Lino Van Pelt
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
Vince Guaraldi Trio - "A Charlie Brown Christmas" (1965)
Lino Van Pelt
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
"Snoopy e Charlie Brown: Peanuts, O Filme", de Steve Martino (2016)
Que coisa bem gostosa assistir ao filme do Snoopy!
Sessão de cinema com gosto de infância. Sensação garantida muito por conta do fato dos realizadores terem optado por não inventar. Não inventaram nada, foram conservadores, românticos até, e por isso mesmo acertaram em cheio mantendo-se, de um modo geral, fiéis às características originais dos personagens, fiéis aos quadrinhos e à série de TV. E é importante salientar estes três aspectos porque por mais que pareçam uma única coisa, na verdade são complementares e de importâncias distintas. A inocência está lá, a tônica de diálogos concisos mas de notável complexidade psicológica também, a atmosfera de um bairro onde crianças brincam livres e descobrem a vida está intacta.
As aventuras do intrépido Ás Mascarado.
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"Snoopy e Charlie Brown: Peanuts, O Filme" (2016) é um excelente programa para adultos e crianças. Para nós marmanjos, em nome da nostalgia que felizmente não é frustrada pelo filme; para as crianças pela curtição, pelo entretenimento, pelos personagens adoráveis e apaixonantes, crianças como elas cheias de vida, medos, descobertas, inseguranças e alegrias; e para ambos pelo que transmite sobre caráter, solidariedade e honestidade, coisas que estão tão em falta no mundo de hoje e que é bom que as crianças aprendam desde cedo, e que nós recordemos.
Charlie Brown botando pra quebrar no baile da escola. |
terça-feira, 28 de novembro de 2023
“A Guerra dos Botões”, de Yves Robert (1962)
Botões, bolitas e bytes ou A mesma guerra*
Não é de se estranhar que crianças ou adolescentes, ao perceberem a divisa que se lhes impõe entre infância/adolescência e a desencantada fase adulta, pensem assim. Um dos filhos da psicanálise, o cinema, invariavelmente, toma-lhe emprestado conceitos teóricos para, a seu modo, evidenciar a condição humana e as mudanças sociais. Pois mesmo que nem sempre dita da boca pra fora, esta frase ecoa através das últimas décadas através de filmes que, historicamente pontuais, revelam sentimentos em comum no comportamento juvenil da idade contemporânea. Terreno onde se encontram e dialogam “A Guerra dos Botões” de Yves Robert (“La Guierre des Boutons”, França, 1962), “Os Meninos da Rua Paulo” e “A Rede Social”.
Se a tal frase é proferida em apenas um dos filmes, o fato de não aparecer nos dois outros é quase detalhe. Aliás, nem precisaria, de tão implícita que está. Afinal, todos os três se compõe do mesmo barro: a construção do sujeito e seus limites de razão e moral.
”A Guerra dos Botões” equilibra realidade e sonho, empunhando aspectos sociais universais através de um olhar sincero e lúdico, mas não menos satírico e crítico. Ao estilo dos realistas fantásticos (além de Vigo, lembra bastante Renoir na sua suave complexidade humanística), conta a história de um grupo de estudantes da interiorana e pobre Longeverne, que, liderados pelo rebelde Lebrac, declaram guerra aos da vizinha e igualmente carente Velrans. A ideia é arrancar todos os botões e confiscar os cintos dos “presos”, para que, mais do que serem castigados pelos pais ao voltarem para casa, percam sua honra ao deixar à mostra as cuecas. Revoltado contra a tirania dos adultos, Lebrac - um símbolo inconsciente da criança que quer ter o direito de ser criança - foge para não ser internado no orfanato. Através de uma temperada fotografia p&b e do clima fantástico proporcionado pela ambientação silvestre Robert mostra como o ser humano, a partir de sua tomada de consciência da realidade, elabora as questões de afeto, orgulho, rejeição e socialização.
Peanuts e Ozu
Não à toa, a ”A Guerra dos Botões” foi premiado com o Jean Vigo de Melhor Filme infanto-juvenil, pois presta uma justa homenagem ao diretor de “Zero de Conduta” (1933) a ponto de parecer-lhe uma obra póstuma. Robert, assim como Vigo, joga sua perspicaz lente sobre as questões da criança numa pequeno universo, ajustando o foco sobre os desajustes sociais, o abismo entre as gerações e os valores decaídos. Seu enquadramento lembra o plano rebaixado das tirinhas Peanuts de Charles Schultz e dos filmes do japonês Yasujiro Ozu, tal é a sintonia que estabelece com a vida das crianças. Os adultos aparecem aos poucos, como “fantasmas”, como uma triste materialização do erro a que aquelas crianças se tornarão no futuro.
