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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Dale, D'Ale!

Não é por ter o meu Inter no coração que me emociono sempre com o texto escrito pelo prof. Luis Augusto Fischer e dito pela voz de Fernandão ao final do documentário “Gigante”, sobre o título Mundial de 2006. Mas, sim, porque faz muito sentido a um colorado apaixonado como eu – e a qualquer ser disponível à sensibilidade. Em resumo, o texto fala da saga do clube através dos personagens que a construíram. Ídolos que surgem de tempos em tempos, como Carlitos, Larry, Minelli, Valdomiro, Figueroa, Ênio, Falcão, Dunga, Taffarel, Gamarra se juntam a ele, Fernandão, e contemporâneos multicampeões (Iarley, Índio, Sóbis, Tinga, Clemer). Todos essenciais para escrever a nossa “senda de vitórias”. Eles são a representação da história, da torcida. São o Sport Club Internacional. Passado e presente.

Um destes personagens essenciais é Andrés D’Alessandro.

É estranho o sentimento de quando um mito sai de cena. É quase uma sensação de morte. Na verdade, é um pouco isso. Quando Fernandão morreu, naquele trágico acidente em 2014, o primeiro sentimento a que meu coração sofrido recorreu foi o de dizer a mim mesmo: “Pelo menos, ainda temos o D’Ale”. Sei que muito colorado pensou o mesmo. Àquelas alturas, o gringo já era um ídolo bicampeão da América, mas o que talvez a minha dor não tenha conseguido captar com a devida quietação daquela hora de perda foi que, justamente, esse é o ciclo da vida. Que abarca também a morte, e que o caminho só existe porque há os atores desta transformação, que seguem-lhe dando continuidade. Presente e passado.

A história escrita jamais se apaga. O que quer dizer, infelizmente, que apenas uma parte disso temos oportunidade de presenciar. Não vi, por óbvio, Larry fazer quatro gols num Gre-Nal de inauguração do Estádio Olímpico, em 1954, nem mesmo meu tio Adãozinho no Rolinho dos anos 50. Não vi a construção do Beira-Rio, edificado tijolo a tijolo pelos próprios torcedores como meu pai nos anos 60. Não vi o octa gaúcho, não vi o supertime de 1979, que ganhava aquele Brasileirão invicto um ano depois de meu nascimento. Não vi o Inter anular Maradona na Juan Gamper de 1982, não vi Geraldão meter três no arquirrival naquele mesmo ano após prometê-los e cumpri-los um a um. 

D’Alessandro, porém, eu vi. Desde a sua primeira partida no Inter, num Gre-Nal de empate com sabor de vitória, em 13 de agosto de 2008, até a última vez que pisou no gramado sagrado do Beira-Rio, a 19 de dezembro deste 2020, mesmo com as atribulações do dia a dia, praticamente não perdi essa trajetória de 12 anos, 13 títulos, 93 gols e mais de 500 jogos pelo Inter, seja assistindo, seja apenas ouvindo. E o fiz tanto no conforto do lar quanto em situações não tão convidativas, como empolados congressos médicos ou cerimônias de formatura. Todos atent os ao evento e eu com meu fonezinho no ouvido quase tendo um treco. 

E D’Ale, imprescindível, estava lá quase invariavelmente. Posso dizer que ele é um dos grandes responsáveis por algumas das maiores alegrias e tristezas da minha vida – e não me refiro somente a títulos ou decisões, mas a qualquer simples rodada de meio ou de fim de semana.

Vão-se, contudo, os gols de encher os olhos. Vão-se as jogadas de habilidade. Vão-se as faltas precisas. Vão-se as aporrinhações no ouvido do juiz. Vão-se as cobranças de escanteio decisivas. Vão-se as arrumações na braçadeira de capitão durante o jogo. Vão-se as previsíveis mas infalíveis "la bobas". Vão-se as assistências geniais. Vão-se as resenhas que irritam os adversários. Vai-se a liderança, o boleiro, o cidadão, o peladeiro, a referência. Presente que se confunde com passado.

A palavra "dale", que a torcida largamente usa ao reverenciá-lo, traduzida quer dizer "continue". E não é bem isso que D'Ale fez com nosso "passado alvirrubro"? O nosso presente diz tudo. Prefiro, no entanto, esquecer a tradução e dizer mesmo em castelhano. Fora a combinação linguística, soa mais como exaltação e menos como um pedido. Disfarça melhor.

