Depois de dias intensos de chuva, temporais, ciclones, enchentes, alagamentos, enfim, o sol raiou em Porto Alegre. E um clima solar como este é, claro, um pedido parasse aproveitar o domingo. Após algumas voltas, fomos parar no agradável Esquenta da Oktoberfest, que o Praia de Belas Shopping, empreendimento vizinho nosso, promoveu durante a tarde. O mais legal foi que, diferentemente de outros anos, quando o shopping montava estruturas assim com food trucks, atrações e tudo mais, na área interna, desta vez o evento foi levado para a Praça Itália, ao lado do shopping, e a céu aberto e em espaço público. E que céu!
A Praça Itália, que passou por uma revitalização no início deste ano sob a gestão do Praia de Belas Shopping, sediar este preparativo para a famosa Oktoberfest, tradicional evento germânico que a cidade de Santa Cruz do Sul sedia durante o mês de outubro. Com uma programação diversificada, que reuniu jogos germânicos, personagens típicos e as soberanas do Oktoberfest, o principal, entretanto, foram as atrações musicais.
Não ficamos a tarde inteira, em que estiveram artistas como Fabrício Beck e Bando Alabama, a OktoberBand by Boris Cunha e o DJ Fábio Lopez, mas tivemos a felicidade de assistir boa parte do show do “Cachorro Grande” Marcelo Gross. Com uma formação clássica de rock, baixo, guitarra e bateria, Gross, muito à vontade e simpático, trouxe um punhado de canções que unia o seu repertório solo (“Que loucura!”, “Carnaval”), clássicos da Cachorro (“Bom Brasileiro”, “Dia Perfeito”) e outras agradáveis surpresas, como “O Novo Namorado”, do ex-parceiro Júpiter Maçã, e uma versão de “Taxman”, dos Beatles.
Aliás, Gross e sua banda fizeram jus às próprias referências no rock e na psicodelia dos anos 60, juntando The Who, Rolling Stones e Beatles e colocando todo mundo no palco. É ou não é briga de cachorro grande? Embora não seja um fã da banda, tenho o maior respeito pela honestidade de Gross e seus companheiros de estrada, bem como pela relevância deles para a cena rock gaúcha. A Cachorro abriu pros Stones em Porto Alegre em 2016, ora essa! No show, embora intimista, era visível o som profissional dos caras, e o quanto este universo do rock faz sentido para eles.
Confiram, então, algumas imagens do belo dia de sol e que a Praça Itália foi agradavelmente aquecida pelo Esquenta da Oktober.
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Show rolando no palco montado na Praça Itália
Marcelo Gross mandando ver no bom e velho rock 'n roll
Um pouco do show de Marcelo Gross no
Oktoberfest Praia de Belas Shopping
Beatles, Sontes, Who: briga de cachorro grande, literalmente
Semanas atrás Leocádia e eu fomos a uma sessão de pré-estreia
no GNC Cinemas do Praia de Belas Shopping do novo sucesso de bilheteria da DC Films, “Adão Negro”, com o astro Dwayne "The Rock" Johnson. Legal? Impossível dizer que
não. Cenas de aventura empolgantes, efeitos visuais de alto nível, desenho de
som impecável, roteiro eficiente, astros consagrados, trilhas com músicas
pop... Tudo embalado para que a coisa funcione. Mas será que
"funciona" mesmo? Talvez sim, e talvez seja exatamente este o termo
mais adequado: cumprimento de função.
Spin-off de "Shazam!" (2019) e "Shazam!: Fúria dos Deuses" (2022), o filme conta a história se passa após quase cinco mil anos de prisão
de Adão Negro, um anti-herói da antiga cidade de Kahndaq, no que seria o Oriente
Médio, que é libertado nos tempos modernos. Suas táticas brutais e seu modo de
justiça atraem a atenção da Sociedade da Justiça da América (JSA), que tenta impedir
sua fúria e ensiná-lo a ser mais um herói. Além disso, Senhor Destino (Pierce
Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Cyclone
(Quintessa Swindell) se unem para impedir uma força maligna mais poderosa que a
do próprio Adão.