A turma de Charlie Brown e "Filho Único", de Ozu: Ocidente e Oriente na visão das crianças |
Feito sete anos depois, sob uma textura de cores oníricas que valoriza a tonalidade natural (como o amarronzado da terra, da madeira e das peles coradas da meninice), o húngaro “Os Meninos da Rua Paulo” (“A pál-utcai fiúk”, dirigido por Zoltán Fábri e inspirado no clássico do escritor Ferenc Molnár) se assemelha bastante a “A Guerra dos Botões” estrutural e formalmente falando. A narrativa, os elementos simbólicos, as atribuições de valores, a dinâmica e a variedade dos enquadramentos, etc. Porém, diferente do primeiro, onde o personagem Lebrec revolta-se contra o opressor sistema da família e da escola, neste, é o pequeno Nemecsek quem paga pela bravura ao desafiar os rivais, acamando-se com pneumonia por causa de um banho gelado e, consequentemente, morrendo..
A paisagem inocente de “A Guerra...” é substituída por uma capital Budapeste do final do século XIX de ares bucólicos, uma cidade grande ainda por se tornar grande como aquelas crianças. Os “botões morais”, aqui, se trocam por bolitas de gude – e tão importantes moralmente quanto botões. Se o orfanato antes representava a pena por virar adulo, aqui, passa pela perda do amigo e pelo progresso social que avança ao ser construído sobre o terreno da rua Paulo, palco das divertidas guerrinhas, um moderno e imponente prédio.
Rua Paulo
Pois ambas as obras se unem por um ponto: a necessidade de se inventar convenções de interatividade social. A psicologia infantil julga natural que a criança imite o adulto como um “ensaio para o futuro”. Hoje, no entanto, na era da Internet, jogar gude ou fazer guerrinha na floresta já não é tão interessante às crianças como prática de interação social, e a esta etapa fundamental do que se chama de Psicologia do Desenvolvimento se põe um imenso vazio. A mídia, ditadora de padrões e proto-verdades, ocupa o lugar dos pais em aspectos relevantes da criação, como a elaboração dos valores e a orientação cognitiva. Isso faz com que as crianças/adolescentes pulem etapas, agindo não só cada vez mais igual aos adultos como, também, “amadurecendo” precocemente.
"Os Meninos...": os conflitos reais entre realidade e sonho |
É o caso do jovem Mark Zuckerberg, do bom “A Rede Social” (“The Social Network”, 2010). No filme do talentoso David Fincher, a não-assimilação das frustrações da vida adulta, como o fora da namorada e a rejeição pela “fraternidade” a qual dava tanto valor, inflamaram a necessidade de pertencimento do protagonista, levando este “herói pós-moderno” a criar, em resposta, a sua própria “fraternidade”. Mas não sem pena: cunhar o bilionário Facebook (hoje Meta, agrupando aí o Instagram) rendeu-lhe fama e divisas (ou seria “admiração dos coleguinhas” e “muitas bolitas”?), mas também algo mais grave, típico dos dias atuais: o isolamento – tal qual num orfanato ou uma cama de enfermo. Mas se os personagens de “A Guerra...” e “Os Meninos...” lograram reconhecimento, por conta de suas condutas pautadas em símbolos comuns ao grupo, a amoralidade despreocupada de Mark, característica da Geração Y, abre espaço para uma nova ética. A razão, nos dias atuais, conforme o sociólogo francês Michel Maffesoli, dá lugar à lógica da “hedonização”, à fragmentação dos sentimentos e emoções no coletivo, e não mais no âmbito pessoal.
Assim, os três filmes, mesmo produzidos em épocas tão distintas, se conectam por esta necessidade de criação de significados que justifiquem a existência. Junto ao “rito de passagem” que marca a fase inicial da vida para aquilo que se será até a morte brota a insegurança do esvaziamento de sentidos, da perda de algo genuíno, de si mesmo. “Serei, a partir de agora, só mais um ‘boboca’”? “O quão inevitável é esse ciclo”? Como em “Zero de Conduta”, onde as impostas verdades da escola interna oprimiam principalmente as crianças que se opunham àqueles cambaleantes valores do mundo entre-Guerras, a vida moderna coloca, hoje, situações que, embora diferentes em forma, implicam no questionamento de signos semelhantes.