A gratidão a D'Ale é igual a agradecer aos ídolos do passado pela história deste Inter que construíram desde os primeiros treinos na Ilhota, passando pela Chácara dos Eucaliptos e chegando ao templo antigo e do novo do Gigante. Eles, como os torcedores, são a mesma coisa. São o Inter. Corre-lhes às veias o mesmo sangue, vermelho como a cor da nossa camisa. Vermelho como o sangue que faz pulsar nosso coração, aquele que bate bem onde está nosso emblema. 

Gratidão, D’Ale. Continuarás para sempre. Se hoje teu presente já é passado, teu passado sempre será presente. E diz tudo.


Teaser do documentário "D'Ale para Sempre"



Daniel Rodrigues

quarta-feira, 7 de julho de 2010

cotidianas #34

- Foi impedimento! - afirmou para tentar dar a entender que entendia alguma coisa de futebol.
- Lateral, Docinho. Foi só lateral. - corrigiu ela com aqule ar meio de "Senhor, dá-me paciência".
Não é que não gostasse de futebol, mas nunca simpatizou muito com aquilo. Sempre foi mais de um Mérimée a um Zidane, de um Borges a um Maradona, de um Machado a um Pelé. Era um amante da cultura, do cinema, dos livros; era um vivedor mental.
Desde o colégio era assim. Não concordava que só porque era menino tivesse que jogar bola, conhecer jogadores e tudo mais. Preferia devorar uma "Moby Dick" do Melville no recreio a correr atrás de um caroço de couro, habitualmente carcomido e estropiado. Até achavam que era meio efeminado por não compactuar com aquele gosto coletivo natural masculino, mas não tinha nada a ver com isso. Tanto gostava de mulher que estava ele agora ali com aquela mulata. Que preta linda! Que mulher maravilhosa. Só tinha um defeito, se é que se poderia chamar assim: adorava futebol. Era flamenguista fanática e até sabia de cor a escalação do time de 81, coisa que muito marmanjo dos mais fervorosos torcedores, por incrível que pareça , não sabe.
Encontro tão inusitado entre uma típica brasileira representante do povão e um nerd intelectualóide da Tijuca só poderia dar-se mesmo num meio termo entre o cultural e o popular: ou seja, numa exposição-palestra sobre cultura negra que teria na programação uma roda de samba no final da noite, como demonstração da riqueza e influência fundamental da música negra na cultura brasileira. Interessou aos dois. E ambos se interessaram um pelo outro.
E agora, dois meses depois, estavam ali em  frente à TV, ele tentando ser flexível e assistir a um jogo de futebol e ela simplesmente tentando assistir ao jogo de futebol.
- Só no chuveirinho não dá! - instruiu ela - Fica fácil pra defesa! - e bateu com os braços numa demosntrçaõ de desânimo momentâneo.
E ele só observou e assentiu levemente com a cabeça como que concordando.
- Banheira!- gritou ela - Tava na banheira, pô!
- Mas, Preta, não tava no chuveirinho? Não é banheira, você tinha falado chuveirinho. - argumentou ele supondo estar dando alguma contribuição com a correção.
- Não, não tem nada a ver. São coisas diferentes.
E continuou o jogo. Continuou a torcida dela e o constrangimento dele. Até que ela num sobressalto:
- Divide essa bola! - pro jogador na TV.
E ele em tom de dúvida:
- Mas pode dar um pedaço da bola pra cada time? Ah, é melhor porque daí sai mais gols, né?
- Não é isso. Dividida é quando dois vão disputar a bola, chegar junto. - explicou sem tirar os olhos da jogada e seguiu bradando na frente do aparelho:
- Cuida a segunda bola, a segunda bola.
- Ah, mas você falou que não tinham dividido! Como é que agora tem duas bolas?
Até que perdeu a paciência e virou pra ele com o dedo em riste:
- Se tu não me deixar assistir o jogo, eu é que vou arrancar as tuas duas, entendeu?
Ficou quieto pelo resto do jogo.
Por incrível que pareça se dão bem. Continuam juntos. Ele é que procura evitar interagir muito na hora que ela está assistindo ao futebol.