Filmes de super-heróis são uma verdadeira galinha dos ovos
de ouro para o cinema comercial do século XXI. Após mais uma crise da indústria
cinematográfica nos anos 90, quando o envelhecimento dos realizadores
consagrados do cinema comercial como Spielberg, Lucas e Zemeckis se deparou com a falta
de agentes capazes de trazer um novo produto para a permanente necessidade de
novidade da sociedade de consumo, o avanço técnico da era digital permitiu que
o cinema pudesse concretizar algo que vinha ensaiando há décadas: a transposição
dos quadrinhos de heróis para as telas. E a considerar a riqueza
temático-simbólica dos HQs, bem como a amazônica quantidade de histórias e
personagens a serem explorados, este se tornou o caminho certo para a
construção do novo blockbuster.
O Adão Negro do HQ original da DC
Pujante, a lógica de oferta e procura se estabeleceu. A
produção é tamanha que, após duas décadas de produções milionárias e geralmente
exitosas em bilheteria, Hollywood criou, claro, um padrão. “Adão Negro”, com
todos os seus elementos inerentes à obra original da DC Comics, não foge à
regra. Tem as características da história original, mas, de resto é tudo o
mesmo formato repetido em novas condições narrativas. E isso é escalonado de
forma exemplar, que vai do conceitual - como a prevalência do maniqueísmo e as
simplificações morais - aos arranjos narrativos, como as piadas, o impacto de
uma música retrô e até o tempo de duração das falas. Pois há, claramente, por
mais que a dinâmica do filme amortize essa constatação racional com tantos
tiros, estrondos, movimentos rápidos, edição agilíssima e luzes, muitas luzes,
percentuais para a quantidade de falas e de não-falas. Por melhor que seja, por
mais que funcione, que empolgue o público e cumpra a função de entreter,
impossível não sair com a impressão de que não se está vendo imagens, mas
estatísticas.
Nada contra a ideia de blockbusters e nem de exploração do
filão graphic novel em audiovisual. O que questiono é: será que esta fórmula
funciona de verdade a ponto de se sustentar por mais anos sem desagaste? Continuarão
avançando na tática de, igual a Globo aplicava ao humorístico Zorra Total, misturar
personagens incansável e indistintamente até nem se saber mais de onde cada um
veio? Quentin Tarantino recentemente disse que jamais rodaria para a Marvel,
pois considera que filmes deste tipo sejam fruto de uma prática de mercado
produtivista a qual ele, ligado ao cinema de autor, não se enquadra. Martin Scorsese,
tempo atrás também se manifestou contrário ao declarar que o universo
cinematográfico da Marvel está "mais próximo dos parques de diversão do
que do cinema". Vindo de dois autores que revolucionaram e mudaram a história
do cinema é, no mínimo, de considerar a interrogação quanto ao que se esperar
no futuro do “grande cinema”.
The Rock e os atores que fazem os super-heróis da JSA
Ao final, se sai do cinema cativado, pois se fez tudo
psicosinestesicamente para que isso aconteça, mas muito mais amortecido do que
outra coisa. É tanta superexposição a estímulos sensoriais, que não há como
absorver. O script não tem erro, e isso é um defeito: não há espaço para
apreciação e nem elaboração. O filme é tão consumível e embalado quanto a
pipoca e o refrigerante que se come assistindo.
Não digo que tudo isso seja ruim, e nem que filmes da DC ou
Marvel devessem parecer uma obra de Bergman constituída basicamente em diálogos.
Mas para poder dizer com segurança que filmes assim como "Adão Negro" convencem,
ainda falta algo mais do que simplesmente cumprir uma função. Por mais que a
intenção seja ao de tentar me alegrar.
“Elvis” é vibrante, é bem dirigido, tem boas atuações, direção de arte perfeita, é feito com o coração, é tecnicamente de alto nível mas... não emociona. Aprendi que, com cinema, não é certo nutrir expectativas em relação a um filme antes de vê-lo. No máximo, permito-me ler a sinopse previamente quando não tenho ideia do que se trata. Mas quando o assunto é a cinebiografia do maior astro da música pop de todos os tempos, essa relação é necessariamente diferente. Afinal, é impossível dissociar o fã do crítico em se tratando de Elvis Presley. Ambos são os espectadores capazes de entender o filme do australiano Baz Luhrmann, que assisti em uma sessão especial no GNC Cinemas do Praia de Belas Shopping.