Zero de conduta
Poster do clássico de Vigo |
Entretanto, mais do que isso, outro fator une ideologicamente essas obras: os limites entre as razões moderna e pós-moderna. Se nos dois filmes mais antigos ainda se preservava uma crença na razão, esta passa, agora, a não ter peso. N’”A Guerra dos Botões” há uma cena que, no meio da batalha na floresta, os dois exércitos se unem para socorrer um coelho com a pata machucada. Naquele momento, todos pararam de guerrear, e se estabeleceu uma fronteira entre real e imaginário. Igualmente, ao perceberem que cometeram um erro ao roubar à força as bolas de gude do pequeno Nemecsek, de “Os meninos...”, os grandalhões e valentões do grupo rival reveem sua conduta e devolveram-nas a seu dono. Em “A Rede Social” tudo isso cai por terra. Mark rouba ideias descaradamente e “puxa o tapete” de amigos sem culpa. E isso, na sua “crença”, é normal. Afinal, para que lhe servem valores de lealdade ou justiça com tanta fortuna e 500 milhões amigos (virtuais)?
Mark, Lebrac, Nemecsek
Mark é astuto como Lebrac e Nemecsek, mas moralmente alheio. Algo dentro de pessoas da sua geração, desta geração, se perdeu, e não é de se estranhar que justo a palavra “amizade” soe ao mesmo tempo tão poderosa e irônica nas redes sociais. Já não se acodem mais coelhos machucados nem se arde em febre até a morte para se preservar dignidade. Para aquele jovem Zuckenberg, não é isso que tem valor. O negócio é se proteger. Encarar as emoções de frente dá margem a se demonstrar fraco. É mais fácil fechar-se num tubo de mensagens curtas e de distâncias físicas seguras; pois, se não, a guarda se abre para que se lhe arranquem os botões e lhe caiam as calças.
Zuckenberg: astúcia sem tempos de hedonização |
Pensando bem, parece, sim, estar se falando de dignidade; só que de outra forma, assim como de reconhecimento, proteção, laços, amor... e talvez “A Rede Social” também seja um filme sobre crianças... e sejamos todos meio bobocas.
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trailer de "A Guerra dos Botões"
sábado, 24 de julho de 2021
Vince Guaraldi Trio – “A Boy Named Charlie Brown” (1964)
Acima, capa original com Guaradi transformado em HQ. A outra, clássica capa da reedição com o catcher Charlie Brown |
É ímpar a figura de Vince Guaraldi no mundo do jazz. Branco e de ascendência italiana, já se diferenciava quando surgiu, nos anos 50, pela cor de pele e pela origem da grande maioria dos músicos do gênero, pretos e afrodescendentes. Mesmo para com brancos e pianistas como Dave Brubeck e Lennie Tristano mantinha dessemelhanças, haja vista seu tipo meio dândi, meio personagem de quadrinhos: bigode pontudo, terno slim e óculos nerd. Talvez essas particularidades (e, principalmente, a semelhança com um HQ), tenham levado o já vencedor de um Grammy de Melhor Canção de Jazz (em 1962, por “"Cast Your Fate to the Wind”) a topar abraçar um projeto único e pelo qual, quiçá, nem imaginasse que seria mais lembrado anos mais tarde do que pelo prêmio que venceu. A convite do produtor da TV CBS Lee Mendelson, a partir de 1963, Guaraldi passa a assinar a trilha sonora da série Peanuts, do simpático e inteligente cachorrinho Snoopy e seu dono, o introvertido e sensível Charlie Brown. Qual a melhor maneira de “musicar” o universo lúdico do programa? Na cabeça diferentona de Guaraldi, com jazz. E por que não? A ousadia não apenas funcionou, como se tornou uma marca até hoje ligada diretamente ao desenho e à história do jazz.
Dentre os mais de 40 episódios e os diversos discos produzidos para a série, o que melhor resume o universo sonoro criado pelo compositor sobre a criação do cartunista Charles M. Schulz é “A Boy Named Charlie Brown”, de 1964. Muito deste resultado se deve, por incrível que pareça, à “crueza” escolhida pelo músico para vestir esse trabalho. Se os ouvidos da maioria são acostumados nos programas infantis com arranjos lotados de sonoridades cintilantes, harmonias simétricas e vozes muito bem equalizadas, Guaraldi despe a música de “A Boy...” de qualquer floreio desnecessário. Única e somente a sonoridade poderosa – e suficiente – de um trio de jazz em temas instrumentais com ele ao piano, Monty Budwig, ao baixo, e Colin Bailey, na bateria. E mais: ao invés de construções melódicas previsíveis, a “dificultação” dos improvisos, tal como o jazz feito para adultos.