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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Nossas Mãos Sinistras

Hoje é o Dia do Canhoto!
E não podiam ter-nos jogado em outro dia mesmo. Tinha que ser num 13 de agosto. Treze, dia dito aziago; agosto, mês renegado, maldito. Lógico; nunca fomos bem vistos. Aleijados, anormais, errados, esquisitos, estranhos... Atribuíram-nos tudo isso. Tanto que chamam a esquerda de SINISTRA. Mas não. Nada disso. Somos sim, diferentes. Talvez mais criativos que a maioria por causa da nossa perfeita ligação de membros ao lado direito do cérebro; talvez transmitamos melhor nossas emoções; talvez consigamos fazer isso transformando estas sensações em arte; talvez tenhamos uma visão diferente das coisas. Talvez...
Mas o fato é que durante toda a história da humanidade tentaram nos corrigir, punir-nos, amarrar nossas mãos, cortá-las por vezes, mas não adiantou; nossos membros sinistros, nossos pés e mãos, sempre estiveram de forma brilhante à serviço da cultura, da arte, da política, do esporte.

Abaixo uma pequena lista de canhotos célebres que emprestaram suas mãos (ou pés) esquerdos à História:
Alexandre Magno
Ramsés II
Leonardo da Vinci
Napoleão Bonaparte
Júlio César (o imperador romano)
Júlio César (o goleiro)
Rivelino
Tostão
Ludwig Van Beethoven
Machado de Assis
Benjamin Franklin
Albert Einstein
Michelangelo
Pablo Picasso
Jimi Hendrix
Charlie Chaplin
Robert Redford
Judy Garland
Marilyn Monroe
Winston Churchill
Harry Truman
Nelson Rockfeller
Ronald Reagan
George Bush - pai (bom, também temos estas más companhias)
Bill Clinton
Gandhi
Bob Dylan
Ringo Starr
Paul McCartney
Tom Cruise
Neil Armstrong
Diego Maradona
Jimmy Connors
John McEnroe
Ayrton Senna

e por aí vai...

Parabéns a nós!

Parabéns a todos os canhotos!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Música da Cabeça - Programa #191

Até os deuses morrem. Na semana em que nos despedimos do mais humano deles, Maradona, também falamos da perda do artista visual Gelson Radaelli rodando a entrevista que fizemos com ele em nosso programa de nº 20, em agosto de 2017. Mas não só isso: o MDC de hoje terá também Jorge Ben Jor, Red Hot Chili Peppers, Miles Davis, Cameo, Cartola e mais. "La mano de Dios" vai agir sobre nosso programa hoje, com hora marcada: às 21h, na milagrosa Rádio Elétrica. Produção, apresentação e presenciamento: Daniel Rodrigues.


Rádio Elétrica:
http://www.radioeletrica.com/

domingo, 10 de janeiro de 2021

A Arte do ClyBlog em 2020

 






No início do ano passado até não o fizemos porque janeiro se foi e passou o momento mas este ano, em tempo, voltamos a recuperar alguns elementos da produção artística, gráfica e da comunicação visual do ClyBlog do ano que passou. As transformações do logo, ilustrações para contos, experimentações em diversas linguagens, o que andamos aprontando por aqui em 2020, está nessa breve retrospectiva visual.
Então dá uma olhada aí no que rolou em 2020 nos nossos canais artísticos:


Em ano de pandemia, até nosso logo se adaptou e, 
como todo mundo que é consciente, botou a máscara.



2020 foi o ano do nosso 12º aniversário e,
para comemorar, o nosso logo incorporou a idade
e até bolo virou. 


Por falar em logos, além da marca oficial do blog, que se transformou
diversas vezes tematicamente, de acordo com o que acontecia no mundo,
em 2020, o ClyLive ganhou cara nova e para a marca dos 700 Cotidianas, 
também criamos uma imagem comemorativa para o post especial.

O ClyArt ganhou ovas chmadas no ano que passou.

A seção Clássico é Clássico (e vice-versa), que inicialmente era para
durar até o final do ano da Copa, acabou ficando, ficando e,
agora em 2020, ganhou chamadas novas com jogadas cinematográficas.

Aqui, as novas chamadas da nossa seção de fotos, a Click

Se o ClyLive ganhou logo novo, ganhou também novas chamadas.
Literalmente, ficou show!

Um dos temas das chamadas que a Álbuns Fundamentais teve em 2020
foi o de personalidades apreciando seus LP's.
Ah, e nossos discos não são mesmo de amar?


Publicações das Cotidianas sempre ganham ilustrações e 
aqui seguem algumas das que produzimos no ano que passou.