Incluo-me nesta dupla avaliação por três motivos. Primeiro, porque soaria ilógico abordar um ícone tão popular a quem todos de alguma forma são tocados de maneira distanciada. Segundo, porque, neste caso, a admiração ao artista, dada a dimensão inigualável deste para a cultura moderna, colabora com a avaliação, visto que imagem pública e carisma se balizam. Ainda, em terceiro, mesmo que desprezasse essa abstenção, a avaliação final não muda, pois talvez só a reforce.
Afinal, “Elvis” é, sim, um bom filme. Além da caracterização e atuação digna de Oscar de Austin Butler no papel do protagonista, bem como a de Tom Hanks na pele do inescrupuloso empresário de Elvis, Tom Parker, há momentos bem bonitos e reveladores. Um deles é como se deu toda a concepção do histórico show “From Elvis in Memphis”, gravado pelo artista ao vivo em 1969, evidenciando os desafios e êxitos daquele projeto ambicioso. Igualmente, o momento do "batismo" do pequeno Elvis na igreja evangélica ainda no Tenessee, quando, em transe, conhece a música negra na voz de ninguém menos que Mahalia Jackson.
O pequeno Elvis sendo batizado pela música e a cultura negra
No entanto, essa sensação é um dos sintomas de não inteireza do filme, percepção que passa necessariamente pela parcialidade crítica. Em qualquer obra artística, quando partes são destacadas, como retalhos melhores que outros, algum problema existe. É como um quadro com traços bonitos, mas de acabamento mal feito, ou um disco musical com obras-primas no repertório, mas desigual por conta de outras faixas medíocres. Luhrmann é bom de estética, mas cinema não é somente isso. A estética precisa funcionar a favor da narrativa e não se desprender dela. Se fosse somente isso, seria exposição de arte ou desfile de moda. Aí reside uma das questões do filme: a sobrecarga de estetização – inclusive narrativa. Além de prejudicar a continuidade, resulta nestes espasmos catárticos ajuntados e não integrados.
Por isso, a narrativa, na primeira voz de Parker, parece, ao invés de solucionar um roteiro biográfico não-linear (o que é lícito, mas perigoso), prejudicar o todo, desmembrando em demasia os fatos uns dos outros. O ritmo começa bastante fragmentado, tenta se alinhar no decorrer da fita, mas a impressão que dá é que em nenhum momento estabiliza, como se, para justificar uma narrativa criativa e "jovem", lançasse de tempo em tempo dissonâncias que tentam surpreender, mas que, no fundo, atrapalham. O cineasta, aliás, tem histórico de resvalo nesta relação forma/roteiro. Havemos de nos lembrar de “Romeu + Julieta”, de 1997, seu primeiro longa, totalmente hype visualmente mas em que o diretor preguiçosamente delega o texto para o original de Shakespeare, resultando num filme desequilibrado do primeiro ao último minuto.
Butler ótimo como Elvis: digno de Oscar
O positivo em casos assim é que a probabilidade de agradar pelo menos em lances esporádicos é grande. A mim, por exemplo, não foi o clímax (a meu ver, um tanto apelativo e simplório) que tocou, mas, sim, cenas talvez nem tão notadas. Uma delas, é a escapada de Elvis para a noite no bairro negro à mítica Beale Street, em Memphis. O que me encheu os olhos d'água não foi nem o Rei do Rock trocando ideia com B.B. King (ao que se sabe, licença poética do roteirista) ou assistindo tête-à-têteSister Rosetta Tharpe e Little Richard se apresentarem, mas a chegada do já ídolo Elvis ao local. Ele é respeitosa e admiravelmente recebido pelos negros e não com histeria como já o era em qualquer outro lugar que fosse. É como se os verdadeiros criadores do rock 'n' roll, gênero musical a que muitos ainda hoje atribuem roubo cultural por parte de Elvis, lhe admitissem, dizendo: "Tudo bem de você circular entre nós. Você é um dos nossos".