O que parece subverter uma lógica, no entanto, é um grande acerto. A carga emocional, as dificuldades das relações humanas e a busca de identidade dos personagens que a história carrega por trás do tom divertido e do traço irregular dos desenhos é, por si, uma inovação da série de Schulz. Algo pouco visto até então na TV norte-americana pós-Guerra, quanto menos em um produto voltado a crianças. Desta forma, a trilha de Guaraldi se adequa de uma maneira muito sensível e poderosa ao desenho e seu enredo, fazendo com que o jazz se integre tão improvável quanto naturalmente. A faixa de abertura, “Oh, Good Grief”, uma das assinaturas sonoras dos Peanuts, é exemplar neste sentido: um jazz suingado, algo totalmente avesso ao que se poderia esperar de uma histriônica ou agitada canção para este tipo de programa. Ao contrário: vê-se, sim, a elegância de mestres do piano como Oscar Peterson e Fats Weller, e um ritmo cadenciado que nem se exalta em demasia, nem recai para algo sisudo e cerebral.
Já a capa, que faz referência ao esporte olímpico baseball, traz muito dessa atmosfera a qual Guaraldi traduziu em forma de sons: o mundo das crianças, com suas brincadeiras coletivas e atividades lúdicas. Como “Baseball Theme’, uma das faixas, o compositor consegue criar o mais fiel espelho musical da série, captando-lhe o clima alegre, mas também com momentos de melancolia. O esporte praticado pela turminha é um bom exemplo, pois muitas vezes motivo de frustração (e zoação!) do inseguro Charlie Brown e onde as complexidades das relações entre humanos (e não só humanos, pois tanto Snoppy quanto seu fiel parceiro, o passarinho Woodstock, participam das atividades) são experenciadas.
O álbum contém essa capacidade quase didática no que se refere ao universo dos personagens, o qual vinha das tirinhas, criada nos anos 50, e que, com a série televisiva então recém-estreada, ganhava maturidade narrativa. Assim, outras faixas também se baseiam em personagens ou fatos importantes. Charlie Brown, figura central da história e alter ego de Schulz, é motivo de dois números. O primeiro é “Charlie Brown Theme”, o clássico jazz bluesy gravado por Guaraldi em mais discos e com outros arranjos, mas que, neste trabalho, está em sua versão mais pura, mais concisa: o piano deslizando o suave riff, o baixo escalonando as notas e a leve bateria conduzida nas escovinhas. A outra que tematiza o desajeitado Minduim é “Blue Charlie Brown”, ainda mais blueser e, se não tão conhecida como a anterior, igualmente bela e saborosa de ouvir.
Também ganham as suas “Frieda”, a vaidosa garotinha de cabelos cacheados, tão garbosa quanto sua pequena musa; e “Schroeder”, o alemãozinho pianista e fã de Beethoven como o próprio Guaraldi, melodia a qual o autor aproveitaria em uma versão cantada anos depois, a mesma que o músico brasileiro Renato Teixeira “chuparia” descaradamente para criar o famoso jingle da marca de calçados infantil Ortopé, que brasileiros de mais de 40 anos muito escutaram.
Claro, não poderia faltar também o tema que mais define a série musicalmente falando: “Linus and Lucy”, inspirado nos irmãos Van Pelt e com suas duas geniais linhas de piano conjugadas: uma bem marcada nas teclas brancas graves, e outra que desenha o riff em tons médios alegres, mágicos, lúdicos. Na variação, a música ganha um ritmo abrasileirado, haja vista a proximidade e admiração de Guaraldi, já de muitos anos parceiro do violonista carioca Bola Sete, pelo samba e pela bossa nova. Por falar em música brasileira, “Pebble Beach” traz esse forte elemento latino para os baixinhos de uma maneira muito bonita e expressiva, mostrando que na vida também é preciso de um pouco de ginga para sobreviver.
Mas como essa vida não é somente feita de momentos de euforia, Guaraldi, alinhado com o que a próprio enredo da série propõe, apresenta um tema que aparentemente é uma contradição considerando-se seu título: “Hapiness Is”, visto que contemplativa, lenta, quase tristonha. Mas, como sustentam os especialistas em psicologia infantil, na infância, felicidade e tristeza se misturam. Afinal, sofrer também é necessário para saber enfrentar as decepções e as frustrações inerentes a qualquer ser humano. A felicidade é e pode ser um pouco triste ou vice-versa.