O ClyArt teve uma boa variedade de produções e linguagens,
seja no grafite como na série de Batman de Daniel Rodrigues,
em escultura digital, como no busto de homem negro,
ou na aquarela do gol de Maradona
que não usou a tela tradicional de pintor e sim uma tela de computador.

E, pra fechar, até o Véio lá de cima, nesse ano louco,
teve que se cuidar, usar máscara e álcoolo gel.
Tá pensando o quê???
Afinal de contas, com a idade que tem, 
Ele é grupo de risco.


artes: Cly Reis e Daniel Rodrigues


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Se Jogadores de Futebol Gravassem Discos







O ClyBlog já de muito versa sobre música e sobre futebol, não raro os dois juntos e misturados. A ver pelas competições entre bandas, como a Copa The Cure, a Copa Legião Urbana e a Copa Beatles – esta, em suas fases finais neste momento –, mas também por conta de crônicas, contos, ÁLBUNS FUNDAMENTAIS e até poesias, vários deles debaixo do guarda-chuva ClyBola, seção motivada pelo clima de Copa do Mundo no Brasil.

Pois eis que, nesta mesma vibe, o designer inglês James Campbell Taylor também captou tal sinergia entre bola e ritmo e inventou brilhantes capas de discos como se jogadores emblemáticos da história do futebol fossem também cantores – afinal, o “palco” desses artistas da bola eram os gramados. E que trabalho criativo! Sem recorrer a obviedades, mas também salientando particularidades dos jogadores como apelidos, comportamento dentro de campo e marcos de suas carreiras, Taylor (torcedor do Leicester City) casou essa naturalidade de cada atleta às tendências gráficas de seu país no tempo em que jogavam. Para isso, baseou-se, principalmente, no conceito visual de selos e gravadoras como Capitol, Parlophone, Verve, Columbia e Sire para atingir esse objetivo.

E Taylor marcou um golaço. Além de ricos detalhes como autógrafos rabiscados, o desgaste do papelão da capa do vinil e a saliência provocada pela pressão exercida pela gramatura do disco dentro do envelope, a concepção para cada um ficou redondinha como um chute certeiro. Destaque para as do Ronaldo Fenômeno e do Roberto Baggio que, não bastasse o esmero de comporem uma arte minimalista usando as clássicas combinações entre cores e caracteres, tal como faz a Blue Note, ainda escreve abaixo os clubes onde cada um jogou, igual à nominata dos músicos participantes daquela gravação que o selo sempre usa. Outras geniais: a do craque alemão Franz Beckenbauer no álbum “Der Kaiser” ao estilo dos LP’s de música clássica da Deustsche Grammophon; a do irlandês Georges Best, super mod anos 60; ou a do inglês David Beckham, que (afora o bem sacado título: “Spice Boy”) brinca com o design pop-mainstream da Mercury nos anos 90.

Veja as 24 artes, que fazem dar até vontade de escutar os discos. Fica a pergunta no ar: será que além do talento com os pés eles também mandariam bem no gogó?

Arthur Antunes Coimbra - "Zico"
A&M Records

Roberto Baggio - "Il Divino Codino"
Blue Note

David Beckham - "Spice Boy"
Mercury Records

Bob Charlton - "War Kid"
Decca

Emilio Butragueño - "El Buitre"
Warner

Eusébio da Silva Ferreira - "Pantera Negra"
Verve

Franz Beckenbauer - "Der Kaiser"
Gramophon

George Best - "Best! The Fifth Beatle"
Parlophone

Gerd Müller - "Der Bomber"
iR

Gianni Rivera - "Golden Boy"
RCA Victor

Jairzinho - "Furacão da Copa"
TAMLA

Johan Cruyff - "Totaal Voetbal"
Philips

Lineker and Gascoine - "Have a Word With Him"
Factory

Diego Armando Maradona - "El Pibe de Oro"
Atlantic

Mario Kempes - "El Matador"
Capitol

Michel Platini - "Le Roi"
Epic

Paolo Rossi & Marco Tardelli - "Eroi di Madrid"
RCA

Edson Arantes do Nascimento - "O Rei Pelé"
Capitol Records

Roger Milla - "Dance Party"
Island Records

Ronaldo Luís Nazário de Lima - "O Fenômeno"
Blue Note

Doutor Sócrates - "Calcanhar de Ouro"
Sire Records

Carlos Valderrama - "El Pibe"
Columbia

Marco Van Basten - "De Hollandse Zwan"
Polygram

Zinedine Zidane - "Zizou"
EMI