Outra cena que me emocionou foi a do show na reacionária Jacksonville, na Florida, em 1955, quando Elvis, indignado com as imposições da sociedade moralista, resolve não obedecer que o censurem de cantar e dançar do seu jeito julgado tão transgressor para a época. Claro, que deu tumulto. Aquilo é o início do rock. O gênero musical, misto de country e rhythm and blues, os artistas negros já haviam inventado. Mas a atitude, tão essencial quanto para o que passaria a ser classificado como movimento comportamental de uma geração, nascia naquele ato. Ali, naquele palco, estão todos os ídolos do rock: Lennon, Rotten, Jim, Jagger, Neil, Jello, PJ, Hendrix, Kurt, Ian, Rita, Iggy e outros. Todos são representados por Elvis. Impossível para um fã ficar impassível. Além disso, a sequência é filmada com requintes técnicos (troca de ISO, edição ágil, uso de foto P&B, etc.) que lhe dão um ar documental ideal. Aqui, Luhrmann acerta em cheio: estética a serviço do roteiro.
O polêmico show Jacksonville recriado por Luhrmann: o início do rock
Por outro lado, há desperdícios flagrantes. As primeiras gravações do artista, feitas para a gravadora Sam Records, entre 1954 e 55, um momento tão mágico e gerador de um dos registros sonoros mais sublimes da cultura moderna, são abordadas somente en passant. Algo que seria bastante explorável em uma cinebiografia que intenta fantasia.
Todos esses motivos justificam o olhar não só do crítico como também o do fã, uma vez que um embasa o outro. Se o filme é bom, mas não decola, é justamente porque o primeiro condiciona-se a avaliar tecnicamente, mas quem tem propriedade - e direito - de esperar ser encantado pela obra é quem curte de verdade Elvis e rock 'n' roll. Pode ser que tenha obtido sucesso com muita gente, mas a mim não arrebatou. Uma pena. A se ver que as cinebiografias de Freddie Mercury e Elton John, artistas que nem gosto tanto quanto Elvis, me arrebataram e esta, não. Não saí com uma sensação negativa, mas com a de que se perdeu uma oportunidade de ouro. “It’s now or never”? "Now", pelo menos, não foi.
“Todos discutem minha arte e fingem compreender, como se fosse necessário compreendê-la, quando é simplesmente necessário amar.”
Claude Monet
Nunca vi um Monet ao vivo. Como admirador de arte e visitador contumaz de exposições (à exceção desse período pandêmico que obriga ao distanciamento), costumo dividir com minha esposa e meu irmão, adoradores e visitadores tanto como eu, a alegria (e a expectativa) de ver alguma obra de um grande artista presencialmente. Já tive a emoção de ver à minha frente, a poucos centímetros, Picasso, Dali, Frida, Miró, Renoir, Yoko, Warhol, Bansky, Goya, Van Gogh, Weiwei, Mondrian, Basquiat... Mas Claude Monet, não. Um pouco desta vontade foi, no entanto, muito bem suprida com a exposição “Monet: Paisagens Impressionistas”, que está até 20 de fevereiro no Praia de Bela Shopping, em Porto Alegre. Na esteira do que vem se tornando prática no mundo expositivo de se tematizar artistas de forma mais tecnológica e imersiva, a exposição sobre o impressionista francês se sai muito bem.
Com um tratamento curatorial bem realizado, a cargo de Patrícia Engel Secco e Karina Israel, a mostra me lembrou, dadas as devidas proporções, visto que menor em tamanho, algumas que assisti no CCBB do Rio de Janeiro devido a seu formato, que faz o visitante percorrer corredores que destacam a obra e a história ligada a Monet por meio de plataformas variadas (som, imagens, texto, luz, cenários, vídeos) e ambientes temáticos personalizados, que vão de bojos de som e proposições olfativas a salas escuras.
