuma com o público. Parecia que, pressionado com o peso do sobrenome, ele se
revoltava com a condição e jogava esse desconforto de volta na plateia. Saímos
com a pior das impressões.
Mas ainda bem que, como disse Claudinho para Buchecha, “todo
mundo merece uma segunda chance, ‘fassa’”. Haviam se passado 6 anos, Ian vencera
um Grammy Latino de melhor álbum de rock em português em 2016, esteve diretamente envolvido no projeto do supergrupo Casa Ramil e, no mais, a
tendência era que aquele jovem de mal com a vida pudesse ter amadurecido. E
valeu a pena reconsiderarmos, pois presenciamos um belo show. Com a sala praticamente
lotada de conterrâneos, familiares e amigos, estávamos lá, Leocádia e eu,
tornando-se mais pelotenses do que nunca. Às minhas costas, na fileira de trás,
por exemplo, o padrinho de Ian, a quem Vitor, na sessão de autógrafos do seu “A
Primavera da Pontuação”, na Feira do Livro de 2014, me disse ao me observar com
aquele seu olhar penetrante: “Tu te parece com o meu compadre, padrinho do meu
filho Ian”. Vejam só a especialidade e a simbologia desta ocasião.
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| Ian: revertendo qualquer impressão negativa |
Dono de uma musicalidade muito requintada, Ian e sua pequena
banda (Bruno Vargas, no baixo, e Lauro Maia, programação e teclados) trouxeram
ainda as excelentes “Lego Efeito Manada”, um chamamé moderno (e com lances de
canto gregoriano), que faz remeter à música de Milton Nascimento, Tiganá Santana e, claro, Vitor Ramil. O timbre de voz, aliás, não deixa mentir que se
trata de um Ramil, visto que, em vários lances, é possível ouvir a voz de seu
pai e seus tios, Kleiton e Kledir. O artista trouxe ainda coisas mais antigas
de sua carreira, como músicas do primeiro disco, de 2014, “Nescafé” e “Seis
Patinhos” (visivelmente as mais fracas do set-list), e a potente “Artigo 5º”,
um dos hinos da era “Fora Temer”, do seu premiado e combativo disco "Derivacivilização",
a qual convidou seu pai para dividir os microfones num dos momentos altos do
show.
Mas não cessou por aí. Ian realmente amadureceu como
artista, como performer e, a que se vê, como pessoa, visto que se mostrou
genuinamente simpático e acolhedor. Ainda tiveram a magnífica “O Mundo é Meu
País”, a questionadora “Quiproquó” e, principalmente, “Mil Pares”, um manifesto
distópico-utópico em que Ian imagina um cenário apocalíptico para o fim do
capitalismo. Nesta, além de sopros e percussões adicionadas, ainda houve a repentina
aparição de Davi Batuka com um atabaque africano, que fez o público vir abaixo. Na Pelotas das
charqueadas, que tanto sangue negro viu escorrer pelas águas do Rio Pelotas há
séculos, nada mais apropriado que, na mistura consciente e resistente de Ian, invocar
essa ancestralidade para o palco.
Mais do que admirar o espetáculo, o mesmo nos serviu para revermos e revertermos a imagem de um artista que provou valer a pena ser escutado. Mas ainda mais significativo foi ver Ian e Vitor cantando a
clássica “Joquin”, a versão de 1987 de Vitor para a música de Bob Dylan (“Joey”,
de 1976), em que transpõe para a nem tão fictícia Satolep a história do genial,
incompreendido e perseguido gênio inventor. Dadas as devidas proporções, a música de Vitor se tornou maior que a original, visto que, em terras gaúchas e brasileiras é um clássico e, no vasto e importante cancioneiro dylanesco, não passa de uma canção menor. Fato é que os versos iniciais do tema:“Satolep, noite”, ainda sem o acompanhamento dos instrumentos e ditos na voz de Vitor, traduziram a beleza
daquele acontecimento. Estávamos ali, em nossa Satolep, dita assim mesmo, ao contrário, provocando essa inversão de percepções que Pelotas nos proporciona e numa noite muito especial. Tudo soube fazer sentido. Um acontecimento tão inesperado para nós, mas ao mesmo tempo tão
significativo, que parecia estar previsto, como um presente da própria Pelotas para
quando aqueles dois filhos desagarrados voltassem à deriva por suas ruas de pedras antigas.