Pedagógica, mas não no sentido rígido da palavra, a série Snoppy foi a primeira a tratar a criança como um ser pensante de verdade na televisão, e a música de Guaraldi é um dos principais elementos desta construção conceitual. Sem menosprezar a inteligência dos pequenos de compreenderem as sutilezas existenciais por trás dos lances engraçados e fantásticos, o desenho aninado ousava em associar uma música pouco convencional para este tipo de produto, inventando uma espécie de children jazz. Se outro músico tivesse sido convidado a fazer a trilha que não Guaraldi, por melhor ou mais conceituado que fosse, talvez não funcionasse tão bem, não desse tanta liga. Não se sabe. Mas, com certeza, ter chamado um personagem de HQ para ilustrar em música a vida de seus pequenos parceiros facilitou muito.
transformado em longa-metragem em 1969
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Claquete Especial de Natal
- "Duro de Matar" - "Ho-Ho-Ho!"
- "Cortina de Fumaça" - História de Natal de Auggie Wren
- "O Natal do Charlie Brown"
- "Fanny e Alexander" - Ceia de Natal
sábado, 2 de abril de 2016
cotidianas #426 - A Amizade
"Peanuts", de Charles M. Schulz |
Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.
Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, as vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.
Então, vêm se aquecer comigo,
e você também virá.
Poderá retornar às nuvens,
E sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguem quiser esconder sua tristeza.
Como não sabemos o que a vida nos dá,
Talvez eu não seja mais ninguém.
Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.
Então, talvez eu vá até você aquecer
Meu coração com sua chama.
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tradução de "L'Amitié"
(Françoise Hardy)
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Música da Cabeça - Programa #184
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
"Pica-Pau, o filme", de Alex Zamm (2017)
A tentativa de "ressuscitar" para as novas gerações o alucinado personagem Pica-Pau não acrescenta nada. O filme é ruim, a história é ruim, os personagens são ruins, as piadas são ruins... Tirando os recursos técnicos e uma caracterização até que bem aceitável do pássaro doido em animação 3D, pode-se dizer que nada presta no filme do diretor Alex Zamm. Ao contrário da adaptação cinematográfica animada de "Snoopy e Charlie Brown: Peanuts, O Filme" que despertava nos adultos a nostalgia pelos desenhos antigos e conquistava as crianças pela identificação da infância e com atualizações sutis e interessantes e pontuais, "Pica-Pau, o filme" não consegue nenhuma das duas coisas, não tendo a capacidade de reviver a magia dos desenhos antigos da TV para quem, como eu, tanto curtia e idolatrava as traquinagens do passarinho do topete vermelho, nem ser cativante o bastante para fazer com que as crianças se aficcionem a ele tal como acontecia conosco em nossas infâncias.
Tem um recado ecológico e tal, tipo, "não derrube as árvores", "não jogue lixo na natureza", "não cace e não mate animais silvestres" mas parece que em nome do compromisso com a mensagem, tudo fica meio sem graça, meio engessado. Embora dê uma surra no empresário que quer construir uma mega-mansão no meio de uma reserva florestal (Timothy Omudson), na sua namorada toda dondoquinha (Thayla Ayala) e nos caçadores que insistem em persegui-lo, o Pica-Pau, não tem aquela espontaneidade, aquela imprevisibilidade de comportamento, aquela "maldade" que nos fazia morrer de rir. Teria tido um efeito melhor, pelo menos no público adulto, adaptações de momentos dos desenhos como o da construção da estrada em que a empresa tem que desviar por causa da árvore onde o bichinho mora; a do caçador e seu cachorro tonto que queriam patos mas acabam se vendo às voltas com nosso amiguinho; o o do taxidermista; ou a do lenhador e o desmatamento, que teriam o mesmo apelo ecológico mas manteriam o carisma não só do personagem principal como poderiam ainda trazer de volta aqueles perseguidores do pássaro, os "vilões", estreitando ainda mais a identificação com a antiga série.
A cena do Pica-Pau tocando "Surfin' Bird" com a banda dos garotos até que é legal. Tirando isso mais algum momento que outro (que nem me fixou na mente), algumas bicadas, pancadas, quedas, lambuzos e nada de muito empolgante. Se serve para aliviar, quando começou o filme eu achei que não fosse aguentar até o final mas aí entre uma piadinha aqui outra acolá, um risinho que outro, até deu para aguentar.
O velho truque da Pica-Pau boneca. Acham mesmo que le vai cair nessa? |