São sete espaços temáticos, cada um destacando algum aspecto importante da longa trajetória artística e de vida de Monet. Um desses nichos é, por exemplo, logo no começo, o que traz um cenário que remete a Rue de Paris, com sua calçada típica e um poste iluminado diante de lojas parisienses da Belle Èpoque. É onde se conhece o lado caricaturista do artista ainda início da carreira. A proposta imersiva, no entanto, de fato se catalisa na seção que trata das paisagens impressionistas. São telões em uma sala escura que, apoiados por uma música bastante debussyana, mostram diversos vídeos com pinturas, filmagens, animações, fotografias e letterings que causam uma impressionante (ou seria "impressionista"?...) profusão de cores, traços e movimentos. Mesmo aqui reproduzidos em vídeo e fotos não passam a ideia da real sensação que se sente presenciando.
Tanto para quem conhece Monet e o impressionismo quanto para quem ainda possa se interessar, a exposição é bastante prazerosa. Para quem, como eu, prefere sempre ver um original ao invés de reproduções, a substituição se torna satisfatória, visto que bem realizada dentro de sua concepção. Não é igual a ver um Monet a olhos nus, certamente, mas que vale o programa, vale.
Fiquem com algumas imagens e vídeos da exposição:
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A recepção, que coloca o visitante no atelier de Monet
Seja bem-vindo à Rue de Paris!
Reprodução de algumas das caricaturas que o jovem Monet fazia no início da carreira artística para levantar uma grana
Áudio, espelhos e desenhos, tudo ambientando a Paris da Belle Èpoque
Uma das atrações da mostra: reprodução do quadro que deu nome ao movimento impressionista: "Impressões, Nascer do Sol", de 1872
Janela aberta para a catedral da Catedral de Rouen, vista que inspirou Monet em vários quadros
A famosa série de pinturas “Montes de Feno” reproduzida em sensações olfativas e visuais
Obra dos primeiros anos de Monet, ainda clássico mas já com alguns traços que soltos que lhe caracterizariam
Detalhe de outra obra impressionante em que Monet retratou a primeira esposa morta
O impressionante salão com telões, mais de 10 minutos de deleite
Que tal cruzar a ponte do jardim japonês de Giverny pra finalizar a visita ao mundo de Monet?
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exposição “Monet: Paisagens Impressionistas”
Quando:até 20 de fevereiro
Onde:Praia de Belas Shopping (2º Piso, Ala Sul, ao lado da Livraria Saraiva)
Horários de visitação:de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingos, das 11h às 21h.
Fazia muito tempo que não ia a alguma exposição presencialmente
desde que a pandemia começou, o que possivelmente manteria não fossem as obrigações de trabalho. Mas já que calhou
de juntar um ao outro, bora aproveitar, então! Foi o que fiz ao visitar a
exposição temática “Welcome to Extraordinary”, no Praia de Belas Shopping, que propõe uma viagem por quatro filmes de Steven Spielberg produzidos junto a Universal
Studios: “Tubarão” (1976), “E.T. – O Extraterrestre” (1981), “De Volta para o
Futuro” (1985) e “Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros” (1992).
Com direito a muita interatividade e diálogo com o público, a
exposição é um playground para aficionados nestes filmes, todos ícones do
cinema comercial e verdadeiros criadores de linguagem, casos principalmente de “Tubarão”
e “E.T.” cada um a seu modo. As ilhas temáticas trazem detalhes de cada um dos
filmes, como um lettering com o escrito “Out a time”, que faz alusão à placa do
carro DeLorean em que Marty McFly viaja no tempo com a ajuda do cientista maluco
Dr. Brown; a janela cujo vidro embaça com o bafejar do dinossauro em “Jurassic
Park”; a placa de anunciando “beach closed” de “Tubarão” após o peixão ter atacado
banhistas; ou a antena improvisada para que E.T. fizesse contato com seu
planeta.