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| Ian ao centro em trio com Bruno Vargas e Lauro Maia |
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| Novamente com a excelente e versátil banda |
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| "Ares de Milonga": canto e musicalidade de Ian típica dos Ramil |
segunda-feira, 14 de agosto de 2023
Exposições “Todos iguais, todos diferentes?” e “Orixás”, de Pierre Verger - Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) - Porto Alegre/RS
A frustração de não conseguirmos nos estender na obra de Verger, acalentada por um remoto retorno a Salvador, foi parcialmente superada com uma dupla exposição do icônico trabalho do fotográfico do etnólogo, antropólogo e escritor francês em Porto Alegre. “Todos iguais, todos diferentes?” e “Orixás” trazem o olhar de Pierre Fatumbi Verger sobre a diversidade cultural e a influência recíproca da religiosidade nas culturas africanas e afro-brasileiras. Fez-nos sentir ainda mais em Salvador o fato de que mostra é uma parceria com a Fundação Pierre Verger e as obras selecionadas pelo curador de Alex Baradel, especialista responsável pelo acervo fotográfico da Fundação.
“Todos iguais, todos diferentes?” traz um recorte dos retratos feitos por Verger a partir de seus encontros nas viagens que realizou pelo mundo durante mais de 40 anos. São imagens que, a partir de seu olhar, ressaltam os aspectos da diversidade cultural e do respeito ao outro. Vietnã, Espanha, Congo, Oceano Índico, Senegal, Bolívia, México, Togo, Peru, Mauritânia e, claro, Brasil, são alguns dos países e feições literalmente retratados no trabalho de Verger, que explora imagens em primeiro plano de indivíduos, que se tornam, mais do que apenas retratos de pessoas, mas uma intenção sociopolítica democrática e libertária típica da Antropologia Social da geração a qual ele pertenceu. Não errado dizer “de esquerda”.
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| Visão geral do primeiro salão de “Todos iguais, todos diferentes?” |
Já “Orixás”... Nossa, “Orixás”! Este traz nada mais, nada menos do que uma seleção de fotografias ampliadas em grande formato que constam no livro homônimo de Pierre Verger, lançado pela primeira vez em 1981 e considerado como um dos 200 livros mais importantes para se entender o Brasil A exposição compila, de forma plástica e poética, as pesquisas de Verger sobre a história e mitologia dos orixás nas religiões afro-brasileiras, sobretudo em Salvador e Bahia, além de destacar a origem desses rituais na cultura e nos mitos iorubás africanos em países como Nigéria, Daomé (atual Benin) e Togo. Ao realizar esses estudos em suas viagens desde a Bahia e Recife e até a região do Golfo de Benin, entre os anos 1948 e 1978, Verger se tornou pioneiro na pesquisa quanto às influências culturais e religiosas recíprocas entre África e América, tal como passaram a se dar a partir do século XVI, com a diáspora africana ocorrida em função do tráfico de negros escravizados. As fotos são algo simplesmente arrebatador.
A sensação de penetrar no mundo de Verger ganha força a cada fotografia que se passa, a cada olhar de outra pessoa captada por ele, a cada detalhe enquadrado, a cada realidade dita em apenas um click de segundos. Ainda mais na exposição “Orixás”, que nos fez voltar àquela atmosfera da Bahia da qual nos despedimos com sentimento de incompletude. Adensa ainda mais esta percepção o fato de que a mostra é, justamente, resultado de uma parceria do Margs com a Fundação Pierre Verger e que as obras selecionadas pelo curador de Alex Baradel, especialista responsável pelo acervo fotográfico da Fundação. Só podíamos mesmo voltar à mágica Bahia de Todos os Santos, e isso sem precisar sair ali, na beira do Guaíba, abençoada por Yemanjá.
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| Iguais e, sim, diferentes |
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| Senhora típica espanhola e um belo jovem vietnamita, em fotos dos anos 30 |
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| Trabalhadores do povo daqui e de lá |
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| Mulher africana e Leon Trotsky no exílio México |
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| Detalhe do preciso sorriso de um pequeno mexicano |
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| Composições semelhantes em Tarabuco, Bolívia (cima) e em Ocongate, no Peru |
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| Detalhe no foco, que está no rosto da jovem em segundo plano |
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| Expressivo retrato de um idoso no Brasil dos anos 50, interior de SP |
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| Outra marcante foto desta linda cubana (1957) |
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| Entre os vários amigos ilustres, Dorival Caymmi, Diego Rivera e Walt Disney, ao centro, de "gaucho" |
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| Foto da impressionante exposição "Orixás" (anos 50) |
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| Trabalho etnológico de Verger, que rendeu fotos históricas da religiosidade africana e brasileira |
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| Divindades do candomblé representadas |
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| A plasticidade própria dos cultos africanos |
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| Yemanjá (Salvador, 1946) |
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Daniel Rodrigues












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