Particularmente, admirador de Spielberg que sou, gosto bastante
de “Tubarão”, o melhor animal thriller da história do cinema, e de “De Volta
para o Futuro” (este produzido por ele através da sua Amblin e dirigido pelo
talentoso spielberguiano Robert Zemeckis) e me agradam menos “E.T.” e “Jurassic
Park”. Mas a título de uma exposição temática e lúdica como esta, pode-se dizer
que todos os títulos funcionam muito bem. A trilha sonora, todas assinadas pelo mestre John Williams, ajudam sobremaneira não só a criar as atmosferas necessárias mas a caracterizar sensorialmente os nichos, visto que suas músicas se confundem com os próprios filmes. Bendito dia em que Spielberg cruzou com Williams! Quanta criatividade a história do cinema teria perdido não fosse esta parceria.
Enfim, diversão garantida para adultos como
eu, que conhecem os filmes de cabo a rabo, e para os jovens e crianças, que têm
com a mostra um impulso a se interessarem a conhecer. Confira, então, alguns lances de "Welcome to Extraordinary", que fica em cartaz até 7 de novembro de 2021 com exclusividade em Porto Alegre no Praia de Belas.
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Luminoso no corredor de entrada com arte dos quatro filmes
Detalhes de "De Volta...": cartazes colados a lambe-lambe, bem anos 80
A famosa máquina do tempo de "De Volta...": 26 de outubro de 1985. Falta pouco para os 36 anos dessa viagem
Pegando uma carona do DeLorean com o dr. Brown ao lado
360º do espaço de "De Volta para o Futuro": "Santo Deus!"
A cabine de "Tubarão", parecida com aquela que o personagem Matt Hooper se enfiou
Este blogueiro enjaulado (e olha os dentinhos do Tuba atrás pra me pegar!)
Cenografia e cenas do primeiro grande sucesso de Spielberg
Mais detalhes de "Jaws": não se atreva a entrar na água!
"Dun-Dun Dun-Dun Dun-Dun": que meda!
O armário de Elliot e seus irmãos: quem encontrar o E.T. ganha um doce
Detalhes do universo onírico e estético do filme
"Be Good", uma das frases do Extraterrestre
Um giro na ilha de "E.T.: O Extraterrestre"
O simpático personagem do filme de Spielberg que fez escola e mudou o cinema pop para sempre
Lembra daquela baforadinha do dinossauro na janela da cozinha?
Som, highlights, vídeos, luzes no nicho sensorial de "Jurassic Park"
Se escapa da boca do tubarão, tem a do dinossauro depois
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Exposição “Welcome to Extraordinary” arena interativa sobre filmes de Steven Spielberg para a Universal Studios: “Tubarão”, “E.T. – O Extraterrestre”, “De Volta para o Futuro” e “Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros”. local: Praia de Belas Shopping - 2º Piso endereço: Av. Praia de Belas, 1181 - Praia de Belas, Porto Alegre - RS horário:de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h, domingo das 11h às 22h período:até 7 de novembro ingresso;gratuito sob agendamento. Porém, para garantir a experiência de forma segura e respeitando os protocolos sanitários, é necessário realizar o agendamento prévio. Mais informações:www.praiadebelas.com.br
A exposição já passou, mas o sentimento ficou. Aliás, mantém-se presente há 25 anos desde que “Castelo Rá-Tim-Bum”, da TV Cultura, uma das séries infanto-juvenis mais famosas da televisão brasileira, foi ao ar. Leocádia e eu estivemos na exposição em homenagem à esta querida série televisiva, que esteve por aproximadamente de dois meses no Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre, mas que só no finalzinho deu pra vermos com a atenção que merecia. No meu caso, até a tinha percorrido no dia da estreia, em junho, mas a trabalho, o que atrapalha uma apreciação mais pormenorizada. Por isso, mesmo a alguns dias de fechar, foi super válido temos visitado.
A exposição – que está partindo para outras cidades brasileiras, aliás – reproduz o ambiente e os espaços da premiada série, que esteve no ar entre 1994 e 1997. Criada pelo dramaturgo Flavio de Souza e pelo diretor Cao Hamburguer, “Castelo Rá-Tim-Bum” marcou uma geração inteira com cenografias bem trabalhadas, música de qualidade e roteiros inteligente e educativos, que ensinavam desde práticas de higiene até detalhes sobre acontecimentos históricos. Tudo com humor, sagacidade, ludicidade e, principalmente, aquilo que gosto de destacar quando se trata de obras voltadas para o público infantil: sem fazer pouco da inteligência dos pequenos..
Croqui do figurino de Nino com as anotações do próprio autor
Organizada pela Acervo 21 em parceria com o Praia de Belas e a TV Cultura, a atração contou com uma estrutura enxuta da mesma, que já recebeu aproximadamente 1,5 milhão de visitas em São Paulo e Distrito Federal. Mas nem por isso ficou devendo, visto que, com o que foi montado, todo o universo da série pode ser captado muito bem. Com recursos interativos, figurinos e peças do acervo original da TV Cultura, a mostra reconstrói os ambientes do Castelo, onde Nino (Cássio Scapin), Morgana (Rosi Campos), Dr. Victor (Sérgio Mamberti) e outros personagens viviam.
Já na entrada, o simpático Nino dá as boas-vindas através de uma projeção muito bem realizada, gravada pelo próprio ator Cássio Scapin, que interpretava o personagem. O passeio segue por outros ambientes do castelo, como o saguão com a árvore da cobra Celeste, a Biblioteca do Gato Pintado e o esgoto dos monstrinhos Mau e Godofredo.
Os figurinos originais, assinados por Carlos Alberto Gardin, também fazem parte da exposição, assim como alguns bonecos e objetos utilizados na gravação da série. Destaque para os croquis, alguns com as indicações escritas a mão por Gardin, e figurinos ricos como o de Morgana e do índio Caipora, quase um punk pós-moderno.
A cobra Celeste foi substituída por um boneco mecânico, mas conversa com as crianças na voz original do personagem, além da banheira do Ratinho, que ganhou uma sala especial. Em todos os ambientes há também televisões exibindo trechos do programa, com destaque para o vídeo da gostosa (e didática) “Lavar as Mãos”, composta por Arnaldo Antunes especialmente para a série. Por falar em música, esse era outro trunfo do programa, uma vez que sua trilha reunia, além de Arnaldo, um pessoal muito talentoso e afim com o conceito lúdico do "Castelo", como André Abujamra, Maurício Pereira, Hélio Ziskind, Ed Motta, Fernando Salem, Paulinho Moska e outros.
O clássico"Lavar as Mãos", de Arnaldo Antunes
Mesmo sendo de uma época em que já era adolescente, e, por isso, não diretamente ligado à programação infantil, lembro sempre com carinho do “Castelo Rá-Tim-Bum” na tevê, que conquistava pessoas de qualquer idade com a qualidade que tinha. Ver a exposição, dessa forma, foi bastante prazeroso de algo que sempre valorizei. Confira algumas fotos e vídeos que fizemos durante nossa vista à exposição:
Leo, Nino e eu
A Biblioteca do Gato, espaço mais impressionantemente real da exposição
O boneco original do Gato
Leocádia confere o rico espaço da personagem Morgana
O suntuoso figurino usado pela atriz Rosi Campos, assinado por Carlos Alberto Gardin
Detalhes da cenografia
O típico chapéu de bruxa de Morgana
O livro falante de Morgana, também original da série
A árvore da cobra Celeste, que conversa com a visitante que foi fazer uma foto
Outro lindo ambiente da mostra
Detalhe super artístico da cenografia da série
O traje original de Nino usado pelo ator Cássio Scapin
Maquete original do circo usado na Sala de Música da série
A roupa do intelectual Pedro, vivido por Luciano Amaral na série
Mais beolos croquis de Gardin
O índio Caipora: figura de um punk pós-moderno
Rico em detalhes o desenho para formar o personagem do Caipora
Godofredo e Mau: mais divertidos, impossível
Crianças se divertindo na banheira do Ratinho
O Ratinho original feito em massinha
A letra da famosa música "Ratinho Tomando Banho" de Hélio Ziskind
Aí este que vos escreve também aproveito pra tomar uma ducha com o Ratinho, afinal, "Banho é Bom" como diz a música